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 Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus

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Guardian Angel
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Guardian Angel

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MensagemAssunto: Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus   Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus Icon_minitime20/11/2011, 5:22 pm

Um bem-haja a todos os membros deste fórum.
Após alguma ponderação, decidi ressuscitar neste fórum uma fanfic que comecei a escrever em 2006 e foi colocada no já extinto fórum do site Yu-Gi-Oh! Extremo. Nunca foi terminada, não só por ter uma história demasiado grande, mas também pelo facto de o fórum onde era postada ter deixado de existir, e dessa forma não havia comentários que me dessem vontade de continuar. Mas estou prestes a trazê-la de volta, um capítulo de cada vez, ler todos os vossos comentários e desta forma decidir se vale a pena continuá-la.
Os capítulos estão com bastante narração e diálogos, e os duelos são descritos quase ao pormenor, desde a descrição dos monstros e efeitos até reflexões interiores dos duelistas. Nem todos os capítulos vão ter duelos.
A história passa-se durante a primeira série e envolve o Yugi e seus amigos. A acção decorre depois do torneio de Battle City e antes da saga de Orichalcos. E na altura em que comecei a escrever a história, ainda não conhecia os nomes originais das personagens, por isso peço desculpas pelos nomes adoptados pela 4Kids, para além das várias referências ao Shadoww Realm e ao coração das cartas.
E sem mais delongas, aqui está o prólogo da minha fanfiction. Espero que gostem.

Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus


Prólogo

O local é desconhecido pela maioria dos mortais. Poucos ouviram falar dele. Os que lá ousaram ir nunca mais voltaram. Mesmo aqueles que pertencem à família dos Guardiães do Túmulo do Faraó sabem muito pouco sobre este lugar. Pois ao longo de três mil anos, apenas um pequeno grupo de pessoas, por sinal diferente de todos os outros, pôde entrar e sair sem problemas.
Escondida nas areias do Egipto está uma pirâmide. Não se sabe concretamente qual a sua localização exacta. Somente os membros desse culto milenar conhecem o local onde a pirâmide repousa. Desde o desaparecimento do Faraó Sem Nome que a mítica construção se tem mantido invisível para quem não a conhece. Todavia, o deserto em torno desta está cheio de perigos hediondos, apenas conhecidos pelo Culto da Morte, um grupo de adoradores do deus egípcio Seth, desde os primórdios da civilização do Antigo Egipto. Pouco se sabe sobre este culto, a sua história repousa nos hieróglifos mantidos no interior da pirâmide.
Mesmo no seu núcleo situa-se uma câmara obscura, decorada com as mais tenebrosas figuras demoníacas. Uma enorme porta ornamentada com serpentes de olhos avermelhados mostra-se no fundo na câmara. Cerca de trinta piras expelem uma luz difusa que ilumina parcamente o cenário.
Uma estranha figura estava sozinha, naquela manhã. Um homem de meia-idade estava ajoelhado em frente da grande porta, proferindo em voz baixa preces em honra de Seth. A sua marca de lealdade, uma Ankh tatuada na testa, era um sinal de como pertenceria àquele Culto até o findar da sua vida. Uma vez inserido no grupo não há como voltar atrás. Muitos foram os que se arrependeram, tendo recebido como maldição a Praga da Morte. Somente os mais fortes sobreviveriam naquele Culto; somente os mais fortes são dignos de receber a bênção do grande Seth.
O homem ouviu passos atrás de si. Um novo membro do grupo entrou na câmara e encaminhou-se para junto do colega. Esta nova personagem era ligeiramente mais baixa. Era totalmente careca, ao contrário do outro, cujas madeixas grisalhas ocultavam uma pequena parte da Ankh. Os olhos eram pequeninos e escuros, reflectindo uma frieza inigualável. O seu nome era Amontut, descendente dos primeiros membros do Culto da Morte.
- Está a chegar a hora, Venerável – anunciou o homem de joelhos, levantando-se e encarando aquele que era o mestre do Culto. – Muito em breve o grande deus Seth despertará e a sua vingança contra o Faraó será finalmente consumada.
Amontut mirou os olhos do seu subordinado, sem demonstrar qualquer entusiasmo.
- Ainda não é o momento de celebrarmos o seu regresso. Lembra-te, Aaron, que temos de possuir algo muito importante para poder libertar o grande deus. E sabes do que estou a falar, presumo?
- Sim – respondeu Aaron. – Necessitamos dos Itens do Milénio. Eles são a chave que abrirá a porta do Inferno e trará o gran…
- Não precisamos de todas as relíquias – interrompeu Amontut, caminhando em direcção da grande porta e passando levemente a mão por uma das serpentes esculpidas. Com uma iluminação tão escassa, os olhos vermelhos da serpente pareciam bem vivos.
- Elas andam espalhadas um pouco por todo o lado, Venerável. Mas encontrá-las não é uma tarefa impossível. Por exemplo, sabemos que Maximillion Pegasus possui o Millenium Eye. É só mandar alguns de nós a Duelist Kingdom e recuperá-lo…
- Pegasus já não possui o Millenium Eye, idiota – retorquiu o Venerável, rispidamente. – Além disso, essa é a única relíquia que nunca deverá transpor a entrada desta pirâmide. Algo nesse olho inquieta o grande deus Seth, eu sei-o. Eu sei coisas que levarias anos a descobrir. Não, apenas precisamos de dois Itens. Os únicos que possuem os espíritos encarcerados de duas pessoas que viveram neste local há cinco mil anos. O que nós precisamos é do Millenium Ring e do Millenium Puzzle. Ambos contêm os espíritos de duas pessoas, cujo Ka naquela época era muito elevado. O Ring possui o espírito de um rei dos ladrões, chamado Bakura. O Puzzle possui o espírito do próprio Faraó.
- Não é possível… – Aaron não podia acreditar.
- Forças poderosas dizem-me que o Faraó possui a maioria dos Itens, incluindo o Ring, o Rod e o Necklace. Ele está prestes a fazer uma viagem ao passado, para descobrir os seus segredos e recuperar a memória perdida. E para isso vai servir-se das três cartas Egiptian God que ganhou no torneio de Battle City.
- O Faraó possui as três cartas de deuses? – indagou Aaron, incrédulo. – Com isso ele é imbatível.
- Não o será por muito tempo. Se deitarmos a mão a alguma das suas três cartas ele não poderá recuperar a memória. Depois é só atraí-lo para a nossa armadilha.
- Armadilha? Qual armadilha?
Amontut limitou-se a sorrir diabolicamente. Mas não respondeu à pergunta.
- Aaron, selecciona um dos nossos. Um que não seja bom a duelar. Iremos usá-lo para testar as habilidades desse Bakura. Para ele ter sido um finalista de Battle City é porque não é um mau duelista.
- Mas – recomeçou o servo, – o que faremos com o Faraó?
Amontut caminhou lentamente para junto de Aaron, que o olhou com admiração. O mestre pousou-lhe a mão no ombro e sorriu afectuosamente.
- É aqui que tu entras, meu amigo…
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Subonito
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MensagemAssunto: Re: Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus   Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus Icon_minitime20/11/2011, 5:44 pm

Tá legal, mas como é um prólogo não vai mostrar muita coisa da fan fic, estou ancioso pra ver um duelo envolvendo o rei dos jogos. Por favor, não faça a besteira de colocar cartas fora dessa época ae, como synchros xyzs e cartas mais avançadas como as que foram lançadas depois do 5ds.
A ultima frase ficou demais os novatos sempre sofrem hehe
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MensagemAssunto: Re: Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus   Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus Icon_minitime20/11/2011, 6:58 pm

Subonito escreveu:
Tá legal, mas como é um prólogo não vai mostrar muita coisa da fan fic, estou ancioso pra ver um duelo envolvendo o rei dos jogos. Por favor, não faça a besteira de colocar cartas fora dessa época ae, como synchros xyzs e cartas mais avançadas como as que foram lançadas depois do 5ds.
A ultima frase ficou demais os novatos sempre sofrem hehe

Não te preocupes que não vou envolver Synchros nem Xyz. Além disso, na altura em que comecei a escrever esta história, a série 5D's ainda nem existia. Posso é envolver alguns elementos de GX, mas não abuso muito. E já agora, peço desculpa se os primeiros duelos não forem muito emocionantes ou se faltar alguma estratégia ou mesmo houver algum erro nas regras. Eu ainda estava a tentar compreender o jogo tongue
E aqui vamos para o primeiro capítulo.


Capítulo I – Prenúncio de uma Nova Ameaça

Salomon Mutou abriu a porta da sua loja de jogos, sentindo a fresca brisa matinal que o fez esfregar os braços e dar um grande espirro. Os prédios em redor tapavam os primeiros raios de sol, coisa que o dono da loja não gostava. Preferia sentir o calor logo de manhã, para se sentir com energia o resto do dia. Começou por ir fazendo umas limpezas às prateleiras que continham alguns dos seus jogos, dando especial ênfase às cartas de Duel Monsters. Não deixou de sorrir ao olhar para elas, ternamente. Pareciam apenas uns simples rectângulos de cartão, mas havia muito mais. Cada carta que olhava parecia uma parte da sua vida. A sua infância, como um adorador de jogos; a sua adolescência, quando era um apaixonado pelo Antigo Egipto e os seus segredos. Lembrava-se de quando fazia as suas viagens, enfrentando as armadilhas ocultas nos túmulos dos antigos reis. Cada carta parecia contar um episódio da sua vida.
Alguém descia as escadas à pressa. Um jovem, de estatura baixa, cabelo espetado e rosto inocente e simpático apareceu. Ao pescoço estava o seu inseparável pingente dourado em forma de pirâmide invertida, com um olho egípcio gravado numa das faces. Yugi Mutou carregava a sua mochila, pronto para mais um dia de aulas.
- Bom dia, avô?
- Bom dia, Yugi – saudou Salomon, guardando as cartas que estivera a limpar no seu devido lugar. – Não estás atrasado para as aulas?
Yugi olhou para o relógio, ficando automaticamente aflito mal viu as horas que eram.
- Estou atrasado! – começou a correr em direcção á saída, quase derrubando uns quantos jogos das prateleiras.
- Já tomaste o pequeno-almoço? – gritou o avô. Mas Yugi já havia saído a grande velocidade da loja.
Salomon abanou a cabeça. Agora parecia que o neto se atrasava sempre para as aulas. Desde o dia em que ele resolvera o Millenium Puzzle que a sua personalidade tem vindo a ser mais forte. Já não era o rapazinho tímido, que passava os dias a fazer jogos nos intervalos das aulas, enquanto os outros jogavam basquetebol no pátio da escola. Foi graças àquela relíquia que Yugi começou a fazer novas amizades, aprendeu a ser mais confiante e se tornou no campeão mundial de Duel Monsters desde o torneio de Duelist Kingdom. Foi também o espírito que habitava o puzzle que lhe ensinou a confiar em si mesmo e no coração das cartas. O Faraó ensinara ao Yugi coisas que mesmo Salomon ignorava e que nunca conseguiria ensinar ao neto.
Quando terminou as suas limpezas, sentou-se atrás do balcão, bocejando de aborrecimento. Apesar do negócio não ir lá muito bem, Salomon aguentava-se com o que ganhava. Tinha sorte em não ter um neto exigente, pois o dinheiro que ganhava na loja não chegava para grandes confortos, e Yugi ainda não tinha idade para trabalhar. Mas apesar de todas as dificuldades, ambos gostavam de viver ali. Viviam numa zona calma e nunca haviam sido incomodados.
A campainha da porta anunciou a chegada de alguém. Endireitando-se na sua cadeira, Salomon voltou-se para o seu primeiro cliente da manhã. À sua frente surgiu uma bonita rapariga alta e cabelo curto acastanhado, olhos grandes e azuis e um rosto amigável que sorria para o velho. Vestia o típico uniforme da Escola Básica da Cidade Domino. Salomon não levou muito a se aperceber de quem era.
- Bom dia, Sr. Mutou – saudou Tea Gardner, com a sua habitual boa disposição.
- Olá, Tea. Como estás?
- Muito bem. O Yugi demora muito?
Salomon estranhou aquela pergunta. Quase todos os dias Tea passava pela loja e seguia juntamente com Yugi para a escola. Mas hoje era diferente. Estaria Tea atrasada para as aulas?
- O Yugi já saiu – respondeu ele. – Estava já muito atrasado. Nem tomou o pequeno-almoço nem nada.
- Ele já foi? – indagou Tea. – Tão cedo? Mas as nossas aulas só começam às dez.
- A sério? Então para onde ele foi?
Tea ficou pensativa durante uns instantes. Salomon mirava-a, perguntando-se no que é que ela estaria a pensar. Sendo ela uma rapariga inteligente, certamente adivinharia o paradeiro de Yugi.
E como que despertando de um sonho, Tea ficou alarmada.
- Acho que sei onde ele pode ter ido – disse ela, virando costas e se dirigindo para a saída.
- Espera! Onde está o meu neto? – perguntou Salomon. – Queres que vá contigo?
- Não é preciso, Sr. Mutou – gritou ela à saída, desaparecendo tão depressa como quando Yugi saíra.
Salomon voltou a se sentar atrás do balcão, tentando raciocinar da mesma maneira que Tea. Decerto ela saberia onde o amigo estava naquela altura. Na verdade, desde o fim do torneio de Battle City que Yugi falava de algo que tinha de recuperar. Passava muito tempo olhando as três cartas Egipcian God e o seu Millenium Puzzle. Isto já para não falar das inúmeras vezes que passava pelo Museu Domino, que ainda continha aquela interessante exposição sobre o Antigo Egipto…
“Claro, é isso!” pensou, dando um murro no balcão. Yugi tinha ido ao Museu. Decerto tinha chegado a altura de recuperar as memórias do Faraó. Para isso necessitava de se colocar em frente à pedra que demonstrava a batalha ancestral do Faraó com o antepassado de Seto Kaiba e exibir as três cartas Egipcian God, juntamente com o seu Item do Milénio. O que aconteceria depois era obra do destino.
Espreguiçou-se e o seu olhar captou-se numa caixa dourada no cimo de uma prateleira. A caixa tinha hieróglifos entalhados ao longo das faces, juntamente com um olho egípcio que a decorava elegantemente. Aquela era a caixa que guardara outrora os pedaços do Millenium Puzzle e agora Yugi a usava para guardar as suas cartas mais importantes, incluindo as cartas dos deuses.
Foi buscar a caixa e passou as mãos pelos entalhes das faces. Foi levantando lentamente a tampa, recordando o grande entusiasmo que sentira quando a abrira pela primeira vez. Todavia, o que viu quando olhou para o seu interior alarmou-o.
As três cartas Egipcian God estavam lá dentro. Slifer, the Sky Dragon, figurava no topo, seguida pelo Obelisk, the Tormentor, e The Winged Dragon of Ra no fundo. Mas o que fariam aquelas cartas ali? Yugi precisava delas, ou não conseguiria atingir os seus objectivos. Salomon abanou a cabeça, reprovadoramente. O seu neto pensara tanto na sua situação que se esquecera do essencial. Pelo menos já sabia onde ele se encontrava. Não tardaria a aparecer para ir buscar as cartas.
A campainha soou novamente. Fechando rapidamente a tampa e arrumando a caixa para o lado, o velho voltou-se para a porta. Uma figura de túnica negra que lhe cobria a face surgiu caminhando até ao balcão. Salomon sentiu um ligeiro desconforto ao ver aquele tipo de indumentária. Era idêntica à descrição que Yugi lhe fizera dos agora extintos Rare Hunters, apenas faltando o olho egípcio no capuz. O indivíduo parou em frente ao balcão. Apesar dos seus olhos estarem ocultos, era possível adivinhar o olhar ameaçador.
- Posso ajudá-lo? – indagou Salomon, com toda a naturalidade que conseguiu arranjar.
- Procuro Yugi Mutou – rosnou o indivíduo, ameaçadoramente. – Onde está ele?
- Receio que isso não seja da sua conta – respondeu o velho, da mesma forma.
A cabeça do desconhecido virou ligeiramente para a esquerda e este sorriu.
- O que tem nessa caixa?

***

Yugi estava à entrada do Museu Domino, preparando-se mentalmente para o que os próximos minutos lhe reservavam. Não chegara a dormir de noite, pensando no seu destino… isto é, no destino do Faraó. Desde o fim do torneio de Battle City que os pensamentos dele rodeavam a pedra que Ishizu lhe mostrara. As respostas para os mistérios do seu passado estavam escondidas naquela pedra.
- Bem, cá estamos – anunciou Yugi para o seu alter-ego. O Faraó olhou pelos olhos dele o local que lhe provocara tantas dúvidas.
- Finalmente – disse ele. – Sinto que o que procuramos está ali.
- Hã… Faraó… O que achas que vai acontecer quando fizermos o que Ishizu nos disse?
O Faraó não soube responder. Não sabia o que iria acontecer. Apenas sabia que, segundo Ishizu e a inscrição gravada nas costas do seu irmão Marik, a tábua de pedra era a porta das memórias perdidas do Faraó. As três cartas Egipcian God mais o Millenium Puzzle eram as peças necessárias para abrir essa porta.
- Faraó? – chamou Yugi, notando a distracção do seu amigo. – Está tudo bem?
Ele sorriu.
- Não te preocupes. Vamos mas é avançar com isto antes que se apercebam da nossa ausência. Trouxeste as cartas?
- Claro – respondeu Yugi, deitando a mão à bolsa onde costumava guardar o seu baralho. – Elas estão a… – Ficou subitamente sem pinga de sangue.
- Que foi, Yugi? – indagou o Faraó, visivelmente impaciente. – Tens as cartas, não tens?
- Eu… acho… que me esqu…
- O quê? – O Faraó nem podia acreditar no que ouvia. – Como pudeste esquecê-las? Elas são importantes…
- Eu sei. – Yugi continuava à procura, mas era evidente que não tinha as cartas consigo. – Como saímos à pressa não me lembrei de as ir buscar à caixa. Temos de voltar à loja.
- E o que dirá o teu avô quando nos vir lá?
- Pensamos nisso depois. – Começou a correr o caminho de volta até casa, sentindo o ar aborrecido do seu alter-ego. Se Yugi não fosse tão distraído…
Não tardaria a chegar a casa. A sua enorme curiosidade em descobrir os segredos do passado do Faraó era tão grande como a curiosidade do próprio Faraó. Afinal de contas, o assunto também lhe dizia respeito. Fora Yugi quem montara o Millenium Puzzle e acordara o espírito daquele que seria um dos seus melhores amigos. Não tinham segredos um para o outro, partilhavam ambos o mesmo corpo e ambos aprenderam muita coisa juntos.
Alguém conhecido corria na sua direcção. Yugi ficou espantado ao ver Tea aproximando-se apressadamente. Não pôde deixar de sorrir perante a inteligência da sua amiga. Podia esconder tudo de toda a gente, mas ela saberia sempre o que ele pensava e onde poderia estar. Aliás, essa era uma das razões porque gostava tanto dela…
- Yugi! – chamou ela, quando o viu. Ele abrandou o passo e esperou que ela chegasse até ele. Por incrível que pareça, o Faraó não reclamou o tempo que eles estavam a perder. Por que seria…?
- Que raio fazes aqui? – indagou ela, reprovadoramente. – Desapareceste sem dizer para onde ias… Isso não é nada teu.
Yugi coçou a nuca, envergonhado. Não queria ter de revelar quais os seus propósitos, mas agora que Tea estava com ele não o iria largar por nada.
- Vais ao Museu, não é? – perguntou ela, entristecendo o rosto. – Chegou a hora…
- Tenta compreender, Tea – disse Yugi, – é importante para o Faraó descobrir o seu passado…
- Eu compreendo – interrompeu ela, virando ligeiramente a cara.
Yugi sentiu-se um tanto triste. Por um lado prezava a sua grande amizade com Tea, mas não deixava de sentir ciúmes por ela preferir o Faraó. Sabia o quanto ela gostava dele, mesmo que ela não o afirmasse. E, na verdade, o Faraó representava uma faceta que Yugi nunca conseguiria obter, por mais unidos que fossem.
- Hã, Tea… – recomeçou Yugi. Tea olhou-o, – eu tenho de voltar a casa. Esqueci-me das cartas dos deuses. – Ficou aliviado quando a viu sorrir. – Estava a pensar… se quiseres vir comigo…
Tea acenou, e juntos retomaram a corrida até a loja de jogos.
Algo se apossou da mente de Yugi quando lá chegaram. Sentia um estranho peso no ar, como se algo de sobrenatural assombrasse aquele local. No entanto, tudo parecia igual.
- Também o sentes? – indagou ao Faraó. Este apenas acenou afirmativamente.
- Que se passa, Yugi? – perguntou Tea, sem compreender o que se passava. – Por que parámos?
Mas Yugi não lhe respondeu. Começou a correr em direcção à porta de entrada da loja, sentindo que algo estava errado. E o seu receio confirmou-se após ter empurrado a porta.
- AVÔ!!! – gritou o rapaz, correndo para o balcão. Salomon estava caído no chão, no limiar da inconsciência. Do canto da boca escorria um fino fio de sangue e o seu olho esquerdo estava negro. O velho gemia de dores, mas os seus olhos conseguiam fitar o neto, que, aflitamente, tentava acordá-lo.
- Yugi… - murmurou ele, sem forças.
- Quem lhe fez isto? Quem foi?
- Sr. Mutou! – Tea acabava de entrar na loja. – Que aconteceu?
- Um homem… de capuz… - respondeu o velho com uma voz fraca. – Ele… levou a carta… Andava à tua… procura…
- Mas porquê? – perguntou Yugi, temendo o estado do seu avô. – Que carta levou ele?
Salomon já não tinha forças para falar. No entanto, ainda conseguiu erguer o braço e apontar para o balcão, antes de o deixar cair e perder os sentidos.
- AVÔ!!! Acorda!
- Ele só está desmaiado – disse Tea, tranquilizando o amigo.
Yugi levantou-se com rapidez e olhou para o balcão. Estava lá a caixa dourada onde guardara as três cartas Egipcian God. Estava aberta, e era visível a carta do Obelisk. Slifer estava por baixo, mas Ra não estava no interior. Ao invés disso, havia um papel apenas uma frase escrita à pressa, mas que deu para perceber o conteúdo.

“Se queres de volta o teu The Winged Dragon of Ra vem ter comigo ao Parque Domino e duela por ele.”

Yugi amassou o papel com toda a raiva que tinha. Não podia deixar que isto ficasse assim. Quem quer que teria maltratado o seu avô iria pagar bem caro. Não duelaria pela sua carta roubada; apenas iria vingar-se de tão acto covarde, o de espancar um homem da idade do seu avô.
Naquele momento, o seu Millenium Puzzle começou a brilhar, e Yugi deu lugar à mais alta e, naquela altura, mais ameaçadora aparência do Faraó. Sem dirigir uma palavra sequer a Tea, o Faraó foi a correr ao quarto do seu alter-ego. Equipou-se com o seu Duel Disk e pegou no seu baralho. Quando desceu as escadas, Tea guardava o seu telemóvel na bolsa.
- Chamei uma ambulância – disse ela. – Eles vêm a caminho.
- Óptimo. Fica com ele. Eu tenho de ir tratar de um assunto.
- Espera. Onde vais? – perguntou Tea. Mas o Faraó já havia saído.
Não tardou até que o Faraó chegasse ao Parque Domino. As coisas pareciam calmas por lá, já que eram vistas pessoas a passear alegremente, alheias ao que se passava. Olhou para todos os lados mas não encontrou ninguém que correspondesse à fraca descrição que o seu avô fizera do ladrão.
- Onde estará esse patife? – rosnou Yugi, sedento de vingança, coisa que não era normal nele.
- Ele tem de estar escondido por aqui.
- Ainda bem que apareceste, Yugi Mutou – disse alguém atrás de si. O Faraó voltou-se e deu de caras com um indivíduo de túnica negra que lhe cobria todo o corpo, inclusive o rosto. O desconhecido exibia também um Duel Disk. – Ou deverei dizer, Faraó?
O Faraó activou o seu Duel Disk e colocou o seu baralho na abertura correspondente. Sem sombra de dúvidas; fora aquele quem quase matara Salomon e roubara a carta Egipcian God.
- Estás pronto para o último duelo da tua vida? – indagou o desconhecido.
- Tiraste-me as palavras da boca – retorquiu o Faraó, ameaçadoramente. – Vais pagar pelo que fizeste ao meu avô.
- Ele não queria colaborar. Por isso, acho que fiz o que devia. – Tirou uma carta do bolso e mostrou-a ao Faraó, que a reconheceu como sendo a sua carta de deus egípcio.
- Vamos aumentar as apostas – propôs o desconhecido. – Se venceres este duelo terás a tua carta de volta. Mas se tu perderes, não só ficarei com ela, como também me apoderarei do teu Puzzle.
- Não podes tomar o controle do meu Item do Milénio – gritou o Faraó. – Ele não te pertence, assim como a carta que roubaste.
- Não estás em condições de negar a minha proposta – ameaçou o encapuzado. – Fica a saber que se não colaborares, podes dizer adeus à tua carta.
- Como saberei que ma vais devolver se eu ganhar?
- Terás de duelar primeiro. – Dito isto, puxou o seu baralho e enfiou a carta de Ra mesmo no meio.
O Faraó não pôde acreditar no que via. O seu adversário iria usar a carta Egipcian God, mesmo sabendo que o poder dela era demasiado elevado para ser usado por qualquer um.
- Essa carta de Ra é muito poderosa – avisou. – Nunca a poderás usar.
- Isso é o que tu julgas. – O desconhecido terminou de baralhar o seu baralho e inseriu-o no Duel Disk. – Já agora, o meu nome é Aaron.
- Deixemo-nos de conversa – replicou o Faraó.
- É hora do duelo! – anunciaram ambos.
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TheJiBaN

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MensagemAssunto: Re: Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus   Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus Icon_minitime21/11/2011, 5:19 pm

Após ler o Prologo e o primeiro capitulo, posso dizer que vc tem uma narrativa impressionante, rica em detalhes e uma história bem interessante também, da época do primeiro yugioh. Só tem uma coisa me incomodando, a fala dos personagens não está formal demais para a situação?
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Guardian Angel

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MensagemAssunto: Re: Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus   Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus Icon_minitime21/11/2011, 6:42 pm

thejiban escreveu:
Após ler o Prologo e o primeiro capitulo, posso dizer que vc tem uma narrativa impressionante, rica em detalhes e uma história bem interessante também, da época do primeiro yugioh. Só tem uma coisa me incomodando, a fala dos personagens não está formal demais para a situação?

Obrigado pelo elogio. Agora quanto à tua observação sobre a fala das personagens, eu compreendo que te pareça estranha, mas isso é pelo simples facto de a história estar escrita em português de Portugal, no qual o "Tu" é uma abordagem informal. Acredita que no outro fórum também houve quem apontasse esse facto e achasse o discurso peculiar.
Bem, vamos então ao segundo capítulo. Tenho que dizer que depois de ler este capítulo anos depois, eu não gostei nada do duelo. É muito básico, falta estratégia (é o Rei dos Jogos que está a duelar), e o final é mesmo anti-climático e completamente estúpido a meu ver. Nota-se perfeitamente a minha inexperiência neste jogo e na incapacidade de tentar saber com mais pormenor o baralho do Yugi e procurar por boas estratégias que podia usar. Só posso garantir que os duelos vão ficando melhores ao longo da história, e pedir que não me crucifiquem pelo pobre duelo que aí virá.


Capítulo II – O Duelo da Vingança

Ambos sacaram cinco cartas do baralho. O duelo iria começar.

Faraó – 4000
Aaron – 4000


- Se não te importas, eu começo – anunciou Aaron, sacando uma carta. – Eu coloco uma carta virada para baixo. E evoco em campo Dark Scorpion Burglars (1000/1000) em modo de ataque. Termino o meu turno.
- Muito bem. – O Faraó sacou uma carta, indiferente à presença dos indivíduos mal-encarados que o seu adversário havia invocado. – Eu evoco o Celtic Guardian (1400/1200) em modo de ataque.
Um guerreiro élfico, armado com uma espada, surgiu em campo.
- Ataca o Dark Scorpion Burglars! – ordenou o Faraó.
- Má escolha, Faraó – retorquiu Aaron. – Eu activo a carta armadilha, Negate Attack. Com isto eu anulo o teu ataque, salvando a minha criatura.
- Nesse caso termino o meu turno.
- Minha vez, então. Eu sacrifico Dark Scorpion Burglars. E evoco Giant Axe Mummy (1700/2000) em modo de ataque.
Uma múmia muito gorda surgiu no lugar do antigo monstro de Aaron. Esta nova criatura estava armada com um enorme machado.
- Mas não é tudo – anunciou Aaron. – Eu equipo-o com a carta mágica Axe of Dispair, que lhe dá mais mil pontos de ataque (2700). E de seguida activo esta nova carta mágica: Banner of Courage. Enquanto esta carta estiver em campo todos os meus monstros recebem mais duzentos pontos de ataque sempre que atacarem. Isso dá à minha criatura o total de 2900 pontos.
- Oh não! – praguejou o Faraó, sabendo que não podia fazer nada para se defender.
- Agora Giant Axe Mummy, ataca o Celtic Guardian!
O monstro do Faraó desintegrou-se mal foi atingido pelo machado da múmia.

Faraó – 2500
Aaron – 4000


- Eu sabia que não eras lá grande coisa.
- Temos de arranjar uma forma de derrubar aquela múmia – disse Yugi. – Nenhum monstro da nossa mão é suficientemente forte para a eliminar.
- Mas temos de tentar. Minha vez! Eu jogo a carta mágica Graceful Charity. Ela permite-me sacar três cartas do meu baralho, desde que eu descarte duas. Agora eu jogo Alpha, the Magnet Warrior (1400/1700) em modo de defesa. E coloco uma carta virada para baixo.
- Estás desesperado? – indagou Aaron, sorrindo com o guerreiro magnético que o seu adversário havia invocado, enquanto puxava uma carta e colocava outra virada para baixo. – Eu diria que sim. Giant Axe Mummy, destrói o seu Magnet Warrior! E não te esqueças que o meu monstro ganha duzentos pontos de ataque graças à minha carta mágica.
- Mas não vai servir de nada. Eu activo a minha carta armadilha: Spellbinding Circle. Ela vai imobilizar a tua criatura e cortar-lhe metade dos pontos de ataque (1450).
- Safaste-te desta vez, mas o teu monstro ainda não é suficientemente forte.
- Mas há-de ser. Eu evoco Beta, the Magnet Warrior (1700/1400). – Uma pequenina criatura com uma cabeça em forma de íman surgiu ao lado de Alpha. – E eu passo Alpha para modo de ataque. Ataca, Beta!

Faraó – 2500
Aaron – 3750


- E agora Alpha, ataca os pontos de vida directamente.

Faraó – 2500
Aaron – 2350


- Maldito sejas, Faraó – praguejou Aaron. – Mas não tem importância. Eu tenho outras surpresas no meu baralho. Como o The Winged Dragon of Ra.
- Nunca a conseguirás usar – voltou a advertir o Faraó. – Não fazes ideia do verdadeiro poder de uma carta Egipcian God.
Aaron deu uma sonora gargalhada, inclinando a cabeça para trás e deixando descair o capuz. Quando voltou o seu olhar para o adversário, o Faraó pôde reparar numa estranha marca egípcia tatuada na testa. Uma Ankh.
- Talvez não o saibas, Faraó, mas eu sei mais sobre estas cartas do que tu alguma vez imaginaste – disse ele, sem se preocupar em voltar a puxar o capuz para cima. – O meu culto existe há mais de cinco mil anos, fomos os primeiros adoradores dos deuses e os servos dos primeiros faraós.
- E de que culto estás tu a falar?
- Do Culto da Morte – respondeu Aaron, sinistramente. – Nós adoramos e sempre seremos fiéis ao grande deus Seth, a divindade do mal.
» O deus Seth era irmão de Osíris, o deus que trouxe a civilização para o Egipto. Apesar de serem irmãos de sangue, Seth tinha um grande ódio por Osíris, já para não falar de inveja, já que Osíris era um deus adorado por todo o Antigo Egipto. Tanto Seth trabalhou que conseguiu livrar-se do irmão. Contudo, Isis, esposa de Osíris, encontrou o marido e tratou de o levar de volta. Mas Seth matou-o, cortou-o aos pedaços e espalhou-os pelo Egipto. Com isso todas as outras divindades passaram a reconhecê-lo com um deus maligno da destruição. No entanto, Osíris e Isis tinham um filho. O seu nome era Horus, deus do céu. Horus batalhou contra Seth numa guerra que quase destruiu o Egipto. Durante a batalha, Seth arrancou o olho esquerdo de Horus, mas mesmo assim, o deus do céu conseguiu vencer. No entanto, Seth não foi morto, como se julga. Foi aprisionado no interior de uma pirâmide, escondida nas areias do Egipto, apenas conhecida por nós, os membros do Culto da Morte. Desde o desaparecimento de Seth que temos rezado e feito preces para o seu regresso, mas isso apenas poderá ser garantido graças ao poder dos Itens do Milénio. E é o poder o oculto do teu Puzzle que vai libertar o grande deus Seth.»
- Tu nunca porás as mãos na minha relíquia!
- Isso é o que vamos ver. É a minha vez. Eu jogo Pot of Greed que me permite sacar mais duas cartas do meu baralho. E activo a minha carta armadilha Curse of Aging. Tudo o que eu tenho a fazer é descartar uma carta da minha mão e posso diminuir o poder de ataque dos teus monstros em 500 pontos.

Alpha, the Magnet Warrior – 900
Beta, the Magnet Warrior – 1200


- E agora eu evoco Don Zaloog (1400/1700) em modo de ataque. E equipo-o com a carta mágica Legendary Sword, que lhe aumenta o poder de ataque em 300 pontos (1700). Depois eu jogo esta carta: Monster Reborn. Ela permite-me reaver o meu Giant Axe Mummy do cemitério (1700). Acho que estás e maus lençóis, Faraó.
O Faraó rangeu os dentes. A sua estratégia não estava a resultar.
- Agora vou atacar os teus monstros. E a minha carta, Banner of Courage aumenta em 200 pontos o poder de ataque dos meus monstros (1900). Agora, Don Zaloog, destrói Alpha!
O musculado guerreiro de Aaron reduziu a nada o holograma de Alpha com a sua recém nova espada.

Faraó – 1500

- Mas não é tudo – continuou o homem, sorrindo e prevendo a sua vitória. – Giant Axe Mummy, destrói Beta!
O Faraó sentiu-se em apuros quando viu o seu guerreiro magnético desaparecer. Agora não tinha mais monstros em campo para se defender.

Faraó – 800

- Maldito! – praguejou Yugi. – Se ele continuar a duelar assim podemos perder o duelo. Temos de nos empenhar!
- Não te preocupes, Yugi – assegurou o Faraó. – Já estivemos em situações piores e conseguimos safar-nos. Só temos de acreditar…
- Ah, quase me esquecia – interrompeu Aaron. – Quando Don Zaloog inflige dano nos pontos de vida do meu adversário eu posso enviar uma carta da mão do meu oponente para o cemitério.
O Faraó tinha quatro cartas na mão. Sem as exibir, estendeu a mão ao adversário e esperou que ele escolhesse a que iria para o cemitério.
- Escolho a primeira da esquerda. Termino o meu turno.
- Minha vez – anunciou o Faraó, deitando a mão ao topo do baralho. – Vamos lá, Coração das Cartas, guiem-me… – Sacou e um sorriso iluminou-lhe o rosto. – Eu jogo a Card of Sanctity. Agora ambos teremos de sacar até termos seis cartas na mão.
- Não vejo como me dando mais cartas te pode dar a possibilidade de me vencer.
- Espera que agora vem o melhor. Eu jogo Pot of Greed, que me permite sacar mais duas cartas do baralho, ficando assim com sete. Agora eu jogo Dian Keto, the Cure Master. Eu ganho assim 1000 pontos de vida.

Faraó – 1800

- De seguida jogo Premature Burrial. Tudo o que eu tenho a fazer é sacrificar 800 pontos de vida e posso trazer um monstro do cemitério.

Faraó – 1000

- E eu escolho Berphomet (1400/1800).
Uma fera com asas, enormes garras e dois chifres surgiu no campo.
- Espera aí – interveio Aaron. – Eu nunca mandei essa carta para o cemitério.
- Mas mandei-a eu quando joguei a Graceful Charity. Agora uso a carta mágica Polymerization. Fundindo o meu Berphomet com Gazele, the King of Mythical Beasts, para formar Chimera, the Flying Mythical Beast (2100/1800).
Uma criatura quadrúpede de duas cabeças e asas surgiu a rugir.
- Chimera ataca o Don Zaloog.
A fera planou acima do solo e com uma única marrada desintegrou o guerreiro de Aaron.

Aaron – 1950

- Por último jogo esta criatura virada para baixo. Termino o meu turno.
- Podes ter destruído o meu monstro mas eu tenho outras surpresas. Eu evoco Gravekeeper’s Vassal (700/500) em modo de defesa. E passo o meu Giant Axe Mummy também para modo de defesa. Eu sei que o teu monstro virado para baixo pode ter alguma habilidade especial que possa destruir o meu monstro mais poderoso, por isso é melhor jogar pelo seguro. Termino aqui o meu turno.
- E último – disse o Faraó. – Sabes uma coisa? Teria sido indiferente se tivesses atacado o meu monstro virado para baixo. Pode não ser uma criatura poderosa, mas a sua habilidade especial faz maravilhas.
- O que queres dizer com isso? – Via-se perfeitamente que Aaron estava com medo da jogada seguinte do seu oponente.
- Eu revelo o meu monstro: Penguin Soldier (750/500). Quando ele é revelado posso enviar até dois monstros de volta para a mão do seu controlador.
- Oh não! – praguejou Aaron quando viu surgir um pequeno pinguim armado com uma insignificante espada.
- E eu escolho os teus dois monstros.
Ambas as criaturas de Aaron foram envoltas numa luz branca que as fez desaparecer. Relutante, o seu controlador tirou as suas cartas do Duel Disk.
- Agora, Chimera, ataca os pontos de vida dele directamente.
Apesar de ter sido uma marrada de um holograma, Aaron foi projectado uns metros para adiante e bateu com a cabeça no chão, deixando-o atordoado.

Faraó – 1000
Aaron – 0


- Este duelo terminou.
Aaron ainda estava aturdido do último ataque que sofrera, mas conseguiu arranjar forças para se levantar. Rangia os dentes de raiva e amassava as cartas que ainda tinha na mão com a força que fazia para cerrar os punhos. Os seus olhos demonstravam ódio pelo seu adversário, que o derrotara com uma virada surpreendente. Seria do poder do Puzzle?
- Venceste justamente, Faraó – rosnou, arfando de cansaço. – Mas isto é só o começo. O grande deus Seth vai libertar-se da sua prisão de cinco mil anos e vai vingar-se daquele que o pôs lá. E tu vais pagar com essa vingança.
- Chega de conversa, Aaron! – bradou o Faraó. – Ganhei o duelo, por isso devolve-me a minha carta Egipcian God. Nunca a conseguirias usar de qualquer das maneiras.
Como que achando piada, Aaron sorriu, enquanto puxava o capuz e tapava o rosto. Lentamente, puxou do baralho e procurou por uma carta. Quando a encontrou ficou a olhá-la continuamente, como que hipnotizado. No seu olhar já não se via ódio. Um brilho ganancioso iluminava-lhe os orbes, um desejo enorme de segurar aquela carta e nunca mais a largar.
- Posso não a ter conseguido usar neste duelo, mas quando nos voltarmos a encontrar, eu prometo-te que a usarei contra ti.
- Devolve-me a carta, Aaron! – pediu o Faraó, ameaçando. – Tínhamos um acordo…
- Qual acordo? Não me lembro de te ter dito que te devolveria a carta caso fosses o vencedor.
- Seu verme. – O Faraó cerrou os punhos e caminhou a passos largos para junto do seu adversário. Todavia, Aaron apenas sorria, enquanto parecia meter a mão ao bolso e tirar de lá algo que não foi possível identificar.
- Queres a carta? – Dito isto, lançou o que tinha tirado do bolso para o chão e uma nuvem de fumo negro o envolveu por completo. – Então anda buscá-la.
- Maldito – praguejou o Faraó, atirando-se para o meio da nuvem, que se expandia. Contudo, parecia que Aaron já havia desaparecido, o que se veio a comprovar quando a nuvem se dissipou.
Desesperado, olhou para todos os lados, mas nem sinal do membro do Culto da Morte. Enraivecido, o Faraó deu um valente murro no tronco de uma árvore.
- Como nos pôde enganar desta maneira?
- Desculpa-me, Faraó – lamentou Yugi.
- Do que estás a falar?
Yugi olhou para o chão, sentindo-se culpado pelo desaparecimento da carta.
- Se eu não me tivesse esquecido das cartas nada disto teria acontecido.
- Estás enganado – tranquilizou o Faraó. – Quem sabe o que aquele louco teria feito ao teu avô se não as tivesse encontrado. A culpa disto tudo é do Aaron. E de quem está por detrás disto.
- Achas que há mais alguém?
- Tenho a certeza. Aaron não actuava sozinho. Ele pertence a um culto que adora o deus Seth. E parece que eles querem o meu Puzzle para o libertar.
- Se ele vinha atrás da nossa relíquia por que levou o Ra com ele?
- Não sabes o poder que aquela carta possui. Aaron é demasiado fraco para lutar contra isso. A ânsia que ele tem de querer usar uma carta tão poderosa é muito grande. É natural que ele se tenha sentido tentado a usar esta carta, achando-se invencível. Não é por acaso que Ra é o mais forte dos três deuses.
- Seja como for, temos de a recuperar. Necessitamos daquela carta para destravar os segredos do teu passado…
- Yugi! – gritou alguém ao longe. O Faraó olhou e viu Tea a correr na sua direcção, acompanhada por dois rapazes. Tristan Taylor e Joey Wheeler. Enquanto o alcançavam, o Puzzle começou a brilhar e o Faraó trocou de lugar com o pequeno Yugi.
- A Tea contou-nos tudo – disse Joey quando o alcançaram. – Quem foi que fez aquilo ao teu avô?
- Um tipo chamado Aaron – respondeu Yugi. – Acabei de duelar com ele, mas desapareceu. E levou a minha carta Egipcian God.
- O quê? – gritaram os três, alarmadamente.
- Como conseguiu ele deitar a mão à carta? – perguntou Tristan, indignado.
- Foi quando assaltou a loja de jogos e espancou o meu avô. Ele deve ter visto a caixa onde eu guardava as cartas.
- E que carta levou ele? – perguntou Tea.
- O The Winged Dragon of Ra.
- E tinha que levar logo essa?
Yugi tinha muito em que pensar e não lhe agradava nada ter de explicar aos amigos todos os pormenores do duelo, nem o facto de Aaron pertencer a um culto adorador de um deus egípcio do mal. As suas atenções voltavam-se agora para o estado do seu avô. Estaria ele bem?
- Já foi levado para o Hospital – disse Tea. – Mas não te preocupes que ele fica bem.
- Espero bem que sim – murmurou Yugi, cabisbaixo, enquanto fazia o caminho de volta para casa, na companhia dos seus amigos.

***

Bakura cambaleou com uma súbita tontura e segurou-se à parede mais próxima para não cair. Respirando com dificuldade, o jovem perguntava-se o que se passava consigo ultimamente. Eram cada vez mais frequentes estas tonturas e a dificuldade em respirar era cada vez maior. Já foi a um médico mas o diagnóstico demonstrava estar de boa saúde. Não compreendia como aquelas coisas lhe podiam estar a acontecer. Teria alguma doença desconhecida?
Estes ataques haviam começado depois do torneio de Battle City. Nunca chegara a saber como chegara à torre de duelos daquela estranha ilha que explodiu. Não se havia lembrado de nada. Num momento tinha estado a olhar para o seu Item do Milénio e depois nada mais se lembrou. Era como se estivesse adormecido e perdido a noção do tempo e do espaço. Houve até uma altura em que acordou num lugar desconhecido, exibindo um Duel Disk e tendo Yugi Mutou à sua frente. No entanto, antes que pudesse perguntar sobre o que fazia ali, uma forte dor no braço impedira-o de raciocinar. Lembrava-se de ter pedido ajuda e de ver todos impotentes a olhar para ele, antes de sentir ser possuído novamente e afastado daquele local.
Fora obviamente aquele espírito maligno do Millenium Ring que atacara novamente. Lembrava-se de quando seguiu Yugi e os seus amigos até Duelist Kingdom e se sentiu possuído pelo espírito do anel. Aquele duelo nas trevas que culminou com a vitória de Yugi e enviou o espírito para o cemitério. Mas ele voltara e o atormentara todos os dias até ao início do torneio de Battle City.
Mas ele já não tinha o anel. Dera pela falta dele depois do torneio, mas nunca teve vontade de o procurar. Se tal objecto lhe fizera a vida num inferno, quanto mais longe estivesse dele, melhor.
Mas então que seriam aquelas tonturas? Sentia-se fraco e uma gota de suor escorria-lhe pela face. Parecia-lhe ouvir uma voz muito distante na sua mente; uma voz estranha que, ao mesmo tempo, lhe era familiar. Esfregou os olhos com força e abanou a cabeça para se manter consciente, mas não era uma tarefa simples. Estava tão ocupado a manter-se em pé que não deu conta da figura encapuçada que surgiu atrás de si.
- Bakura Ryou? – indagou o sujeito.
Quando ouviu o seu nome, Bakura voltou-se e deparou-se com uma figura de túnica negra da cabeça aos pés, com uma aparência robusta e uma altura consideravelmente alta. Este personagem parecia-lhe suficientemente ameaçador para lhe provocar tremuras nas pernas, mas o jovem estava demasiado fraco para pensar sequer nisso.
- Quem… quem é você? – indagou, segurando-se à parede. – O que quer de mim?
O encapuçado sorriu.
- Quero duelar – respondeu, simplesmente.
A tontura foi passando e Bakura começava a sentir-se melhor, no entanto sem deixar de ouvir a estranha voz na sua mente.
- Do que está a falar? Eu não sou duelista.
Subitamente, o desconhecido levantou o braço esquerdo, exibindo um Duel Disk. Bakura assustou-se com tal movimento e quase caiu ao chão.
- Vamos ao duelo – rosnou o sujeito. – Coloca já o teu Duel Disk!
- Mas eu não sei duelar – explicou Bakura, temendo pelo que aquele sujeito forte e mal-encarado pudesse fazer.
- Parece que precisas de um pequeno incentivo. – O encapuçado deslocou-se rapidamente na direcção de Bakura e desferiu-lhe um forte soco na barriga.
Bakura gemeu de dores e caiu de joelhos no chão do passeio, agarrado à barriga. O sujeito olhou cautelosamente para todos os lados, assegurando-se que ninguém vira aquilo. Felizmente aquela zona não era muito frequentada.
- Então, já te dispões a duelar?
Bakura não respondeu. Continuava a massajar a barriga, já sem gemer nem demonstrar temor. O desconhecido esperava pela sua resposta.
Os ombros de Bakura começaram a mexer-se, como que a soluçar. Todavia, o rapaz ria em voz baixa. Um riso que depressa se converteu numa gargalhada diabólica. Sem parar com o seu riso, que parecia incontrolável, Bakura olhou para a figura de túnica e esta pôde ver uns olhos maldosos, de um negrume frio. A voz também estava diferente. Onde antes se ouvia uma voz tímida, agora parecia ser uma voz mais ameaçadora.
Não tardou até que um estranho nevoeiro negro começasse a invadir o local, envolvendo o encapuçado e Bakura. O desconhecido olhava para todos os lados, perguntando-se o que seria aquilo, enquanto o rapaz continuava a gargalhar. Depressa todo o local se transformou num lugar deprimente e inóspito. Todo o cenário da cidade desaparecera.
- Onde estamos? – indagou o individuo, olhando para Bakura, que já se havia levantado.
- Onde achas que estamos? Este é o Shadow Realm.
Bakura sorria para o seu futuro adversário, um sorriso que já não demonstrava a timidez inicial. O homem de túnica olhava para ele com algum temor. Mas quem seria aquele rapaz?
O jovem ergueu o braço esquerdo e uma névoa sombria cobriu-lho ao nível do pulso. Quando a névoa se dissipou, Bakura tinha um Duel Disk.
- Agora, verme, vais pagar por me teres desafiado. Estás pronto para o último duelo da tua vida?
- Isso é o que vamos ver.
- Isto não será uma simples partida. Estamos no Shadow Realm, e aqui as apostas são mais elevadas. Quem perder o duelo – sorriu – perde-se nas trevas para toda a eternidade.
- Isso… não me assusta. – Mas era perfeitamente visível que estava assustado. – Vou vencer-te no teu próprio jogo.
Bakura voltou a irromper-se em gargalhadas.
- Se é isso que julgas, desengana-te, verme idiota. Eu comando esta zona. Este é um Jogo das Trevas que tu nunca poderás vencer…
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TheJiBaN

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MensagemAssunto: Re: Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus   Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus Icon_minitime21/11/2011, 8:47 pm

Imaginei que estivesse escrito em português de Portugal mesmo. Mas, pensando bem, é muito bom ter alguém de fora do país por aqui.
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Guardian Angel

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MensagemAssunto: Re: Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus   Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus Icon_minitime23/11/2011, 12:39 pm

O terceiro capítulo já chegou, com um novo duelo. Comentem.


Capítulo III – O Convite

Bakura sorria perante o desconforto do seu adversário. O desconhecido olhava cautelosamente em todos os lados, engolindo em seco e já não mostrando a mesma arrogância e brutalidade inicial. O jovem já havia baralhado as suas cartas e estava agora de braços cruzados à espera que o outro acabasse. Mas o homem encapuçado parecia não saber baralhar muito bem as cartas. Deixava cair muitas e não demonstrava ter grande perícia no seu manejo. Poderia ser do nervosismo, mas mesmo assim Bakura não considerou a hipótese do seu oponente ser ainda um novato e não perceber nada de Duel Monsters.
- Já estou pronto – anunciou ele, colocando o baralho no Duel Disk.
- Antes de começarmos – disse Bakura, curioso, – queria que me respondesses a umas perguntas. É raro aparecer um tolo como tu a querer desafiar-me.
O sobrolho do desconhecido tremeu, mas isso o rapaz não viu.
- Primeiro de tudo quem és tu? Por que andas por aí com essa túnica? És algum membro desaparecido dos Rare Hunters? – Esta última pergunta fê-lo a sorrir, lembrando-se de Marik.
- Não tenho satisfações a dar-te – respondeu o homem, tentando manter a seriedade. – Estou aqui para te testar, segundo as ordens do meu mestre.
- Estou a ver. Sigilo absoluto. Mais alguma seita com os seus juramentos patéticos. Tal como nos Rare Hunters, o vosso mestre não tem coragem de enfrentar os adversários cara a cara. Então manda os seus animais de estimação para o campo de batalha, salvando assim a própria pele. Posso ao menos saber o nome do meu adversário e também próxima alma presa no Shadow Realm?
Por fora parecia que o homem iria explodir de raiva, mas por dentro o pavor era tão grande como o de um cachorrinho assustado.
- O meu nome é Belzen.
- Muito bem. – Bakura descruzou os braços. – Comecemos então. As Trevas estão impacientes e anseiam por uma alma nova.
Ambos sacaram cinco cartas. Belzen levou algum tempo para organizar a sua mão, pois havia sacado seis em vez de cinco.
“Isto não vai demorar muito” pensou o rapaz, sorrindo de satisfação.

Bakura – 4000
Belzen – 4000


- Podes ser tu a começar, uma vez que já viste a carta que ias sacar – disse Bakura.
- Muito bem. – O homem olhava as suas cartas como se fosse a sua primeira vez. – Eu vou jogar Saggi, the Dark Clown (600/1500) em modo de defesa.
O holograma de um palhaço pouco amigável surgiu em campo, mas a sua posição não era a de defesa, como Belzen havia proferido.
- Termino o meu turno – anunciou ele, sem se aperceber do erro que cometera.
- Já? – indagou Bakura, fingindo admiração. – Não estava à espera de ter de sacar tão cedo. Muito bem, eu evoco o meu Sorcerer of the Doomed (1450/1200) em modo de ataque.
Um feiticeiro com uma face parecida com uma caveira surgiu, brandindo um bastão.
- O meu monstro ainda se pode defender – disse Belzen, sorrindo.
- Ataca Sorcerer of the Doomed! – ordenou Bakura, sem ligar para o que o seu oponente dissera.
O monstro do rapaz lançou um raio de energia que chocou contra Saggi e o fez desaparecer.

Belzen – 3150

- Como é possível? – perguntou Belzen, sem compreender. – O meu monstro tinha mais pontos de defesa do que os pontos de ataque do teu.
- Abre os olhos, idiota! – bradou Bakura, já sem paciência para a ingenuidade daquele tipo. – O teu monstro estava em modo de ataque. Para o colocares em modo de defesa tens de pôr a carta na horizontal. E consideras-te digno de usar um Duel Disk.
Belzen cerrou os dentes de raiva, mas compreendeu que o erro fora seu.
- Agora coloco duas cartas viradas para baixo e termino o meu turno – concluiu Bakura. – Vamos ver se melhoras a tua técnica.
- Ora bem… Eu invoco um monstro que vai acabar contigo. Eu jogo Leghul (300/350) em modo de ataque.
Uma lagarta gigante com grandes tenazes surgiu, ameaçadora.
- Esta criatura pode passar pelos teus monstros e atacar os teus pontos de vida directamente.
- Estou à espera.
- Avança, Leghul!
Bakura gemeu quando sentiu a forte ferroada da lagarta, mas não deixou de sorrir perante a tentativa fútil de Belzen de lhe drenar os pontos de vida.

Bakura – 3700

- Termino o meu turno – anunciou Belzen, entusiasmado.
- Este duelo vai terminar em breve – disse Bakura, enquanto sacava. – Eu revelo uma das minhas cartas viradas para baixo. Ela chama-se Destiny Board.
Naquele momento, um tabuleiro de Oui-Ja apareceu um pouco acima do monstro de Bakura. Um tabuleiro que continha todas as letras do alfabeto, todos os algarismos e as palavras “Sim”, “Não” e “Adeus.” Uma mão segurava um ponteiro que deslizava pelo tabuleiro até parar na letra F. Nesse momento, a mesma letra surgiu em ponto grande acima do tabuleiro.
- Mas o que é isso? – perguntou o homem, sem compreender.
- Não esperava que compreendesses. A Destiny Board vai soletrar uma palavra ao longo de cinco turnos. Uma palavra que, assim que for completada, me vai trazer a vitória neste duelo.
- Do que estás a falar? – Belzen estava nitidamente assustado.
- Desafio-te a te safares desta – disse Bakura, sorrindo. – No meu próximo turno o tabuleiro vai adicionar mais uma letra. Se conseguires destruir o Destiny Board então é porque és melhor do que eu julgava.
- Isso é um acto de cobardia!
- Se és um duelista a sério então serás capaz de dar a volta a este duelo – bradou Bakura, sem paciência. – Considera isto como um teste às tuas capacidades de raciocínio. Tu podes ter músculos, mas eles não te servem de nada numa situação como esta. Agora saca a tua carta e faz a tua jogada!
- Não vais atacar-me?
- O teu bichinho não representa ameaça para mim. Se eu fosse a ti pensava noutro plano porque não me parece que vás longe com um Leghul.
Belzen sacou uma carta e sorriu ao olhar para ela.
- Esta carta vai fazer mais estragos nos teus pontos de vida do que o meu monstro. Eu invoco Copycat (0/0) em modo de ataque.
Uma criatura magra, com uma capa e um espelho a tapar a face surgiu ao lado de Leghul.
- Quando este monstro surge em campo ele adopta o mesmo número de pontos de ataque e defesa de uma criatura do meu adversário (1450/1200).
- Isso apenas vai causar um empate – disse Bakura.
- Eu sei. É por isso que vou equipá-lo com a carta mágica Sword of Deep-Seated. Ela dá ao meu monstro mais 500 pontos de ataque e defesa (1950/1700).
- Estás a aprender… - Bakura sorria. O seu oponente era muito previsível.
- Primeiro de tudo vou atacar com o meu insecto. Vai Leghul!
Mais uma vez, Bakura sentiu a ferroada do bicho de Belzen. Mas como da outra vez, voltou a sorrir. A outra carta virada para baixo iria tratar da situação.

Bakura – 3400

- Agora, Copycat, destrói o seu Sorcerer of the Doomed! – bradou Belzen.
O monstro dele avançou com toda a força para cima da criatura de Bakura, que sorria, sem se preocupar com nada.
- Revelar a minha carta virada para baixo: Mirror Force. Agora o teu ataque vai ser reflectido para os teus monstros e irá destruí-los.
Copycat esbarrou contra uma parede invisível que deflectiu o seu ataque e o atirou para trás, vindo a desintegrar-se, assim como Leghul, que apanhara com os efeitos da armadilha.
- Como eu pensava. Um tipo como tu nunca usa o cérebro. Prefere usar os músculos.
- Quando a Sword of Deep Seated vai para o cemitério eu posso colocá-la de volta no topo do meu baralho. Termino então o meu turno. – Belzen fingia não ouvir as provocações de Bakura.
- De certeza? Olha que estás aberto para um ataque directo da minha criatura. Mas antes, o meu Destiny Board vai mostrar mais uma letra para ti.
A mão voltou a deslizar com o ponteiro pelo tabuleiro até parar na letra I.
- Mais três turnos e a vitória final será minha. – Bakura sacou. – Eu jogo a carta mágica Graceful Charity. Ela permite-me sacar mais três cartas, desde que eu descarte duas. Agora, Sorcerer of the Doomed, ataca Belzen directamente!
Um novo raio de energia foi disparado do cajado do monstro de Bakura e atingiu Belzen no peito, o que o fez cair para trás, dolorosamente.

Belzen – 1700

- E termino o meu turno.
- Maldito – sussurrou Belzen, enquanto se levantava muito dificilmente. Aquele rapaz era na verdade um bom duelista, mas também era verdade que Belzen apenas duelara três vezes em toda a sua vida e em nenhuma ganhara. Que hipótese teria contra tão temido adversário?
- E agora – exclamou, segurando uma nova carta, – eu jogo The Snake Hair (1500/1200) em modo de ataque.
Uma horrorosa mulher de pele esverdeada e exibindo serpentes no lugar do cabelo surgiu em campo, com um olhar petrificante. Porém, Bakura não estava impressionado.
- De seguida – continuou Belzen, – jogo a carta mágica Soul of the Pure. Ela permite que eu recupere 800 pontos de vida.

Belzen – 2500

- E agora trarei um velho amigo do cemitério com a carta Premature Burial. Com o custo de 800 pontos de vida posso trazer de volta Leghul.

Belzen – 1700

A lagarta gigante do homem surgiu novamente.
“Estúpido” pensou Bakura, sem parar de sorrir. “Por que raio não ressuscitou o Copycat? Ele poderia fazer um grande estrago nos meus pontos de vida”
- Que achaste desta estratégia? – indagou Belzen, novamente entusiasmado. – Graças à habilidade especial do meu Leghul posso atacar directo a ti mesmo que tenhas um monstro mais forte, o que é o caso. The Snake Hair, ataca o monstro dele!
O monstro de Bakura foi destruído pelo ataque de The Snake Hair.

Bakura – 3350

- Agora Leghul, é a tua vez!

Bakura – 3050

- Termino o meu turno.
- Deves achar-te muito poderoso, agora que destruíste um monstro meu – retorquiu Bakura, sacando. – Mas será que estarás pronto para o que o Destiny Board tem para te mostrar?
Mais uma vez o ponteiro deslizou pelo tabuleiro (que Belzen já havia esquecido), passando por várias letras até parar na N.
- F-I-N. Aposto que um cabeça de vento como tu ainda não descobriu qual será a palavra. Mas ainda terás mais dois turnos para descobrir. Eu jogo o meu Headless Knight (1450/1200) em modo de ataque.
Um cavaleiro sem cabeça, equipado com uma armadura e armado com uma espada apareceu no campo.
- Eh, espera lá – interrompeu Belzen. – A minha The Snake Hair ainda é mais forte.
- E quem te disse que eu ia atacá-la? – perguntou Bakura, rindo diabolicamente. – Eu vou atacar o teu Leghul!
A espada do cavaleiro sem cabeça ceifou a grande lagarta de Belzen.

Belzen – 550

- E antes de acabar vou jogar esta carta mágica: Fissure. Ela destrói o monstro mais fraco do meu oponente. E como a tua The Snake Hair é a única do teu lado do campo podes dizer-lhe adeus.
Uma fenda holográfica abriu-se no solo, engolindo o monstro de Belzen, deixando-o desprotegido.
- Prepara-te para o teu fim!
- Isso é o que vamos ver. – O homem sacou e um leve sorriso decorou-lhe o canto da boca. – Isto parece coincidência. Eu também jogo a carta Fissure, que vai destruir o teu cavaleiro.
Tal como acontecera com o monstro de Belzen, o Headless Knight desapareceu numa nova fenda que apareceu, desta vez no lado de Bakura.
- De seguida jogo um monstro virado para baixo. É tudo.
“Estranho” pensou Bakura, semicerrando os olhos perante aquela jogada. “Ele destruiu o meu monstro. Era agora uma boa altura para ele me atacar. Que monstro será aquele? É melhor ser cauteloso. Afinal tudo acabará quando o próximo turno dele terminar”
- Minha vez. Está na hora do meu Destiny Board mostrar mais uma letra.
Desta vez, a letra que o ponteiro mostrou era A.
- A palavra é FINAL – disse Belzen.
- És mais inteligente do que pareces. – Bakura continuava com o seu sorriso maquiavélico. – Eu passo a minha vez jogando apenas uma carta virada para baixo. Tudo acabará em breve.
- Nesse caso – bradou Belzen, com uma voz triunfante, – eu revelo a minha criatura: Trap Master (500/1100). Quando esta criatura é revelada eu posso destruir uma carta armadilha em campo. E já deves saber qual irei escolher.
- Oh não! – gritou Bakura quando viu o seu tabuleiro de Oui-Ja desaparecer do campo, juntamente com todas as quatro letras que havia formado. O rapaz rangia os dentes de raiva.
- De seguida coloco uma carta para baixo e concluo a minha jogada.
Bakura havia estado uns meros segundos amaldiçoando a sua sorte por um amador ter descoberto uma forma de destruir o seu Destiny Board. No entanto, a raiva inicial deu lugar a um novo sorriso. A criatura de Belzen, um monstrinho irritante com cara de palhaço e uma capa que parecia esconder alguns artifícios armadilhados, estava em modo de ataque. Desde que tirasse a carta certa aquele duelo terminaria logo naquele turno.
- Eu saco. – Quando olhou para a carta que acabara de tirar, Bakura voltou a gargalhar. Conseguira sacar a carta que o levaria à vitória. – É uma pena que este duelo tenha de acabar tão cedo. Logo agora que estavas a ficar um pro. Mas tudo o que é bom acaba depressa. Porque vou invocar a criatura que te irá destruir.
- Do que estás a falar? – Belzen tremia.
- Removendo três monstros do tipo demónio que eu tinha no meu cemitério posso invocar a minha Dark Necrofear (2200/2800) em campo.
Uma criatura feminina, envolta numa aura negra apareceu. Belzen, apesar do medo que sentia, ainda pode replicar aquela jogada:
- Espera aí. Eu apenas te destruí um demónio. O teu Headless Knight.
- Está certo, mas eu tratei de enviar os outros dois quando joguei a minha carta Graceful Charity – respondeu Bakura, sorrindo. – Eu controlo este duelo desde o início, e um amador como tu não poderia fazer nada para me impedir de ganhar.
»Agora, minha Dark Necrofear, destrói o seu Trap Master e acaba com os restantes pontos de vida do meu inútil adversário!
O monstro de Bakura armou um raio de energia negra entre as mãos, que lançou contra o Trap Master. Todavia, enquanto o raio se dirigia ao monstro, Belzen imitava o comportamento de Bakura, sorrindo também.
- Este duelo está longe de terminar! – gritou. – Eu revelo a minha carta virada para baixo: Negate Attack. O teu ataque será anulado.
- Eu já estava à espera que a tua carta fosse uma armadilha – revelou Bakura, rindo como um louco. – És bastante previsível. Eu já te disse: eu controlo este duelo. E com isso revelo a minha carta irada para baixo: Seven Tools of the Bandit. Pagando mil pontos de vida posso anular o efeito de uma carta armadilha e destruí-la.

Bakura – 2050

- Oh não! – Belzen nada pôde fazer senão assistir impotente à destruição do seu monstro. Estava tudo perdido.

Belzen – 0

Belzen caiu de joelhos no chão, largando as suas cartas e olhando para nada em particular, com um rosto horrorizado. Perdera o duelo, e a punição era ter de ficar aprisionado naquele mundo para toda a eternidade, como Bakura tivera o gosto de revelar no início do jogo. Pela primeira vez na vida, amaldiçoou-se a si mesmo por ter aceite aquela missão. O seu mestre ordenara-lhe que testasse as habilidades do rapaz, ninguém lhe dissera que Bakura tinha poderes sobrenaturais. Começava também a sentir-se arrependido por o ter agredido.
- Admiro a tua coragem em me desafiares, sendo tu ainda um amador – felicitou Bakura, desta vez sério, depois de guardar o seu baralho. – Admirei também a forma como destruíste o meu Destiny Board. Afinal um bronco como tu consegue pensar.
Se fosse um outro duelista era certo que Belzen já lhe teria partido a cara. Mas ali ele estava demasiado assustado para mexer um músculo. Se bem que algo lhe dizia que se podia safar da punição, devido ao tom de voz do rapaz, que já não era tão ameaçador.
- Ainda não percebi essa de andares por aí vestido à Rare Hunter – continuou Bakura, ajoelhando-se e fitando o seu adversário, que ainda não havia levantado a cabeça. – Afinal de contas, quem és tu?
Belzen ainda tremia de medo e engolia muitas vezes em seco, enquanto media bem as palavras que ia dizer.
- Pertenço a uma seita egípcia… o Culto da Morte – murmurou, tremulamente.
- E quem é o teu mestre?
- O seu nome… é… Amontut…
“Espera um momento” disse Bakura para si mesmo, sobressaltado. “Isso lembra-me algo. Amontut… o Culto da Morte… aposto até que este sacana tem uma marca de lealdade tatuada na testa”
Sem cerimónias, Bakura puxou violentamente o capuz de Belzen para trás e agarrou-o pelos cabelos para lhe levantar a cabeça. Lá estava a Ankh tatuada na fronte, reconhecida por Bakura como sinal de lealdade para com o deus Seth.
- Tal como eu pensava – disse Bakura, largando o pobre homem. – És um lacaio do Deus do Mal.
Belzen parecia surpreendido. Aquele rapaz não parava de lhe espantar.
- Como… como sabes isso?
- Digamos que tenho conhecimentos sobre cultos egípcios. – Afastou-se da figura prostrada de Belzen e manteve-se de costas para ele, para que ele não visse o rosto diabólico que se formava na face de Bakura. – Muito bem. Acho que já obtive informações que cheguem. Agora, meu amigo, prepara-te para a tua punição.
- Por favor… – Belzen levantou-se repentinamente e começou a se afastar. – Não…
- Não adianta suplicar, nunca conseguirás sair daqui. Tiveste a tua oportunidade de te safares e perdeste-a. Ficarás preso aqui para toda a eternidade.
Belzen estava aterrorizado. O que antes era uma pessoa forte e rude era agora apenas um homenzinho assustado, condenado eternamente a uma prisão nas Trevas. Contudo, ainda tentou uma outra hipótese de fuga. Aproveitou que Bakura estava de costas para ele, e começou a correr com quantas forças tinha pelo nevoeiro escuro adentro. Ainda ouviu a famosa gargalhada sinistra do rapaz, mas em vez de a ouvir cada vez menos, ouvia-a cada vez mais perto, como se se estivesse a aproximar. De facto, quando atravessou o nevoeiro deu de caras com Bakura, gargalhando loucamente das suas fracas tentativas de fuga. Estacando de imediato, Belzen engoliu em seco e rezou silenciosamente a Deus (não a Seth, de quem já se havia esquecido) para que se livrasse do seu destino.
- Isto é o Shadow Realm – bradou Bakura, com o semblante mais enlouquecido e diabólico que Belzen já havia visto. – E uma vez estando nele… não há como sair…
» Serás consumido pelas Trevas e ficarás a vagar por estes domínios eternamente como uma alma perdida. ENFRENTA O TEU DESTINO!!!»
Foi como se as últimas palavras de Bakura lhe tivessem roubado o calor do corpo. Belzen gritava, mas ninguém o ouvia. Enquanto era engolido por uma neblina escura, a sua voz ficava mais fraca e menos audível. Bakura apenas ria com o sofrimento do seu oponente. Não tardou até que Belzen fosse totalmente tragado pelas trevas e desaparecido quando a neblina se dissipou.
Bakura parou de rir e ficou a olhar para o vazio. Aos poucos, o ambiente ia desaparecendo para dar lugar ao cenário da cidade. O silêncio sepulcral do Shadow Realm dera lugar ao tão habitual barulho dos automóveis a cirandar pela rua.
“Aquele tipo… era um adorador de Seth” pensou Bakura. “Com que então, mesmo após milénios, eles ainda existem. E o nome Amontut… esse era o nome do primeiro membro do Culto da Morte. Eles tentaram levar o Egipto a uma nova era, tentando matar o Faraó e o deus Osíris. Mas Osíris tinha um filho, Horus, o deus dos céus, que aparentemente matou Seth e restaurou a paz no Egipto. O Culto da Morte pensará obviamente que o poderá ressuscitar e continuar o trabalho que ficou interrompido há três mil anos. Mas então o que quererão de mim?”
Naquele momento reparou num pacote caído no chão, no sítio onde estivera Belzen. O estranho pacote não tinha remetente nem destinatário, mas Bakura tinha a certeza que era do homem encapuçado que acabara de vencer. Apanhando o objecto do chão, o rapaz abriu-o e sorriu com o que viu.
“Isto vai ser interessante…”

***

Yugi e os seus amigos tinham voltado de vir do Hospital. Vinham todos com um ar de alívio: os médicos haviam dito que Salomon ficaria bem em dois dias. Deixando o velho a descansar, os companheiros regressavam silenciosamente para a loja de jogos quando Joey resolveu quebrar o silêncio.
- Então, Yugi, o que pensas fazer para recuperar a carta que te roubaram?
Yugi não sabia. E o Faraó muito menos. Não tinham pistas sobre o ladrão, somente que ele pertencia a um culto que adorava um deus egípcio e que tinha uma tatuagem em forma de Ankh no meio da testa. A polícia nunca acreditaria numa história dessas.
- Esperemos que ele volte – disse simplesmente.
- Do que estás a falar? – indagou Tea, indignada. – Tu viste o que ele fez. É melhor teres cuidado.
- Ele quer o meu Puzzle – interrompeu Yugi, sem parar de olhar em frente. – E sei que ele voltará por ele. Tudo o que Aaron tem é a minha carta Egipcian God, mas isso não serve para os seus propósitos. O que ele quer é a minha relíquia. Só assim ele poderá libertar o deus Seth.
- Esse não é um deus do Egipto?
Yugi acenou.
- Aaron quer reunir os Itens do Milénio e usar o seu poder para reviver o deus da destruição.
- Bem sempre tens Slifer e Obelisk – tranquilizou Tristan, sem resultado. – E dois deuses são melhores do que um.
- Tu não sabes o poder que Ra pode libertar se for usado indevidamente – alertou Yugi. – Aquela carta é a mais poderosa das três.
- Não te preocupes, Yugi – disse Joey. – Prometo que te ajudarei a apanhar esse bandido e fazê-lo pagar por se ter metido contigo…
- Eh, Yugi, parece que tens correio – interrompeu Tristan, apontando em frente.
Tinham chegado á loja de jogos. À porta estava um pacote, endereçado ao próprio Yugi Mutou. Yugi pegou-lhe, mas hesitou em se deveria ou não abrir. Depois do que acontecera naquela manhã, uma nova armadilha não calharia nada bem.
- De quem é? – perguntou Tristan, olhando por cima do ombro do amigo, como os outros.
- “Tecnhological Industries Woodman” – leu Joey. – Onde é que eu já ouvi esse nome?
- É uma empresa que desenvolvia equipamento de software para a Kaiba Corp. na altura em que o pai do Kaiba ainda mandava na empresa – disse Tea. – Depois que Kaiba assumiu o comando ele quebrou o contrato, alegando que eles não eram suficientemente desenvolvidos para o que ele andava a preparar. Sem essa parceria, a empresa quase faliu. É de admirar que ainda exista.
- Como é que sabes isso tudo? – perguntou Joey, espantado.
- Já experimentaste usar a Internet para outros fins que não as tuas perversões?
Joey ignorou o sarcasmo.
Entraram todos na loja e Yugi foi até ao balcão e abriu o pacote. E estranhou com o que viu. Para além de uma carta, pôde ver uma estranha luva de cabedal, com sete orifícios circulares nas costas. Havia também duas caixinhas junto á luva. Uma delas continha uma espécie de moeda dourada, que parecia ter o mesmo diâmetro dos orifícios da luva. Na outra caixa tinha apenas um simples dado.
- Mas o que é isto? – perguntou Tristan.
Yugi abriu o envelope e desdobrou a folha, deparando com uma escrita feita à máquina. Não foi preciso ler em voz alta: todos a podiam ler.

Caro Yugi Mutou

É com grande prazer que a Technological Industries Woodman o convida para o maior evento de Duel Monsters jamais realizado. Com o propósito de publicitar o novo software de hologramas virtuais e também de celebrar os trinta anos da empresa, contamos com a participação dos maiores duelistas do mundo num torneio que se realizará em Nova Tech Island, a norte do Egipto. Este evento contará como patrocinadores a Industrial Illusions e a Kaiba Corp, que gentilmente cederam a sua tecnologia para a realização do torneio.
Contamos com a sua vital presença naquele que será, de longe, o maior campeonato de Duel Monsters do mundo, o Torneio de Horus. A data do torneio está agendada para o dia 25 do presente mês.
Os custos da sua viagem estão tratados e junto com esta carta enviamos-lhe também o bilhete de avião. É fundamental que traga a sua Manopla, a sua Pinta e o Dado, pois sem eles não será possível a sua participação no torneio.
Mais uma vez, contamos com a sua presença naquele que será o maior evento do mundo.
Com os melhores cumprimentos

Eric Woodman
Presidente da Technological Industries Woodman.


- Um novo torneio de Duel Monsters? – Joey nem queria acreditar no que via.
- Mas como uma empresa como esta conseguiu fundos para tão imponente evento? – perguntou Tea. – Isto parece mais Duelist Kingdom.
- Não tinhas dito que a Kaiba Corp havia quebrado o contrato com eles? – questionou Tristan. – Por que razão iria Kaiba ceder a tecnologia dele para eles?
- Já para não falar na parceria que eles têm com a Industrial Illusions – reforçou Tea. – Será que Pegasus tem alguma coisa a ver com isto?
- Eh pessoal, para que servirão estas coisas? – perguntou Joey, pegando na luva e examinando-a. – Esta luva está cheia de buracos…
- E se te calasses? – ralhou Tea, sem paciência para as piadas do amigo. – É obvio que esta luva não está assim por acaso. – Arrancou-lhe a luva das mãos. – Ora vejam. – Pegou na pequena moeda dourada e inseriu-a num dos orifícios da luva, assentando na perfeição. – Vêem? Isto faz-me lembrar Duelist Kingdom.
- E para que servirá o dado? – perguntou Tristan, pegando no pequeno objecto. – Isto parece coisa do Duke. Ele é que é um maníaco dos dados…
Yugi ainda não havia dito nada. Relia a carta pela quinta vez, perguntando-se o que Kaiba estaria a tramar nesse torneio. Por um lado, até gostaria de participar, mas os recentes acontecimentos faziam-no pensar em coisas mais importantes. Não poderia deixar o seu avô assim sem mais nem menos, agora que ele precisava de toda a atenção do mundo. Precisava também de descobrir mais sobre o homem que lhe roubara a carta de Ra. Dava-lhe imensa pena, mesmo sabendo que iria desiludir muita gente que contava com a presença do Rei dos Jogos, mas havia coisas mais importantes em jogo.
- Yugi – alertou o Faraó, fazendo o pequeno despertar dos seus pensamentos. – Olha aqui no canto da carta.
- O que foi? – Yugi olhou para o canto inferior direito do papel, na direcção que o seu parceiro apontara e o seu coração saltou.
- Não pode ser!
Pararam todos com a conversa e voltaram as suas atenções para Yugi. O rapaz estava a olhar para um minúsculo desenho, quase imperceptível, mas mesmo assim suficientemente visível para que pudesse ser notado: uma Ankh.
- Este desenho… é igual à marca que Aaron tem tatuado na testa – disse Yugi, espantado.
- Tens a certeza? – questionou Joey, olhando também.
- Claro que tenho. Ele mostrou-ma enquanto estivemos a duelar.
- Isto está a ficar cada vez mais estranho – disse o Faraó. – Eu diria que este torneio é mais do que aquilo que demonstra ser.
- Achas que este tal Woodman está metido com o Culto da Morte? E o que Kaiba tem a ver com isto?
- Pode ser que até nem saiba.
- E então, Yugi? – quis saber Tea. – O que vais fazer?
Yugi voltou a dobrar a folha e olhou para a luva, com um ar pensativo. Mais um dilema lhe invadia a mente. Algo lhe dizia que aquela marca era uma pista para seguir o rasto de Aaron. Mas e se fosse uma pista falsa? Não podia deixar o seu avô à mercê daquele louco. O que resultou numa hospitalização na primeira vez, à segunda podia ser pior. Não podia arriscar. Fosse como fosse, daquela hora em diante andaria sempre com as suas outras duas cartas Egipcian God. Quanto ao torneio, ainda tinha uma semana para pensar no assunto e se decidir.
- Até lá – disse ele, - vou ter tempo para cuidar do meu avô e perguntar-lhe a opinião sobre o assunto.
- Eh, Yugi, amigão, achas que eu também recebi um pacote destes? – perguntou Joey. – No fim de contas, fui finalista de Duelist Kingdom e de Battle City. Já é alguma coisa…
- Não achas que não é altura de te gabares? – interveio Tea. – Estamos numa situação difícil e tu só sabes falar de como tu foste finalista?
- O que achas, Faraó? Participamos?
- Sabes que eu sempre te apoiei em qualquer que fosse a tua decisão. Mas se queres a minha opinião, acho que devíamos seguir esta pista.
- Mas e se não for nada de mais? E se o verdadeiro perigo estiver aqui?
- Eu não acho que aquela marca estava ali por acaso. Eu acredito que ainda vamos nos encontrar com mais gente deste culto, para além de Aaron. Lembras-te dos Rare Hunters?
- Espero que tenhas razão. Afinal de contas, prevejo uma nova grande aventura a aproximar-se.
E então, virando-se para os seus companheiros, Yugi respirou fundo e, dando um enorme sorriso, disse:
- Irei para Nova Tech Island. Os mauzões que se preparem…
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Guardian Angel

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MensagemAssunto: Re: Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus   Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus Icon_minitime24/11/2011, 6:21 pm

Aqui está o capítulo 4. Não tem duelo, mas também porque mesmo sendo Yu-Gi-Oh!, a história não se baseia apenas em duelos, e há-que desenvolver o enredo e as suas personagens.


Capítulo IV – Partida para Nova Tech

Nessa noite, Yugi recebeu um telefonema de Joey. A excitação do jovem era tão grande que só passados cinco minutos é que Yugi percebeu o porquê de toda aquela agitação.
- Eu também recebi um convite para o Torneio de Horus – anunciou Joey, praticamente aos gritos. – Eu sabia que eles não se iriam esquecer de mim. O Kaiba finalmente reconheceu o meu valor.
Ainda bem que Joey não podia ver a cara de Yugi. Não acreditava que Kaiba tivesse alguma coisa a ver com o convite. Por pouco, Joey não entrara no torneio de Battle City, e mesmo depois desse evento a opinião de Kaiba em relação a ele não mudara.
- Mal posso esperar para começar. Achas que vamos encontrar bons duelistas?
- Eu diria que iríamos encontrar os melhores do mundo – respondeu Yugi. – Tenho a certeza que o Kaiba vai participar. E a Mai também. E o Mako, o Weevil e o Rex…
- Eu julgava que iam os melhores do mundo – ironizou Joey, rindo. – Eu valorizo a Mai, porque ela é talentosa, mas o Weevil e o Rex? Eles já tiveram o seu tempo de glória.
- É impressão minha ou estás a elogiar a Mai? – indagou Yugi, com um sorriso maroto, que o amigo não pôde ver.
Joey não respondeu por um bom tempo.
- Bem, só falta falar com o meu avô e estamos prontos para partir – disse Yugi, mudando de assunto. – Será que ele alinha se eu lhe sugerir que vá connosco?
- Se eu fosse a ti não o pressionava para vir também – aconselhou Joey. – Ele vai sair do Hospital daqui a dois dias, ele vai precisar de descansar. Não o vamos meter numa aventura destas.
- Mas e se Aaron volta a aparecer? Esse tipo é um louco, pode fazer ao meu avô ainda pior do que esta manhã.
- Não te preocupes. Não disseste que a marca que estava na carta era a mesma que estava tatuada na testa desse Aaron? Só podemos estar a seguir a pista certa. Pode ser que ele também participe no Torneio de Horus.
- Mas não podemos descartar a hipótese de seguirmos uma pista falsa – retorquiu Yugi. – Já agora, na tua carta também havia uma marca igual à que recebi?
- Nem reparei. Espera só um momento… – Parecia que Joey tinha o convite mesmo à mão. Yugi mal tivera tempo de pensar no que quer que fosse já estava o amigo de volta: - Não estou a ver nada. Parece que foi só no teu convite.
- Estranho… – murmurou Yugi, pensativo. – Muito estranho…
- Desculpa, não te ouvi – interrompeu Joey.
- Estava aqui a pensar alto. É muito estranho que tivesse aparecido a Ankh apenas no meu convite. Será que é por ser o Rei dos Jogos…
- Lá estás tu a ignorar a hipótese mais razoável. É mais do que óbvio que esse tal presidente Woodman está feito com esse culto que nos falaste. Talvez ele seja um membro e este torneio seja uma forma de te apanhar.
- Estás a dizer que me estou a encaminhar para uma armadilha?
- Como estarias a encaminhar-te para uma armadilha? Eu também recebi um convite, lembras-te? Se tu és o alvo, não percebo por que se iriam ao trabalho de criar estas luvas e estas pintas se podiam simplesmente convocar a tua presença para, sei lá, um duelo. Mas em todo o caso devias levar as cartas Egipcian God contigo. Estarão mais seguras.
- Também acho – concordou Yugi. – Se o Culto da Morte anda atrás delas então terá que passar por mim para as obter.
- É isso, Yugi. Mesmo sem o teu Ra ainda tens hipóteses com as outras duas.
- Não sei, Joey. E se Aaron tiver conhecimento das habilidades de Ra? Lembras-te de como Marik as usava? Era quase imbatível. Não podemos subestimar um poder daqueles.
- Mas já conseguiste vencer essa carta, conseguirás vencê-la novamente – encorajou Joey. – Tu não és o Rei dos Jogos por acaso. E eu tenho a certeza que vencerás este torneio.
- Não vamos já deitar foguetes. Ainda não chegámos a Nova Tech. E ainda há muitos duelistas espalhados por esse mundo fora que podem ser bem melhores que nós.
- Não conheço ninguém que seja melhor do que tu. Nem mesmo o Pegasus foi e é o criador de Duel Monsters. Por falar nele, achas que ele vai participar?
- É de admirar se participar. Não sabemos nada dele desde Duelist Kingdom. Será que ele ainda possui o Millenium Eye?
- Nem me fales disso. Só de pensar que aquele tipo passou todo o tempo a fazer batota…
- O poder dos Itens do Milénio não deve ser usado pare este tipo de coisas. E mesmo com o seu poder de ler mentes, o Pegasus perdeu contra mim. Espero que isso lhe tenha servido de lição.
- Claro que serviu… acho. Bem, Yugi, tenho que desligar. Vou fazer as malas…
- Já? – indagou Yugi, incrédulo. – Mas a viagem é só daqui a uma semana.
- Eu sei. Mas eu não posso esperar… Vai ser o melhor campeonato de sempre. Parece que já estou a ouvir a multidão a gritar o meu nome enquanto o Kaiba anuncia o nome do vencedor: “Joey Weeler, o campeão mundial de Duel Monsters.”

***

- Um novo torneio de Duel Monsters? – bradou Salomon à saída do Hospital. – Claro que quero ir! Não perderia isto por nada!
- Tenha calma, avô – pediu Yugi, aflito. – O médico disse que não se podia entusiasmar dessa maneira.
- Disparate; eu estou perfeitamente bem. Pronto para outra.
- Não diga isso, Sr. Mutou – disse Tea. – Já esteve demasiadas vezes no Hospital para um homem da sua idade.
Os dois dias haviam custado a chegar. Parece que quando queremos tanto uma coisa ela tarda a chegar, e quando ela chega passa a uma velocidade surpreendente e acaba mais rápido do que estávamos à espera. Yugi temia que fosse assim. A perspectiva de um novo campeonato alegrava-o quando não estava a pensar em Aaron e no Culto da Morte. Por uma vez na vida queria divertir-se sem ter que pensar na segurança daqueles de quem gostava. Quando se lembrava do campeonato de Battle City, do seu duelo contra Joey quando ele estivera a ser controlado por Marik dava-lhe um aperto no coração. Fora um dos mais arriscados duelos da sua vida. Nessa altura, a vontade de Joey se sobrepusera ao poder do Millenium Rod. Mas o que os esperaria aquela nova aventura?
- Quando é que partimos? – perguntou Salomon. – Tenho que fazer a minha mala.
- Por favor, avô, pense melhor no assunto – disse Yugi. – Estará melhor aqui, poderá acompanhar o campeonato pela televisão. Além disso, só há um bilhete de avião.
- Não há problema – disse Salomon. – Eu tenho o dinheiro da loja. É mais do que suficiente para pagar o bilhete.
Yugi desistiu. Já devia saber que quando o seu avô mete alguma coisa na cabeça, nunca mais sai. Contudo, enquanto caminhavam de volta para a loja de jogos, Tea, Joey e Tristan ainda tentaram convencê-lo a mudar de ideias, mas o velho estava irredutível. Mesmo sem ter recebido nenhum convite, Salomon queria a todo o custo participar no torneio, alegando que as suas habilidades eram tão boas como sempre.
- É só construir um baralho, arranjar um Duel Disk, falar com o Kaiba para pedir mais um convite e já está – disse ele, alegrado.
- Não creio que seja assim tão fácil – retorquiu Joey. – Por esta altura já fizeram todos os preparativos para o campeonato. Mais uma pessoa poderá alterar o esquema e adiar o dia do torneio.
- Olha, tu é que podias oferecer-me o teu convite – sugeriu Salomon.
- Nem pense – disse Joey. – Eu não quero perder esta oportunidade.
- Como podes recusar isso de mim? – choramingou o velho, abatido. – Eu, que te ensinei tudo sobre Duel Monsters. Nem sabias embaralhar direito o teu baralho. Não sabias nada de nada. E eu fiz com que tu fosses finalista de Duelist Kingdom e Battle City.
- Não vale a pena, Sr. Mutou. Se quiser pode vir, mas com o meu convite ninguém fica.
- Não achas que foste demasiado duro? – perguntou Tea, quando estavam a chegar à loja. Salomon caminhava ao lado do neto, visivelmente abatido.
- Qual quê? – disse Joey, sem remorsos. – Que querias que eu fizesse? Que lhe entregasse o meu convite e ficasse a chuchar no dedo? Ele teve o seu momento. Agora chegou a altura dos mais novos actuarem. Além disso, os convites vêm com o nosso nome.
- Em que estás a pensar, Yugi? – indagou o Faraó, notando que o seu parceiro estava muito calado e pensativo.
- Estou a pensar em qual será a posição do Kaiba nisto tudo – respondeu Yugi. – Não estou a vê-lo a criar uma parceria com uma empresa que foi sua rival no passado. Muito menos com a Industrial Illusions. Lembras-te do encontro entre ele e o Pegasus no passado? Eles não são propriamente amigos.
- Cá para mim, o Kaiba quer uma desforra pela derrota sofrida no último campeonato. E esta talvez foi a melhor forma que ele encontrou para a ter.
- Não acredito que ele esteja tão desesperado ao ponto de se unir aos seus antigos rivais – disse Yugi.
Estavam a entrar na loja. Salomon, sem dizer nada aos quatro jovens, foi para o seu quarto, quase se comportando como uma criança amuada. Yugi não deixou de ter pena dele, assim como Tea e Tristan. Mas Joey continuava indomável no seu comportamento.
Yugi aproveitou e foi buscar a sua caixa dourada, onde ainda tinha guardadas as restantes cartas Egipcian God. Seria quase como uma injustiça usá-las no Torneio de Horus, uma vez que a maioria dos duelistas não estaria preparada para as enfrentar, mas se se iria voltar a encontrar com Aaron, então teria de dar o máximo de si caso tivesse de se confrontar com Ra.
Teria também de manter o seu Millenium Puzzle seguro. Se o Culto da Morte andava atrás dele, então era porque a relíquia era mais importante que as cartas dos deuses. Aaron dissera que o poder do Puzzle libertaria Seth, o Deus do Mal. Não podia deixar que mãos erradas lhe roubassem a relíquia. Até porque ela era o único vínculo que tinha com o Faraó, e sem ela estariam separados e incomunicáveis.
- Não te preocupes, Yugi – interveio o Faraó, notando a sua preocupação ao olhar o Puzzle. - Enquanto estivermos unidos não há nada que nos vença, por mais desesperada que seja a nossa situação.
- Espero bem que isso se aplique nesta situação – disse Yugi, ainda inseguro. – Já passámos por tanto juntos e sempre nos conseguimos safar. Mas cada vez que enfrentamos um desafio novo ele é mais complicado. Temo que desta vez seja diferente de todas as outras vezes.
Enquanto falava, flashbacks do seu passado inundavam-lhe a mente. O seu primeiro duelo com Kaiba, o primeiro encontro com Pegasus, o seu duelo de abertura em Duelist Kingdom contra Weevil. O complicado duelo contra Kaiba que causou a maior batalha mental que alguma vez travou. Os problemas nas finais e o confronto quase mortal contra Pegasus. Depois o início de Battle City, enfrentando os Rare Hunters de Marik. O seu arriscado duelo contra Bakura no Battle Ship. O novo confronto do destino contra Kaiba. O conflito contra Marik que culminou na vitória do Faraó. Em todos esses duelos e complicações, Yugi e o Faraó estiveram juntos e enfrentaram todos aqueles que atentaram contra a sua união. Mas eles não estavam sozinhos. Tinham amigos. Joey, Tristan e Tea. Os melhores amigos que alguém poderia ter.
- Enfrentaremos o que tiver de vir – reforçou o Faraó. – Desde que estejamos juntos. Estás comigo, parceiro?
Yugi nem teve que pensar duas vezes. Olhou para as costas da mão direita, onde outrora fora desenhada parte de um símbolo de amizade entre Tea, Joey e Tristan. E assim como era esse símbolo que os unia, também o Puzzle era um sinal de amizade e união entre ele e o Faraó.
- Estou.

***

Seto Kaiba estava sentado na secretária do seu escritório em Nova Tech. Olhava o seu baralho, carta por carta, dando especial ênfase a cada Blue Eyes White Dragon. Ao mesmo tempo pensava sobre o torneio que estava para vir. Teria sido uma boa ideia criar aquela parceria entre empresas rivais? Quando fora convocado por Eric Woodman para uma reunião, não sabia o que o esperava. Não estava à espera que a Technological Industries estivesse também a desenvolver um novo software de jogos, baseado nos hologramas virtuais da Kaiba Corp. No entanto, os resultados dos seus esforços não se haviam comparado ao Duel Disk. Quando vira uma simulação, há umas semanas atrás, não conseguia imaginar como seria transportar luvas, fios e um capacete. A tecnologia era impressionante, tivera de o admitir, mas somente com a ajuda da Industrial Illusions. Kaiba apenas fornecera a base de dados de todas as cartas de Duel Monsters e estaria pronto a ser testado novamente. Mas isso não o interessava. A perspectiva de um novo torneio fora o que o aliciara. Era a sua oportunidade de voltar a duelar com Yugi e vencê-lo.
Mirou uma nova carta. Uma carta mágica; uma nova adição ao seu baralho. Pegasus a havia criado, mas tal como a sua carta Toon World, a que Kaiba segurava era também rara. Talvez a mais rara que alguma vez fora criada. O próprio Pegasus dissera que aquela carta lhe trairia a vitória em qualquer duelo que Kaiba tivesse.
Fora no primeiro dia em que se sentara no seu escritório em Nova Tech. Mal tivera tempo para admirar toda a sala quando bateram á porta. Pensando que era Mokuba, Kaiba mandara entrar. Fora a primeira vez em três anos que voltara a ver Pegasus. O cabelo comprido e claro, o olhar sereno, apenas notado no seu olho direito e um leve sorriso na face. Kaiba olhara para ele com a desconfiança do costume. Aliás, o seu último encontro com Pegasus não acabara bem.
- Que fazes aqui, Pegasus? – perguntara Kaiba, dispensando qualquer tipo de cumprimento. – Julgava que não tinha de voltar a ver-te tão cedo.
Pegasus sorrira, com o seu bom humor de sempre.
- Sempre bem disposto. Como estás, Kaiba? Espero que a viagem tenha corrido bem.
- Quando soube que estavas aqui, enjoei.
- Mas que maneiras são essas de tratar um velho amigo? – indagara Pegasus, dramaticamente ofendido. – Logo agora que somos novamente colegas de trabalho.
- Escuta bem, Pegasus – dissera Kaiba, perdendo a paciência, – eu não estou aqui por causa do vosso novo software ou por causa do lucro. O meu objectivo é apenas a participação no Torneio de Horus. Eu concordei em financiar o projecto para conseguir entrar no campeonato e não por causa da anedota que vocês andam a desenvolver. Por isso, nada de falinhas mansas comigo, ok?
- Belo discurso, Kaiba – felicitara Pegasus, nada incomodado com a antipatia do seu interlocutor. – Eu sei que não estás aqui por causa do novo software. Acredita, eu também não estou. Acho o teu Duel Disk mais engraçado. Na verdade eu estou aqui para te ajudar.
Kaiba levantara o seu olhar para o rosto de Pegasus. Ele já não sorria.
- O que estás a tramar desta vez? – perguntara.
- Eu sei que te sentes frustrado por teres perdido novamente contra Yugi Mutou. Aquele rapaz é fenomenal, não achas? Até parece que alguém o ajuda.
- Do que estás a falar?
Pegasus puxara de uma cadeira e sentara-se mesmo em frente a Kaiba.
- Há alguma coisa naquele rapaz que me intriga. A relíquia milenar que ele leva ao pescoço é mágica…
- Não me venhas com esses contos de fadas egípcios – interrompera Kaiba, levantando a mão. – Não me interessa o que o Yugi leva ao pescoço nem quero saber nada sobre esses itens de que tanto se fala. Eu só almejo o futuro, não me deixarei influenciar pelo passado.
- Foi exactamente esse cepticismo que te fez perder o duelo contra o Yugi no teu torneio – replicara Pegasus. – Se o queres derrotar, então é bom que oiças o que eu tenho para te dizer. Queres derrotar o Yugi Mutou, não queres?
- O que andas a tramar?
- Queres derrotá-lo? – voltara a indagar o homem, agora mais penetrante no seu olhar.
Kaiba vira que Pegasus não sorria há uns minutos, coisa que nele não era muito normal. O seu ar sério era intenso, não o descolava do rapaz, por mais que Kaiba tentasse desviar o olhar. Olhara para o monitor do seu computador, cuja imagem de fundo tinha um magnífico Blue Eyes. Os olhos azuis pareciam cintilar na sua direcção, mas Kaiba só pensava no seu último duelo contra Yugi. O longo confronto que envolvera a mais espantosa colisão entre deuses egípcios. O duelo que culminara com a sua derrota. Era mais que óbvio qual seria a resposta que iria dar a Pegasus.
- Quero derrotá-lo – dissera. – Quero humilhá-lo da mesma forma que ele fez comigo. Quero que ele prove o sabor da derrota.
- Muito bem, isso é mais do que suficiente para mim. – Pegasus levara a mão ao bolso direito do casaco e tirara de lá uma caixinha. – Isto é tudo o que precisas.
Indignado, Kaiba abrira a pequena caixa rectangular e os seus olhos se arregalaram de imediato. Era uma carta de Duel Monsters. Mas não era uma carta qualquer. Era uma mágica, mas com uma imagem diferente de tudo o que havia visto no passado. Tanto o nome como o texto lhe pareciam exagerados mas ao mesmo tempo possíveis. O poder que aquela carta parecia emanar era imenso, talvez maior que uma carta Egipcian God. Na verdade, o texto fazia-lhes referência.
- Uma carta mágica? – indagara Kaiba, fazendo-se pouco impressionado. Queria tentar sacar o máximo de informações de Pegasus.
- O que se passa, Kaiba? Estavas à espera de uma criatura poderosa?
- Não conheço esta carta. Não faz parte do banco de dados da Kaiba Corp. E eu saberia se ela fizesse parte. Tal carta estaria certamente no meu baralho.
- Exacto! – exclamara Pegasus. – Tal carta merece estar no teu baralho. Só tu tens capacidades para roubar o título de Rei dos Jogos ao Yugi. Enquanto tiveres essa carta, nem mesmo os poderosos deuses egípcios podem alguma coisa contra ti.
- Por que me estás a ajudar?
Pegasus levantara-se da cadeira e começara a se encaminhar para a porta.
- Eu tenho as minhas razões. Essa carta te trará a vitória em qualquer duelo que tenhas. Só há um senão.
- E qual? – Kaiba já esperara tal coisa.
- Não poderás ter os teus Blue Eyes White Dragon no teu baralho.
- O que? – indagara Kaiba, incrédulo.
- É o que ouviste. Essa carta não funcionará enquanto tiveres essas cartas no teu baralho.
- Mas eu não posso abdicar dos meus dragões!
- Então nunca poderás vencer o Yugi – redarguira Pegasus, abrindo a porta. - É bom que escolhas, Kaiba. Se ficares com essa carta, renuncias aos teus dragões, mas terás a vitória que tanto almejas. Se decidires pelos teus Blue Eyes perderás essa carta e ficarás para sempre em segundo lugar. A escolha é tua.
Quando Pegasus saíra, Kaiba atravessava um dilema que nunca havia enfrentado antes.
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Kei

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MensagemAssunto: Muito bom    Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus Icon_minitime26/11/2011, 4:38 pm

Ta mt legal gostei ate agora de tudo Very Happy
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darkblade2814

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MensagemAssunto: Re: Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus   Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus Icon_minitime26/11/2011, 4:51 pm

que tal durante essa fan fic o yugi conseguir o Black Luster Soldier - Envoy of the Beginning, no anime nunca explicaram como o yugi colocou ele no deck?
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Guardian Angel

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MensagemAssunto: Re: Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus   Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus Icon_minitime26/11/2011, 5:56 pm

darkblade2814 escreveu:
que tal durante essa fan fic o yugi conseguir o Black Luster Soldier - Envoy of the Beginning, no anime nunca explicaram como o yugi colocou ele no deck?

É uma ideia, mas por enquanto não a irei seguir, porque já cerca de metade da história foi escrita há anos. Talvez se houver bastantes comentários e o pessoal daqui gostar desta fanfic o suficiente para eu me sentir na necessidade de a continuar, vou ponderar seriamente nessa ideia.
E aqui está o quinto capítulo. Não vos censuro se não o lerem, uma vez que é muito grande e nem sequer tem duelo, mas prometo que depois deste todos os próximos vinte capítulos terão confrontos.


Capítulo V – O Início do Torneio

- Com que então isto é Nova Tech – resmungou Joey ao sair do avião e olhando em volta. – Não me parece lá grande coisa.
Era dia 25. O dia em que o Torneio de Horus começaria.
Durante a semana, Yugi e Joey encontravam-se várias vezes para discutir estratégias e simular duelos. Yugi sentira-se muito orgulhoso do amigo, que havia progredido ao longo da sua extensa caminhada como duelista. Haviam ambos decidido em manter os seus baralhos da maneira como estavam, embora Joey tivesse preferido fazer uma adiçãosita ou outra para o tornar mais poderoso. Salomon perdoara ao Joey pelo seu pequeno desentendimento, mas desde que Joey conseguisse boas classificações no campeonato. Por isso, dispôs-se a ensinar mais alguns truques ao rapaz.
Yugi trazia as duas cartas Egipcian God juntamente com o seu baralho, onde estariam protegidas. Ainda continuava com dúvidas se aquela era ou não a pista correcta, embora os seus amigos, inclusive o seu avô e o Faraó, lhe tivessem assegurado que havia ali coincidências a mais. Durante a viagem de avião, que mostrou ser bem longa, o jovem tentou vislumbrar todos os duelistas que compartilhavam o avião com ele, tentando entre eles descobrir Aaron. Mas ele não se encontrava por lá. Era possível que já estivesse na ilha.
Havia sido aberta uma excepção para que amigos e familiares dos duelistas pudessem viajar no mesmo aparelho. Por isso, quando Yugi, os seus amigos e o seu avô chegaram ao aeroporto, fora-lhes comunicado que iriam embarcar daí a três horas, quando houvesse vagas. Não que Yugi se importasse; assim teria mais tempo para organizar as suas ideias e, principalmente, o seu baralho.
Ignorava que tipo de torneio era aquele. Tal como dito na carta, trouxera consigo a luva, a moeda dourada e o dado, perguntando-se em que medida aqueles três objectos seriam essenciais no torneio. Acreditava que seria como os campeonatos anteriores em que participara. Em Duelist Kingdom tivera também uma luva, só que tinha de preenchê-la com dez estrelas para que lhe fosse garantida a entrada no castelo de Pegasus e a participação nas finais. Em Battle City recebera uma Locator Card e tivera de ganhar mais cinco para poder descobrir o local onde as finais se iriam desenrolar. Era capaz de adivinhar que no Torneio de Horus teria de arranjar sete daquelas moedas douradas para colocar na luva, mas a presença do dado suscitava-lhe algumas dúvidas.
- Finalmente – disse Tristan, espreguiçando. – Por que tinham de realizar um torneio mesmo no fim do mundo?
- Sempre é melhor que ir de barco – redarguiu Tea. – Ao menos assim viajámos com conforto.
- Eu quero é que o torneio comece – disse Joey, impaciente. – Onde será que se vai realizar?
Depois de terem ido buscar as bagagens, juntaram-se a um grupo de duelistas que se formava às portas do aeroporto. No exterior via-se um autocarro com o logótipo da Technological Industries Woodman. Um homem de meia-idade, vestido como um executivo e segurando uma prancheta, mantinha a ordem no grupo com uma voz possante e mal-humorada. Yugi e os outros chegaram perto deles e levaram, talvez pela milionésima vez, com os murmúrios e os apontares de dedos direccionados ao Rei dos Jogos. E pela milionésima vez, ignoraram-nos.
- Quero todos os duelistas juntos, por favor – bradou o homem. – Aquele autocarro que vocês vêem lá fora destina-se unicamente a duelistas. É por isso que vou ter que vos separar dos vossos amigos e familiares. Vou chamar os vossos nomes e vocês virão ter comigo, mostrarão o vosso convite e avançarão para o autocarro.
- Vão ter que nos separar? – indagou Tea, preocupada. – E nós, como é que vamos ter ao local do torneio?
- Os amigos e familiares poderão servir-se de quaisquer meios para irem ter ao hotel – continuou o homem.
- Hotel? – foi a vez de Salomon perguntar. – Qual hotel?
- Como sabem, todos os duelistas irão alojar-se num dos hotéis da Technoligical Industries. Para quem os acompanha, existe um hotel de quatro estrelas perto de onde os duelistas irão ficar.
- E quando é que o torneio começa? – perguntou Joey.
- Devido às alterações nos horários de embarque nos aeroportos, o início do torneio ficará adiado para amanhã de manhã no centro da cidade de Tech Town, a capital da ilha.
- Oh não…
- De que é que te lamentas? – indagou Tristan. – Pelo menos vais ficar num hotel de luxo.
- Vou proceder à chamada – anunciou o homem. – Quando ouvirem o vosso nome, apresentem-se, mostrem-me o vosso convite e avancem para o autocarro. Chrono Oyamada.
Um rapaz, ligeiramente mais alto que Yugi mas mais baixo que Joey, avançou, exibindo um sorriso satisfeito. Apresentou-se junto ao homem e mostrou-lhe o convite, que vinha na forma de uma carta Duel Monsters, mostrando os dados principais, como a idade, a cidade natal e o nível de duelista em que se encontrava. Depois de verificar a autenticidade do convite, o homem devolveu-o ao rapaz e deu-lhe passagem para o autocarro.
- Já viste o pessoal que aqui está? – perguntou Joey a Yugi, olhando em volta. – Deve estar aqui uma centena de duelistas. Fora os que vêem dos outros países.
- Os melhores duelistas do mundo estão aqui – disse uma voz atrás deles, uma voz conhecida. – Todos querem tentar a sua sorte contra o Rei dos Jogos.
Yugi e os outros voltaram-se e deram de caras com um jovem alto, de rosto atraente e um ar rebelde nos seus olhos verdes. Tinha uma faixa vermelha e preta na testa e um brinco em forma de dado na orelha esquerda. Vestia a sua habitual roupa, que lhe dava tão conhecido estilo. Calças e t-shirt pretas e colete vermelho.
- Duke Devlin? – indagou Tristan, incrédulo. – Que fazes aqui?
- Também estou contente por vos ver – disse ele, sem parar de sorrir. – Estou aqui há horas à vossa espera. Por que demoraram tanto?
- Houve problemas nos horários de embarque – respondeu Yugi. – Por causa disso o campeonato só começará amanhã.
- Eu sei – disse Duke. – Já é a quinta vez que ouço aquele tipo a dizer isso.
- Também vais participar no torneio? – quis saber Joey.
- Claro! As minhas habilidades de duelista são tão boas como as de qualquer um. Além disso – deitou um olhar ao Yugi, – estou desejoso da desforra do nosso último duelo.
- Duel Monsters não é o mesmo que Dungeon Dice Monsters – respondeu Yugi. – Mas aceito o desafio.
- Joey Weeler – chamou o homem, interrompendo a conversa.
Joey meteu a mão ao bolso, sacando do seu convite, e avançou pelo meio das pessoas. Yugi e os outros ficaram a vê-lo entregar a carta ao homem e a ser aceite.
- Eu pedi para ficar na mesma lista que vós – disse Duke. – De qualquer forma vão ter que nos separar quando o torneio começar.
- O que queres dizer com isso? – indagou Tea. – Já não bastava terem de separar os duelistas dos seus amigos e familiares ainda terão que os separar uns dos outros?
- Faz parte das regras. A forma como seremos separados será efectuada aleatoriamente.
- O que queres dizer com isso? – foi a vez de Salomon perguntar. – Sabes alguma coisa que nós não saibamos?
- Não vos posso adiantar mais nada – respondeu Duke com um sorriso enigmático. – Mas posso dar-vos umas luzes sobre o tipo de duelistas que passarão pelo torneio.
- Virá alguém que conheçamos? – perguntou Yugi.
- A Mai Valentine já chegou. Weevil Underwood e Rex Raptor chegaram antes de vós. Mako Tsunami também deve ter aparecido. Acho que os irmãos Roba não poderão vir. Ah! – gritou tão alto que toda a gente se virou para ele. – Já me esquecia. Estão cá três pessoas bem conhecidas, mas só uma vai participar.
- E quem são?
- Marik, Ishizu e Odion.
- Como? – indagaram todos ao mesmo tempo, não acreditando nas palavras de Duke.
- É verdade – garantiu Duke. – O Marik vai participar e acho que o Odion também, mas não pude estar muito tempo com eles. A Ishizu estava estranha, dizia que algo de mau estava para acontecer…
- Algo de mau… – repetiu Yugi, pensativamente. – Será que tem alguma coisa a ver com Aaron e o Culto da Morte?
- Só uma perguntinha – interferiu Tristan. – Como é que sabes quem vai participar?
- Isso é simples. Eu ajudei na elaboração das regras deste torneio. Maximillion Pegasus mandou-me um e-mail convidando-me a participar no campeonato e a ajudar na criação das regras, já que eles estavam muito ocupados com o novo software. Por isso aquele dado que vocês receberam junto com a Manopla e a Pinta.
- Referes-te a esta luva? – perguntou Yugi, mostrando-lhe a luva com os sete orifícios circulares.
- Exactamente. É uma Manopla e a moeda dourada é a Pinta.
- Por que é que têm esses nomes esquisitos? – perguntou Tea. – Tem a ver com as regras?
- Nem mais. Acho que não é difícil para vocês descobrirem o que fazer com eles.
- Mas ainda não sabemos onde entra o dado – disse Tristan.
- Lamento muito, mas não vos posso revelar mais pormenores.
- Yugi Mutou – anunciou o homem.
- Bem, a gente encontra-se – disse Yugi, pegando no seu convite e se dirigindo ao homem. Enquanto caminhava pelo meio da multidão, era capaz de ouvir murmúrios vindos de todos em volta. Já se havia acostumado. Sendo o Rei dos Jogos seria de admirar se algum dos duelistas ali presentes não o conhecesse.
Entregou o seu convite ao homem e esperou que ele o autenticasse. Durante a examinação do documento, Yugi pôde ver os olhos do homem se arregalarem perante o seu nível de duelista. De certo Yugi não seria o único de nível cinco (o mais elevado) e também não era de admirar que alguém que vencera campeonatos anteriores tivesse um nível alto.
O homem entregou ao rapaz o convite e cedeu-lhe passagem para o autocarro. A maior parte do veículo já estava cheio de duelistas, mas o lugar ao lado de Joey estava vazio. Yugi aproveitou para ir ter com o amigo, ouvindo pelo caminho ainda mais murmúrios sobre si.
- Imagina a quantidade de adversários que vais ter amanhã – disse Joey quando o amigo se sentou ao seu lado. – Não vais ter descanso. Todos vão querer testar a sua sorte contra ti.
- É o que faz ser o Rei dos Jogos – disse Yugi, sorrindo embaraçado quando um duelista chegou à sua beira e lhe pediu um autógrafo.
Duke foi o último a chegar e como não havia mais lugares atrás, teve de ficar junto ao condutor. Também ele foi alvo de pedidos de autógrafos de rapazes e raparigas elogiando o seu jogo ou pedindo-lhe explicações sobre as regras deste mesmo.
Não tardou para que o autocarro se pusesse em movimento. Em breve saíam da zona do aeroporto e se dirigiam para a cidade de Tech Town. Pelo caminho passaram por uma enorme floresta. Só viam árvores de ambos os lados. Parecia quase uma ilha deserta; desde que haviam saído do aeroporto que não viam sinais de civilização.
Durante a pequena viagem, tanto Yugi como Joey haviam arranjado um momento de sossego para inspeccionarem os seus baralhos e discutirem possíveis estratégias. Houve até quem quisesse dar uma olhadela ou até mesmo tentar trocar algumas cartas do baralho do Yugi, mas ele sempre recusava, o mais educadamente possível. No entanto, havia conhecido alguns campeões regionais e outros que ficaram em boas classificações. Muitos haviam tentado marcar duelos, mas Yugi já começava a sentir-se cansado de tanta atenção e voltou a recusar.
A viagem durara pouco mais de uma hora. Aos poucos começavam a ver os arranha-céus de Tech Town e a imaginar o quão desenvolvida seria aquela cidade. O sol estava a pôr-se, por isso não deu para verem grande coisa da cidade, somente uma enorme metrópole cheia de prédios ao longe.
A chegada ao hotel fora como um alívio. Saíram todos do autocarro e carregaram as bagagens até ao enorme edifício, que continha o logótipo da Technological Industries. Joey ia resmungando por causa do peso da sua mala e estava mortinho por descansar. Já ninguém queria duelar, toda a gente se aglomerava à entrada do hotel, espremendo-se uns contra os outros enquanto esperavam que o homem vestido à executivo acabasse de falar com o pessoal do balcão do hotel.
Tiveram de dividir os duelistas em grupos de três. Duke aproveitou a oportunidade para se juntar a Yugi e a Joey antes que algum desconhecido tentasse a sua sorte. Depois de terem recebido a chave do quarto, os três subiram as escadas e foram ter ao quarto 314. Mal tinham aberto a porta e Joey já se atirava para cima da cama mais próxima.
Depois foi a hora em que todos os duelistas tiveram de descer para jantarem. O hotel, para além de ser de luxo, ainda tinha um restaurante mais luxuoso. Os três companheiros, apesar do entusiasmo, não deixavam de sentir pena por Salomon, Tea e Tristan não estarem ali com eles.
- Certamente eles nos poderão visitar – conjecturou Joey, mordiscando a sua coxa de frango.
- Não sei – disse Duke. – Este hotel está somente reservado para duelistas. Quem quiser entrar terá que apresentar o convite ou então não haverá nada para ninguém.
- Isso é tão injusto – disse Joey levantando-se.
- Onde é que vais? – perguntou Yugi, levantando os seus olhos do prato.
- Eles esqueceram-se de me pôr o copo – disse ele, olhando para trás. Quando virou a cabeça para a frente, não foi a tempo de evitar chocar contra um rapaz ligeiramente mais baixo do que ele.
- Eh, vê para onde andas! – protestou o rapaz, virando-se bruscamente. Tinha óculos de aros grossos e uns olhos muito escuros. O cabelo preto era revolto dando-lhe um ar de rebelde.
- Desculpa lá – pediu Joey, reparando que a camisa do rapaz estava suja de sumo que ele derramara com o encontrão. – Foi sem querer.
- Olha o que me fizeste, imbecil! – bradou o jovem, irritado.
- Foi um acidente…
- Acidente uma ova! Parece que queres ter sarilhos.
- Achas que eu o fiz de propósito? – perguntou Joey. – Já te pedi desculpas.
- Desculpas não me limpam a camisa, seu idiota. Nem acredito que um tipo tão imbecil e desastrado como tu está aqui como duelista.
- Já estás a abusar, pá! – Joey aproximou-se do rapaz e espetou-lhe o indicador no peito, ameaçadoramente. – Já te disse que não fiz de propósito. Queres que te meta isso na cabeça da pior maneira?
Nesse momento, sentiu dois pares de mãos que o agarraram e puxaram para trás.
- Pára com isso, Joey – pediu Yugi, sem o largar. – Está toda a gente a olhar para aqui.
- Quero lá saber! – bradou Joey. – Quem é que este tipo pensa que é para me chamar de imbecil?
- Vá lá, Joey, acalma-te – aconselhou-o Duke.
- Bem me pareceu que não me conhecias – disse o rapaz, sorrindo diabolicamente. – O meu nome é Oyamada. Chrono Oyamada.
Tanto Yugi como Duke ficaram de boca aberta perante a apresentação do rapaz, mas Joey mantinha o mesmo ar irritado, não sabendo quem raio seria aquele tipo.
- E então? – indagou, ainda tentando soltar-se dos amigos que o agarravam pelos braços.
- Chrono Oyamada é tricampeão nacional de Duel Monsters – segredou-lhe Yugi.
- Já para não falar que ele foi vice-campeão intercontinental no ano passado – continuou Duke. – As suas tácticas de duelo são impressionantes. Acredita. No campeonato intercontinental, no qual eu também participei, tive de duelar contra ele. Ele arrasou-me em quatro turnos. Não o estava a reconhecer porque na altura ele não usava óculos e tinha o cabelo mais bem arranjado.
- Isso não me incomoda nada – bradou Joey. – Eu fui finalista de Duelist Kingdom e de Battle City, não é nenhum campeãozeco de segunda que me assusta.
- Com que então, tu é que és o Joey Weeler – disse Chrono. – Ouvi falar das tuas proezas. Não posso dizer que tenha ficado impressionado.
- Muita gente disse o mesmo. E todos engoliram o que disseram. Prepara-te para enfrentar o teu pesadelo.
- Este não é o local apropriado. O torneio começará amanhã. Acredita que virei atrás de ti assim que possa.
- Estarei à espera – respondeu Joey.
Chrono virou costas e encaminhou-se para a sua mesa, deixando Joey, Yugi e Duke. Os três viram-no afastar-se, até que decidiram voltar para os seus lugares.
- Amanhã vou dar uma lição àquele convencido – disse Joey, irritado. – Chamar-me imbecil foi o maior erro que ele alguma vez cometeu.
- Eu se fosse a ti teria cuidado com ele – aconselhou Duke. – Chrono é um duelista muito habilidoso. Tenta primeiro arranjar algumas Pintas e só depois tenta a tua sorte. Segundo as regras, só podemos apostar até duas Pintas. Se tiveres três, mesmo que percas ainda estarás na corrida.
- Não terei que ter medo desse tipo – disse Joey. – Apanhá-lo-ei logo no começo e humilhá-lo-ei em frente a toda a gente.
- Ouve-me, Joey – pediu Yugi. – Tu não conheces o Chrono. Nunca o viste a duelar. Ele usa um baralho de cartas que controlam o tempo. Ele tem um Time Wizard como tu. Ouve os nossos conselhos e tenta ganhar algumas Pintas primeiro.
- Não sei por que terei de temer um tipo que possui um monstro igual ao meu. O dia saber-me-ia bem se o derrotasse logo pela manhãzinha.
» Mas vou seguir o vosso conselho. Mesmo que não me agrade, vou tentar ganhar algumas Pintas antes de o desafiar. Já agora, o que são essas Pintas?»
Duke voltou a pegar nos seus talheres e começou a cortar a carne enquanto explicava:
- Cada duelista recebeu uma Pinta em conjunto com a Manopla, o convite e o dado.
- Estás a falar daquela moeda dourada e da luva esburacada?
- Exacto. A “luva”, como lhe chamas, tem o nome de Manopla porque lembra as luvas que os cavaleiros usavam na Idade Média durante as suas batalhas. A Pinta é o que encaixa nos orifícios que estão nas costas da Manopla. Como já sabem, a Manopla tem sete orifícios. O objectivo de cada duelista é conseguir sete Pintas para se qualificar para as finais.
- E para que serve o dado? – perguntou Joey com a boca cheia. – Isso tem alguma importância durante o campeonato?
- Se eu respondesse a isso já estaria a revelar demasiado. O dado tem de facto um papel fundamental no campeonato, mas é só isso que necessitam de saber.
- Podes ao menos dizer-nos quantos serão os finalistas? – indagou Yugi.
- Bem, acho que não há mal em dizer-vos isso. Quando fui falar com Pegasus acerca do número de finalistas, ele disse-me que queria que este torneio fosse memorável. Ele queria transformar este campeonato no maior evento de Duel Monsters já alguma vez criado. Por isso o número máximo de finalistas será dezasseis.
- São bastantes – admirou-se Joey. – O dobro que em Battle City.
- Parece que o Torneio de Horus vai dar que falar ao longo destes dias – disse Yugi. – Mal posso esperar que comece.
- Temos de ter cuidado, Yugi – lembrou o Faraó. – Está muita coisa em jogo, e antes de avançarmos neste torneio teremos de nos encontrar com Ishizu, Marik e Odion. Só eles nos podem pôr a par do que se está a passar.
- Não te preocupes, Faraó – tranquilizou-o Yugi, sorrindo. – Temos as cartas Egipcian God bem guardadas no nosso baralho. Quando nos encontrarmos com Aaron ele nem vai saber o que o atingiu. Não temos nada a recear.
- Muito pelo contrário, Yugi. Temos tudo a recear.
- O que queres dizer com isso?
- Temos de recear qualquer ataque de algum membro do Culto da Morte. Aaron pode não estar sozinho neste torneio.
Yugi deu-lhe razão. Não podia baixar a guarda ou seria apanhado desprevenido. E a sua melhor carta de deus egípcio já estava nas mãos do Culto.
Invejou os ares descontraídos de Joey e Duke. Parecia que nada os afectava, talvez por não terem semelhante preocupação sobre os ombros ou porque ignoravam o que poderia acontecer no futuro. O dia seguinte iria ser longo.

***

Na pirâmide oculta nas areias do Egipto.
As piras que iluminavam a câmara lançavam sombras bruxuleantes da figura imponente de Amontut, que observava a porta ornamentada com um olhar neutro.
A sua respiração regular era praticamente o que se ouvia em toda a câmara. O homem mantinha a sua expressão neutra, não denotando nem contentamento nem tristeza. Os seus dedos passavam ao de leve por uma das serpentes ornamentadas na porta enquanto mirava outros desenhos ao longo desta. Na sua mente vogavam inúmeros pensamentos, mas os que se destacavam mais eram os Itens do Milénio. Era capaz de sentir algo impaciente do outro lado da porta, como se se quisesse libertar da sua prisão milenar.
O seu plano estava a correr às mil maravilhas. Conseguira que o Faraó participasse no Torneio de Horus, coisa que ao início não tinha muito a certeza de conseguir. Em maior parte deveria agradecer a Aaron por ter feito grande parte do trabalho. O plano desde o início sempre fora desafiar o Faraó para um duelo experimental, tudo para testar as habilidades do tão famoso Rei dos Jogos. No entanto, Aaron decidira dar uns retoques no plano. Conseguira uma atenção maior do Faraó, roubando uma carta Egipcian God e agredindo o velho dono da loja de jogos. Amontut nunca pensara que o seu servo alguma vez conseguiria deitar a mão ao The Winged Dragon of Ra mas de qualquer forma ele aproveitara uma distracção por parte do pequeno Yugi e provocando um impacto maior na sua mente. Mas ainda assim havia um problema. Depois do ataque, o pequeno Yugi certamente iria recusar a participação no Torneio de Horus. Um entretenimento era a última coisa que ele quereria agora que uma das suas cartas havia sido roubada. Fora por isso que o seu convite fora interceptado antes de chegar ao destino. Os membros do Culto conseguiram impregnar uma Ankh num canto da carta, de modo a que não parecesse tão óbvio, mas que colocasse Yugi e o Faraó em dúvidas quanto á participação no campeonato. Outra das modificações que os cultistas fizeram foi trocar o dado que vinha com o convite por um outro viciado. Já Amontut estava a par das regras do torneio graças a um espião que actuava mesmo no interior da Technological Industries. O mesmo fizera com o dado de Joey Weeler, o melhor amigo de Yugi. Tudo de maneira a correr de acordo com o plano. Quanto a Bakura. O envio de Belzen também fazia parte dos seus planos. O que não estava á espera era que ele ficasse preso no Shadow Realm depois do duelo. Amontut sabia perfeitamente que Belzen nunca conseguiria vencer um duelo, mas o planeado era que Bakura tivesse acesso a um convite para o torneio, também ele contendo um dado viciado. Só faltaria certificar-se de uma coisa.
Yugi levara com ele os Itens do Milénio, incluindo o anel de Bakura. Isso constituía um problema, uma vez que para que o seu plano desse certo era preciso que tanto Bakura como o Faraó tivessem em seu poder as respectivas relíquias. No entanto, podia mudar os seus planos mal o torneio começasse.
Yugi, Joey e Bakura. Mas porquê dados viciados? Isso também fazia parte do seu plano. Doze membros cultistas, os melhores duelistas do Culto, enfrentá-los-iam ao longo do torneio. As suas almas seriam essenciais para alimentar o deus Seth quando ele se libertasse. E também porque precisava que as almas de Yugi e Bakura estivessem livres dos seus corpos na altura da libertação. Somente o Faraó e o lado maligno de Bakura podiam controlar as suas relíquias totalmente e abrir a porta ornamentada. Os outros espíritos que partilhavam os corpos eram um estorvo.
Só faltava uma peça para que o seu plano ficasse completo. O poder de Seth seria evidenciado pela quantidade de almas que haveria consumido quando se libertasse. E para isso necessitava de Seto Kaiba. A sua nova carta mágica iria fazer maravilhas. Mal ele a usasse pela primeira vez nunca mais se desprenderia dela. Apesar do Faraó ter eliminado todo rancor da alma de Seto na primeira vez que eles se haviam enfrentado, Amontut ainda acreditava que Kaiba chegaria a voltar a apelar pelo poder e não pelo coração das cartas. Só tinha um senão. Teria de abdicar dos seus três Blue Eyes White Dragons para que pudesse usar a sua nova carta. Só precisaria do incentivo certo. Um incentivo chamado Yugi Mutou.
Se tudo corresse como o planeado, muito em breve o grande deus Seth libertar-se-ia. E a sua fúria abater-se-ia sobre o Egipto e o mundo inteiro.

***

As ruas encheram-se muito rapidamente de duelistas e transeuntes que vinham participar ou assistir ao início do grande torneio. Toda a Tech Town estava em grande alvoroço, mais propriamente no centro da cidade, onde o anfitrião do campeonato se iria apresentar.
Joey era dos que estava mais entusiasmado com o campeonato. Quase não dormira, pensando no seu baralho, nas mais variadas estratégias, mas sobretudo pensando naquele Chrono Oyamada. Mal podia esperar para testar as habilidades dele. Como nunca ouvira falar nele? Se Chrono era um campeão era inadmissível que Joey não o conhecesse. Mas não havia forma melhor de conhecer um duelista do que duelar com ele.
- Está quase na hora – disse Duke, olhando para o relógio. – Trouxeram tudo o que é preciso?
Tanto Yugi como Joey mostraram as suas Manoplas, Pintas, dados e convites. Tudo isso seria necessário.
- Ainda bem. Não queria nada que vocês fossem desclassificados por vos faltarem as coisas.
- Mas se nos esquecêssemos delas podíamos sempre voltar ao hotel para as buscar – disse Joey.
- Vai haver uma altura no início deste torneio em que vocês terão de apresentar tudo o que é preciso. Se faltar alguma coisa serão desclassificados. E já não há tempo de irem ao hotel.
- Será que fizemos bem em deixar as relíquias no hotel? – indagou Yugi ao Faraó. – Não sei, sinto que elas não estão em segurança lá.
- Não creio que alguém saiba que as trouxemos – disse o Faraó, sorrindo. – Acredita que elas estão melhor lá do que connosco.
- Desde que tenhamos o Puzzle connosco já está tudo bem.
A atenção da maior parte dos duelistas concentrou-se na tribuna, onde uma dúzia de pessoas acabava de aparecer. Uma delas, um homem na casa dos trinta, estava em frente ao microfone, tentando captar a atenção da multidão. Entre os presentes no comité de executivos da Technological Industries, Yugi reconheceu o porte sério de Seto Kaiba, de braços cruzados, ao lado do seu irmão mais novo, Mokuba. Um pouco afastado estava um outro homem, com os seus vinte e poucos anos, de cabelo comprido e o habitual sorriso na sua face serena. Maximillion Pegasus.
- Mas o que é que o Kaiba está ali a fazer? – perguntou Joey, desconfiado.
- Já te esqueceste que a Kaiba Corporation e a empresa do Pegasus se uniram à Technological Industries para o desenvolvimento de um novo software de duelos virtuais? – disse Duke. – Podemos certamente contar com a presença do Kaiba neste torneio. Por isso, é melhor reduzir o número de finalistas para quinze, pois ele tem entrada garantida.
- E quem é aquele que está prestes a falar? – quis saber Yugi, apontando para o homem de fato e gravata e cabelo bem penteado.
- Aquele é Eric Woodman, o presidente da Technological Industries. É apenas o anfitrião do campeonato.
- Acham que Pegasus também vai participar? – perguntou Joey.
- Não creio – respondeu Duke. – Mas se assim for, então o número de finalistas será reduzido para catorze.
- Peço a vossa atenção – troou uma voz pela cidade inteira. Todos os duelistas e transeuntes se calaram. – Para quem não sabe, o meu nome é Eric Woodman e sou o presidente da Technological Industries. Venho dar-vos as boas vindas a Nova Tech Island e desejar-vos uma boa sorte na participação do torneio.
» Como sabem, este campeonato foi criado para promover o lançamento do nosso novo software de geradores holográficos. Apenas uns poucos de vós terão a oportunidade de o experimentar, dependendo do vosso resultado.
» Agora, permitem-me que vos apresente o homem que começou tudo. Aquele que criou o nosso tão amado Duel Monsters. Maximillion Pegasus.»
Uma explosão de aplausos irrompeu do centro da cidade, enquanto Pegasus tomava o lugar de Woodman e se posicionava em frente ao microfone.
- Muito bom dia, jovens duelistas. Como um dos anfitriões do Torneio de Horus, cabe-me a mim revelar as regras desta competição. Podia ficar aqui meia hora a discursar como me sinto honrado de poder fazer parte desta iniciativa, mas não vos quero massacrar com tal demonstração de aborrecimento. Por isso aqui vão as regras.
» Em primeiro lugar, as vossas Manoplas. Todos vocês receberam uma luva com sete buracos nas costas, certo? Isso já faz parte das regras e engloba as moedas douradas, ou seja, as Pintas. Já devem ter adivinhado que, para se qualificarem para as finais necessitam de sete Pintas. E para isso terão de se desafiar uns aos outros, apostando as vossas Pintas. Mas atenção, apenas poderão apostar um máximo de duas Pintas.
» Em segundo lugar, o dado. Certamente muitos de vocês se perguntam para que servirá tal instrumento. Na verdade, o dado apenas terá influência logo após o início do campeonato. Esta ilha foi dividida em seis zonas, cada uma designada por um número. Cada duelista terá de se dirigir à barraca que se situa atrás da tribuna, apresentar o convite e lançar o seu dado. Conforme o número que calhar serão enviados para a zona correspondente, e essa será a vossa zona onde poderão duelar. Mais pormenores acerca das zonas ser-vos-ão dados quando chegarem ao barracão.
» Os vossos convites também serão necessários. Para além de autenticarem a vossa participação no torneio, serão precisos para quando se qualificarem para as finais. Espalhadas por cada uma das seis zonas estão painéis electrónicos que vos ajudarão. Apenas terão de apresentar as sete Pintas e o vosso convite será pedido. Cada convite tem um código de barras que identificará o duelista que se qualificou e o regista na base de dados. Quando os dezasseis finalistas se tiverem registado, os painéis desligar-se-ão.
» Bem, é tudo. Apenas quero acrescentar que qualquer tentativa de batota será severamente punida. Entre vós estão elementos das autoridades que irão vigiar os vossos duelos sem que vocês se apercebam. Qualquer infracção e a desclassificação é imediata.
» O torneio terá início dentro de duas horas. Quando os foguetes estourarem nos céus, formem uma fila e dirijam-se à barraca para que a vossa zona seja determinada. Muito obrigado.»
- Daqui a duas horas? – indagou Joey, desesperado. – Por que precisam de tanto tempo?
- Necessitam de fazer umas últimas preparações – respondeu Duke. – Até que não é mau. Dá-nos tempo para darmos uma última olhada aos nossos baralhos.
- Podemos aproveitar e procurar pelos nossos amigos e pelo meu avô – sugeriu Yugi, distraído, olhando pela multidão de gente que dispersava da zona da tribuna.
Os três decidiram ir até uma esplanada tomar qualquer coisa antes do início do campeonato, mas estavam todas cheias. A única que parecia menos frequentada era a que estava mais afastada daquela zona. Apenas uns quantos duelistas, na sua maioria mal-encarados, estavam sentados às mesas olhando os seus baralhos ou tomando alguma bebida.
Joey estava demasiado nervoso para poder beber o que quer que fosse. Queria que o torneio começasse o mais depressa possível e aquela espera não era nada agradável. Yugi e Duke estavam descontraídos e conversavam alegremente, quase não dando pela chegada de um personagem que eles tão bem conheciam. Um rapaz alto, de cabelo claro e comprido e um rosto um tanto inocente.
- Olá, pessoal – cumprimentou Bakura, alegremente. – Eu sabia que vos ia encontrar neste torneio.
- Bakura? – perguntou Yugi, admirado. – Que estás aqui a fazer?
O rapaz limitava-se a sorrir.
- Vim participar no torneio, como vocês – respondeu ele, exibindo o seu Duel Disk e a sua Manopla. – Também recebi um convite.
- Nunca pensei que pudesses vir – disse Joey. – Mas contando que foste um dos finalistas de Battle City…
- Eu também só vim para participar – respondeu Bakura, sem parar de sorrir timidamente. – Não estou à espera de ser um dos dezasseis finalistas com esta multidão toda a lutar pelo mesmo.
- Por que não te sentas connosco? – pediu Duke. – Ou vieste com alguém?
- Eu vim sozinho – disse o jovem, sentando-se. – Já estou aqui há três dias, vim logo no primeiro voo. Nem acreditam na quantidade de conhecidos que aqui estão.
- Conhecidos? – Joey arqueou as sobrancelhas.
- Estão cá o Weevil, o Rex, a Mai, o Mako… quem mais?... ah, o Bandit Keith também apareceu…
Quando ouviu o nome de Bandit Keith, Joey olhou subitamente para Bakura.
- Esse batoteiro está aqui?
- Que queres? Ele é um bom duelista, foi um dos melhores em Duelist Kingdom.
Yugi lembrou-se da última vez que vira Bandit Keith. Fora quando ele estivera possuído pelo poder de Marik e chegara a roubar o Millenuim Puzzle de Yugi. Depois desse incidente, nunca mais se ouvira falar dele. Yugi julgara que Keith deixara os duelos permanentemente.
- Está mais alguém que conheçamos? – perguntou Duke, bebendo um trago da sua cola.
- Não encontrei mais nenhum duelista conhecido – disse Bakura. – Mas ontem encontrei-me com a Tea, o Tristan e o Sr. Mutou. Combinámos nos juntar nesta esplanada hoje à mesma hora.
- A sério? – indagou Yugi, alegremente. – Boa; assim não temos de os procurar.
De facto, passados uns cinco minutos, o vislumbre de gente conhecida contentou Yugi e os outros. Tea, Tristan e Salomon avançavam na sua direcção, acenando-lhes alegremente. Mas não vinham sozinhos. Vinham acompanhados por mais três pessoas, também elas bem conhecidas. Uma delas era uma mulher com os seus vinte anos. Os seus olhos claros mostravam-se enigmáticos como sempre, o seu cabelo era muito escuro. Estava a usar a mesma indumentária que quando Yugi a conhecera no Museu Domino. Ao lado de Ishizu estava Marik, o irmão mais novo. Notava-se o seu cabelo claro e comprido, o seu rosto sereno, não tendo nada a ver com o seu lado maligno, que felizmente fora expulso para o Shadow Realm. Atrás dos dois vinha Odion. O mais alto do grupo, continuava com o seu olhar neutro, como se fosse desprovido de sentimentos, a sua cabeça continuava parcialmente calva, tirando uma parte comprida de cabelo, presa na nuca por um rabo-de-cavalo. As marcas egípcias no lado esquerdo da face notavam-se claramente à luz do dia.
- Estávamos a ver que não vos encontrávamos – disse Tea quando os alcançaram. Ishizu, Marik e Odion avançaram para junto de Yugi.
- É com prazer que nos encontramos novamente, Yugi Mutou – saudou Ishizu, fazendo uma curta vénia.
- É bom ver-vos novamente – disse Yugi, sorrindo. – Devo depreender que também receberam um convite para o torneio.
- Recebemos os três um convite, mas a minha irmã recusou-se a participar – respondeu Marik. – Ao que parece, pelo menos todos os finalistas de Battle City o receberam. Eu e Odion vamos participar.
- Sabem, estivemos a conversar com estes jovens e eles contaram-nos histórias incríveis sobre o Egipto – disse Salomon, puxando uma cadeira e sentando-se ao lado do neto. – Aprendi coisas que só os Guardiães do Túmulo sabem.
- Isso é bom – disse Yugi, virando-se para Ishizu. – Então, por que te recusaste a participar no campeonato?
- Na verdade, eu não vim aqui para tal – respondeu ela, aceitando a cadeira que Tea ofereceu. – Estamos a passar por uma nova crise. Uma ameaça, para ser mais precisa. Algo que tem a ver connosco, os Guardiães do Túmulo, e com o Faraó.
Yugi compreendeu a mensagem. Aquilo dizia mais respeito ao Faraó do que a si mesmo. O seu puzzle começou a brilhar e a face do seu parceiro surgiu, quando este e Yugi trocaram de lugar. Quando Ishizu olhou para o rosto do Faraó levantou-se repentinamente e fez uma nova reverência, desta vez mais prolongada.
- Faraó, é uma honra voltar a vê-lo – disse ela. Odion e Marik imitaram-na.
- Ishizu, que ameaça é esta que estamos a passar? – indagou o Faraó, sério. – Terá alguma coisa a ver com o Culto da Morte?
- Como sabe? – perguntou Marik, admirado.
O Faraó contou-lhes sobre os últimos acontecimentos, desde o seu encontro com Aaron até a sua suspeita de que o culto actuaria durante o campeonato. Ishizu ouvia cada palavra com exagerado interesse, sem sequer ousar interromper.
- Então, penso que metade da história já está contada – disse ela quando o Faraó terminou. – Esse Aaron parece ser um dos servos do Sumo-Sacerdote Amontut.
- Amon-quê? – perguntou Joey, sem ter compreendido. Ishizu retomou:
- No Antigo Egipto existiu outrora um poderoso feiticeiro que serviu um dos primeiros Faraós. O seu nome era Amontut, o antepassado do Sumo-Sacerdote de agora. Ele serviu um poderoso soberano do Egipto, mas também foi o dirigente de um grupo secreto, venerador de um deus maligno, de seu nome Seth.
- Deixa-me adivinhar – interrompeu Joey. – Esse Faraó não sabia da vida dupla do seu servo.
Tea pôs o indicador nos lábios e mandou-o calar-se com um valente shhh.
- O grupo secreto, posteriormente denominado o Culto da Morte, começou a juntar seguidores. Todos rezavam preces em honra do Deus do Mal. Amontut queria invocar Seth ao mundo para derrotar o Faraó e ocupar o trono do Egipto. Mas havia um problema. Eram necessários sacrifícios humanos para oferecer ao deus.
- E o que é que Amontut fez? – perguntou Duke, interessado na história.
- A sua ânsia de poder era grande – continuou Odion, falando finalmente, – muito grande. Ele tentou fazer a vida negra aos cultistas do seu grupo por duas razões em especial: em primeiro porque queria testar a lealdade deles, independentemente das circunstâncias. E segundo, porque se algum cultista desistisse sofreria daquilo que é chamada a Praga da Morte. Uma maldição muito antiga que faz com que a vítima morra misteriosamente, mesmo sendo a mais saudável do mundo. Com isso, Amontut conseguiu sacrifícios suficientes para trazer Seth para este mundo.
- A ira do Deus do Mal era grande – continuou Marik. – Depois de ter morto Osíris, Seth tentou destruir o Egipto. Mas Horus conseguiu salvar a humanidade, trancando Seth no Inferno, selando a passagem numa enorme porta, situada mesmo no local onde o Culto da Morte foi formado. A porta só poderia ser aberta mediante um grande poder contido em duas chaves.
- O meu Puzzle é uma dessas chaves? – arriscou o Faraó, deitando a mão à sua relíquia.
- Exacto – confirmou Ishizu. – Naquela altura, os Itens do Milénio ainda não tinham sido criados, mas o olho que Horus perdeu na sua batalha contra Seth seria mais tarde uma inspiração para criar o Millenium Eye.
- Então, o Eye é a segunda chave? – perguntou Joey.
- Não. Na verdade, pensamos que o Eye é a maior fraqueza de Seth. O problema é que desconhecemos a localização dessa relíquia, desde que Pegasus a perdeu em Duelist Kingdom. Acreditamos que a outra chave é alguma das outras relíquias, talvez a Millenium Ankh ou a Rod. Não podemos deixar que os membros desse culto deitem a mão aos Itens do Milénio.
- Se encontrarmos o Millenium Eye de certeza que estaremos preparados para quando Seth aparecer – disse Marik. – Só não sabemos o seu paradeiro.
- Há uma forma de o encontrarem – interveio Bakura, timidamente.
Todos os olhares se viraram para ele, nenhum dos amigos compreendendo o que ele queria dizer. Bakura olhou para o Faraó.
- Lembras-te, Yugi, em Duelist Kingdom, quando o meu Millenium Ring reagia à proximidade de uma relíquia milenar?
Os olhos do Faraó iluminaram-se de contentamento.
- É isso! – exclamou ele, triunfantemente. – O Ring está guardado no meu quarto, no hotel. Graças a ele poderemos localizar o Eye com grande facilidade.
- Agora não há tempo para ires até lá buscá-lo – disse Tea, levantando-se. – Deixa isso comigo. Diz-me o número do quarto que eu vou lá.
- Apenas deixam entrar duelistas convidados – disse Ishizu. – Eu vou lá. Qual é o número do quarto?
- É o 314 – respondeu o Faraó. – As relíquias estão numa mochila azul. É a única dessa cor. Espero que tenhas sucesso na tua busca.
- E eu espero sinceramente que tenha sorte neste torneio – desejou ela, fazendo uma nova vénia. – E a todos vocês.
Joey, Duke, Bakura, Marik e Odion acenaram com gratidão.
- Deverei partir para o hotel quanto antes. – Voltou-se para Salomon, Tristan e Tea. – Talvez fosse melhor que me acompanhassem. Daqui a nada os foguetes vão estourar e o campeonato terá começado.
Eles aceitaram. Dando palavras de encorajamento aos seis duelistas, Ishizu, Salomon, Tristan e Tea afastaram-se da esplanada em direcção ao hotel. Enquanto se afastavam, Tea ainda olhou para trás, fitando o Faraó com um olhar triste, mas ele não reparou.
- Faraó – disse Marik, assim que os outros desapareceram numa esquina, – há algo que a minha irmã não mencionou. Algo que é muito importante.
O Faraó desviou o seu olhar de um duelista que acabara de se levantar de uma mesa perto da deles e de se encaminhar para uma motorizada estacionada ali perto.
- O quê? – perguntou ele.
- Suspeitamos da presença de alguns membros do Culto da Morte que participarão neste torneio. Um pequeno grupo de excepcionais duelistas, conhecidos por Mestres da Escuridão. Pensamos que são doze ao todo.
- Doze? – indagou Joey. – Isso não é um pequeno grupo. Achas que eles nos vão tentar apanhar? Quais são as probabilidades de eles nos encontrarem se vamos ser distribuídos pelas seis zonas da ilha?
- Sinceramente, não faço a mínima ideia – respondeu Marik. – Eu por mim, tentava encontrar o covil do Culto da Morte, mas a nossa família anda há anos a tentar encontrá-lo, sem nenhum sucesso.
- A única hipótese que temos é avançar neste torneio e tentar descobrir o máximo que pudermos deste culto e desses Mestres da Escuridão – sugeriu Duke.
Naquele momento, ressoaram foguetes por toda a cidade, assustando um distraído Joey, que quase espalhou a sua bebida na roupa. Quase toda a gente na esplanada se levantou e começou a caminhar em direcção ao centro da cidade. Odion também se levantou de imediato e ajustou melhor a sua Manopla à mão.
- Devíamos ir, Mestre Marik – disse ele. – A selecção vai começar.
Os outros levantaram-se e foram pagar as suas bebidas. De seguida, avançaram à pressa em direcção ao centro da cidade, sem falar uns com os outros.
Já havia uma fila enorme no local. Enquanto tentavam encontrar o fim desta, os seis duelistas encontraram-se com alguns conhecidos seus. Weevil e Rex estavam juntos como sempre. Mako Tsunami estava um pouco mais atrás. Depois encontraram-se com Mai Valentine, que piscou o olho a Joey quando este lhe acenou. Mais atrás, encontraram-se com Bandit Keith, que lhes sorriu diabolicamente, contudo desvanecendo o seu sorriso quando fitou Marik, certamente reconhecendo-o de algum lado. Chrono Oyamada devia ser dos primeiros, uma vez que não o encontraram.
Depois de se terem posicionado nos seus lugares, ainda tiveram de esperar meia hora para que avistassem a barraca atrás da tribuna, e mais dez minutos para lá chegarem. Yugi foi o primeiro do grupo a ver como esta era. Dois homens estavam sentados a uma mesa, um deles segurando uma prancheta e o outro segurando um carimbo. Pregado na parede mesmo em frente estava um mapa da ilha, demarcando as seis zonas com cores diferentes.
- O seu convite, por favor – pediu o homem do carimbo. Yugi entregou-lhe o convite e o homem passou o código de barras numa máquina, que soltou um bip logo de seguida, confirmando a autenticidade do documento.
- Pode lançar o seu dado – voltou a pedir. Yugi sacou do seu dado e lançou-o sem cerimónias para cima da mesa. O dado deu várias voltas na mesa, quase caindo para o chão. Quando parou, mostrava o número quatro.
- Yugi Mutou, Zona Quatro – ditou o homem para o da prancheta, que começou a rabiscar qualquer coisa. Depois do seu convite ter sido carimbado, Yugi recebeu-o e olhou pelo mapa, tentando descobrir qual era a sua zona.
Uma localidade chamada Fisher Town, perto da praia.
Yugi deu lugar a Joey, que entrou na barraca e fez o mesmo procedimento. O número que lhe calhou no dado foi o seis.
- Joey Weeler, Zona Seis.
Tal como Yugi, Joey olhou para o mapa e identificou uma densa floresta um tanto longe de Tech Town.
A seguir foi Duke. Sendo um perito no manejo dos dados, seria de esperar que ele olhasse primeiro para o mapa, escolhesse uma zona e depois lançasse o seu dado, sabendo certamente que iria calhar o número pretendido. Mas isso não seria justo. Por isso, o número calhado fora o um.
- Duke Devlin, Zona Um.
A Zona Um designava a própria cidade de Tech Town.
- Nem vou ter que sair daqui nem nada – declarou, contente.
A seguir foi Bakura. O número que lhe calhou foi o dois.
- Bakura Ryou, Zona Dois.
Uma zona rochosa, com uma aldeia perdida pelo meio chamada Village of Rocks.
A seguir foi Marik. O seu número também foi o Um.
- Marik Ishtar, Zona Um.
Por último, Odion. Não dava muita importância à determinação das zonas. Só estava ali para cumprir a missão que os seus meios-irmãos ficaram incumbidos de realizar.
- Odion Ishtar, Zona Seis.
- Boa – alegrou-se Joey. – Já não vou estar sozinho neste maldito torneio. Tenho a certeza que com as tuas capacidades e a minha inteligência vamos ultrapassar todos os desafios e chegar às finais.
- Qual inteligência? – segredou Duke a Yugi, o que o fez rir.
- É uma honra poder lutar a seu lado, Sr. Weeler – disse Odion, muito seriamente.
Dirigiram-se os seis para um local onde cinco autocarros estavam prontos a partir, cada um identificado por um determinado número de pintas. Alguns duelistas entravam para os autocarros, outros metiam as mochilas nas bagageiras antes de subirem.
- Bem, parece que é aqui que nos separamos – disse Bakura, alegremente. – O meu autocarro está á minha espera.
- Boa sorte, Bakura – desejaram todos os outros.
- Esperamos ver-te nas finais – acrescentou Yugi.
“Podes ter a certeza que me verás nas finais, Yugi Mutou” pensou Bakura, diabolicamente, enquanto se afastava para o seu autocarro. “E nessa altura ficarei com o teu puzzle.”
- Vamos, Odion? – perguntou Joey. – É melhor irmos, senão partem sem nós.
- Não se preocupem – tranquilizou-os Duke. – Os autocarros voltam e pegam quem faltar.
- Mesmo assim, nós vamos neste.
- Joey – chamou Yugi. O amigo virou-se para ele. – Desejo-te muita sorte.
- Obrigado, amigão – agradeceu Joey. – Também te desejo a maior sorte deste mundo.
- Tenham cuidado se apanharem algum Mestre da Escuridão – pediu Marik. – Eles são matreiros e jogam bem.
- Não te preocupes – assegurou Joey. – Enquanto eu estiver aqui, não há nenhum malvado que se atreva a mostrar a cara.
Joey e Odion dirigiram-se ao seu autocarro, cujo motor já começava a roncar.
- Bem, muito boa sorte para vocês – desejou Yugi a Marik e Duke. – Espero que façamos todos parte dos dezasseis finalistas.
- Boa sorte, Yugi – desejou Duke.
- Que os ventos da bonança soprem a teu favor – desejou Marik.
Quando os cinco autocarros partiram, as mentes dos seis amigos apenas almejavam uma coisa: chegar às finais. Tudo o resto era praticamente secundário, embora Yugi, Joey, Odion e Marik pensassem mais nos Mestres da Escuridão e se os conseguiriam derrotar. A meio da viagem para Fisher Town, Yugi perguntava-se sobre o paradeiro de Aaron e se ele participava naquele campeonato. Poderia ser que estivesse mais perto do que julgava, partilhando o carro com Yugi, sem que ele suspeitasse de nada.
Muitas surpresas o aguardariam naquele campeonato, mas ele o Faraó as enfrentariam juntos.
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MensagemAssunto: Re: Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus   Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus Icon_minitime26/11/2011, 6:04 pm

continua esta bom, continua cara vai la
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Guardian Angel

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MensagemAssunto: Re: Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus   Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus Icon_minitime26/11/2011, 6:38 pm

darkblade2814 escreveu:
continua esta bom, continua cara vai la

Leste o capítulo assim tão rapidamente? Shocked Bem, obrigado pelo elogio.
Aqui está o sexto capítulo, com o primeiro duelo do torneio e a aparição do primeiro membro dos Mestres da Escuridão. Peço desculpas por quaisquer erros que possam vir a aparecer ao longo do duelo. Espero que gostem.


Capítulo VI – O Primeiro Duelo

Joey e Odion caminhavam pelo meio da zona rural, tentando distanciar-se um pouco da algazarra de duelos que se iniciara mal eles haviam saído do autocarro. Alguns outros duelistas os acompanhavam, embora se separassem uns dos outros numa determinada altura. Ambos caminhavam num silêncio incomodativo. Joey achava o seu parceiro muito calado, sempre com aquela expressão facial, um tanto misteriosa, ou até mesmo pensativa. Enquanto andavam por entre as árvores, tentando encontrar alguém suficientemente forte para desafiarem, Joey pensava nalguma forma de quebrar aquela monotonia.
- E então… como tens passado? – começou por perguntar, achando que a pergunta fora um tanto estúpida.
Odion continuava olhando em frente, como se não tivesse ouvido. No entanto, respondeu:
- Bem, dentro dos possíveis.
- Pois…
Aquilo não começara da maneira que queria. Ambos tinham feito a viagem até à floresta completamente calados, apenas comunicando quando Joey lhe perguntara se podia abrir a janela. Seria preciso quebrar o gelo de qualquer das formas. Não podiam passar o resto do campeonato sem se falar.
- Diz-me uma coisa. – retomou Joey, pensando noutro assunto. – Como é a vida de Guardião do Túmulo?
- Lamento muito, Sr. Weeler, mas isso não o poderei revelar – respondeu Odion, sucintamente.
- Ok, em primeiro lugar, não me trates por Sr. Weeler. E segundo, não vejo qual é o problema em falares um pouco de ti.
Apesar de insistência de Joey, não havia forma de Odion desviar o olhar.
- Eu não sou um Guardião do Túmulo porque não faço parte da família Ishtar. Eu apenas sirvo o meu mestre Marik e Sra. Ishizu desde que nasceram.
- Mas sabes como é ser um Guardião. Não te peço para contares onde fica a vossa casa ou o que vocês fazem. Só queria saber como é a sensação ao sabermos que vamos estar grande parte da nossa vida confinados a guardar um túmulo.
Odion mantinha o seu silêncio.
- Ishizu contou-nos de como Marik se sentiu quando lhe atribuíram o cargo de Guardião. Não deve ser uma vida fácil, suponho.
Silêncio total.
- Não és muito falador, pois não?
- Nem todos podemos ser iguais, Sr. Weeler – foi a resposta.
- Por que és tão sério? – indagou Joey, após um novo período de silêncio.
- Estamos numa situação de crise. Não nos podemos rir quando o mundo está em perigo.
Joey suspirou. Não ia ser fácil compreender o que ia na mente de Odion.
- Não precisas de ficar tão tenso – aconselhou. – Estamos a meio de um torneio; relaxa. É verdade que temos de nos preocupar com o Culto da Morte e com o facto de eles nos caírem em cima a qualquer momento, mas aparte disso está tudo bem. Vamo-nos divertir. Duel Monsters tem a ver com isso mesmo: diversão.
- Seria capaz de se divertir sabendo que a sua irmã pode estar a correr perigo de vida, Sr. Weeler? – perguntou Odion, finalmente olhando Joey nos olhos.
Joey sentiu um aperto no coração ao ouvir o seu parceiro falar na sua irmã, Serenity.
- Isso é diferente – respondeu.
- Nem por isso, Sr. Weeler – retorquiu Odion. – Imagine que falhamos na nossa missão, que perdemos para os Mestres da Escuridão e que Seth se liberta. Nenhum ser vivo deste planeta sobreviveria a tamanho caos que a fúria do Deus do Mal iria provocar.
- Mas isso é se falharmos, meu caro, o que eu não acredito. Para mim não existe a palavra “falhar”.
- Mas temos de ter em conta as duas faces da moeda…
- Então, nesse caso, só temos que rezar para que nos calhe a face certa – disse Joey, sorrindo.
Odion voltou a olhar em frente, não mostrando se entendera ou não o que o jovem dissera. Joey pensou se ele ainda quereria continuar com aquela conversa. Odion parecia não estar com disposição para falar sobre nenhum assunto. Mas mesmo assim não iria desistir.
- Então ainda continuas com o mesmo baralho que usaste em Battle City? – indagou.
- Sim – respondeu o homem, sem mostrar grande interesse naquele assunto.
- Mas adicionaste mais alguns monstros, não adicionaste?
- Não fiz nenhuma modificação que merecesse ser feita, se é isso que quer saber, Sr. Weeler. O meu baralho nunca me deixou ficar mal.
- Pois, mas, caso não saibas, o teu baralho está cheio de cartas mágicas e armadilhas, não tens quase nenhum monstro – disse Joey. – Precisas de criar um equilíbrio entre as tuas cartas para poderes ter mais hipóteses de vencer.
- Como já disse, o meu baralho nunca me desiludiu – replicou Odion. – Apenas perdi umas poucas vezes e foi apenas com o meu mestre Marik e Sra. Ishizu.
- Esqueceste-te de mim. Também perdeste comigo nas finais de Battle City.
- Foi uma vitória à rasca. Por pouco não era eu que o derrotava.
Joey sorriu. Estava a conseguir manter uma conversa com Odion por mais de cinco minutos.
- O que achas de uma aposta? – perguntou.
Odion arqueou as sobrancelhas.
- Uma aposta?
- Exacto. Vamos ver quem é que consegue chegar primeiro às finais – propôs o rapaz. – O primeiro de nós a reunir as sete Pintas ganha a aposta.
- E se não conseguirmos chegar às finais? – perguntou Odion. – E se perdermos logo no nosso primeiro duelo?
O rapaz continuava a sorrir, não sendo abalado pelas palavras do seu companheiro.
- E quem disse que íamos perder? Eu não vou perder, e se tu tens o mesmo espírito é bom que penses em trabalhar duro para não falhar.
- E o que vamos apostar?
Joey levou a mão à bolsa que tinha à cintura e tirou o seu baralho. Foi procurando carta por carta até que, por fim, encontrou a que procurava. Guardando o baralho de volta na bolsa, mostrou o seu Red Eyes Black Dragon a Odion.
- Vamos apostar as nossas cartas mais raras – respondeu. – Então, alinhas ou não?
Odion ficou pensativo por um bom bocado. Joey esperava que o seu parceiro aceitasse a aposta, mas também estava ciente que, caso avançassem com aquele jogo, havia a possibilidade de Joey perder o seu monstro favorito. Teria de se conformar com isso. Na verdade, Joey progredira em Battle City sem o seu Red Eyes Black Dragon. Após Yugi ter vencido aquele Rare Hunter que lhe havia ficado com a sua carta, Joey o oferecera ao seu melhor amigo, para o ajudar na luta contra Marik. Agora, com o seu monstro de volta, poderia certamente vencer qualquer um. E mesmo que perdesse a aposta com Odion, podia safar-se mesmo sem o seu Red Eyes. No entanto, a separação seria permanente desta vez.
Lentamente, Odion levou a mão à sua bolsa e tirou o baralho. Procurou durante um bocado até sacar a carta que pretendia.
- Alinho – respondeu. – E eu aposto esta carta. – Mostrou-a a Joey, que ficou boquiaberto ao mirá-la.
- Uau… – admirou-se ele. – Não sabia que tinhas uma carta dessas.
- Assim como eu não sabia que tinha um monstro tão raro no seu baralho, Sr. Weeler.
- Então temos aposta – disse Joey, entusiasmado. – Vamos ver quem ganha.
Nesse momento, ambos ouviram um movimento nos arbustos perto deles. Subitamente, algo voou de dentro desses arbustos e foi-se espetar mesmo em frente a Joey e Odion. Ambos estacaram, alarmadamente. Os objectos que lhes foram atirados foram quatro pequenas estrelas de metal, bem afiadas por sinal.
Logo a seguir, Joey assustou-se com o repentino aparecimento de um vulto, que saltou de dentro dos arbustos, deu duas cambalhotas em pleno ar e aterrou precisamente a dois metros de distância dos dois amigos. A nova personagem vestia umas roupas escuras, a face estava parcialmente oculta, pelo mesmo tecido negro, somente os olhos se viam. Às costas, o desconhecido trazia uma espada curva e presos num cinturão estavam várias estrelas semelhantes às que haviam sido atiradas. O homem trazia um Duel Disk e tinha uma Manopla com uma Pinta.
- Quem és tu? – indagou Joey, mantendo-se na defensiva, desconfiando daquela personagem.
O desconhecido olhou para Joey com um olhar ameaçador.
- O meu nome é Striker – disse ele, com uma voz rouca, mas grossa. – Venho aqui para duelar com Joey Weeler.
- Queres duelar comigo? Mas como sabes o meu nome?
- Sou um dos Mestres da Escuridão, o conhecido Mestre Ninja. O meu Senhor incumbiu-me a missão de te derrotar com o meu poderoso baralho de ninjas e outras surpresas.
Joey não podia acreditar no que ouvia. Os Mestres da Escuridão sabiam quem ele era, possivelmente conheceriam os outros. Não estava à espera de encontrar logo um deles no torneio, ainda menos no primeiro duelo.
- Então, do que estás à espera? – gritou Striker, activando o seu Duel Disk e inserindo o baralho na abertura. – Vamos duelar!
- Espera um momento… – interveio Odion. Mas Joey interrompeu-o:
- Deixa estar, Odion. Eu trato disto.
- Mas Sr. Weeler…
- Já disse que eu duelo – insistiu o rapaz, avançando. – Não te preocupes que eu não vou perder. Na verdade, eu não posso ficar sem o meu Red Eyes.
Odion abriu a boca, espantado. Como podia aquele rapaz estar a pensar na aposta num momento daqueles?
- Vamos lá avançar com isto, Striker – disse Joey. – Vou-te mostrar as habilidades supremas de um dos finalistas de Battle City.
- Os que têm muita garganta são os primeiros a cair – retorquiu o ninja.
- Eu vou-te mostrar quem é que vai cair primeiro – gritou Joey, activando o seu Duel Disk. – Vamos apostar uma Pinta neste duelo.
- Muito bem – concordou Striker; - embora não me interesse essas Pintas. Só quero cumprir a minha missão. Ah – lembrou-se, sacando uma carta do bolso e mostrando-a ao rapaz. Uma carta sem imagem. – Lembrei-me de outra aposta. Estás a ver esta carta vazia? Quem perder o duelo poderá ocupar com a sua alma este espaço vazio.
- Queres apostar a tua própria alma neste duelo? – perguntou Joey, incrédulo.
- Qual é o problema? Não vou ser eu que vou perder. Vamos começar?
- Vamos lá – disse Joey, sacando cinco cartas, assim como Striker.
- Hora do duelo – anunciaram ambos.

Joey – 4000
Striker – 4000


- Eu começo – disse Striker, sacando uma carta. – Eu evoco Karate Man (1000/1000) em modo de defesa. E deixo duas cartas viradas para baixo antes de concluir o meu turno.
- Muito bem – disse Joey sacando e dando uma olhada no mestre de Karate que fora evocado. – Eu jogo Alligator’s Sword (1500/1200) em modo de ataque.
Um crocodilo em forma humana e armado com uma espada surgiu em campo.
- E agora, eu ataco o teu monstro.
O crocodilo avançou ousadamente em direcção ao Karate Man, brandindo a espada.
- Boa tentativa, Weeler – disse Striker. – Mas eu activo a minha carta armadilha Negate Attack, que vai anular o teu ataque.
- Nesse caso, coloco uma carta virada para baixo e termino a minha jogada.
- Agora sou eu – anunciou Striker. – Eu evoco Strike Ninja (1700/1200) em modo de ataque.
Um ninja muito parecido com Striker surgiu em campo.
- De seguida, equipo-o com a carta mágica Fuhma Shuriken. O meu monstro recebe mais 700 pontos de ataque (2400).
- Isto não é bom – murmurou Joey.
- Mas ainda não vou atacar – continuou Striker. – Antes disso vou activar a habilidade especial do Karate Man. Durante este turno eu posso dobrar o seu poder de ataque (2000).
“Dois monstros com ataque muito elevado” pensou Odion. “O duelo ainda mal começou e o Weeler já está com problemas.”
- Agora, Strike Ninja, ataca o Alligator’s Sword!
O ninja correu a uma velocidade surpreendente para o monstro de Joey e lançou-lhe os seus shurikens. O crocodilo desapareceu instantaneamente.

Joey – 3100

- Oh não – bradou Joey, atrapalhado.
- Agora, Karate Man, ataca os pontos de vida dele directamente!
O poderoso monstro dirigiu-se ameaçadoramente na direcção de Joey, pronto para atacar e lhe tirar mais de metade dos pontos de vida.
- Espera só um momentinho, meu caro – interrompeu Joey, sorrindo. – Eu tenho uma carta virada para baixo. Ela chama-se Scapegoat.
Nesse momento quatro pequeninos bodes de cores diferentes apareceram ao lado uns dos outros, interpondo-se entre Joey e o Karate Man.
- Esta carta permite evocar até quatro Sheep Tokens no meu lado do campo para defender os meus pontos de vida.
O golpe do Karate Man desintegrou um dos bodes.
- Foi uma bela jogada – felicitou Striker. – Mas não é algo que irá perdurar. Vou ter que terminar a minha jogada aqui. Infelizmente, como eu usei a habilidade especial do Karate Man neste turno, ele é destruído quando o meu turno termina.
O Karate Man foi destruído, ficando apenas o Strike Ninja.
- Ainda falta muito para este duelo terminar – disse Joey, sacando. – Eu hei-de arranjar maneira de virar este duelo. Mas para já coloco um monstro virado para baixo. É tudo.
- Estava mesmo à espera que fizesses isso – disse Stiker, com alguma satisfação na voz. – Está na altura de activar a minha outra carta virada para baixo: Just Desserts. Quando esta armadilha é activada, ela inflige 500 pontos de dano no meu adversário por cada monstro que ele tenha em campo. E parece que tens quatro.
Joey gemeu de dor ao sentir um choque eléctrico percorrê-lo pelo corpo.

Joey – 1100

- Isto ainda não acabou – bradou Joey.
- Mas também não falta muito – retorquiu Striker. – Eu evoco Master Kyonshee (1750/1000) em modo de ataque.
Ao lado de Strike Ninja surgiu uma criatura do tipo zombie, vestindo um uniforme de mestre de artes marciais e um pedaço de pergaminho tapando a face.
- Agora eu vou atacar o teu monstro virado para baixo com ele – anunciou Striker.
Master Kyonshee atacou o monstro virado para baixo, que se revelara ser um Swordsman of Landstar.
- Agora, Strike Ninja, ataca outro Scapegoat!
Lançando o seu enorme shuriken, o ninja destruiu outro bode.
- Deixo agora duas cartas viradas para baixo e termino o meu turno.
“Não me posso desleixar neste duelo” pensou Joey, colocando a mão no topo do baralho, pronto para sacar a próxima carta. “Está em jogo o destino do mundo. Até porque não me posso dar ao luxo de perder o meu Red Eyes. Esta carta terá que me ajudar de qualquer forma.”
- Eu jogo Pot of Greed, que me permite sacar mais duas cartas. De seguida, evoco o meu Panther Warrior (2000/1600) em modo de ataque. De seguida, deixo duas cartas viradas para baixo. Como deves saber, o meu monstro não pode atacar a menos que eu sacrifique uma criatura do meu lado do campo. É por isso que eu vou sacrificar um Scapegoat para poder atacar o teu Master Kyonshee.
Um dos dois restantes bodes desapareceu e o guerreiro pantera de Joey avançou e ceifou a criatura de Striker com uma única espadeirada.

Striker – 3750

- Um belo esforço – disse Striker, nada incomodado. – Mas no fim terá tudo sido em vão. Não tarda a tua alma ficará presa para toda a eternidade.
- Eu não contava com isso – replicou Joey. – O duelo ainda não terminou. Faz a tua jogada.
- Muito bem. Eu revelo uma das minhas cartas viradas para baixo: Ninjitsu Art of Decoy. Deves estar a perguntar-te o que é que ela faz, não é? Pois bem, vou deixar-te descobrir isso por ti mesmo.
“Só espero que isso não afecte o duelo para o lado do Weeler” pensou Odion, preocupado.
- De seguida jogo Monk Fighter (1300/1000) em modo de ataque.
Em campo surgiu um guerreiro poderoso de cabelos claros e estatura inferior à do Strike Ninja.
- Agora ataco o teu Panther Warrior com o meu Strike Ninja! – gritou Striker. O ninja começou a correr a grande velocidade em direcção ao guerreiro pantera de Joey.
Contudo, Joey sorria.
- Acabaste de cair na minha armadilha! – proferiu. – Eu activo a minha carta armadilha Skull Dice. Vamos ver o que te espera.
Um demónio pequenino segurando um dado avermelhado apareceu. De seguida, o demónio largou o dado, que rolou pelo chão durante uns momentos. Quando parou, havia quatro pintas no topo.
- Quatro! – gritou Joey, contente. – Sabes o que isso quer dizer? O ataque do teu monstro diminui para ¼ (600).
Quando o Strike Ninja atacou o guerreiro pantera, este desviou-se e atingiu o ninja com uma nova espadeirada.

Striker – 2350

Contudo, o monstro de Striker continuava em campo.
- Espera aí – disse Joey, sem compreender. – A tua criatura deveria ter sido destruída.
- É o efeito da minha carta armadilha Ninjitsu Art of Decoy – esclareceu Striker. – Eu escolho um monstro que tenha a palavra “Ninja” no nome e enquanto esta carta estiver em campo ele não é destruído em combate.
- Tiveste sorte – disse Joey.
- Ainda tenho um ataque – disse o Mestre Ninja. – Monk Fighter, destrói o último Scapegoat do meu adversário.
O último bode foi destruído pelo forte punho da criatura de Striker.
- Termino aqui o meu turno. E assim o efeito da tua carta armadilha passa, fazendo com que o meu monstro recupere os pontos de ataque que perdeu.
Joey sacou.
- Eu jogo Gearfried the Iron Knight (1800/1600) em modo de ataque.
Apareceu naquele momento um guerreiro negro de ferro com uma enorme lâmina ao invés do braço direito.
- Agora ataco o teu Monk Fighter com o meu cavaleiro!
Gearfried avançou ousadamente e desintegrou o holograma do monge lutador com uma longa ceifada.

Striker – 1850

- Termino aqui a minha jogada.
- Foi um erro teres atacado o meu lutador – praguejou o Mestre da Escuridão, sacando. – Eu jogo Pot of Greed que me permite sacar mais duas cartas… Ah… mesmo aquilo que eu queria.
“O que estará ele a tramar?” pensou Joey.
- Eu vou jogar Monster Reborn que trará o meu Monk Fighter de volta do cemitério. De seguida, sacrifico-o para evocar Master Monk (1900/1000) em modo de ataque.
Desta vez surgiu em campo um monge mais musculado e aterrorizante que o anterior.
- Agora activo a minha outra carta virada para baixo: Legendary Black Belt. Graças a esta carta mágica sempre que o meu Master Monk destrói um monstro, o meu adversário recebe prejuízo igual aos pontos de defesa do monstro destruído.
- Isto não é bom.
- Em primeiro lugar, vou usar o meu Strike Ninja para destruir o teu Panther Warrior.
Desta vez, nada se interpôs entre o shuriken do ninja e o guerreiro pantera de Joey.

Joey – 700

- Ele vai perder! – exclamou Odion, alarmadamente.
- Agora, meu Master Monk, ataca o seu Gearfried!
- Não tão rápido! – gritou Joey. – Eu revelo Negate Attack. A tua Fase de Batalha termina aqui.
- Só estás a adiar o inevitável.
- Eu ainda hei-de vencer. – Joey puxou uma nova carta. – Eu jogo a Card of Sanctity. Agora ambos temos de sacar até ficarmos com seis cartas na mão. De seguida, jogo uma carta virada para baixo e activo a carta mágica Emergency Provisions. Enviando a carta que acabei de colocar virada para baixo para o cemitério eu ganho 1000 pontos de vida.

Joey – 1700

- Agora jogo Premature Burial. Pagando 800 pontos de vida posso trazer um monstro do cemitério e colocá-lo em jogo. E eu escolho o meu Alligator’s Sword (1500/1200).
O guerreiro crocodilo surgiu novamente em campo.

Joey – 900

- Agora vou usar Polymerization. Fundindo o meu Alligator’s Sword com o meu Baby Dragon que está na minha mão para criar Alligator’s Sword Dragon (1700/1500) em modo de ataque.
»De seguida jogo a carta que me resta da minha mão: Release Restraint. Sabes, se eu sacrificar o meu Gearfried posso evocar especialmente uma criatura ainda mais poderosa.»
- Do que estás a falar?
Gearfried foi envolto numa luz dourada que irradiou por todo o seu corpo, abrindo brechas ao longo da sua armadura de metal. Subitamente, toda a armadura explodiu e surgiu um novo guerreiro em campo. Um guerreiro de cabelo comprido e músculos protuberantes apareceu em campo, irradiando uma força quase palpável.
- Apresento-te Gearfried the Swordmaster (2600/2200).
- Mesmo assim não me poderás derrotar.
- Isso é o que vamos ver – retorquiu Joey, sorrindo. – Agora, Gearfried, ataca o Strike Ninja dele!
O mais novo guerreiro de Joey atacou o ninja de Striker, mas ele não voltou a desaparecer.

Striker – 1650

- Esqueceste-te que o meu monstro não pode ser destruído em batalha? – indagou Striker. – O que é que vais fazer, agora que a tua Fase de Batalha terminou?
Contudo, Joey sorria.
- Mas quem disse que a minha Fase de Batalha terminou? Eu ainda tenho o meu Alligator’s Sword Dragon em jogo.
- Mas ele é mais fraco que os meus monstros.
- E quem te disse que eu ia atacar os teus monstros? – indagou Joey, desatando a gargalhar. – A minha criatura tem uma habilidade especial.
- O que queres dizer com isso? – O Mestre Ninja começava a ficar preocupado.
- Quando existe algum monstro oponente que possua o atributo Terra, Vento ou Água, o meu monstro pode atacar o meu adversário directamente. E que eu saiba o teu Master Monk é do atributo Terra.
- Oh não!...
O dragão voador desceu a grande velocidade e o crocodilo atacou Striker com a sua cimitarra. O Mestre da Escuridão foi projectado para trás e ficou atordoado.

Striker – 0

- Este duelo terminou.
Odion estava atónito. Como Weeler conseguira tal proeza de vencer um Mestre da Escuridão? Por pouco parecia que as coisas iam acabar mal para ele, mas Weeler conseguira virar o duelo de uma forma surpreendente. Como conseguira ele aquele saque que lhe garantira a vitória? Seria pura sorte ou havia algo mais ali?
Striker tentou levantar-se, mas um súbito espasmo impediu-o de tal. Começou a estrebuchar pelo chão, agarrado à cabeça, espalhando o conteúdo do seu baralho por todo o lado. Os seus gritos ecoavam pela clareira, assustando alguns duelistas que por ali passavam. Joey não sabia o que fazer para o ajudar.
- NÃO ME FAÇA ISTO, VENERÁVEL!!! – gritava o ninja com uma voz aflita, que nem Joey nem Odion esperavam alguma vez ouvir de alguém com um elevado grau de confiança. – IMPLORO-LHE!!! DÊ-ME MAIS UMA OPORTUNIDADE!!!
Joey estava demasiado assustado para tentar perceber o que se estava a passar. Ao que aparentava, Striker estaria a lutar contra algo maligno que se apossara da sua mente. Lembrava-lhe aquela vez em que Yugi derrotara o Rare Hunter do Marik logo no início do campeonato de Battle City. Algo de semelhante estava a acontecer com Striker, naquele momento.
Por fim, tudo cessou. Os gritos, os espasmos e a aflição terminaram tão depressa como começaram. O corpo de Striker ficou imóvel.
Joey e Odion aproximaram-se e examinaram o corpo. Os olhos estavam vazios, emitindo uma expressão horrorizada. Striker não respirava. Ao lado do corpo estava a carta em branco que usara para ameaçar Joey. Só que agora, a carta já não estava vazia. Uma imagem do ninja figurava nela.
- E lá foi uma alma – disse Joey, pegando na carta.
- É menos um Mestre da Escuridão – disse Odion, demonstrando desprezo em cada palavra que proferia. – Muito em breve, serão todos derrotados e terão o mesmo destino que este infeliz.
Mas Joey abanava a cabeça.
- Não, Odion. Por muito desprezível que alguém possa ser, ninguém merece um castigo destes. Ficar sem a alma é pior do que estar morto…
- Não percebo como é capaz de defender esta gente, Sr. Weeler – praguejou Odion, revoltado. – Eles trabalham para Amontut. Eles servem Seth, o Deus do Mal que quer destruir o mundo.
- Eu sei, mas eles não deixam de ser seres humanos. Eles também são vítimas do seu poder. Viste o que aconteceu a Striker. É o que espera a quem perder o duelo. Até pelo seu mestre eles são traídos.
- Mesmo assim, é nosso dever enfrentá-los e vencê-los de uma vez por todas.
- Mesmo que isso implique apostarmos as nossas almas em cada duelo – concluiu Joey, ajoelhando-se e reivindicando o seu prémio: a Pinta na Manopla de Striker.
- Duas Pintas – disse, olhando para a sua Manopla. – Só faltam cinco. Uma para cada Mestre da Escuridão. Embora não esteja à espera de os encontrar a todos aqui.
- Não se esqueça da nossa aposta, Sr. Weeler. Eu vou fazer de tudo para conseguir o seu Red Eyes.
Joey sorriu. Com a ajuda de Odion, colocaram o corpo imóvel de Striker junto a uma árvore e, não podendo fazer mais nada por ele, abandonaram-no e retomaram o seu caminho. Odion ainda havia pensado em chamar ajuda, mas nenhum deles sabia como explicar o que acontecera. Por isso, tiveram de deixar Striker e seguir caminho. Certamente alguém chamaria ajuda.
- E a propósito – disse Joey, enquanto caminhavam por uma nova vereda, – preferia que não me tratasses por Sr. Weeler, ok?
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MensagemAssunto: Re: Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus   Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus Icon_minitime26/11/2011, 8:23 pm

ok, continua

e sugestão: faz a Téa duelar com um dek de fadas, ou o Tristan com um deck de maquinas durante a fan fic
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MensagemAssunto: Re: Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus   Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus Icon_minitime27/11/2011, 5:30 pm

darkblade2814 escreveu:
ok, continua

e sugestão: faz a Téa duelar com um dek de fadas, ou o Tristan com um deck de maquinas durante a fan fic

Já pensei nessa ideia há tempos e planeio usá-la, mas só lá mais para a frente, uma vez que por agora é inútil porque eles não estão a participar no torneio e os vilões não querem nada com eles.
Aqui está o sétimo capítulo, desta vez envolvendo o Yugi.


Capítulo VII – O Motoqueiro do Diabo

Fisher Town era uma pacata cidade costeira na zona oeste da ilha. Não se comparava à grandiosidade da capital, uma vez que por ali reinava mais o comércio e a pesca. Não eram muitos os seus habitantes e a sua maioria eram velhos pescadores que já conheciam Nova Tech desde os tempos mais antigos, antes da ilha ter sido tomada pela Technological Industries e o seu nome mudado brutalmente. Segundo se consta, os moradores de outras cidades e aldeias contestaram essa decisão em criar uma cidade tecnologicamente desenvolvida, mas de nada lhes valera. Contudo, zonas como a própria Fisher Town mantiveram a sua tradicional aparência. Os mais jovens foram viver para a Tech Town e os mais velhos ficaram nos seus lares.
Yugi até se esquecera que estava longe de casa. Enquanto caminhava pela costa, tentando evitar ao máximo os olhares dos outros duelistas, conseguira imaginar a praia perto de sua casa e por vezes associava aquela pacata vila ao seu lar. Infelizmente, tinha coisas mais importantes com que se concentrar, ou teria ficado ali a admirar o belo horizonte azul durante horas. Se quisesse já teria obtido as sete Pintas, devido à quantidade de duelistas que o desafiaram desde que chegara. Recusara-os a todos. Afinal, o campeonato mal havia começado e ainda tinha muito tempo. Além disso, tinha assuntos mais importantes a tratar. Como os Mestres da Escuridão.
Perguntava-se constantemente como estariam os outros. Temia pela sua segurança, uma vez que o inimigo podia atacá-los. Eram doze os Mestres da Escuridão e podiam estar em qualquer lado, vigiando-os. Tinha medo do que poderia acontecer caso Joey duelasse com algum deles, sendo ele não tão experiente como os outros. Na verdade, Joey evoluíra muito desde Duelist Kingdom, mas ainda não estava preparado para tais desafios. Pelo menos tinha Odion com ele, que apesar de também não ser grande duelista, os dois podiam ajudar-se mutuamente. O mesmo se poderia dizer de Duke e Marik. Não se conheciam lá muito bem, mas perante a actual crise ambos teriam de trabalhar em equipa para ultrapassar todos os obstáculos. Bakura também podia ser uma vítima. Sendo amigo de Yugi, os Mestres da Escuridão poderiam persegui-lo. Apesar dele ter sido um finalista de Battle City, as suas habilidades não eram tão boas. Ao menos, o espírito maligno que habitara o seu corpo no passado já se desvanecera, e o Millenium Ring estava agora seguro com Yugi. Era um inimigo a menos com que se preocupar.
- Estás muito pensativo, Yugi – observou o Faraó. – Passa-se alguma coisa?
- Estava aqui a pensar na nossa situação – respondeu Yugi, olhando o mar e ouvindo as dezenas de gaivotas que planavam ao longo da praia. – Como estarão os outros?
- Achas que algum deles foi atacado por algum Mestre da Escuridão?
- É mais do que provável. Só espero que estejam todos bem.
- Não te preocupes. São todos uns excelentes duelistas. Vão dar-se bem.
O ar marítimo acalmava Yugi. Fazia-o esquecer-se de todas as suas preocupações, por muito piores que elas fossem. Contudo, naquele momento, só conseguia pensar nos seus amigos, separados pela ilha, à mercê de algum ataque inimigo. Só rezava para que tudo corresse bem e que chegassem todos à final sãos e salvos.
- O Joey tornou-se num grande duelista – continuou o Faraó. – E ele tem a ajuda de Odion. Não nos devemos preocupar com eles.
- Como estará o Bakura? – indagou Yugi. – Ele não é tão bom quanto se julga.
- Deu-nos muito trabalho em Battle City.
- Sim, mas isso foi quando o espírito maligno do Millenuium Ring controlava o corpo dele. Agora que está libertado, não sei se ele é tão bom como o seu alter-ego diabólico.
- Não podemos fazer nada por ele agora – disse o Faraó. – O Bakura terá de se desembaraçar sozinho.
Yugi concordou, mesmo assim, sentindo alguma preocupação com o estado do seu amigo. Temia que algum Mestre da Escuridão o atacasse e o pusesse fora do torneio. Mas como o Faraó dissera, ele teria de lidar com isso sozinho.
Enquanto continuava a olhar o horizonte azul, Yugi não se apercebeu que alguém o mirava não muito longe dali. Um desconhecido montado numa motorizada olhava-o por uns binóculos. Um sorriso surgiu-lhe no rosto, enquanto punha o capacete e se preparava para ir ter com a sua presa…

***

Um som de vidro a estilhaçar fez-se ouvir pelo corredor do hotel. Ishizu caminhava a passos largos em direcção ao quarto 314 para ir buscar o Millenium Ring quando ouvira o ruído. Já faltavam uns passos para chegar ao quarto, e não demorou muito para desconfiar que o barulho viera do mesmo sítio para onde se dirigia. Um ar de preocupação apoderou-se da sua face enquanto tentava abrir a porta.
O quarto estava num caos. As camas estavam desarrumadas, as malas abertas, com todo o conteúdo espalhado por todo o lado, assim como as gavetas dos móveis. Da janela vinha uma aragem nada normal. O vidro estava partido e uma corda parecia estar pendurada do lado de fora. Ishizu foi à janela, tentando saber quem fora o intruso, mas não vira ninguém. O pânico apoderou-se dela quando notou na mochila azul aberta. O conteúdo estava espalhada pela cama, mas não havia lá nada que se parecesse com um Item do Milénio. O Ring, o Rod e o Necklace haviam desaparecido.
Ishizu saiu do quarto a toda a velocidade e foi a correr para a recepção, onde estavam os outros. A situação estava pior do que se poderia imaginar.

***

O motor de uma motorizada assustou Yugi, fazendo-o virar-se para trás e ver um indivíduo dirigir-se a ele a grande velocidade, no entanto, mostrando grande controlo no veiculo. O desconhecido travou bruscamente, fazendo chiar os pneus ao deslizar pelo solo, parando a uns metros de Yugi. O jovem manteve-se na defensiva. Embora aquele motoqueiro lhe fosse desconhecido, algo lhe era familiar nele.
O desconhecido saiu da sua moto e tirou o capacete. Os cabelos compridos estavam amarrados atrás num rabo-de-cavalo. O seu rosto, contudo, estava oculto por uma máscara de demónio. Assim lhe pareceu, devido à imagem aterrorizante que a máscara transmitia. O homem era alto, quase o dobro do tamanho de Yugi e vestia umas calças de cabedal e uma jaqueta de ganga. Um cinto de cabedal exibia as letras MR metalizadas.
- Quem será este? – perguntou Yugi, desconfiado.
- Não sei, mas tenho um mau pressentimento.
- Yugi Mutou, presumo? – começou o individuo, com uma voz um tanto rouca, mas que demonstrava pertencer a um jovem de vinte e poucos anos. – Andava à tua procura.
- Quem és tu? – indagou Yugi, engolindo em seco, antes de se ter apercebido quem era aquele motoqueiro. Tinha-o visto na esplanada, antes do início do torneio. Vira-o afastar-se depois de se ter despedido de Ishizu e dos outros. Na verdade, fora o Faraó que o vira, mas Yugi também estivera a escutar a conversa que tivera com Marik e reparara no motoqueiro.
O indivíduo não respondeu. Pôs-se a admirar o pequeno Yugi de alto a baixo, antes de dizer, num tom zombeteiro:
- Não há duvidas que é este o tão famoso Rei dos Jogos. Cabelinho espetado, rosto inocente e estatura muito baixa. És mais ridículo ao vivo que na televisão, já te disseram?
- Não volto a perguntar – ameaçou Yugi. – Quem és tu?
- Oh, desculpa. Que indelicado que sou. – A falsa voz de lamentação não convenceu Yugi nem um pouco. – O meu nome permanece enterrado no cemitério das minhas inúteis memórias. Agora sou conhecido por Masked Rider, o Motoqueiro do Diabo. Mais detalhes? Pois bem: sou um dos Mestres da Escuridão.
Yugi afastou-se um passo do indivíduo. Não havia quaisquer dúvidas. Tinha à sua frente o seu primeiro adversário no torneio.
- Deves calcular o que vim aqui fazer – continuou Rider. – Eu quero duelar e oferecer a tua alma ao Venerável Mestre Amontut para alimentar o grande Deus Seth.
- Isso nunca vai acontecer!
Masked Rider riu-se a enormes gargalhadas. Sem parar de rir, tirou o seu Duel Disk de uma bolsa presa à moto e equipou-o no seu braço. De seguida, activou-o e inseriu o seu baralho na abertura correspondente.
- Deixa-me dizer-te, meu caro, que nunca perdi um único duelo. Duelei com os melhores e venci os melhores. Tu não serás excepção.
O Puzzle começou a brilhar fortemente e o Faraó tomou o lugar de Yugi. O seu rosto já era mais sério. Rider deu pela alteração.
- Ora ora, o que temos aqui? – perguntou, enquanto o Faraó activava o seu Duel Disk e preparava o seu baralho. – O Faraó em pessoa? Isto vai ser interessante.
- É meu dever derrotar-te, Mestre da Escuridão! – bradou o Faraó, ameaçadoramente. – E por muito bom que sejas, acredita que não me deixarei vencer assim tão facilmente. Vamos ver que tipos de monstros escondes na manga.
Ambos sacaram cinco cartas.
- Hora do duelo!!!

Faraó – 4000
Masked Rider – 4000


- Dou a minha vez a ti, Faraó – disse Rider, mostrando uma falsa voz educada. – Vamos ver o que tens para dar.
- Muito bem. Eu evoco Queen’s Knight (1500/1600) em modo de ataque.
Uma mulher, vestida com uma armadura avermelhada e equipando uma espada e um escudo surgiu em campo.
- De seguida, coloco uma carta virada para baixo e termino o meu turno.
- Nada mal – disse Rider, sacando. – Parece que a única hipótese que tenho é jogar Chaosrider Gustaph (1400/1500) em modo de defesa.
Um holograma de um motoqueiro apareceu.
- É tudo por agora.
- Parece que não tens grande sorte – replicou o Faraó, sorrindo com a carta que acabara de sacar. – Eu vou evocar King’s Knight (1600/1400) em modo de ataque.
Ao lado da mulher, surgiu um novo cavaleiro, vestindo também ele uma armadura e armado com uma espada e um escudo.
- O melhor de tudo – continuou o Faraó, – é que se a Queen’s Knight estiver em campo quando o King’s Knight é jogado, eu posso evocar especialmente Jack’s Knight (1900/1000) em modo de ataque.
Um terceiro cavaleiro juntou-se ao grupo.
- Agora, eu uso o meu King’s Knight para destruir o teu monstro!
O cavaleiro ceifou o motoqueiro de Rider com grande facilidade.
- Queen’s Knight, ataca os pontos de vida dele directamente!
A mulher avançou ousadamente e espadeirou Rider de tal forma que ele cambaleou para trás.

Masked Rider – 2500

- E para completar o meu trio de cavaleiros… Jack’s Knight, ataca-o directamente!
O cavaleiro avançou e atingiu fortemente o Mestre da Escuridão.

Masked Rider – 600

- Termino a minha jogada. Afinal, parece que não és tão bom como dizes.
Rider parecia descontraído. Era difícil saber o que ele estaria a pensar, devido àquela máscara. O Faraó não notou nenhum desconforto nem preocupação quando o Mestre da Escuridão sacou.
- Eu jogo a carta mágica Graceful Charity – declarou. – Ela permite-me sacar mais três cartas, desde que eu descarte duas da minha mão. Agora jogo uma nova carta mágica: Mirage of Nightmare. De seguida, evoco outro Chaosrider Gustaph, desta vez, em modo de ataque. E já agora, posso activar a sua habilidade especial.
O Faraó arqueou as sobrancelhas. O que o seu adversário estaria a preparar? E se o monstro dele tinha uma habilidade especial por que não a utilizara antes?
- Removendo duas cartas mágicas do meu cemitério, que lá foram colocadas graças à Graceful Charity, eu posso aumentar os pontos de ataque do meu monstro em 300 por cada carta mágica removida. E isso dá 600 pontos de ataque adicionados (2000).
“Agora entendo,” pensou o Faraó. “Como ele não tinha cartas mágicas no cemitério não podia activar a habilidade especial do seu monstro. Agora o Chaosrider dele é o monstro mais forte em campo.”
- Chaosrider, ataca a Queen’s Knight! – bradou Rider, impulsivamente.
O motoqueiro ligou o motor e avançou pelo campo a toda a velocidade, atropelando a Queen’s Knight.

Faraó – 3500

- De seguida coloco duas cartas viradas para baixo e termino o meu turno.
- Muito bem. – O Faraó sacou. E, nesse momento, o holograma da carta mágica Mirage of Nightmare começou a brilhar.
- Antes de fazeres a tua jogada – interrompeu Rider, – o efeito da minha carta mágica é activado. Durante a tua Fase de Espera eu saco cartas até ter quatro na minha mão. Mas quando a minha Fase de Espera começar eu terei de descartar o mesmo número de cartas do meu baralho.
- Assim estarás a perder – retorquiu o Faraó. – Acabaste de sacar duas cartas mas depois terás de descartar outras duas para o cemitério. Estarás disposto a correr esse risco?
- Claro que não – respondeu Rider. – É por isso que vou activar Emergency Provisions. Enviando a Mirage of Nightmare e a outra carta virada para baixo para o cemitério eu ganho 2000 pontos de vida.

Masked Rider – 2600

- E como a carta virada para baixo era a Sword of Deep Seated, sempre que ela é enviada para o cemitério, ela volta para o topo do meu baralho. Podes continuar.
- Ok, eu evoco Big Shield Gardna (100/2600) em modo de defesa. Depois passo King’s Knight e Jack’s Knight para modo de defesa. É tudo por agora.
- Estás a ver se ganhas tempo para vires com algum plano? – indagou Rider, sacando. – Ou estás à espera que te apareça uma carta Egipcian God? Pois bem, isso não vai acontecer porque vou derrotar-te antes a que possas sacar.
»Quando o teu turno terminou, o meu Chaosrider perdeu todos os pontos de ataque que havia ganho com a sua habilidade especial. Por isso, e se quero que ele tenha força suficiente para te enfrentar, terei de remover mais duas cartas mágicas do meu cemitério e voltar a dar-lhe o impulso que ele necessita (2000).
»Mas não é tudo. Eu equipo-o com a carta mágica Sword of Deep Seated. Quando esta carta é activada ela concede mais 500 pontos de ataque e defesa ao monstro que a equipa (2500/2000).»
“Ainda tenho o meu Big Shield para me proteger” pensou o Faraó.
- Agora jogo uma carta mágica de ritual: Revival of Dokurorider. Tudo o que tenho a fazer é enviar para o cemitério monstros cuja soma do número de estrelas equivale ou supere o nível 6 e posso evocar Dokurorider (1900/1850) em modo de ataque.
Um monstro do tipo zombie surgiu em campo, montado numa motorizada de formato demoníaco. A face do monstro também era assustadora. Um rosto esbranquiçado com dois compridos cornos ao lado da cabeça. O Faraó nunca havia visto um monstro assim.
- Os teus monstros continuam fracos para passar pelo meu Big Shield – desafiou.
- Ataca o Big Shield, Dokurorider! – gritou Rider a toda a força.
A motorizada de Dokurorider rugiu pelo campo e os espigões incorporados no pneu atingiram fortemente o monstro do Faraó. Mas Big Shield Gardna continuava em campo.

Masked Rider – 1900

Nesse momento, e antes que Rider pudesse fazer o que quer que fosse, Big Shield mexeu-se. Deixando a sua posição acocorada, escondido atrás do seu grande escudo, o monstro levantou-se, assumindo o modo de ataque.
- Julgavas que eu não sabia da habilidade especial do teu monstro? – zombou o motoqueiro. – Se ele não for destruído em batalha quando está em modo de defesa, ele passa automaticamente para modo de ataque. E ele só tem 100 pontos de ataque.
»Agora, Chaosrider Gustaph, ataca o Big Shield Gardna!
Mais uma vez, o monstro de Rider avançou a toda a velocidade, atropelando o monstro do Faraó.

Faraó – 1100

- Parece que estás com problemas, Faraó. Onde estão as espantosas habilidades do Rei dos Jogos? É a tua vez.
O Faraó pôs a mão no topo do seu baralho. Precisaria de muita sorte se não queria perder contra aquele Mestre da Escuridão.
- Eu saco! – Um sorriso iluminou-lhe a face. – Finalmente. Eu sacrifico King’s Knight e Jack’s Knight para poder evocar o meu fiel Dark Magician (2500/2300).
O mago negro, a criatura favorita do Faraó, surgiu em campo, brandindo o seu bastão.
- De seguida, equipo-o com a carta mágica Book of Secret Arts que lhe aumenta os pontos de ataque em 300 pontos (2800).
Rider soltou algo parecido com um grunhido. Pelos vistos, não estava à espera de tal virada no duelo.
- Agora, meu Dark Magician, destrói o seu Dokurorider!
Dark Magician girou repetidamente o seu bastão, antes de o apontar à criatura do motoqueiro e emitir um raio de energia que dissipou Dokurorider.

Masked Rider – 1000

- Termino aqui o meu turno – anunciou o Faraó. – E isso quer dizer que o teu Chaosrider perde 600 pontos de ataque (1900).
- Mas ainda será mais poderoso que o teu estúpido mago! Eu volto a activar a habilidade especial do meu monstro. Torno a remover duas cartas mágicas do meu cemitério e aumento o poder de ataque em 600 pontos.
- Continuas em desvantagem. O meu monstro continua a ser o mais forte, graças à carta mágica que o equipa.
- Não por muito tempo porque eu vou activar a carta Mystical Space Typhoon para destruir a tua Book of Secret Arts.
- Oh não!
Assim que a carta mágica de Rider foi activada surgiu um tufão gigantesco que desintegrou a carta do Faraó.

Dark Magician – 2500 ATK

- Mesmo assim, os nossos monstros estão de igual para igual.
- Não importa – bradou o motoqueiro. – Chaosrider, ataca!
Chaosrider acelerou e dirigiu-se ao monstro do Faraó a toda a velocidade. Contudo, o mago apontou-lhe o seu bastão e emitiu-lhe um novo raio de energia. O motoqueiro atravessou pelo meio do raio e atingiu fortemente a barriga do mago com a roda da motorizada. Ambos desapareceram depois disso.
- Isto só causou um empate – disse o Faraó. – O que ganhas tu, agora que o teu monstro foi destruído.
- O teu mago desapareceu para sempre, mas eu ainda tenho uma carta para jogar. Eu jogo The Warrior Returning Alive para trazer de volta o meu Chaosrider Gustaph para a minha mão. E como ainda posso evocar um monstro neste turno, aqui está ele, em modo de defesa. É tudo, já que fiquei sem cartas na mão.
“Ele só pode activar a habilidade especial do Chaosrider uma vez por turno. Sem isso, o seu monstro é muito fraco. Se eu conseguir sacar algo de bom neste turno, poderei destruí-lo. E como o Chaosrider estava equipado pela Sword of Deep Seated antes de ter sido destruído ao atacar o meu mago, essa carta volta para o topo do baralho. Isso significaria a vitória para mim, uma vez que ele não tem mais cartas na mão.”
- Estou à espera, Faraó – bradou Rider, impaciente. – Eu não tenho o dia todo.
O Faraó sacou.
“A Card of Sanctity” pensou. “Isso não me serve de nada agora, a menos que queira que ele arranje mais cartas. É melhor pensar noutra coisa.”
- Eu evoco Obnoxious Celtic Guard (1400/1200) em modo de defesa.
O guerreiro elfo apareceu ajoelhado, armado com a sua brilhante espada.
- É tudo.
- Eu sabia que não conseguirias arranjar uma forma de passares pelo meu monstro – zombou Rider, sacando. – Como podes ver, eu voltei a sacar a Sword of Deep Seated, que vou usar para equipar o meu monstro (1900/2000). Depois activo novamente a sua habilidade especial. Removo duas cartas mágicas do meu cemitério e aumento o seu poder de ataque em 600 pontos (2500).
»Agora, meu Chaosrider, destrói o seu monstro patético!»
- Ora aí é que tu te enganas – retrucou o Faraó. – O meu Obnoxious Celtic Guard não pode ser destruído por criaturas com 1900 pontos de ataque ou mais.
- Muito bem. Acabo o meu turno. Mas se fosse a ti parava de adiar.
- E eu se fosse a ti não tinha tantas esperanças. – O Faraó sorriu de contentamento. – Está na hora de terminar isto. E eu tenho as cartas certas para isso.
Rider nada disse.
- Eu jogo a Card of Sanctity, que nos abriga a sacar até termos seis cartas na mão. Depois eu jogo Monster Reborn para trazer a minha Queen’s Knight (1500/1600) em campo em modo de ataque. Depois uso a carta Premature Burial. Sacrificando 800 pontos de vida posso trazer de volta King’s Knight (1600/1400).

Faraó – 300


- Não percebo o porquê de evocares monstros fracos para eu destruir.
- Não percebes, pois não? Tu bem insinuaste que eu estava à procura de uma carta Egipcian God. E agora que ela apareceu, o que me dizes?
Rider apertou as cartas que tinha na mão com mais força. Começava a ficar inquieto.
- Agora eu sacrifico o meu Obnoxious Celtic Guard, a minha Queen’s Knight e o meu King’s Knight para evocar o meu todo-poderoso Slifer the Sky Dragon.
Mal o Faraó colocou a carta de Deus Egípcio no Duel Disk, nuvens negras invadiram os céus e trovões ribombaram. Rider assustou-se com tal demonstração de poder, e ainda mais assustado ficou quando à sua frente surgiu um enorme dragão avermelhado, parecido com uma enorme serpente. Da cabeça da abominável besta, duas enormes bocas fumegavam à medida que se abriam, mostrando as suas assustadoras presas.
- Como… como foi possível? – gaguejou Rider, afastando-se.
- A culpa foi tua – explicou o Faraó. – O teu baralho está recheado de cartas mágicas que apenas servem para aumentar o poder de ataque do teu monstro. Aposto que só tens o Chaosrider e o Dokurorider no teu baralho e quase nenhuma carta armadilha. Se soubesses equilibrar o teu baralho terias mais hipóteses de vencer.
»Como deves saber, o poder de ataque e defesa do Slifer é evidenciado pelo número de cartas que tenho na minha mão. E eu tenho quatro.»

Slifer the Sky Dragon – 4000 ATK/4000 DEF

- Agora activo a carta mágica Stop Defense para colocar o teu monstro em modo de ataque.
- Oh não! – gemeu Rider.
- Como usei uma carta da minha mão, o ataque e a defesa do meu monstro caem para 3000 pontos. Isso significaria que, mesmo derrotando o teu monstro tu só perderias 500 pontos de vida, certo?
Rider estava demasiado ocupado para responder. Já começava a dar o duelo como acabado. Como poderia ele vencer um deus?
- Contudo – continuou o Faraó, – no meu primeiro turno deste duelo eu joguei uma carta virada para baixo. Uma carta que vai terminar com isto agora mesmo.
- Não… não pode ser…
- Eu activo Jar of Greed! – anunciou o Faraó. – Quando esta carta é activada eu terei de sacar uma carta do meu baralho. E isso faz com que os pontos de ataque do meu Slifer voltem a ser 4000.
»Agora prepara-te para sentir o poder de um deus! Slifer the Sky Dragon, ataca o Chaosrider e acaba com este duelo!»
A boca maior do dragão abriu-se e um raio de energia formou-se entre as suas mandíbulas. Rider estava petrificado de medo, e isso era bem visível mesmo com a máscara. Subitamente, Slifer lançou o seu raio que atingiu fortemente o monstro do motoqueiro. Chaosrider desapareceu, e Rider largou um agonizante grito antes de ter sido projectado para trás pela grande força do monstro do Faraó.

Masked Rider – 0

- Não é possível – murmurou Rider, enquanto o holograma de Slifer desaparecia. – Não devia ter acontecido… Por favor, Venerável… poupai-me…
O Faraó olhava para o seu adversário ajoelhado, as mãos trémulas e respiração acelerada. Rider parecia ter entrado numa espécie de transe, já que não notava que o Puzzle voltava a brilhar e a figura de Yugi tomava o controle.
- O que se passa? – perguntou ao Faraó.
- Não sei. Desde que perdeu o duelo que ficou assim.
Naquele momento, Rider pôs as mãos na máscara e, com um gesto brusco, arrancou-a. A face de um jovem borbulhento mostrou-se à luz do dia, olhos escuros e uma Ankh tatuada no meio da testa, como sinal de lealdade para com o Deus do Mal. O olhar mostrava terror e mirava um ponto acima de Yugi, como se estivesse a olhar para uma figura gigantesca.
- Venerável… não…
- Que se passa, Rider? – perguntou Yugi, aproximando-se, preocupado.
- NÃO!!! – gritou o motoqueiro em plenos pulmões para o ar, agarrando a cabeça. – PERDOAI-ME, VENERÁVEL!!!
Yugi afastou-se, assustado. Rider estava a rebolar pelo chão, sem tirar as mãos da cabeça. A aflição do homem era muito grande, e Yugi nada podia fazer para o ajudar. Em redor deles começavam a juntar-se pessoas, vindas de todos os lados, na sua maioria duelistas, perguntando-se o que estaria a passar.
Então, com um último espasmo, Rider parou. As mãos deslizaram da cara para o chão e um olhar vazio sem pupilas mirava o céu. Yugi estava escandalizado. O que se passara?
- Mas o que foi isto? – perguntou um duelista.
- Este tipo teve algum ataque, ou quê? – questionou outro.
- Afastem-se, por favor – pediu um outro, avançando pelo meio do magote de gente que se havia formado ali e chegando junto a Rider. – Eu percebo de primeiros socorros. – Ajoelhou-se junto ao motoqueiro e colocou-lhe dois dedos numa zona do pescoço. – Ele não tem pulsação. Alguém chame uma ambulância!
- Yugi – recomeçou o Faraó. – É melhor irmos.
O rapaz foi-se afastando lentamente. Mas o seu olhar cruzou-se com o do duelista que estava junto a Rider. Era já um adulto, aparentava ter uns vinte anos, era alto e tinha cabelo acastanhado e revolto. O homem mantinha o seu olhar no jovem, mesmo quando Yugi se afastou por completo e deixou que tratassem de Rider.
Conseguira vencer o seu primeiro Mestre da Escuridão. E não fora nada fácil. Durante momentos sentira o espírito do Faraó vacilar. Mas tudo correra bem. Só não estava à espera de ter de usar a carta de Slifer logo no primeiro duelo.
- Conseguimos a nossa primeira vitória – interveio o Faraó. – No entanto, ainda há por aí Mestres da Escuridão dispostos a nos enfrentar.
- Quem sabe como estarão os nossos amigos – disse Yugi, preocupado. – Se todos os inimigos forem todos como este, então temo pela segurança do Joey e dos outros.
- Eh, tu aí! – gritou uma voz atrás deles. Yugi voltou-se e deu de caras com o duelista que ficara com Rider.
- Que foi?
O homem estava sério. Suspeitaria ele de alguma coisa?
- Esqueceste-te de algo. – O homem lançou algo pelo ar na direcção de Yugi. Algo pequeno e brilhante.
Yugi apanhou-o e olhou para ele. Era uma Pinta.
- O teu prémio por teres vencido aquele tipo – disse o homem sorrindo. – Foi um duelo impressionante, Yugi Mutou.
- Como sabe ele o meu nome?
- Ainda tens de perguntar? – ironizou o Faraó.
- Nunca pensei que algum dia iria ver um deus egípcio de tão perto – continuou o desconhecido. – Eu não gostava de te ter como adversário. O título de Rei dos Jogos foi bem entregue.
Ao princípio, Yugi desconfiara daquele personagem, mas como ele não possuía nenhuma Ankh tatuada na testa, só podia significar que ele era um duelista normal.
- E tu és… – disse Yugi.
- Oh, desculpa. Que desastrado sou. Conheço-te tão bem que quase dispenso quaisquer apresentações.
»O meu nome é Yuki. Jason Yuki.»

Nota do autor: Em primeiro lugar, gostava de esclarecer o porquê de ter dado a alcunha "Masked Rider" ao Mestre da Escuridão. Na verdade, é uma espécie de tributo à famosa personagem dos tokusatus "Kamen Rider", traduzido no ocidente como "Masked Rider." Na altura achei interessante existir um duelista com um baralho de motoqueiros, mal sabendo que iria existir uma personagem no Yu-Gi-Oh! GX com o mesmo tipo de baralho.
Bem, comentem e especulem sobre quem este Jason Yuki possa ser...
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MensagemAssunto: Re: Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus   Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus Icon_minitime27/11/2011, 5:50 pm

o pai ou um primo do Jaden?
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MensagemAssunto: Re: Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus   Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus Icon_minitime27/11/2011, 10:12 pm

Vc È um GENIO.
Cara,vc usa muito bem as cartas do Yugi,confesso q me decepcionei um pouco no primeiro duelo,mas vc compensou bem isso agora.Foi incrivel.A unica decepção foi a falta do Jocker Knight.^^
Parabens,continua assim.
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Guardian Angel

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MensagemAssunto: Re: Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus   Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus Icon_minitime28/11/2011, 4:20 pm

cyberplayer escreveu:
Vc È um GENIO.
Cara,vc usa muito bem as cartas do Yugi,confesso q me decepcionei um pouco no primeiro duelo,mas vc compensou bem isso agora.Foi incrivel.A unica decepção foi a falta do Jocker Knight.^^
Parabens,continua assim.

Obrigado pelo elogio. Espero não decepcionar com os próximos duelos, uma vez que podem haver alguns erros, mas farei o meu melhor. E eu nunca disse que o Arcana Knight Joker nunca iria aparecer. É só esperar para ver tongue
Oitavo capítulo. Vamos lá ver quem será este misterioso Jason Yuki.


Capítulo VIII – O Deck dos Heróis Elementares

Algures no Egipto…
Amontut abriu os olhos e fitou a porta ornamentada. Já sabia o que se passara em Nova Tech mas não estava zangado. Já deveria ter previsto que o Faraó era demasiado bom para ser derrotado por qualquer um. Masked Rider falhara na sua missão, assim como Striker não conseguira derrotar Weeler, mas ainda restavam dez Mestres da Escuridão. As almas dos três duelistas escolhidos iriam alimentar o grande Seth. E enquanto isso não acontecia, sempre podia contar com Kaiba para reunir almas que fossem alimentando o Deus do Mal. Tudo graças à sua nova carta.
Naquele momento, o seu mais novo Mestre da Escuridão estava prestes a se aproximar de Bakura, em Village of Rocks. Ao mesmo tempo, um outro vigiava os passos de Weeler e daquele tal de Odion Ishtar. Um outro acabara de assaltar o hotel onde Yugi estivera instalado e roubara as relíquias que ele guardava. Agora só tinha de ir para a mesma zona de Bakura e entregar-lhe o Millenium Ring. O seu espião infiltrado na Technological Industries também participava, assim como Aaron, que actuava longe de todos os outros, para não levantar suspeitas. As suas espantosas habilidades como duelista garantir-lhe-iam um lugar nas finais, no caso do Faraó conseguir passar pelos demais desafios. Tudo estava devidamente planeado. Só necessitava de um pouco mais de paciência.

***

- Hã… muito prazer – balbuciou Yugi, apertando a mão de Jason Yuki.
- O prazer é todo meu – disse o homem. – Não é todos os dias que encontramos o Rei dos Jogos. É uma honra enorme.
Yugi não sabia o que dizer. Já estava habituado aos murmúrios e aos pedidos de autógrafos, mas não estava tão acostumado a ser tratado como uma celebridade.
- Sou teu fã desde Duelist Kingdom – continuou Jason. – Derrotar o criador… não é um feito muito comum. Há quanto tempo duelas?
- Hã… há já algum – respondeu Yugi. – Não sou assim tão bom…
- Não sejas tão modesto. Quem derrota um campeão como Seto Kaiba não se deve sentir envergonhado.
Yugi coçou a cabeça. Estava a sentir-se mesmo envergonhado. Nunca imaginara que tinha fãs tão dedicados.
- Eu também já participei em alguns campeonatos – continuou Jason, afastando-se com Yugi do local onde o grupo de duelistas rodeava o corpo inanimado de Masked Rider. Ao longe já era audível o ruído de uma ambulância. – E cheguei a vencer uns quantos. As pessoas dizem que eu sou um grande duelista, mas isso não é verdade.
- Que tipo de baralho usas? – indagou Yugi. – Isto é, se o puderes revelar…
Jason riu-se.
- Claro! Não há problema. De qualquer forma há poucas possibilidades de eu chegar às finais. Eu possuo um deck de heróis.
- Heróis?
- Exacto. Todo o meu baralho está recheado de cartas com os poderosos Heróis Elementares.
Yugi abriu a boca de espanto. O deck dos Heróis Elementares era um conjunto de cartas que mal havia saído para o mercado. Dizia-se que Pegasus as havia criado com o intuito de formar um dos baralhos mais poderosos que existia. No entanto, era um deck ainda muito recente; nem mesmo Salomon possuía quaisquer cartas.
- São monstros fiéis, e eu confio muito neles – disse Jason. – Podemos criar montões de estratégias com eles.
- Segundo sei, são cartas muito recentes. Como conseguiste vencer já tantos campeonatos com elas?
Jason pegou no seu baralho e olhou a carta que tinha ao topo. Tinha no seu rosto uma expressão sonhadora.
- Da mesma forma como venceste o teu primeiro duelo com Kaiba – respondeu serenamente. – Acreditando nas tuas cartas e dando o teu melhor.
Yugi nunca havia conhecido um duelista como Jason. Ao contrário da maioria dos duelistas, ele acreditava ao máximo no poder das suas cartas e nas suas capacidades. Não almejava poder nem ousava ser o melhor, custasse o que custasse. Apenas duelava com o coração. Era um verdadeiro duelista.
- Que horas serão? – indagou Jason, olhando em frente.
- Dez e um quarto – respondeu Yugi, olhando para o relógio.
- E se fossemos comer qualquer coisa? Sabes, estes duelos todos fazem-me aumentar o apetite.
Yugi estranhou que o seu novo amigo tivesse fome àquela hora, mas pensando bem, e depois de ter ouvido o seu próprio estômago roncar, decidiu fazer uma pausa e acompanhar Jason a um segundo pequeno-almoço.
- Então quantas Pintas já tens? – perguntou Jason, liderando o caminho.
- Acabei de ganhar a minha primeira – respondeu Yugi, mostrando a sua Manopla.
- Só? – Jason mostrou a sua e Yugi viu quatro brilhantes moedas. – Eu tenho quatro. Depois de ter ganho a minha primeira, apostei duas no meu segundo duelo. Assim chego às finais mais depressa.
- Ainda há pouco disseste que há poucas possibilidades de chegares à final.
- Pois disse, mas isso não quer dizer que não tente. Sabes quantos duelistas já foram eliminados desde que este torneio começou?
- Não.
- Nem eu. Mas olha que foram bastantes.
Yugi sorriu. Jason tinha sentido de humor, coisa que apreciava numa pessoa.
- Mas se eu fosse a ti, Yugi, tratava de arranjar mais Pintas. São centenas, talvez milhares de duelistas a competir neste torneio, e só dezasseis chegarão às finais. Seria uma desilusão o Rei dos Jogos não dar o exemplo aos seus fãs.
- Eu não estou aqui para ganhar. Apenas vim para… – Yugi calou-se. Não queria ter de revelar o que estava realmente a fazer naquele torneio. Quanto menos Jason soubesse, melhor. Não iria estragar-lhe a diversão.
- Vieste aqui para… – disse Jason.
- Vim aqui para participar. É o mais importante, não é?
Jason acenou.
Pelo caminho pararam num dos tais painéis electrónicos que Pegasus havia referido no início do torneio. Jason foi pesquisando sobre o que se estava a passar ao longo da ilha e conseguiu descobrir que até ali, cinquenta e sete duelistas já haviam sido eliminados.
- Isso é bastante – disse Yugi. – E o campeonato mal começou. Será que dá para saber como vão os outros duelistas?
- Claro. Isto possui a base de dados de todos os duelistas que participam.
- Gostava de saber como vão os meus amigos. Eles estão em Zonas diferentes.
- É só dizeres o nome deles e eu digo-te o que queres saber em três tempos.
- Procura por Joey Weeler – pediu o pequeno.
A pesquisa não durou muito. Com grande alívio, Yugi ficou a saber que Joey vencera o seu primeiro duelo. Só não sabia se tinha sido com algum Mestre da Escuridão. Quanto aos outros, parecia que Marik e Duke já tinham três Pintas cada um, embora Duke tivesse perdido contra um duelista estrangeiro. Odion e Bakura ainda não tinham ganho nenhum duelo. Nenhum duelista tinha chegado à final.
- Vieste bem acompanhado – disse Jason, quando deixaram para trás o painel.
- Não foram os únicos. Também vim com mais dois amigos e o meu avô, mas eles não são duelistas.
- Eu estou sozinho neste torneio. Ninguém na minha família é duelista e os meus amigos não são bons o suficiente para receberem um convite. Pelo menos tenho o meu irmão mais novo, que sonha um dia ser o próximo Rei dos Jogos. Quando ele tiver idade, ofereço-lhe o meu baralho e ele assim pode desfrutar do prazer de um bom duelo. Já te disse que tu és o seu ídolo?
Yugi corou e coçou a nuca, novamente envergonhado.
- É bom ter fãs, pessoas que gostam de nós e que nos dão forças para continuar a lutar pelos nossos sonhos. Aposto que são eles que te dão força e coragem para enfrentares todos os desafios.
- Não só. Tenho também os meus amigos, com quem eu sempre posso contar. Sempre que estou em sarilhos e não parece haver nada que me salve, basta-me pensar neles e saber que, aconteça o que acontecer eles estarão sempre do meu lado e me apoiarão no que quer que seja. O poder da nossa amizade supera qualquer desafio.
- Belas palavras – felicitou Jason. – Isso faz de ti mais merecedor do titulo de Rei dos Jogos do que qualquer um.
- Olha só quem ele é – disse uma vozinha esganiçada atrás deles.
Curiosos de saber de quem se tratava, Yugi e Jason voltaram-se e deram de caras com um rapazinho de estatura baixa, cabelo curto e óculos de aros grossos. Usava um casaco verde com a imagem de um insecto estampado. Yugi reconheceu-o de imediato.
- Weevil Underwood?
- Voltamo-nos a encontrar, Yugi Mutou – proferiu Weevil, sorrindo. – Nunca pensei que tivesse ido calhar à mesma Zona que tu.
- Como tens andado? – perguntou Yugi, mostrando simpatia, coisa que Weevil não parecia demonstrar.
- Poderia passar muito bem, não fosses tu teres-me arruinado a vida depois da dura derrota que me fizeste sofrer em Duelist Kingdom.
- Hã… Yugi, quem é este? – perguntou Jason, apontando para o jovem.
- Como não sabes quem eu sou? – Weevil gritava cada palavra, irritado por aquele duelista não o ter reconhecido. – Eu sou… eu fui o melhor duelista de todos. Cheguei a vencer campeonatos nacionais.
- E…
Weevil cerrou os dentes de raiva.
- Como podes ser tão estúpido? Eu fui o melhor, até o Yugi me ter humilhado no torneio que eu era suposto ter vencido.
- Tu humilhas-te a ti mesmo, fazendo batota – replicou Yugi. – Só tens o que mereces.
- Vamos parar com este falatório – bradou o rapaz dos insectos. – Eu vim aqui para te desafiar, Yugi, a um duelo.
Yugi levou a mão às suas cartas, mas quando deu por si, Jason tomava o seu lugar em frente a ele.
- Mas… o que estás a fazer?
- Vou duelar com ele por ti. Eu já vi do que és capaz, agora é altura de veres as minhas habilidades.
- Seu exibicionista – disse Weevil, baralhando as suas cartas. – Muito bem, depois de te derrotar virar-me-ei para o meu verdadeiro adversário. Afinal, não posso recusar ficar com mais Pintas. Quantas tens?
- Quatro. E tu?
- Duas. Parece que andaste com sorte. Ou foste desafiado por criancinhas?
- Eu aposto duas Pintas neste duelo – anunciou Jason, activando o seu Duel Disk e inserindo o seu baralho nele. – Mesmo que tivesses mais Pintas, as regras do torneio apenas me permitem apostar no máximo duas.
- Não faz mal. Depois deste duelo terminar estarás mais perto de fazer as malas e voltar para casa com o rabo entre as pernas.
- Tem cuidado, Jason – pediu Yugi.
- Não te preocupes. Este já está ganho.
Ambos sacaram as cinco cartas iniciais.
- Duelo!

Jason Yuki – 4000
Weevil Underwood – 4000


- Eu começo, se não te importas – anunciou Jason, sacando. – Eu evoco Elemental Hero Avian (1000/1000) em modo de defesa.
Um guerreiro de pelo esverdeado e grandes asas surgiu em campo.
- De seguida, coloco duas cartas viradas para baixo. É a tua vez.
Yugi abriu a boca ao olhar para a primeira evocação do duelo. O monstro de Jason era fenomenal. Nunca vira nada parecido antes.
- Isso não é nenhum desafio para mim – zombou Weevil, sacando. – Eu vou activar Polymerization. Fundindo o meu Hercules Beetle com o meu Kuwagata Alpha para criar Kwagar Hercules (1900/1700) em modo de ataque.
Um horrendo insecto gigante de grandes tenazes surgiu em campo.
- De seguida, activo a carta mágica Heavy Storm que destrói todas as cartas mágicas e armadilhas em campo.
- Não estava à espera disso – confessou Jason, inquieto.
- Agora, meu Kwagar Hercules, ataca o herói dele!
A criatura de Weevil planou pelo campo e, com as suas poderosas pinças, desintegrou por completo o monstro de Jason.
- De seguida, coloco uma carta virada para baixo e é só.
- Meu turno – anunciou Jason. – Eu jogo Elemental Hero Bubbleman (800/1200) em modo de ataque.
Um monstro azulado, equipado com um canhão de bolhas e uma capa branca surgiu em campo.
- E agora posso activar a habilidade especial dele. Se quando ele for evocado não houver mais nenhuma carta em campo eu posso sacar mais duas cartas do meu baralho. De seguida, deixo duas cartas viradas para baixo e termino.
- Muito bem, seu amador, vamos ver o que tens aí guardado – bradou Weevil. – Eu evoco Flying Kamakiri #1 (1400/900) em modo de ataque. Agora Kwagar Hercules, destrói o monstro ridículo do Jason!
Mais uma vez, o insecto de Weevil planou pelo campo em direcção a Bubbleman.
- Espera só um momento, porque eu activo a minha Hero Barrier – anunciou Jason. – Enquanto estiver um Herói Elementar em campo, esta carta armadilha nega o teu ataque.
- Mas ainda tenho o meu outro monstro. Flying Kamakiri #1, ataca!
Desta vez, Jason nada pôde fazer, senão assistir à destruição do seu segundo monstro.

Jason – 3400

- Muito bem, meu caro – gritou Jason, – está na hora de activar a minha segunda carta armadilha: Hero Signal. Sempre que um dos meus monstros é destruído eu posso ir ao baralho e evocar um Elemental Hero para o campo. E eu escolho Elemental Hero Burstinatrix (1200/800) em modo de ataque.
Uma mulher vestida de vermelho vivo, irradiando fogo, surgiu em campo.
- Estes monstros são excepcionais – disse Yugi ao Faraó. – Mas parece que não são lá muito fortes. O Bubbleman apenas tinha aquele efeito que permitiu ao Jason sacar mais duas cartas. De resto, parece que ele não tem um baralho muito poderoso.
- Eu não diria isso – disse o Faraó, sorrindo. – O verdadeiro poder de um monstro não reside nos seus pontos de ataque. Mesmo usando um baralho com monstros fracos podes ter mais hipóteses de vencer um duelo do que se usares monstros muito poderosos. Só tens é de os saber usar.
- Mas será que o Jason sabe usar os seus?
O Faraó mantinha a sua calma e continuava a mirar o duelo.
- Confia nele. Tenho a certeza que ele sabe o que faz.
- Meu turno! – anunciou Jason, sacando. – Eu evoco Elemental Hero Wildheart (1500/1600) em modo de ataque.
Em campo surgiu um guerreiro musculado, de cabelo comprido e armado com uma espada atrás das costas.
- Agora ataca o Flying Kamakiri!
O guerreiro sacou da sua espada e ceifou em dois o holograma do insecto de Weevil.

Weevil – 3900

- Isso quase nem me fez cócegas – provocou Weevil. – Assim, nunca me conseguirás derrotar. Os teus heróis são uma treta.
- Mesmo assim, evoco a carta mágica Burst Return. Quando esta carta é activada, todos os meus monstros, menos a Burstinatrix, voltam para a minha mão.
Wildheart desapareceu e a carta voltou para a mão de Jason.
- De seguida, jogo a carta mágica Burst Impact. Agora todos os monstros menos a Burstinatrix são destruídos.
- Oh não! – praguejou Weevil, vendo a criatura de Jason inflamar numa poderosa chama que destruiu os seus insectos numa bola de fogo gigantesca.
- É tudo por ora.
- Vais pagar por isso – bradou Weevil, sacando. Um sorriso surgiu-lhe. – Eu jogo Petit Moth (300/200) em modo de defesa.
Jason arqueou as sobrancelhas, estranhando tal jogada. Uma pequenina larva havia surgido em campo, não representando qualquer ameaça.
- Mas não é tudo. Quando Petit Moth está no campo eu posso substitui-la pela Cocoon of Evolution (0/2000) em modo de defesa. Agora, quando se passarem quatro turnos, o meu casulo vai eclodir e mostrar a criatura insecto mais poderosa que existe.
A larva foi envolvida num casulo gigantesco.
- De seguida, coloco uma carta virada para baixo e activo a carta mágica Insect Barrier, que faz com que monstros do tipo insecto não me possam atacar. Encerro a minha vez.
- O Jason tem de ter cuidado – disse Yugi. – O que o Weevil está a tentar fazer é perigoso. Se aquele casulo eclodir, o Jason pode não ter hipótese de o derrotar.
- Vamos ter esperança, Yugi – tranquilizou o Faraó.
- Minha vez – anunciou Jason. – Eu jogo Pot of Greed. Isso permite-me sacar mais duas cartas. Agora diz olá ao meu Elemental Hero Sparkman (1600/1400) em modo de ataque.
Um guerreiro alto, irradiando electricidade, surgiu em campo.
- Ainda não chega para derrotar a minha Cocoon.
- Pois não. É por isso que o equipo com a carta mágica Spark Blaster. Agora posso mudar a posição de um monstro em campo. E eu estou a pensar em mudar a do teu Cocoon.
- O quê?
Sparkman apontou a sua nova arma à criatura de Weevil e disparou um raio eléctrico. Assim que atingiu o alvo, a Cocoon of Evolution mudou para modo de ataque.
- Genial! – exclamou Yugi. – Como a Cocoon não tem pontos de ataque o Weevil vai sofrer uma grande perda.
- Agora, Sparkman, ataca a Cocoon! – ordenou Jason.
- Não tão rápido – bradou Weevil. – A minha carta mágica Insect Barrier está activada, o que me torna imune a ataques de insectos.
- Mas o meu monstro não é nenhum insecto.
- É por isso que activo a minha carta virada para baixo: DNA Surgery. Ela muda todos os monstros no campo para tipo insecto. Isso vai arruinar o teu ataque.
Jason cerrou os dentes. O duelo não iria ser fácil.
- Eu coloco uma virada para baixo.
- Muito bem. Eu coloco uma carta virada para baixo. E activo a carta Confiscation. Agora, pelo preço de 1000 pontos de vida posso olhar para a tua mão e escolher uma carta para mandar para o cemitério.

Weevil – 2900

Jason mostrou a única carta que tinha na mão e enviou-a para o cemitério.
- Agora não tens nada. Termino aqui o meu turno. E não te esqueças que só faltam três turnos para a minha Cocoon eclodir.
Jason sacou.
- Termino a minha jogada. Não há nada que eu possa fazer neste turno.
- Muito bem, eu saco. E jogo Killer Needle (1200/1000) em modo de ataque.
Uma abelha gigante surgiu em campo, brandindo o seu enorme ferrão.
- Termino a minha jogada lembrando que em dois turnos o meu casulo vai eclodir.
- Isso não vai acontecer. Passo a minha vez sem jogar nada.
- O Jason está com dificuldades – disse Yugi, preocupado. – Aquelas duas cartas em campo estão a dar-lhe alguns problemas. Ele tem de pensar numa solução.
- De certeza que lhe virá algo à mente – garantiu o Faraó.
- Agora sou eu – anunciou Weevil, sacando. – Sabes, muito provavelmente teríamos de esperar pelo meu próximo turno para vermos a eclosão do meu casulo. No entanto, já começo a ficar farto de ti e quero acabar com isto o mais depressa possível. Por isso eu activo a minha carta virada para baixo: Pyro Clock of Destiny. Quando esta armadilha é activada eu tenho direito a avançar um turno no tempo.
- Isso quer dizer…
- Quer dizer que o meu casulo vai eclodir!
Como Weevil dissera, o casulo começou a romper-se e um enorme insecto esverdeado, de grandes asas, parecido com uma traça, tomou o seu lugar no campo.
- Apresento-te a minha Great Moth (2600/2500).
- Isto não me parece bem.
- Primeiro vou livrar-me da tua Burstinatrix com a minha Killer Needle. Vai causar um empate, mas isso não vai importar.
A abelha gigante desceu sobre a Burstinatrix e injectou-lhe o seu ferrão. Contudo, ela ainda pôde contra-atacar com uma esfera flamejante. Ambos os monstros desapareceram.
- Agora, minha Great Moth, destrói o seu Sparkman!
A traça gigante lançou os seus esporos venenosos que acabaram com a criatura de Jason num instante.

Jason – 2400

- E agora, o que me dizes do espantoso poder da minha criatura?
- Eu saco. Eu jogo Monster Reencarnation. Descartando uma carta da minha mão, posso trazer de volta uma criatura do meu cemitério e colocá-la na minha mão. E eu coloco Elemental Hero Wildheart em modo de ataque.
- Em modo de ataque? Não percebi esta.
- Estás tão desesperado que nem sabes o que fazes – disse Weevil, sorrindo. – Great Moth, destrói o seu inútil monstro.

Jason – 1300

- Não és tão valente agora.
- Eu saco – anunciou Jason. – Eu jogo a carta mágica The Warrior Returning Alive para trazer de volta o meu Elemental Hero Avian e assim o poder colocar em campo em modo de ataque.
- Estás a alucinar? – indagou Weevil, gargalhando. – Esse monstro é demasiado fraco para enfrentar a minha Great Moth. É melhor começares a preparar as tuas Pintas porque elas serão minhas muito em breve.
- Detesto dizer isto, mas o Weevil tem razão – disse Yugi. – Não faz sentido ele ter evocado o Avian em modo de ataque. O monstro dele vai ser esmagado.
- Não creio. – O Faraó sorria.
- Agora activo a minha carta virada para baixo: Call of the Haunted. Com isso posso trazer de volta a minha Burstinatrix em modo de ataque.
Ambos os monstros estavam agora lado a lado. Nem Weevil nem Yugi compreendiam aquela jogada. Mas tudo indicava que Jason ainda não tinha acabado.
- Sabes, Weevil, o mais engraçado de se possuir um baralho com Heróis Elementares é que podes combiná-los de muitas formas.
- Do que estás a falar?
- Eu activo Polymerization – bradou Jason. – E vou fundir o meu Avian com a minha Burstinatrix e assim poder criar o meu monstro favorito: Elemental Hero Flame Wingman (2100/1200) em modo de ataque.
Ambas as criaturas de Jason haviam-se unido e agora surgia em campo um monstro mais alto e musculado, com uma comprida cauda e o seu braço direito tinha a forma de um dragão.
- Um novo Herói Elementar – disse Yugi, impressionado. – O deck do Jason está recheado de surpresas. Mesmo assim o monstro dele ainda não é mais forte que a Great Moth do Weevil.
- Tem paciência, Yugi. O turno dele ainda não acabou.
- O teu monstro é impressionante, devo admitir – disse Weevil, sem parar de sorrir. – Mas o meu continua a ser o mais forte em campo.
Mas Jason também sorria.
- É por isso que estou a pensar fazer uma alteração ao campo. Eu activo a carta mágica de campo Skyscraper.
Assim que Jason activou a sua carta mágica, uma numerosa quantidade de arranha-céus surgiu em campo, mudando parcialmente o cenário em volta. Ambos os duelistas já não viam o mar, embora o ouvissem e conseguissem captar o cheiro a sal que dele emanava. Mas parecia que ambos se encontravam no interior de uma grande metrópole.
- Mas o que é isto? – perguntou Weevil, visivelmente assustado com o que acabara de acontecer. – Nunca vi essa carta antes.
- É natural. É uma carta nova e muito poderosa. Sabes, este campo é perfeito para qualquer Herói Elementar. Mas primeiro, vou activar a minha Mystical Space Typhoon, que vai destruir a tua Insect Barrier. – Virou-se para o seu monstro: - Agora, meu Elemental Hero Flame Wingman, destrói a Great Moth do Weevil.
A criatura de Jason levantou voo e planou por entre os edifícios da recém criada cidade holográfica.
- Estás louco? O meu monstro é mais forte.
- Ele não tem hipóteses.
- Quando Skyscraper está em campo – explicou Jason, - todo o monstro com o nome Elemental Hero que enfrente uma criatura mais forte recebe um reforço de 1000 pontos de ataque.

Elemental Hero Flame Wingman – 3100 ATK

- O quê? – bradou Weevil. – Não pode ser!
A criatura de Jason planou por cima da Great Moth e descendo como um cometa em chamas, abateu-se sobre o insecto gigante, destruindo-o no meio de uma grande labareda infernal.

Weevil – 2400

- Podes ter destruído a minha Great Moth – praguejou Weevil, enraivecido, – mas eu ainda estou na corrida.
- Na verdade – disse Jason a rir, – o duelo acaba aqui. É que o meu monstro tem uma habilidade especial. Quando destrói uma criatura oponente, os pontos de ataque dessa criatura são subtraídos dos pontos de vida do meu adversário. E no teu caso, faz com que a tua pontuação seja reduzida a zero.
- Não pode ser!

Weevil – 0

- Ele… venceu…
- Agora passa para cá as Pintas – disse Jason, estendendo a mão.
Weevil rangia os dentes de raiva, enquanto desencaixava as suas Pintas da Manopla e as entregava a Jason, que sorria, contente com mais uma vitória. Com aquela derrota, Weevil estava fora do campeonato.
- Parabéns, Jason – felicitou Yugi. – Já tens seis Pintas. Ganhas mais uma e estarás qualificado para as finais.
- Obrigado. Mas nada me garante que vou conseguir. Este tipo é muito bom; não admira que tivesse sido outrora um campeão. Mas o vencedor de hoje fui eu e quiçá consiga chegar às finais. – Jason voltou-se para Weevil, que se mostrava visivelmente irritado por ter perdido. – Não precisas de ficar chateado por teres perdido. Nem sempre podemos ganhar. Mais sorte da próxima vez.
Deixando um Weevil enraivecido para trás, Yugi e Jason retomaram o caminho, rumo a uma esplanada, como havia ficado combinado antes daquela peripécia.
- Este Jason é fenomenal – segredou Yugi ao Faraó. – E o seu deck é estupendo. Aqueles Heróis Elementares… Ao princípio, pensei que ele iria perder o duelo, mas ele tinha tudo sob controlo.
- O que é que eu te tinha dito? – indagou o Faraó, rindo. – O verdadeiro poder de uma carta não está nos seus pontos de ataque, mas sim na habilidade de quem a joga. Se souberes o que fazer, sais-te bem em qualquer duelo que traves.
- Tens razão, Faraó. – Yugi sorria. – Como sempre…

Nota do autor: Eu sei que não usei o efeito do Flying Kamakiri, mas na altura nem me lembrei. E claro que podia ter invocado a Perfectly Ultimate Great Moth, ao invés da Great Moth, mas para ser sincero na altura não sabia da existência dessa criatura. Bem, eu sei que o duelo podia ter sido um pouco melhor, mas comentem de vossa justiça.
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MensagemAssunto: Re: Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus   Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus Icon_minitime28/11/2011, 5:00 pm

Soh uma correção Amigo.
pyro Clock n avança Petit Moth.
Na verdade,nem sei pra q ela serve realmente.Eu sei pq teve um desafio Petit nesse mesmo forum,e eu fiquei sabendo disso.Vlw,otimo duelo.^^
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darkblade2814

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MensagemAssunto: Re: Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus   Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus Icon_minitime29/11/2011, 11:48 am

ele assim com o jaden vai ter a yubel?
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Guardian Angel

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MensagemAssunto: Re: Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus   Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus Icon_minitime29/11/2011, 7:39 pm

cyberplayer escreveu:
Soh uma correção Amigo.
pyro Clock n avança Petit Moth.
Na verdade,nem sei pra q ela serve realmente.Eu sei pq teve um desafio Petit nesse mesmo forum,e eu fiquei sabendo disso.Vlw,otimo duelo.^^

A sério? Olha, isso não sabia, e ninguém me disse nada disso quando apresentei este capítulo no outro fórum. Sendo assim, não vejo grande utilidade para esta carta.

darkblade2814 escreveu:
ele assim com o jaden vai ter a yubel?

Não, a Yubel não vai ter presença nesta história.

Enfim. Aqui temos então o nono capítulo.


Capítulo IX – Enfrentando o Tempo! O Imbatível Sage of Time!

- Ainda bem – disse Joey, olhando para o painel electrónico que tinha á sua frente. – Ainda estão todos na corrida. Parece que o Yugi já ganhou o seu primeiro duelo. Será que foi contra algum Mestre da Escuridão?
- É bem possível que sim, Sr. Weeler – respondeu Odion. – Eles andam por aí, à espera para nos cair em cima.
- Vamos rezar para que consigamos sobreviver às investidas deles. São doze ao todo e podem estar em qualquer lado. Já para não falar que eles são mortíferos…
Lembrava-se do duelo contra Striker. O ninja, por pouco, não o derrotara, usando poderosos combos e habilidades. Só com muita sorte Joey o conseguira vencer. Será que se iria safar contra os restantes que viessem atrás de si?
- Para onde vamos agora? – indagou, olhando para o relógio. Eram dez e cinquenta da manhã. – Temos de continuar a procurar por duelistas para desafiarmos. Eu já tenho duas Pintas e tu ainda conservas a única que tens. Se continuares assim eu ganho a aposta.
Odion já se havia esquecido da aposta. Com tudo o que acontecera, isso era o menor dos seus problemas. O ataque do Mestre Ninja atormentara-o. As habilidades dos Mestres da Escuridão deveriam ser bem mortíferas. Era muito pouco provável que eles conseguissem escapar de todos.
Naquela parte da floresta não havia muitos duelistas e os que havia estavam ocupados a duelar uns com os outros. Joey caminhava pelo trilho, tentando encontrar alguém perdido para desafiar, mas parecia que não tinha sorte nenhuma. Odion, pelo contrário, apenas seguia o seu companheiro, não se importando com o que lhe aparecesse à frente.
- Vamos lá, Mestres da Escuridão – murmurou Joey para ninguém. – Do que estão à espera para atacar?

***

- Vamos lá ver se eu percebo – começou Tristan. – Assaltaram o quarto do Yugi e roubaram os Itens do Milénio que tinha com ele?
- Exacto – respondeu Ishizu, aflita. – Não há nada. Roubaram o Rod, o Necklace e o Ring. Aposto que foram os membros do Culto.
- Mas como eles sabiam onde os itens estavam? – indagou Tea.
- Não sei. Talvez alguém nos tenha ouvido na esplanada, enquanto falávamos.
- Devíamos chamar a polícia e apresentar queixa – propôs Salomon. – O problema será explicar o que nos roubaram.
- A gerência do hotel já está a tratar disso – disse Ishizu. – Mas não podemos revelar a ninguém o que foi roubado. Diremos apenas que foi arrombamento…
Estavam os quatro na recepção do hotel, todos completamente abalados com o que acontecera. Aquele assalto ao quarto do Yugi e o roubo das relíquias não calhara nada bem. O Culto da Morte levava agora uma larga vantagem sobre eles. Sem o Millenium Ring nunca poderiam encontrar o Millenium Eye. E sem essa relíquia, estariam em desvantagem na luta contra a vinda do Deus do Mal.
- O que vamos fazer agora? – perguntou Tea.
Ishizu sentou-se num dos poucos bancos existentes por ali e enterrou a cabeça nas mãos.
- Agora só nos resta rezar para que os outros consigam vencer os Mestres da Escuridão. Seria um duro golpe para o Culto, perder os seus mais valorosos duelistas.

***

Joey não podia acreditar no que via. A ilha estava dividida em seis zonas e ele tinha mesmo de vir calhar na mesma zona daquele tipo irritante.
- Andava á tua procura, Weeler – rosnou Chrono Oyamada, sorrindo.
- É preciso ter azar para encontrar um tipo como tu logo pela manhãzinha – retorquiu Joey, zangado.
- Quem é esse, Sr. Weeler? – indagou Odion.
- É só uma amostra de duelista que julga que pode comigo só porque ganhou uns quantos campeonatos.
Chrono sorria de satisfação.
- E então? Vamos ao tão esperado duelo? – propôs. – Desde ontem que tenho uma grande vontade de te fazer morder o pó.
Joey avançou destemidamente, activando o seu Duel Disk e inserindo o baralho na abertura. Já começava a ficar farto daquele caixa de óculos que tinha a mania que era o melhor.
- Vamos a isso. Mas primeiro vamos às apostas. Eu aposto as minhas duas Pintas neste duelo.
- Isso até nem seria mau, não fosse eu ter ainda a Pinta inicial – disse Chrono, exibindo a sua Manopla, contendo uma moeda dourada. – Por isso vou ter de apostar a que tenho. E tu não terás outra escolha senão aceitar essas condições.
- Tu ainda só tens uma Pinta? – indagou Joey. – Estás à espera do quê para ganhar mais?
- Estava à espera de encontrar o Todo-Poderoso Joey Weeler. Assim que cheguei a esta Zona, fui logo a correr para um painel e fiquei contente ao ver o teu nome. Agora posso mostrar-te do que sou feito. Infelizmente a derrota que sofrerás comigo não te vai tirar desta campeonato, mas vai-te pôr numa situação muito complicada.
- Vamos parar com este falatório e duelar – bradou Joey, impaciente.
- Como queiras, Weeler. Apostaremos uma Pinta neste duelo.
- Duelo! – anunciaram em coro.

Joey Weeler – 4000
Chrono Oyamada – 4000


- Eu começo, se não te importas – disse Chrono, sacando. – Eu começo por colocar uma carta virada para baixo e evoco o meu Necrolancer, the Timelord (800/900) em modo de defesa. É tudo por agora.
Em campo surgira uma criaturinha esverdeada e magra, rodeada por uma espécie de anel dourado.
- Só isso? – perguntou Joey, sacando. – Não é nada de especial. Eu jogo o meu Baby Dragon (1200/700) em modo de ataque.
Um pequenino dragão alaranjado surgiu em campo.
- Ataca o Necrolancer!
O dragão lançou uma baforada de fogo que destruiu a criatura de Chrono.
- Termino o meu turno.
- Muito bem. Eu activo a minha carta virada para baixo: Call of the Haunted, que traz de volta o meu Necrolancer e o coloca em modo de ataque. Mas ele não vai ficar aqui por muito tempo, porque vou sacrificá-lo para evocar o meu Time Magician (1700/1000) em modo de ataque.
Em campo surgiu uma criatura de forma humana, envolta numa capa avermelhada e um ceptro com um formato de um relógio na sua extremidade.
- Agora, Time Magician, ataca aquele dragão estúpido!
A criatura de Chrono brandiu o ceptro e lançou um poderoso raio que fulminou o dragão de Joey.

Joey – 3500

- Termino a minha jogada.
Joey levou a mão ao topo do baralho e sacou.
- Agora eu vou jogar o meu Swordsman of Landstar (500/1200) em modo de ataque. Mas ele ainda não é forte o suficiente para destruir o teu monstrinho. É por isso que vou jogar a carta mágica Graceful Dice para lhe aumentar os pontos de ataque.
Uma pequenina criatura segurando um enorme dado surgiu acima do campo e largou-o automaticamente. O dado rolou entre os dois monstros até parar, mostrando apenas uma pinta.
- O quê? – Joey não podia acreditar no que via. – Como isto me pôde acontecer?
Chrono ria às gargalhadas.
- É o que acontece quando se confia na sorte – zombou ele, sem parar de rir.
Joey cerrava os dentes de raiva. Ainda podia vencer. O seu adversário não perderia pela demora…
- Bem, então… – Olhou para a sua mão e apenas viu lá uma carta que o poderia ajudar. – Eu jogo esta carta virada para baixo e termino.
- Muito bem. – Chrono sacou. – Agora, Time Magician, ataca e destrói aquela ridícula criatura do Weeler!
Mais uma vez o monstro de Chrono apontou o seu ceptro ao pequeno espadachim de Joey.
- Espera só um momento, Maníaco dos Relógios, eu tenho uma armadilha: Compensation Mediation. Agora tu pegas duas cartas do teu cemitério e baralhas junto com esta carta. Depois colocas as três viradas para baixo e eu terei de adivinhar qual delas é a minha. Se acertar, o teu ataque será negado.
- Parece que estás a confiar mais uma vez na sorte para vencer este duelo – disse Chrono, enquanto caminhava até Joey, já com as duas cartas na mão. – Como podes ver, eu não tinha muita escolha. Só tinha o meu Necrolancer e o Call of the Haunted no meu cemitério.
Pegou na carta que Joey lhe estendeu e regressou ao seu lado do campo, baralhando as três. Quando se voltou para o seu adversário, o Time Magician desapareceu do campo e três cartas viradas para baixo surgiram.
- É a tua vez, Weeler. Escolhe.
Joey mirou as três cartas viradas para baixo. Sabia que só tinha um terço de hipóteses de conseguir adivinhar qual era a carta certa, mas tinha fé em que conseguiria acertar. Pelo menos, era o que acreditava…
- Eu vou escolher… a carta do meio – anunciou, apontando para a carta correspondente.
“Se essa não for a carta certa o Weeler está tramado” pensou Odion.
Chrono pressionou um botão no seu Duel Disk e a carta do meio foi sendo lentamente revelada. Quando a carta foi mostrada aos olhos de todos, um novo sorriso aberto cresceu no rosto de Chrono.
A carta era a Call of the Haunted.
- Não pode ser! – bradou Joey, alarmado. – O que se passa aqui?
Chrono não parava de rir ao lançar de volta a carta de Joey de volta para o seu dono.
- Parece que não estás nos teus dias. Sabes o que isso quer dizer? O meu ataque continua.
O Time Magician ressurgiu no campo, retomando o ataque contra o Swordsman of Landstar, destruindo-o com o mesmo raio com que eliminara o Baby Dragon.

Joey – 2300

- E tu que foste duas vezes finalista… Encerro o meu turno com uma carta virada para baixo. Ah, e caso não saibas, as duas cartas que trouxe do cemitério graças ao efeito da tua armadilha voltam para o topo do meu baralho.
- Isto não passou de um aquecimento – justificou Joey, sacando. – Eu evoco Goblin Attack Force (2300/0) em modo de ataque.
Em campo surgiu um pequeno grupo de goblins esverdeados, envergando armaduras e armados com mocas.
- De seguida, activo uma carta mágica, conhecida por Premature Burial. Pagando 800 pontos de vida, posso trazer de volta o meu Baby Dragon.

Joey – 1500

- Agora, meus goblins, ataquem o monstro do Chrono!
O grupo de goblins foi a correr em direcção à criatura de Chrono.
- Espera só um momento, Weeler. Eu tenho uma armadilha: Pause Button. Descartando uma carta da minha mão para o cemitério posso negar o teu ataque e cancelar a tua Fase de Batalha.
- Ok… – Joey não estava a conseguir nada. Aquele Chrono era muito bom. – Os meus goblins passam para modo de defesa depois de atacarem, mesmo que tenham sido bloqueados. Coloco uma carta virada para baixo.
- Bem, parece que acabei de sacar uma carta já conhecida. Ainda bem que tinha este Pot of Greed na minha mão, para o caso de ser necessário. Agora saco mais duas cartas. De seguida, jogo a carta mágica Time Summon. O efeito é simples: eu procuro no meu baralho uma criatura com a palavra “Time” no nome e que possua 1000 pontos ou menos de ataque e posso evocá-la especialmente no campo. Deves estar familiarizado com a criatura que eu escolhi, pois eu evoco o meu Time Wizard (500/400).
Em campo apareceu uma criatura em forma de relógio, com pequeninos braços e um pequeno ceptro parecido com o do Time Magician.
- Em seguida vou jogar Polymerization. E vou fundir o Time Wizard com a Time Sorceress que está na minha mão para criar o imbatível Sage of Time (2400/1000) em modo de ataque.
Surgiu em jogo uma criatura mais alta que o Time Magician, com uma capa cheia de desenhos de relógios e brandindo um poderoso ceptro.
- Algo me diz que isto não vai correr nada bem – murmurou Joey, preocupado.
- Agora vou activar a habilidade especial do Sage of Time – anunciou Chrono. – Por cada carta que eu descartar da minha mão para o cemitério posso recuar um turno no tempo.
- Eh, tu podes fazer isso? – indagou Joey, indignado.
- Pois posso. E vou fazê-lo. O problema é que o campo ficará mudado. Ou seja, as cartas que estavam em jogo no turno em que decidi recuar aparecem.
- Mas o teu Sage of Time só apareceu em campo neste turno. Ele não vai desaparecer?
- Claro que não, porque ele controla o tempo. Já o meu Time Magician não estará mais aqui. Mas isso não vai importar. Agora eu envio três cartas da minha mão para o cemitério para recuar três turnos no tempo.
Todo o campo foi modificado. Tanto o Time Magician como os goblins de Joey desapareceram do campo, de volta ao baralho. No fim, apenas restava o Baby Dragon e a carta virada para baixo de Chrono, a Call of the Haunted. A única diferença é que agora o Sage of Time figurava no campo de Chrono.
- Como podes ver, voltámos ao turno em que eu ressuscitei o meu Necrolancer. No entanto, não vou precisar de o fazer. O duelo vai acabar aqui.
- Isso é o que tu julgas – bradou Joey. – O teu monstro pode ser mais forte que o meu, mas não tem pontos suficientes para varrer com os meus pontos de vida…
- De facto – disse Chrono, – o meu monstro tem outra habilidade especial. Por cada turno que recuámos no tempo, o meu Sage of Time recebe um reforço de 300 pontos de ataque.
- O que?

Sage of Time – 3300 ATK

- Agora, meu Sage of Time, ataca o Baby Dragon e acaba com este duelo!
A criatura apontou o ceptro ao pobre dragão de Joey e lançou um poderoso raio azulado que o desintegrou num instante.

Joey – 0

“Não pode ser.” Odion mal podia acreditar no que os seus olhos viam. “O Weeler perdeu?”
Chrono gargalhava como um louco, à medida que os hologramas iam desaparecendo. Joey estava em estado de choque. Por mais que odiasse admiti-lo, teria de reconhecer que o seu adversário era um excelente duelista. Não perdera um único ponto de vida e Joey não parava de ter azar nas suas jogadas.
- A minha Pinta, se faz favor – pediu Chrono, estendendo a mão.
Sem dizer uma palavra, Joey desencaixou a moeda dourada da Manopla e entregou-a relutantemente a Chrono, que recebeu com um grande sorriso. Depois, voltou costas e começou a caminhar pela clareira onde se haviam encontrado, distanciando-se de Joey e Odion.
- Aconselho-te a teres mais cuidado com as pessoas que conheces, Weeler – disse. – Nunca se sabe onde podes encontrar uma que seja superior a ti. Vemo-nos por aí, se conseguires sobreviver a este torneio.
- Sr. Weeler, está tudo bem? – perguntou Odion, aproximando-se, depois de Chrono desaparecer por entre as árvores.
- Eu… perdi – murmurou Joey, ainda sem acreditar. – Nem lhe consegui arrancar um ponto de vida.
- O que interessa é que ainda está no torneio – disse Odion, tentando animar o seu companheiro. – Vai ver que vai conseguir recuperar.
- Será que sim? – Joey olhava para um ponto imaginário, em estado de choque. – Eu quase perdi contra o Striker. Fui varrido sem piedade pelo Chrono. Não creio que consiga sobreviver neste torneio. Talvez não sou tão forte como penso.
- Claro que é forte, Sr. Weeler – insistiu Odion. – Foi um finalista de Duelist Kingdom e Battle City, chegou a derrotar-me e, pelo que me contaram, quase venceu o meu mestre Marik. Uma pessoa assim não pode ser fraca.
- Mas sou… Talvez não esteja talhado para ser um duelista. Talvez devesse desistir…
- Nunca! Não pense sequer nisso! Não agora, que os Mestres da Escuridão andam por aí para nos capturar as almas. Precisamos de si, Sr. Weeler. Não nos abandone agora.
Mas Joey estava demasiado abatido. Por mais que Odion falasse, parecia que a decisão do jovem em desistir era mais forte.
- Lamento, Odion, mas não sei se vou conseguir aguentar mais a pressão. Só me resta uma Pinta. Se a perder estou fora do torneio.
- Mas não deve desistir. Por favor, ao menos tente…
Joey começou a caminhar pela vereda, cabisbaixo. Não seria fácil voltar a duelar, quando, por duas vezes, quase perdera tudo. Se todos os Mestres da Escuridão fossem como Striker, as suas hipóteses de conservar a alma até ao fim do torneio seriam fracas.
“Desculpa, Yugi” pensou Joey, tentando esconder as lágrimas de Odion. “Não posso mais duelar quando não te poderei acompanhar nesta batalha. Não sou digno de participar neste torneio, muito menos de ser conhecido como um duelista.
“A partir de agora… nunca mais vou duelar…”
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MensagemAssunto: Re: Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus   Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus Icon_minitime30/11/2011, 4:59 pm

Aqui está o décimo capítulo.


Capítulo X – O Palhaço das Trevas

Bakura sorria diabolicamente, enquanto olhava o seu adversário que, visivelmente amedrontado, olhava tudo em seu redor, perguntando-se como fora ali parar. Num momento estava a desafiar Bakura para um duelo e noutro encontrava-se num mundo de escuridão, duelando para se salvar. Contudo, aquele ambiente estranho e assustador desconcentrava-o e impedia-o de jogar como devia ser.
- Vamos, estou à espera da tua jogada – incitou Bakura.
- Ora… eu vou… – O duelista olhava para a sua mão, tentando arranjar uma estratégia que o tirasse daquela situação. – Eu jogo M-Warrior #1 (1000/500) em modo de defesa. Acho que… é só…
- Tive de esperar tanto tempo para jogares um monstro inútil? – perguntou Bakura, sacando. – Eu sacrifico o meu Headless Knight para poder evocar The Earl of Demise (2000/700) em modo de ataque.
No lugar do cavaleiro sem cabeça de Bakura surgiu uma criatura pequena e um pouco curvada, com uma pele esverdeada e segurando uma espada.
- Mas ele não vai ficar aqui por muito tempo, porque vou jogar a carta mágica Ectoplasm. Quando esta carta está em campo, eu posso sacrificar um monstro meu e atacar directamente o meu adversário com metade dos pontos de ataque do monstro que eu sacrificar.
- O quê? – bradou o duelista, desesperado, enquanto via o monstro de Bakura transformar-se numa espécie de nuvem branca que avançou para si e o atravessou como um fantasma.

Duelista – 0

- Como previa, tu não és um desafio – disse Bakura, avançando para o seu assustado adversário. – Agora passa para cá a tua Pinta antes que me enfureça.
- To-toma… – gaguejou o duelista, entregando a sua única moeda dourada. - Por favor, não me faça mal…
- Pára com essa choradeira! – bradou Bakura. – Tu nem és digno de ser prisioneiro do Shadow Realm. A tua sorte é que estou de bom humor. Por isso, vou-te deixar ir.
Aos poucos, as trevas em redor dos dois duelistas foram-se desvanecendo lentamente. Não tardou para que fossem iluminados pela luz do meio da manhã, nos arredores da Village of Rocks.
O duelista, assim que se viu novamente ao ar livre, não hesitou em fugir de Bakura a sete pés, o que provocou uma enorme gargalhada diabólica nele. Olhando para a sua Manopla, Bakura viu quatro Pintas que brilhavam à luz do sol. Sorriu ao pensar naqueles duelistas fracos que desafiou ao longo daquela manhã. Intimidara-os com o Shadow Realm e vencera-os muito facilmente. O seu principal objectivo era chegar o mais rapidamente possível às finais para poder enfrentar Yugi e reivindicar a relíquia dele para si. E estava no bom caminho.
Não estava muito longe da aldeia. Desde que chegara àquela Zona que Bakura ainda não entrara lá. Village of Rocks era uma aldeia escondida no meio de um vale rochoso, longe de qualquer vestígio de civilização. O autocarro que levara os duelistas àquela Zona tivera grandes dificuldades na deslocação. A maior parte dos duelistas se dirigira à aldeia, enquanto a outra parte ficara nos arredores, desafiando-se uns aos outros. Ao todo Bakura apanhara três duelistas e os intimidara com as trevas do Shadow Realm. Vencera aos três, mas poupara-os da eternidade naquele local. Não eram dignos de ficarem lá presos.
Village of Rocks era um aglomerado de casas e casebres, com uma pensão reservada para os duelistas do torneio. Apenas umas poucas ruas, formadas através da rua principal, que atravessava a aldeia de uma ponta a outra. Os aldeões eram poucos, cuja faixa etária se mostrava ser nitidamente superior a sessenta anos, embora ainda se vissem umas poucas crianças a correr por aqueles lados. Somente a presença dos muitos duelistas dava vida àquele local, que mais parecia uma cidade fantasma.
Dois duelos desenrolavam-se na rua principal. Enquanto caminhava por entre os duelistas, Bakura observava as estratégias que eram usadas, chegando a rir descaradamente ao notar nos monstros insignificantes que um dos duelistas tinha do seu lado do campo. Achava que o campeonato lhe estava a correr melhor que o previsto, mesmo sabendo que ali se encontravam os melhores duelistas do mundo. Mas parecia que os mais medíocres se haviam concentrado naquela Zona. Desde que lá chegara que não viu ninguém que lhe impressionasse.
Reparou numa taverna ali perto. Um homem de idade estava sentado numa cadeira de baloiço, debaixo do alpendre, com um chapéu de abas largas a tapar-lhe a face. Bakura pensou em lá passar mais tarde, para o caso de ser preciso. Eram nos lugares mais ermos e sombrios que se encontravam os maiores mistérios, e ele certamente saberia que iria encontrar um verdadeiro desafio. Mas por enquanto, passeava pela aldeia, procurando por uma nova vítima solitária.
- Aproximem-se, crianças, aproximem-se – bradava uma voz a uns metros dali. Bakura notou numa pequena concentração de crianças que se juntava a uma pequena banca. Por detrás desta, um homenzinho magro, vestido de palhaço, fazia vagas tentativas para animar as poucas crianças, sem grande sucesso.
- Olhem, um cãozinho – anunciou ele, mostrando uma tosca forma retorcida num balão, que se parecia com tudo menos com um cão. A criança que o recebeu, ficou a olhar para a estranha forma, não denotando qualquer interesse.
- E agora, para o meu próximo truque… – recomeçou o palhaço, não chegando a acabar a frase. As crianças começaram a dispersar, correndo para as suas casas. Bakura não pode deixar de rir perante aquele mísero espectáculo de palhaçadas. Não sabia como podia haver um palhaço a animar um local tão pobre e morto como a Village of Rocks, nem lhe interessava saber. Porém, ao virar as costas, uma voz soou acima das vozes dos duelistas; uma voz que acabara de ouvir:
- Você, meu caro duelista, aproxime-se. – Bakura voltou-se e mirou o palhaço a olhar para ele e a chama-lo com o indicador. – Venha assistir ao meu espectáculo.
Bakura nem respondeu. Achava aquela figura digna de desprezo. O homem parecia um pobre, que tentava ganhar a vida com palhaçadas. A cara pintada, dando especial ênfase aos olhos, roupas demasiado grandes para o seu tamanho, já para não falar nas cores fortes e garridas, e o chapéu muito semelhante ao de um bobo. O olhar triste do palhaço talvez merecesse compaixão de outra pessoa, mas Bakura não estava para aí virado. Tinha mais que fazer e não ia estar a perder tempo com quem não merecia.
- Eh, não volte as costas, por favor – implorou o palhaço, quando Bakura recomeçou a caminhar. – Não se vai arrepender, pode ter a certeza.
Mas Bakura continuava o seu caminho, não se detendo nem por um segundo.
- E se o desafiar para um duelo? – propôs o homem.
Bakura estacou. Um duelo? Olhou ligeiramente para trás, perguntando-se se aquela amostra de pessoa sabia duelar. Parecia-lhe mais um truque para o fazer assistir à exibição e ganhar uns trocos. No entanto, quando viu o palhaço equipar-se com um Duel Disk, voltou-se completamente. Ele era um duelista. Seria um participante no torneio? Não viu nenhuma Manopla, o que significava que aquela pessoa participava clandestinamente, certamente tentando apanhar algum duelista desprevenido e sacar-lhe a Manopla e as Pintas. Mas isso não faria sentido, uma vez que ainda faltava o convite. Sem isso, mesmo que se tivesse as sete Pintas não podia ter acesso às finais. Deveria aceitar o desafio? Fosse como fosse, aquele palhaço não parecia ser lá grande coisa, mas as aparências podiam iludir. Na verdade, aqueles olhos escuros escondiam uma frieza e uma malvadez que passavam despercebidos à maioria dos mortais.
- És algum duelista? – indagou Bakura, aproximando-se.
- Oh, mas é claro – respondeu o palhaço. – Sou um participante neste torneio, assim como tu.
- Então por que te vestes dessa maneira ridícula e passas o tempo com palhaçadas?
O palhaço riu-se com uma vozinha esganiçada.
- É o meu trabalho, meu caro duelista – respondeu, com um sorrisinho diabólico. – Ser palhaço era a minha vida, antes de…
Bakura esperou pela continuação da frase, mas não a obteve. O palhaço continuava a rir-se.
- Antes de… – insistiu Bakura.
- Antes de me tornar num dos Mestres da Escuridão – concluiu o palhaço, gargalhando como um louco.
Bakura ficou alerta. Aquele era um dos doze duelistas do Culto da Morte que Marik havia falado naquela manhã. Só não esperava ter de encontrar logo um deles disfarçado de palhaço. Ou seria aquele o seu verdadeiro aspecto?
- Tenho ordens para te derrotar num duelo e oferecer a tua alma ao grande Deus Seth.
- Isso se me venceres num duelo – disse Bakura, activando o seu Duel Disk. – Mas antes, diz-me uma coisa: por que andam atrás de mim?
- Julgavas que não sabíamos das tuas capacidades? – indagou o palhaço, inserindo o seu baralho no Duel Disk. – O nosso Venerável mestre sabe muito sobre ti. É por isso que a tua alma é importante para alimentar o Deus do Mal.
- Vamos ver o quão és bom – disse Bakura, sorrindo.
Naquele momento, um nevoeiro negro envolveu ambos os duelistas. O nevoeiro que os levava directamente para o Shadow Realm. As trevas intensificaram-se à medida que o nevoeiro foi caindo sobre ambos. Contudo, ao contrário dos outros duelistas que havia encontrado, Bakura não notou nervosismo no palhaço. Na verdade, parecia que o seu adversário estava a gostar do ambiente em redor.
- Estou a ver que a escuridão do Shadow Realm não te incomoda – observou Bakura.
- Claro que não – respondeu o palhaço. – Isso é porque eu não temo as trevas. Eu sou Blacklown, também conhecido pelo Palhaço das Trevas.
» E agora? Estás pronto para enfrentares o teu primeiro grande desafio?»
- Mal posso esperar.
- Duelo!

Bakura – 4000
Blacklown – 4000


- Como estamos no meu domínio, começo eu. – Bakura sacou. – Eu começo por jogar o meu Headless Knight (1450/1700) em modo de ataque. De seguida coloco uma carta virada para baixo. Vamos lá, palhaço. Mostra-me o que vales.
Blacklown não se mostrou meramente incomodado com a aparição do cavaleiro sem cabeça.
- No fim deste duelo vais desejar nunca ter participado neste torneio. – Sacou. – Eu vou evocar o meu Saggi the Dark Clown (600/1500) em modo de defesa.
- Estou com uma ligeira sensação de dejá vu – ironizou Bakura, lembrando-se do seu duelo contra Belzen.
- De seguida – continuou Blacklown, fazendo de conta que não ouvira, – activo uma carta mágica de campo conhecida por Dark Circus.
Em redor deles surgiu o interior de uma tenda de circo. Ambos os duelistas estavam no meio da arena, rodeados por bancadas circulares. O mais sinistro eram os espíritos que voavam em volta deles, sussurrando palavras que nenhum deles conseguia compreender.
- Este campo faz aumentar o poder de ataque de todos os monstros com a palavra “Clown” no nome em 500 pontos e torna-os imunes a cartas armadilhas. No entanto, para manter o meu circo em jogo terei de pagar 500 pontos de vida em cada Fase de Espera.
- Já concluíste a tua jogada? – perguntou Bakura, enfastiado.
- Ainda não. De seguida, activo a carta mágica Surprise Box. Tudo o que tenho a fazer é descartar uma carta da minha mão e sacar uma nova. Se for um monstro, poderei evocá-lo em jogo. Se for uma magia, posso activá-la. Se for uma armadilha, ganho 700 pontos de vida.
Blacklown enviou uma carta para o cemitério e sacou uma carta nova.
- Olha, é uma armadilha, a Call of the Haunted – disse ele, sorrindo.

Blacklown – 4700

- Agora coloco duas cartas viradas para baixo e termino.
- Finalmente. – Bakura sacou. – Evoco o meu Dark Lucius LV4 (1000/300) em modo de ataque.
Uma criatura demoníaca, parecendo envolta numa pele metálica, surgiu junto ao cavaleiro sem cabeça.
- Ainda não tens pontos de ataque suficientes para destruir o meu palhaço.
- Isso é porque ainda não activei a minha carta mágica de equipamento Black Demon Sword. Isso aumenta os pontos de ataque do meu Dark Lucius em 600 (1600).
» Agora, meu Dark Lucius, ataca o Saggi!»
A criatura saltou em direcção ao palhaço e destruiu-o com uma única e potente espadeirada.
- Agora, Headless Knight, ataca o meu adversário directamente!
O cavaleiro avançou, brandindo a sua espada.
- Só um momento, meu caro – interveio Blacklown. – Eu activo a minha armadilha Magic Illusion. Juntamente com a Call of the Haunted. Enquanto a segunda traz de volta o meu Saggi e o coloca em modo de ataque, a primeira faz com o teu monstro perca metade dos pontos de ataque.

Headless Knight – 725 ATK

- Mesmo assim vai destruir o teu monstro – disse Bakura, sorrindo. – Um erro de cálculo… Compreensível para quem não tem muita inteligência.
Mas Blacklown sorria diabolicamente. Bakura estranhou aquela reacção. Será que se esquecera dalgum pormenor?
- Esqueceste-te que a minha Dark Circus está em campo? Ela aumenta o poder de ataque do meu monstro em 500 pontos (1100).
Saggi formou uma esfera de energia negra entre as mãos e enviou-a ao cavaleiro, que se desintegrou.

Bakura – 3625

- Termino o meu turno – disse Bakura, cerrando os dentes.
- Muito bem, eu saco. Como sabes, para manter o meu Dark Circus em campo terei de pagar 500 pontos de vida.

Blacklown – 4200

- Mas isso não importa, porque vou activar uma carta mágica conhecida por Clown Trick. Agora posso evocar especialmente do meu baralho um monstro “Clown” de até quatro estrelas. E eu escolho Crass Clown (1350/1400), para evocar em modo de ataque. Mas não é tudo. De seguida jogo Pot of Greed. Isso faz-me sacar mais duas cartas. Agora jogo Polymerization. Fundindo o meu Crass Clown com o Dream Clown que está na minha mão, posso evocar em campo o meu Bickuribox (2300/2000) em modo de ataque.
Em jogo surgiu uma estranha criatura que aparecia subitamente de dentro de uma caixa. Parecia um pássaro, devido ao seu grande bico, mas a sua aparência era tudo menos adorável.
- Agora, meu Bickuribox, ataca o Dark Lucius!
A criatura saltou de dentro da caixa e dirigiu um potente punho contra o monstro de Bakura, que se defendeu com a espada. No entanto, somente a espada foi destruída.

Bakura – 2925

- O que aconteceu? – indagou Blacklown, indignado. – Por que é que o teu monstro não foi destruído.
- O meu Dark Lucius estava equipado com a Black Demon Sword, que impede que ele seja destruído em batalha, embora o dano possa ser calculado normalmente. No entanto, a espada é destruída. E quando é enviada para o cemitério, o monstro que a destruiu perde 200 pontos de ataque.

Bickuribox – 2100 ATK

- Tiveste sorte – amaldiçoou o palhaço. – Felizmente para ti, como usei o Clown Trick neste turno, nenhum monstro “Clown” poderá atacar nesta Fase de Batalha. Termino a minha jogada.
- Minha vez, então. Como no turno anterior o meu Dark Lucius destruiu um monstro, posso activar agora a habilidade especial dele. Enviando a sua forma de nível 4 para o cemitério posso evocar Dark Lucius LV6 (1700/600) em modo de ataque.
Uma versão maior e mais aterrorizante do Dark Lucius surgiu no lugar do anterior.
- Mesmo assim o teu monstro não passará pelo meu Bickuribox – retorquiu o palhaço.
- Posso continuar? – exigiu Bakura. – Agora activo a carta mágica The Shallow Grave. Ela traz de volta um dos meus monstros e o coloca em modo de defesa. E eu vou trazer o meu Headless Knight para o campo.
- Essa carta também têm efeito para mim – lembrou Blacklown. – Por isso aqui está o meu Saggi de volta.
- Esse teu monstrinho não vai ficar aí por muito tempo porque vou sacrificar o meu cavaleiro e evocar um dos mais poderosos monstros do meu baralho: Beast of Talwar (2400/2150) em modo de ataque.
Uma criatura gigantesca, musculada, com dois chifres e segurando dois enormes facalhões apareceu no campo.
- Como isto é possível? – indagou Blacklown, aterrorizado.
Bakura ria às gargalhadas como um louco.
- Grande Mestre da Escuridão me saíste – bradou ele, enquanto gargalhava. – Vais ver agora quem vai desejar nunca ter participado neste torneio. Beast of Talwar, ataca o Bickuribox!
Com uma potente espadeirada, a criatura de Bakura desintegrou o monstro do palhaço.

Blacklown – 3900

- Agora, Dark Lucius, ataca o Saggi!
Por sua vez, a outra criatura de Bakura destruiu o restante monstro no campo do oponente.
- Termino a minha jogada. Assim como este duelo deve estar a terminar. Sem cartas na mão, a tua situação não está muito favorável para o teu lado.
Blacklown levou a mão ao topo do baralho. Detestava ter de concordar com o seu adversário, mas a verdade é que não esperava fazer muito com a carta que iria sacar. Sendo um dos Mestres da Escuridão, deveria saber dar a volta ao duelo e vencer o seu oponente facilmente.
Sacou. E um sorriso foi-se rasgando pela face.
- Bem, parece que as coisas estão prestes a mudar – disse, olhando Bakura sinistramente. – Primeiro terei de pagar 500 pontos de vida para manter o Dark Circus em campo.

Blacklown – 3400

- Depois jogo esta carta virada para baixo. É tudo.
Bakura estranhou aquela reacção do seu adversário. A carta que Blacklown tinha virada para baixo dificultar-lhe-ia a vida se não tivesse cuidado. Mas não podia jogar pelo seguro. Tinha de atacar. Ou era isso que o palhaço quereria que ele fizesse?
- Eu saco…
- E eu activo a minha armadilha – bradou Blacklown. – Clown Festivity. Agora, posso evocar Clown Tokens no meu lado do campo, apenas pagando 300 pontos de vida por cada um. E acho que vou evocar quatro.

Blacklown – 2200

Naquele mesmo instante surgiram quatro pequeninos bonecos, representando palhaços.
- Claro que eles têm zero pontos de ataque e defesa, mas o que importa é que eles estão em modo de defesa. Podes continuar.
- Não vai fazer muita diferença. Agora posso activar a habilidade especial do meu Dark Lucius. Enviando a sua forma de nível 6 para o cemitério posso evocar o meu Dark Lucius LV8 (2800/900) em modo de ataque.
Mais uma vez, o Dark Lucius de Bakura evoluiu para uma forma mais aterradora.
- Agora, Dark Lucius, destrói o primeiro Clown Token!
A criatura deu um enorme salto e ceifou o boneco ao meio com a sua espada.
- Beast of Talwar, já sabes o que tens a fazer!
Fazendo girar os seus facalhões, o monstro de Bakura destruiu o segundo Token.
- Termino o meu turno.
Blacklown sacou.
- Ainda tenho dois Tokens do meu lado do campo – disse. – Não me vais vencer assim tão facilmente. Acredita que vou arranjar uma forma de te derrotar. Mas por agora, termino. Não antes de sacrificar 500 pontos de vida para manter a Dark Circus em campo.

Blacklown – 1700


- Muito bem. – Bakura sacou. – Agora…
- Espera só um momento – pediu Blacklown. – Aproveito para activar o efeito da minha Clown Festivity, que é uma armadilha contínua. Como só posso activá-la na Fase de Espera do meu oponente, aproveito agora para sacrificar mais 600 pontos de vida e evocar mais dois Clown Tokens.

Blacklown – 1100

- Isso não vai fazer diferença nenhuma – disse Bakura. – Com apenas 1100 pontos de vida não vais a lugar nenhum. Agora, meu Dark Lucius, destrói mais um Token! E Beast of Talwar, ataca outro Token!
Ambos os monstros avançaram novamente e destruíram mais dois Clown Tokens.
- Coloco uma carta virada para baixo e termino a minha jogada.
O palhaço levou a mão ao topo do baralho e sacou.
- Ora ora… – Sorriu diabolicamente. – Parece que o espectáculo está quase a chegar ao fim. Agora que saquei a carta que vai comandar este duelo e levar-te à tua destruição. Mas primeiro, terei de sacrificar mais 500 pontos de vida para manter o meu Dark Circus.

Blacklown – 600

- Agora sacrifico os meus Clown Tokens para evocar a minha mais poderosa criatura. Prepara-te para enfrentar o poderoso Necro Clown (0/0) em modo de ataque.
No campo, surgiu uma criatura, um palhaço nada amistoso, vestido de negro e empunhando uma enorme foice.
- Hm? – indagou Bakura, estranhando. – Esse monstro não tem pontos de ataque. O que estás a tramar?
Blacklown ria-se.
- A habilidade especial deste monstro é absorver energia vinda do cemitério. Ele recebe 1000 pontos de ataque e defesa por cada monstro “Clown” no meu cemitério. E eu tenho três: Saggi, Crass Clown e Dream Clown. Já para não falar que o meu monstro recebe mais 500 pontos de ataque graças à Dark Circus.

Necro Clown – 3500 ATK/3000 DEF

- Agora, Necro Clown, destrói o Beast of Talwar!
Fazendo girar a sua foice, o palhaço planou pelo campo e destruiu a criatura de Bakura com uma precisão mortal.

Bakura – 1825

- Deixo esta carta virada para baixo e termino.
Bakura rangeu os dentes. Com uma só jogada, aquele maldito palhaço conseguira tomar a dianteira daquele duelo. Faltava tão pouco e tinha de aparecer aquele Necro Clown estragar tudo. Não tinha nada na mão que o pudesse ajudar e a carta que acabara de sacar também não era de grande apoio. Só tinha uma coisa a fazer.
- Coloco o meu Dark Lucius em modo de defesa e termino.
Blacklown tornava a rir às gargalhadas.
- Parece que não existe mais esperança para ti. Vou decidir desistir da Dark Circus. Se pagar mais 500 pontos de vida fico quase sem pontos e não devo arriscar.
O cenário do interior do circo, assim como os espíritos, desapareceram para dar lugar à escuridão putrefacta e inóspita do Shadow Realm.
- O meu monstro pode ter perdido 500 pontos de ataque, mas ele continua a ser o mais forte em campo.
» Agora, Necro Clown, destrói o Dark Lucius!»
Mais uma vez, o palhaço negro voou pelo campo e destruiu o Dark Lucius.
- Termino aqui.
Bakura sacou. A criatura que tinha agora em mãos era a das mais poderosas do seu baralho, sem contar com o Dark Lucius e o Beast of Talwar. Mas ainda havia a carta virada para baixo do Blacklown, que lhe podia atrapalhar a jogada. Não podia arriscar. Pelo menos não naquele momento.
- Coloco um monstro virado para baixo. É só.
Blacklown sacou. E uma nova gargalhada irrompeu pelos ares.
- Este duelo está prestes a terminar com a minha vitória! – bradou. Bakura manteve-se na defensiva, esperando o pior. – Eu activo a carta mágica Stop Defense. O teu monstro passa agora para modo de ataque.
A criatura de Bakura era o Newdoria (1200/800), uma criatura de aspecto repugnante.
- Agora, meu Necro Clown, destrói o Newdoria!
Bakura riu às gargalhadas.
- Quando destruíres o meu monstro vais activar a sua habilidade especial. Quando Newdoria é enviado para o cemitério sob resultado de batalha, eu posso escolher um monstro no campo e destruí-lo.
- Isso não vai acontecer porque eu activo a carta armadilha Instant Cremation. Agora, qualquer monstro que a minha criatura destrua é removido do jogo ao invés de ir para o cemitério.
- Isso não!!!
O monstro de Bakura foi destruído sem piedade pelo palhaço de Blacklown.

Bakura – 25

“Estou perdido” pensou ele, aflito.
- Termino o meu turno. Vamos ver que jogada desesperada vais inventar agora.
Bakura não estivera à espera daquela magnifica jogada por parte do seu oponente. Mas mesmo tendo 25 pontos de vida restantes, não iria desistir. Não podia perder contra um Mestre da Escuridão. Não podia perder o seu lugar nas finais. Tinha uma missão a cumprir: enfrentar o Faraó e reivindicar o Millenium Puzzle para si.
- Eu saco! – Não podia esperar mais. Tinha de a jogar. – Eu removo três criaturas do tipo demónio do meu cemitério e evoco em campo a minha poderosa Dark Necrofear (2200/2800) em modo de defesa.
Em campo surgiu a tenebrosa criatura feminina que Bakura havia usado no seu duelo contra Belzen. A diferença era que agora não estaria a duelar contra um amador, mas sim contra um poderoso adversário que o estava a vencer.
- Termino o meu turno.
Blacklown sacou.
- Podes ter evocado uma criatura poderosa, mas vais ter que fazer melhor do que isso se me quiseres vencer.
» Agora, Necro Clown, destrói a Dark Necrofear!»
O palhaço voltou a planar pelo campo, em direcção à criatura de Bakura, e destruindo-a com a mesma facilidade com que o fizera com as outras.
- Termino a minha… Hmm? Que se passa contigo?
Bakura soluçava baixinho. Mantinha a cabeça baixa, com os cabelos compridos à frente para não se notar a expressão facial. Mas não foi preciso esperar muito. Subitamente, Bakura ergueu a cabeça e gargalhou como um louco, fazendo ecoar o seu riso pelo local. Os seus olhos mostravam uma maldade gélida que parecia trespassar a própria alma do palhaço, que começava a sentir-se inquieto. Teria Blacklown cometido algum erro?
- Quando destruíste a minha Dark Necrofear activaste a sua habilidade especial. Agora, ela é tratada como um equipamento, que se vai adaptar ao teu monstro.
- E então?
- E então… qualquer monstro equipado pela minha Dark Necrofear passa a ser controlado… por mim.
- O que?
Naquele momento, do cemitério de Bakura surgiu uma nuvem escura que envolveu o Necro Clown e o transportou para o lado deste. Blacklown olhava a sua mão á procura de algo que o pudesse auxiliar naquela situação, mas não parecia ter nada.
- Não pode ser…
- Ai pode, sim senhor! – bradou Bakura, sacando. – Agora, Necro Clown, ataca o teu dono directamente!
- NÃO!!!!!! – Blacklown foi projectado uns quantos metros para trás, com a força do ataque do seu próprio monstro.

Blacklown – 0

- E agora? Quem é o melhor? – perguntou Bakura, rindo à gargalhada. – Tu não vales nada como duelista. Julgava que os Mestres da Escuridão eram também os mestres dos duelos.
Blacklown estava em estado de choque por ter perdido. Olhava um ponto acima do seu adversário, com um misto de espanto e horror. Sabia o que esperava agora que perdera. A sua alma seria oferecida ao Grande Deus Seth.
- Não pode ser… – murmurou, horrorizado. – Como posso ter perdido? A minha estratégia era infalível…
- Por pouco não me vencias – disse Bakura. – Devo reconhecer que és um excelente duelista. Mas as tuas capacidades não chegam aos meus calcanhares.
- Venerável… por favor… – continuava a murmurar o palhaço, respirando ruidosa e rapidamente. – Perdoai-me… Dai-me mais uma oportunidade…
Bakura estranhou aquela reacção. O seu adversário não o ouvira sequer. Estava a murmurar para ninguém em particular, olhando o vazio. Perguntou-se quem seria esse Venerável. Estaria a se referir a Amontut?
- NÃOOOOO!!!! – gritou Blacklown naquele mesmo momento, agarrando a cabeça e agitando todo o corpo como um possesso. Bakura ficou alerta, indagando-se que tipo de poder era aquele que conturbava a alma do Palhaço das Trevas. Como poderia um poder exterior interagir com a mente de alguém que estava presa no Shadow Realm? Aquilo era obra de um grande feiticeiro.
Por fim, o corpo do palhaço caiu no solo, inanimado. Os seus olhos muito abertos, estavam desprovidos de pupilas, como se estivesse morto.
A escuridão do Shadow Realm levantou e o cenário da pobre rua principal da Village of Rocks surgiu em volta deles. Bakura não se incomodou quando alguns aldeões correram na sua direcção, tentando socorrer o palhaço. Todos eles perguntavam o que havia passado ali e que nuvem estranha era aquela que se abatera sobre ambos.
Bakura afastou-se daquele ajuntamento e encaminhou-se para a taverna que vira antes. Começava a sentir fome e também não queria ser incomodado por aquele grupo de velhotes. Enquanto se dirigia ao seu novo destino, perguntava-se se estaria a ser vigiado por mais algum Mestre da Escuridão. Será que Yugi já enfrentara algum deles? Infelizmente para si, Bakura não poderia garantir que Yugi chegasse são e salvo às finais. Bastava uma única derrota contra aqueles magníficos duelistas para que a sua alma fizesse de alimento para Seth.
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rafaed




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MensagemAssunto: Re: Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus   Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus Icon_minitime1/12/2011, 3:43 pm

cara, essa é a maelhor fanfic que eu já li Very Happy ! estou ansioso pelo próximo capítulo e espero que não demore muito pro Bandit Keith aparecer Arrow
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Guardian Angel

Guardian Angel


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MensagemAssunto: Re: Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus   Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus Icon_minitime1/12/2011, 7:49 pm

rafaed escreveu:
cara, essa é a maelhor fanfic que eu já li Very Happy ! estou ansioso pelo próximo capítulo e espero que não demore muito pro Bandit Keith aparecer Arrow

Obrigado pelo elogio. E não te preocupes, que o Bandit Keith há-de aparecer daqui a alguns capítulos.
E aqui entra o capítulo 11, com um duelo protagonizado por Duke Devlin. Espero que gostem.
ATENÇÃO: no fim do capítulo explicarei alguns aspectos deste duelo.


Capítulo XI – O Mestre dos Dados Vs o Mestre dos Dados

Marik e Duke caminhavam pela rua, cada um olhando as suas Manoplas. Marik acabara de ganhar a sua quarta Pinta no último duelo e Duke acabara por perder um e tinha ainda três Pintas. Mas as suas habilidades não eram más, segundo o que Marik vira nos duelos.
Nenhum dos seus adversários anteriores era um Mestre da Escuridão. O Guardião do Túmulo estranhava o facto de ainda não ter visto nenhum por aquelas bandas e começava a temer o destino dos seus outros amigos, sobretudo temia pela segurança do Faraó. Duke, por outro lado, preocupava-se em impressionar as raparigas com as suas habilidades no duelo e com o seu estilo. Parecia mesmo que não estava interessado, que já havia esquecido o que se passara.
Mas não. Apesar de passar o tempo todo a se exibir e a tentar conseguir a atenção de todos, Duke estava igualmente preocupado com os seus amigos. Lembrava-se do torneio de Battle City, quando salvara Tristan e Serenity dos Rare Hunters, e se juntara ao grupo para combater a malignidade de Marik. Agora estava no torneio, junto com o mesmo Marik, embora uma personalidade diferente, e ambos tentavam, como a maioria dos duelistas, chegar às finais. Mas acima de tudo, a segurança dos seus amigos estava em primeiro lugar.
Duke e Marik não se conheciam lá muito bem, mas conversavam animadamente um com o outro ao longo do decorrer do campeonato. O Guardião mostrara-se muito interessado no jogo que Duke criara, o Dungeon Dice Monsters, e denotava um grande entusiasmo em aprender as regras.
- DDM não é muito complicado – começou Duke, enquanto caminhavam pelo passeio. – A arena é quadricular e o jogo é feito com dados.
- Apenas isso? – indagou Marik, ansioso por saber mais.
- Calma, são dados diferentes dos que estamos acostumados a ver. – Duke levou a mão aos bolsos e tirou uma mão com três dados de cores diferentes. – Estás a ver estas faces? São Crests. Há seis tipos de Crests que podem surgir nos dados. Invocação, por exemplo. Para que um monstro possa ser evocado é preciso que pelo menos dois dos três dados que usamos por turno tenham o mesmo Crest de invocação.
- E que números são estes no Crest de invocação?
- São os diferentes níveis dos monstros. Vão de 1 a 4 e a frequência com que eles aparecem é determinado pelo nível. Os dados de nível 1 ocupam quatro faces nos dados, por isso é fácil conseguir dois Crests. Já os de nível 4 só aparecem numa face. As hipóteses de se conseguir evocar um monstro tão forte são quase nulas.
- E como invocamos os monstros?
- Essa é a parte interessante no meu jogo. Sabes que há várias formas de construir um dado, a partir de uma estrutura plana. Quando conseguimos dois Crests de invocação podemos escolher um dos dados e dimensioná-lo na arena. O dado desconjunta-se numa forma possível e um monstro surge no seu interior. O objectivo do jogo é construir um caminho para atingir o nosso adversário e os corações dele.
- Corações?
- Sim. Cada um começa com três corações. O primeiro que perder os seus corações perde o duelo.
- Parece ser bastante simples – observou Marik, observando os dados com elevado interesse. – E os outros Crests?
- Temos o Crest de movimento. De cada vez que nos calhar um desses, podemos usá-lo para mover os nossos monstros pelo caminho que for sendo criado. Depois há o Crest de ataque. É usado para atacar os monstros do nosso adversário ou os corações dele. Depois temos o Crest de defesa, que auxilia os nossos monstros quando eles são atacados. Por fim, temos os Crests de magia e armadilha, que podem ser usados para activar habilidades especiais dos monstros. Basicamente é isto.
- Mal posso esperar para experimentar – disse Marik, visivelmente interessado.
- Olha, o que se passa ali? – perguntou Duke, apontando em frente.
De facto, havia uma pequena concentração de duelistas lá mais para a frente, que rodeavam um homem com os seus vinte e poucos anos. Os cabelos eram compridos e muito escuros e o nariz adunco. Usava uma t-shirt com três dados estampados. Parecia proclamar alguma coisa, enquanto distribuía uns panfletos às pessoas que se iam aproximando.
- Vamos lá ver – sugeriu Duke, aproximando-se.
Ambos seguiram até ao pequeno ajuntamento e mantiveram-se um pouco atrás, esperando que o homem chegasse até eles e lhes entregasse um dos panfletos. Não tardou para que ele chegasse aos dois e lhes entregasse os papéis. Tanto Marik como Duke ficaram em choque quando viram o que o homem andava a distribuir.
Aqueles panfletos mostravam uma propaganda ao DDM. Contudo, o nome do seu criador não era o que estavam á espera de encontrar. Ao invés de Duke Devlin, havia o nome de um tal Dave Harrington, que anunciava criar novos dados para o jogo e demonstrar que era o verdadeiro criador do dito.
- Mas que palhaçada é esta? – perguntou Duke, indignado. – Quem é que este tipo pensa que é para dizer que é o criador de DDM.
- Mas afinal não foste tu que criaste o jogo? – indagou Marik, sem entender nada do que se estava a passar.
Duke não ouviu a pergunta. Avançou ousadamente pelo meio dos duelistas, em direcção ao homem cabeludo. Quando o encontrou, não hesitou em agarrá-lo no ombro.
- Ouve lá, pá, o que é isto?
O homem pareceu espantado, mas logo alargou um sorriso e respondeu com toda a naturalidade:
- É uma propaganda ao meu jogo. Penso que fui bem claro.
- Tu és o Dave Harrington?
- Exacto. O criador oficial de DDM.
Duke não aguentou aquela arrogância e agarrou o homem pelos colarinhos.
- Ouve bem, meu, é melhor que pares com esta fantochada e imediatamente, ouviste bem?
- Mas do que estás a falar? – perguntou Harrington, indignado com aquela investida. – És capaz de me largar?
- Eu sou verdadeiro criador de DDM! – bradou Duke. – Eu! Duke Devlin.
Harrington então deu mostras de perceber tudo. Enquanto se soltava do aperto de Duke, olhava-o com desprezo.
- Então tu és aquele que diz ser o verdadeiro criador do jogo. Seu ladrão! Tu roubaste o meu trabalho e espalhaste por aí que eras o criador.
- O quê? – Duke não podia acreditar no que ouvia.
- Tu andavas a ganhar fama pelo meu trabalho, quando quem devia ser famoso era eu. Aproveitaste-te do meu trabalho duro e do meu esforço para conseguires o que querias. Não passas de um invejoso.
Duke começava a ficar irritado e pedia a todas as suas forças para não espancar Harrington ali mesmo.
- Fui eu quem criou o DDM e poderei provar-to a ti e a toda esta gente – disse Harrington, activando o Duel Disk que exibia no seu pulso esquerdo. – Vamos a um duelo oficial do campeonato. Se eu ganhar, terás de reconhecer que eu sou o mestre dos dados e não tu, que não passas de um impostor.
- Tudo bem – respondeu Duke. – Mas quer eu ganhe quer perca… a verdade virá sempre ao de cima.
Contudo, Harrington sorria.
- Será? Quando tu e toda a gente vir o que eu tenho reservado no meu deck, não existirão mais dúvidas sobre quem merece realmente o título de criador de DDM.
- Tem cuidado, Duke – pediu Marik, mas o amigo não o ouvia.
- Vamos apostar duas Pintas neste duelo. – Duke falava enquanto se posicionava em frente ao seu adversário.
- Tudo bem.
- Duelo!

Duke – 4000
Harrington – 4000


- Eu começo a partida – disse Harrington, sacando e mirando a carta. – Bem bem, o duelo mal começou e já prevejo uma grande vitória. Activo a carta mágica de campo DDM Arena. Vamos lá ver como te safas desta.
Naquele momento, entre os dois duelistas surgiu uma arena rectangular e quadriculada. Duke estranhou aquela carta. Não lhe dizia nada, se bem que havia usado algo parecido há algum tempo atrás…
- Agora só poderei jogar Dice Monsters, que são cartas especiais – explicou Harrington. – É um pouco como o jogo original, mas adaptado para o Duel Monsters.
» Agora jogo a carta mágica Summon Dice. Agora, como no jogo original eu lanço três dados e se pelo menos dois deles mostrarem o mesmo Crest de invocação, eu posso invocar um monstro do nível que vier nos dados.»
Três dados rolaram pelo campo. Duke estava a começar a achar que o seu adversário estava a jogar mais DDM do que Duel Monsters. Por que raio Pegasus nunca lhe falara daquelas cartas?
- Dois Crests de invocação de nível dois. Isso permite-me invocar The 13th Grave (1200/900) em modo de ataque.
» Agora vou activar a carta mágica Spell Dice. Agora lanço um dado e o resultado que sair vai determinar o número de Spell Counters que eu terei no meu Spell Counter Pool.»
Um dado de cor verde foi lançado ao ar e rolou pelo solo quando neste bateu. Quando o dado parou de rolar, havia seis pintas viradas para cima.
- Boa! Consegui seis Spell Counters. Agora deixo duas cartas viradas para baixo e termino.
- Eu saco – anunciou Duke, perguntando-se como conseguiria jogar contra Harrington, se ele usava cartas que nem mesmo ele conhecia. Era suposto Pegasus lhe ter falado de todas as cartas a respeito de DDM que haviam sido criadas, mas aquelas eram-lhe desconhecidas. – Vou evocar em campo o meu Yaranzo (1300/1500) em modo de ataque.
No campo apareceu uma criatura, que espreitava do interior de um baú.
- Agora Yaranzo, ataca o monstro de Harrington!
A criatura avançou planando pelo campo, em direcção ao esqueleto do seu oponente.
- Eu já estava à espera disso – disse Harrington, sorrindo. – É por isso que vou activar a minha carta armadilha Defense Dice. Agora lanço um dado e o número de pintas vai determinar quantos Defense Counters vou ter no meu Defense Counter Pool.
Um novo dado rolou pelo campo. Quando parou, havia duas pintas na face de cima.
- Aqui estão dois Defense Counters. E agora vou usar um deles para mudar o modo de batalha do meu 13th Grave para defesa.
O esqueleto ajoelhou-se antes mesmo da criatura de Duke o destruir.
- Como é que isto é possível? – indagou Duke.
Harrington ria à gargalhada.
- E dizes tu que és o criador de DDM. Já devias saber que, graças aos Defense Counters eu posso mudar o modo de batalha dos meus monstros antes que eles sejam destruídos, protegendo os meus pontos de vida.
- Raios! – praguejou Duke. Estava preparado para enfrentar qualquer baralho, mas não estava à espera de encontrar cartas tão familiares e, ao mesmo tempo, tão desconhecidas. – Deixo esta carta virada para baixo e termino.
- Muito bem. Vamos ver quem é o verdadeiro criador de DDM quando acabar contigo. – Harrington sacou. – Eu vou activar uma carta mágica, conhecida por Attack Dice. Como já deves ter adivinhado eu lanço um dado e o número que sair determina quantos Attack Counters eu vou ter na minha Pool.
Um novo dado rolou pelo campo, parando logo de seguida e mostrando três pintas.
- Três Counters para mim. Agora activo uma nova Summon Dice. Vamos ver que monstro me aparece.
Mais uma vez, três dados surgiram a rolar entre os duelistas. Duke não estava a ver como conseguiria sair daquela situação. O seu adversário podia mudar a posição dos seus monstros enquanto teria Defense Counters. Já para não falar que poderia activar habilidades especiais quando bem lhe apetecesse. Olhou para todos os que assistiam o duelo e mentalizou-se de forma a não querer desiludir os seus fãs. E também porque tinha de provar que aquele Harrington era um impostor.
- Mais dois Crests de invocação, e de nível três. Isso permite-me invocar o meu Thunder Ball (1800/800) em modo de ataque.
Em campo surgiu uma esfera de cor negra, que ganhou braços e pernas mecanizados.
- Mas antes de atacar, vou activar a sua habilidade especial. Sacrificando três Spell Counters, posso usar o Thunder Ball para destruir uma criatura em jogo.
O monstro de Harrington enfiou os seus membros no interior do seu corpo, formando novamente uma esfera que rolou pelo campo e destruiu Yaranzo.
- Isso não – praguejou Duke.
- Mas não é tudo – continuou Harrington. – Esta foi apenas a sua habilidade especial. Agora activo a minha segunda carta virada para baixo: Movement Dice. O processo é o mesmo para com os restantes dados…
» Boa! Consegui seis Movement Counters. Agora posso usar um deles para mover o meu Thunder Ball para o teu lado do campo e usar um Attack Counter para te atacar directamente.»
Duke cerrava os dentes de raiva, enquanto esperava que a criatura se aproximasse e o atacasse com força.

Duke – 2200

- Então, Duke, o que se passa? – perguntou Marik, preocupado. – Tu és capaz de vencer esse tipo.
- Mas ele está a usar um baralho poderoso – justificou Duke, sem tirar os olhos do seu adversário, que sorria, prevendo uma vitória fácil.
- E então? Não deixa de ser Duel Monsters, apesar das cartas serem diferentes de tudo o que já vimos. Lembra-te que ele precisa de Counters para te atacar e activar as habilidades especiais. Se ele não tiver isso não pode fazer nada contra ti.
Duke dava razão a Marik. Sabia que os monstros do Harrington tinham uma falha muito grande. Ele teria de gastar Counters para os poder usar. E para conseguir Counters, teria de se servir das cartas mágicas e armadilhas que os forneciam.
Harrington não tinha cartas na mão e nenhuma virada para baixo. Talvez fosse o melhor momento para contra-atacar.
- Eu saco! Vou começar por activar uma carta mágica, conhecida por Silent Doom. Isso traz o meu Yaranzo de volta do cemitério e o coloca em modo de defesa. De seguida, activo a Cost Down. Isso baixa o nível de um dos meus monstros em duas estrelas para que o possa invocar mais facilmente, desde que eu descarte uma carta da minha mão. É por isso que vou sacrificar o meu Yaranzo e invocar o meu Orgoth, the Relentless (2500/2450) em modo de ataque.
A criatura favorita de Duke surgiu. Um enorme titã, coberto por uma armadura de metal da cabeça aos pés e segurando uma magnifica espada. À volta, todos ficaram impressionados com a invocação.
- Vamos ver quem é o melhor agora. Orgoth, the Rentless, ataca o Thunder Ball com a tua Diamond Sword.
A criatura brandiu a espada e cortou o monstro de Harrington ao meio.

Harrington – 3300

- Deixo esta carta virada para baixo e termino.
Harrington já não sorria. A jogada do seu adversário fora inesperada. Se quisesse vencer, teria de conseguir manter os seus pontos de vida e invocar uma criatura poderosa. Mas quanto mais poderosa fosse a criatura, mais difícil seria para a invocar. E só podia jogar um Summon Dice por turno. Já para não falar que não tinha cartas na mão.
- Saco! Ora, parece que vou poder activar este Pot of Greed, que me permite sacar mais duas cartas. Hmm… – Olhava as duas cartas novas que acabara de sacar, mas não sorria nem mostrava desilusão.
- O que sacaste? – quis saber Duke.
- Já vais saber. Para já coloco esta carta virada para baixo e activo a carta Summon Dice. Vamos ver o que temos aqui.
Duke reparou que os novos dados que rolavam pelo campo tinham um Crest de invocação em cada um. Eram dados de nível alto; talvez ele não conseguisse invocar nada naquele turno.
Porém…
- Boa! Dois Crests de invocação de nível 4 – felicitou-se Harrington. – Agora prepara-te para veres o que vai acontecer.
Em campo surgiu um baú, quase idêntico ao de Yaranzo.
- Como… – Duke não podia acreditar no que estava a ver. Aquela fora a invocação de um Item, quando surgiam baús no campo, que continham certos efeitos quando os monstros passavam por eles. Tal como DDM.
- Para atingires os meus pontos de vida terás de passar pelo meu baú – explicou Harrington. – Mas o que será que esconde?
Duke preparou-se para sacar, mas tinha algum receio de atacar. O que se escondia naquele baú?
- Vou atacar o teu baú com o meu Orgoth! – bradou Duke, arriscando.
A criatura avançou ousadamente e parou em frente ao Item. Naquele momento, o baú abriu-se e uma forte luz invadiu o local. Todos viraram as faces contra a luz, que parecia vir do interior do Item. Não tardou até que a forte luminosidade se desvanecesse e algo parecido com um torpedo de cor negra surgiu aos olhos de todos.
- Parece que activaste o meu Crater Creator. Quando ele é activado, todos os monstros em campo são destruídos. E tu recebes dano igual a metade dos pontos de ataque de todos os teus monstros.
Subitamente, o torpedo rebentou, provocando um barulho tão forte que quase toda a cidade ouviu. A enorme explosão, apesar de virtual, causou pânico na maioria das pessoas que assistiam. Quando tudo voltou ao normal, Orgoth não se encontrava mais em campo.

Duke – 950

- E agora, quem é o mestre dos dados? – zombou Harrington.
- Ainda te vou calar, impostor – praguejou Duke. – Deixo um monstro virado para baixo e termino.
- Com que então o que se denomina o criador de DDM está a perder e pouco faz para se defender. Eu saco! Olha, outro Summon Dice. Vamos lá ver o que me vai sair.
“Dados de nível 3” pensou Duke, enquanto via os três novos dados rolarem pelo campo. Um sorriso surgiu-lhe no rosto quando reparou que só havia um Crest de invocação virado para cima quando pararam.
- Desta vez não conseguiste nada – disse Duke. – Parece que é a minha vez.
- Espera só um pouco, porque eu ainda tenho uma oportunidade.
- Do que é que estás a falar? Só podes usar um Summon Dice por turno e perdeste a oportunidade que tinhas para invocar o que quer que seja. É a minha vez agora.
- Não propriamente. Eu activo a carta virada para baixo: Dice Re-roll. Agora posso rolar novamente os meus dados.
- Isso não…
Novamente os três dados rolaram entre ambos os duelistas e foi com grande aflição que Duke reparou que nos três havia o mesmo Crest de invocação.
- Parece que a sorte está do meu lado – disse Harrington, sorrindo. – Uma invocação de nível 3. Agora prepara-te para presenciares o objecto da tua destruição. Eu invoco Right Leg of the Forbidden One (200/300) em modo de defesa.
- Não pode ser!!! – gritaram Duke e Marik em simultâneo quando viram aparecer uma perna direita, de cor dourada, no campo.
- Já deves ter reparado no que estou a tentar fazer – disse Harrington. – Uma vez por turno, vou tentar trazer todas as partes do lendário Exodia para o jogo. Sabes o que acontece, em Duel Monsters, quando temos as cinco cartas de Exodia na mão, não sabes?
Duke sabia perfeitamente, assim como todos os duelistas do mundo. Exodia era o monstro mais poderoso em Duel Monsters. Dizia-se que o seu poder no Antigo Egipto era tão grande que tivera de ser lacrado em cinco tábuas de pedra, cada uma representando uma parte do corpo da criatura. Pegasus ressuscitara esse poder quando criara o jogo. As cinco cartas eram tão raras que era quase impossível para a maioria dos duelistas ter uma ou duas no baralho. Quando um duelista conseguia ter as cinco cartas na mão, o duelo acabaria automaticamente com a sua vitória.
- Eu saco! – Duke pensava numa forma de destruir aquela perna de Exodia. E não vendo nenhuma carta virada para baixo, decidiu partir para a ofensiva. – Vou começar por activar uma das minhas cartas armadilha: Needle Wall. Agora as tuas cinco zonas de monstros serão numeradas de 1 a 5. De seguida jogo um dado. O monstro cuja zona foi seleccionada pelo dado será destruído.
- Só tens uma hipótese em cinco de me atingir – disse Harrington, rindo, enquanto um dado rolava pelo chão. – O meu monstro está na zona 5, a probabilidade de acertares é muito fraca.
De facto, quando o dado parou, havia duas pintas marcadas no topo.
- Eu disse-te que tinhas poucas hipóteses de acertar – gargalhou Harrington.
Contudo, Duke também ria.
- Se achas que a minha jogada termina aqui, desengana-te, porque vou activar a minha outra carta virada para baixo que, curiosamente, é um Dice Re-roll. Acho que não preciso de te explicar o efeito.
Novamente o dado rolou, mas o resultado final também não foi o esperado.
- Seis? Não tens mesmo sorte nenhuma – troçou Harrington, sem parar de rir. – Já posso sacar?
- Ainda não – respondeu Duke. – Quando o meu dado pára no seis eu sou obrigado a jogá-lo novamente. Tenho mais uma hipótese.
Pela terceira vez, o dado rolou. Duke rezava para que calhasse na zona correspondente à parte de Exodia.
- Cinco! – gritou, contente. – Isso quer dizer que a perna de Exodia já era.
A perna dourada desapareceu no meio de uma explosão.
- Maldito… – praguejou Harrington.
- Termino a minha jogada com uma carta invertida.
Harrington sacou.
- Eu começo por activar a Card of Sanctity. Isso permite-nos sacar até ficarmos com seis cartas na mão. Agora jogo duas cartas viradas para baixo e activo outra Summon Dice. Vamos lá ver o que vai aparecer…
» Mais dois Crests de invocação de nível 3. Agora posso invocar Left Leg of the Forbidden One (200/300) em defesa.»
Desta vez foi a perna esquerda de Exodia que apareceu.
- Não te vai servir de nada, uma vez que já destruí uma das cinco partes – disse Duke.
- Achas mesmo? Desengana-te, porque vou activar a carta mágica Dice Reborn. Agora posso trazer um Dice Monster do cemitério e colocá-lo em jogo. E aqui está a Right Leg.
- Isso não é bom – disse Marik, mirando as duas pernas de Exodia. – O Duke pode estar em sérios problemas. As partes de Exodia são inúteis quando jogadas uma a uma, mas aquelas cartas viradas para baixo parecem precaver que essas partes sejam destruídas.
- Termino a minha jogada.
- Minha vez. – Duke sacou. – Eu jogo a carta mágica Monster Reencarnation. Descartando uma carta da minha mão, posso trazer de volta o meu Orgoth para a minha mão. Agora activo a carta virada para baixo: Level Convertion Lab. Agora vou escolher um monstro da minha mão e vou lançar um dado. Se o resultado for um, o monstro é enviado para o cemitério. Se for 2 a 6, o nível do meu monstro torna-se igual ao resultado.
- Tudo se resume a um simples rolar de dados – disse um duelista ali perto, visivelmente enfastiado com o facto de a maioria das jogadas terem sido baseadas em sorte. Aquele duelo estava a arrastar-se, mas ao mesmo tempo a ficar mais renhido.
- Boa! Tirei três. Agora o meu Orgoth fica com nível igual ao resultado do dado. E isso faz com que eu o possa invocar sem nenhum sacrifício.
Mais uma vez, o poderoso titã de ferro surgiu em campo, brandindo a sua poderosa espada.
- Orgoth, the Relentless, ataca a perna direita de Exodia…
- Eu já estava à espera – interveio Harrington. – É por isso que vou activar a carta Negate Attack, que vai anular o teu ataque. Parece que é a minha vez.
- Ainda não, Harrington. Eu vou revelar o meu outro monstro: Dice Jar (200/300). Quando ele é revelado a sua habilidade especial é activada. Agora ambos lançamos um dado. E aquele que tiver o resultado menor leva prejuízo igual ao resultado do adversário multiplicado por 500. No entanto, se o resultado do vencedor for 6, o perdedor fica com um prejuízo de 3000 pontos de vida.
Do lado de cada um dos duelistas surgiu um dado. Ambos foram lançados em simultâneo e ficaram a rolar durante algum tempo, sendo vistos por dezenas de pares de olhos em volta.
“Isto foi uma jogada arriscada” pensou Marik. “Se o Duke tiver o resultado menor ele pode perder o duelo.”
O dado de Duke foi o primeiro a parar, mostrando três pintas.
E por fim, o dado de Harrington parou. Mostrava apenas uma pinta.
- Parece que ganhei este jogo – disse Duke, sorrindo. – Agora recebes prejuízo igual ao meu resultado multiplicado por 500. Isso perfaz 1500 pontos.

Harrington – 1800

- Termino a minha jogada com duas cartas viradas para baixo.
- Assim como este duelo, que está prestes a terminar. – Harrington sacou, sem se mostrar incomodado pelo facto de ter perdido uma grande quantidade de pontos de vida. – Eu activo uma nova Summon Dice…
» Mais dois Crests de invocação de nível três! Agora posso invocar outra peça de Exodia para o campo. E desta vez, vou trazer Right Arm of the Forbidden One.»
Duke assustou-se com a aparição de uma nova parte de Exodia, desta vez, um braço direito.
- Mais duas partes e a tua derrota será iminente – disse Harrington, sorrindo. – E eu serei finalmente reconhecido como o verdadeiro criador de DDM. Graças às minhas habilidades vou poder destronar este impostor que nada mais fez do que ganhar crédito pelo meu trabalho.
Duke já não podia ouvir tantas mentiras. Como podia aparecer alguém assim, sem mais nem menos, com um deck de Dice Monsters, e dizer-se criador de DDM? Aquele jogo fora uma criação sua, algo que lhe ocupara parte da sua vida. Uma coisa que foi crescendo graças ao seu trabalho duro. Não iria ser agora um Zé-ninguém que lhe iria estragar a vida.
- A minha jogada não termina aqui – continuou Harrington. – De seguida, activo a minha carta virada para baixo: Roll Again. Com isto eu posso pegar numa carta mágica do cemitério que tenha usado neste turno e que implique o lançamento de, pelo menos, um dado e posso usá-la novamente. E eu escolho a Summon Dice.
“Não pode ser” praguejou Marik, em pensamento, enquanto via novamente os dados a rolar.
- Parece que a sorte está do meu lado… três Crests de invocação. Agora posso invocar uma criatura que conheces muito bem. Eu chamo Orgoth, the Relentless (2500/2450) em modo de ataque.
- Mas como… – gaguejou Duke, vendo um duplicado do seu monstro favorito surgir do outro lado do campo.
- Mas não é tudo – disse Harrington. – Já que dizes ser o criador de DDM, deves saber qual é a habilidade especial de Orgoth nesse jogo. Sacrificando dois Spell Counters, posso aumentar o poder de ataque dele em 500 pontos (3000).
» Bem, parece que não vou ter de invocar as cinco partes de Exodia, porque assim que o meu monstro atacar o teu Dice Jar, os teus pontos de vida não suportarão o choque. Eu vou usar um Movement Counter para mover o meu monstro para o teu lado do campo e usar um Attack Counter para atacar. Orgoth, the Relentless, ataca o Dice Jar e acaba com este duelo!»
Orgoth avançou ousadamente na direcção do insignificante monstro de Duke e brandiu a sua espada. Contudo, Duke não se mostrava aflito com aquela jogada. Até sorria…
- Fizeste aquilo que eu queria. Agora activo a carta armadilha Skull Dice. Agora lanço um dado e os pontos de ataque da tua criatura serão divididos pelo resultado.
Uma pequenina criatura surgiu a flutuar, segurando um dado, que largou logo de seguida. O dado rolou pelo campo até parar e mostrar duas pintas.
- O poder de ataque da tua criatura cai pela metade – disse Duke, sorrindo.

Orgoth, the Relentless – 1500 ATK

- Mesmo assim ele ainda é mais forte que o teu monstro. E os pontos de ataque que ainda lhe sobram são suficientes para acabar contigo…
- É por isso que vou activar a minha outra carta virada para baixo: Graceful Dice. Agora lanço um dado e os pontos de ataque da minha criatura será multiplicado pelo resultado.
Uma outra criaturinha apareceu, largando um novo dado. Desta vez, o resultado foi maior que o anterior.
- Quatro! Isso quadruplica o poder de ataque do Dice Jar.

Dice Jar – 800 ATK

- Não é o suficiente para ultrapassar o meu Orgoth – informou Harrington.
- Mas chega para proteger os meus pontos de vida – disse Duke, enquanto via a sua criatura ser ceifada pela espada do Orgoth.

Duke – 250

- Já não há esperança para ti – bradou Harrington, com voz triunfante. – O duelo vai acabar com a minha vitória e eu serei finalmente reconhecido como o verdadeiro criador de DDM.
- O duelo só acaba quando a última carta é jogada – retorquiu Duke. – Posso ter menos pontos de vida que tu, mas enquanto estiver em jogo há esperança de conseguir virar este duelo a meu favor.
- Não vejo como o vais fazer – disse o oponente. – O meu Orgoth é mais poderoso que o teu e enquanto tiver Counters eu posso atacar-te. Não haverá necessidade de gastar Spell Counters para activar a habilidade especial do Orgoth. No meu próximo turno vou destruir-te.
- Isso é o que vamos ver. – Duke sacou. – Eu vou passar o meu Orgoth para modo de defesa. De seguida, deixo uma carta virada para baixo e termino.
- Uma jogada desesperada, na minha opinião. Eu vou jogar uma nova Summon Dice…
» Olha, três Crests de invocação de nível 3. Já deves saber o que estou a preparar, não já? Aparece, Left Arm of the Forbidden One!»
Um braço esquerdo surgiu em campo. A quarta peça de Exodia.
- No meu próximo turno vou poder invocar a criatura mais poderosa de Duel Monsters. Isto é, se conseguires sobreviver até lá.
- Ele esqueceu-se de um pormenor muito importante – observou Marik. – Com o Orgoth em jogo, juntamente com as quatro peças de Exodia, as cinco zonas de monstros foram ocupadas. Ele não poderá invocar Exodia no próximo turno, a menos que se livre do Orgoth.
- Quase certo – disse Harrington, sorrindo. – Porém, eu vou activar esta carta mágica: Kamikaze Dice. Com isso eu sacrifico um Dice Monster e metade dos pontos de ataque desse monstro é subtraída dos pontos de vida do meu oponente. Numa coisa o teu amigo tinha razão, Duke. Eu não vou poder invocar Exodia.
A criatura de Harrington enfiou-se no interior de um dado e começou a voar em direcção a Duke, pronta para lhe varrer os pontos de vida que lhe restavam.
- O Duke vai… perder – murmurou Marik, horrorizado.
Contudo…
- Eu ainda não estou acabado! – berrou Duke, ameaçador. – Eu activo a minha carta virada para baixo. Ela é conhecida por Anti Generator Dice. Mais uma vez eu lanço um dado. O resultado, todavia, pode não resultar a meu favor. O resultado 1 ou 2 apenas se reservam a anular os efeitos de cartas armadilha. 3 ou 4 destinam-se às cartas mágicas. 5 ou 6 anulam os efeitos de monstros.
Havia muita tensão no ar, uma vez que aquela jogada determinaria o destino do duelo. Duke tinha apenas duas hipóteses em seis de conseguir tirar a face que o salvaria. O dado colorido rolava pelo campo, entre ambos os duelistas; todos os olhares se concentravam naquele pequenino cubo, esperando pacientemente pelo resultado. Harrington sorria de satisfação, pois sabia que uma jogada tão arriscada como aquela só podia vir de alguém desesperado em prolongar o duelo. Duke sentia-se nervoso. Tinha de vencer aquele duelo, para provar de uma vez por todas que era o verdadeiro criador de DDM. E depositava toda a sua confiança naquele dado.
Por fim, o dado parou. Todos os que olhavam o duelo soltaram um expiro de exclamação…
Havia três pintas estampadas no dado.
- YES!!! – gritou Duke, vitorioso. – Agora posso anular os efeitos da tua carta mágica. E assim o teu Orgoth foi sacrificado para nada.
Harrington cerrou os punhos. Como era possível que o seu oponente tivesse tanta sorte? Mas não importava. No turno seguinte tudo acabaria.
- Termino a minha jogada com uma virada para baixo – apenas proferiu.
Duke sacou.
- Eu passo o meu Orgoth para modo de ataque e ataco o braço direito de Exodia! – bradou.
Orgoth avançou ousadamente para a parte de Exodia, pronto para a destruir.
- Este duelo ainda não terminou e eu tenho uma carta virada para baixo: Explosive Dice. Agora eu lanço um dado e se o número que calhar for igual ao nível do monstro atacante, esse monstro é destruído.
- Mas o dado tem seis faces e o nível do Orgoth é sete – observou Marik.
- Se o resultado for seis, mesmo que o monstro possua um nível superior é destruído – explicou Harrington, com um ar vitorioso ao reparar que havia seis pintas voltadas para cima quando o dado parou.
Pela segunda vez naquele duelo, Orgoth foi destruído. Duke não tinha nenhum monstro no campo para o proteger.
- Deixo duas cartas viradas para baixo. É tudo.
- Isto vai terminar agora. – Harrington sacou. – Eu vou activar uma carta mágica: Judgement Dice. Agora removo um determinado número de cartas Summon Dice que estejam no cemitério e posso invocar um Dice Monster do meu baralho cujo nível equivale ao número de cartas que eu remover do jogo. Desta forma, não terei de lançar os dados para invocar a peça que falta de Exodia.
- É o fim! – disse Marik, mais uma vez horrorizado. Agora, de certeza que não havia nada que Duke pudesse fazer, porque assim que a criatura mais poderosa de Duel Monsters fosse invocada, nenhuma carta a pararia.
- Como a cabeça de Exodia é de nível 4 eu removo quatro Summon Dice do meu cemitério… Prepara-te para a tua derrota! Eu invoco Exodia, the Forbidden One.
Uma fortíssima luz dourada invadiu o local, vinda do centro da zona monstro de Harrington. Ele gargalhava de contentamento. Por fim, o duelo terminaria…
Contudo, a forte luz que ofuscava os olhos da audiência em volta não os deixava ver o sorriso de Duke. Nem mesmo Harrington, que estava demasiado ocupado a admirar a invocação da peça final do monstro mais poderoso.
- Julgavas que eu iria deixar que invocasses o teu poderoso monstro? – indagou Duke, fazendo com que Harrington parasse de gargalhar. – Eu sabia que necessitavas de uma carta mágica para invocar mais um Dice Monster. É a maior fraqueza dessas criaturas. Mas o que aconteceria se eu impedisse a sua invocação?
- Do que estás a falar? Não podes impedir que um Dice Monster seja invocado.
- Pois não, mas posso anular a activação da tua carta mágica com isto: a minha Magic Jammer. Só terei de descartar uma carta da minha mão e o efeito da tua Judgement Dice é anulado.
- Essa não! – bradou Harrington, à medida que a luz dourada ia-se desvanecendo, acabando por desaparecer.
Marik respirou de alívio. Por momentos, julgara que Duke iria perder o duelo. Mas ele continuava de pé e algo lhe dizia que o confronto estava a atingir o seu término.
- Termino o meu turno.
- Isto vai acabar agora mesmo – proferiu Duke, enquanto sacava. – A minha outra carta virada para baixo vai ajudar-me. Eu activo Counter Cleaner. Isto destrói todos os Counters em jogo. O que significa que agora não podes utilizar nenhum Defense Counter para mudar o modo de batalha de nenhuma criatura tua.
- Isso não importa. Todos os meus monstros estão em modo de defesa.
- Mas a minha jogada ainda não terminou. Vou jogar agora Monster Reborn para trazer o meu Orgoth de volta e o colocar em modo de ataque no campo.
- Isso não vai fazer diferença. Mesmo que destruas uma das minhas peças de Exodia, os meus pontos de vida ainda estarão a salvo.
- Será? – Duke continuava a sorrir. – Ainda tenho uma carta para jogar. O meu trunfo final que me trará a vitória neste duelo. Eu jogo a carta mágica Destiny Dice.
- Mas o que essa carta faz? – perguntou Harrington, inquieto.
- Esta carta pode ser fatal tanto para mim como para ti – explicou Duke, enquanto um novo dado surgia em campo. – O seu efeito é o seguinte: eu vou lançar um dado. Se o resultado for 1 os nossos pontos de vida serão trocados. Se sair 2 a minha criatura é destruída e eu perco pontos de vida iguais aos pontos de ataque dele. Se for 3 terei de mudar o modo de batalha do meu monstro. Se for 4 é um dos teus monstros que terá de mudar o modo de batalha. Se sair 5 todos os teus monstros são destruídos e tu perdes dano igual aos pontos de ataque de cada um deles. Se sair 6 todas as cartas em campo e nas nossas mãos irão para o cemitério. Estás pronto para um rolar do destino?
Harrington fechou as mãos com força. O destino daquele duelo seria determinado por um dado final. Aquele último rolar determinaria tudo.
O dado foi rolando pelo campo. Novamente, uma tensão nervosa foi partilhada por todos os espectadores, enquanto esperavam pacientemente que o dado parasse.
Por fim… o dado parou… e todos os olhares se concentraram no pequenino cubo.
Quatro pintas…
- NÃO!!!! – gritou Harrington, enquanto assistia, horrorizado, à mudança de posição do braço esquerdo de Exodia. Sem cartas na mão nem no campo, estava vulnerável a um ataque do supremo Orgoth.
- O destino sorriu-me – disse Duke. – Agora, Orgoth, ataca aquela mísera peça de Exodia e acaba com este duelo!
A Diamond Sword desceu como um relâmpago branco, cortando o braço ao meio. Com apenas 200 pontos de ataque, o braço esquerdo não suportaria tal investida. Assim como os pontos de vida de Harrington.

Harrington – 0

Quando os hologramas desapareceram, Harrington caiu de joelhos no chão e deixou cair as suas cartas. Como fora possível que havia perdido contra aquele duelista? A sua estratégia era infalível…
- Muito bem – avançou Duke, desactivando o seu Duel Disk e dirigindo-se ao seu oponente. – Em primeiro lugar, as Pintas.
Relutante, Harrington desencaixou as duas Pintas que havia apostado e entregou-as a Duke, sempre cerrando os dentes de raiva.
- Agora, em segundo lugar, onde arranjaste essas cartas?
Harrington parecia que ia explodir de tanto ódio. Mas ainda estavam rodeados de inúmeros duelistas, tentar algo perigoso seria muito arriscado. E ainda tinha duas Pintas, podia ser desclassificado se tentasse alguma coisa.
- Foi uma oferta de Pegasus – respondeu, acalmando-se um pouco. – Este é um baralho experimental.
- Espera aí. Estás a dizer-me que o Pegasus ofereceu as cartas a ti?
- Isso é porque ele julgava que eu era tu – respondeu Harrington, sentando-se no chão e olhando para baixo, envergonhado. – Quando o teu jogo foi lançado, eu fiquei logo viciado nele. Era de uma genialidade estupenda. Digamos que tu passaste a ser o meu ídolo.
» Eu tentava saber semanalmente todas as novidades no mundo de DDM, de maneira que, sendo um hacker experiente, eu invadia a tua base de dados, tentando ser o primeiro a saber de tudo.
» Até que houve um dia em que descobri um mail do Pegasus na tua caixa postal. Devias ter visto o meu entusiasmo quando li que DDM iria ser adaptado para Duel Monsters e que o primeiro baralho iria ser-te enviado. Então tomei a iniciativa de lhe responder por ti, e semanas depois eu estaria a receber o meu mais novo baralho.»
- Tu invadiste os meus dados e usaste o meu nome para conseguir essas cartas? – perguntou Duke, sem acreditar. – Não acredito…
- Isso é muito baixo até para ti – reforçou Marik.
- Eu queria ser como tu – choramingou Harrington. – Sentir-me o primeiro a usar algo novo. Antes deste baralho me ter aparecido eu era um perdedor. Não ganhava nenhum duelo e as minhas cartas eram tão ultrapassadas que ninguém mas queria trocar por outras.
- Mesmo assim o que tu fizeste não se faz – disse Duke. – Merecias ser expulso deste torneio.
- Ele está ali – ouviram alguém gritar não muito longe. Todos os olhares se concentraram em três homens que se dirigiam àquele local. O homem do meio apontava em direcção a Harrington, com uma expressão zangada.
- O que se passa? – perguntou Duke, sem compreender nada, quando os três homens chegaram ao local.
Um deles, de meia-idade, levou a mão ao bolso e tirou um cartão, apresentando-o em volta. Um outro imitou-o. O homem do meio olhava Harrington com um olhar ameaçador.
- Fazemos parte das autoridades do campeonato – disse o de meia-idade. – Este competidor apresentou queixa de um roubo de uma Manopla, um Duel Disk e as Pintas.
- Foi ele que me roubou as coisas! – acusou o duelista em questão, apontando para Harrington, que continuava sentado no chão.
- Como pudeste? – perguntou Duke, enquanto os dois agentes agarravam Harrington pelos braços e o erguiam do chão.
- Eu… – gaguejou Harrington, sem saber o que dizer.
O Duel Disk, a Manopla e as Pintas foram devolvidos ao duelista. Duke e Marik ficaram a ver o pobre Harrington ser levado pelas autoridades. Ambos não deixavam de sentir alguma pena dele.
- Ele não era má pessoa – disse Marik. – Só queria ser o melhor.
- Mas isso não é justificação para o que ele fez. Concordo que ele não seja uma má pessoa, mas o facto de ele ter enganado e roubado mostrou que ele é um fraco que não consegue combater as dificuldades e tentar evoluir.
Retomaram o caminho, assim que as coisas se foram acalmando. Finalmente Duke recuperara a fama de ser reconhecido como o verdadeiro criador de DDM. Decidira ficar com o baralho que Harrington usara, uma vez que se destinara a Duke. Tencionava usar aquelas cartas durante o resto do campeonato, pois acreditava que combinavam mais consigo. Agora possuía cinco Pintas, já estava à frente de Marik. Já faltava pouco e estaria qualificado para as finais.

Nota do autor: Há algumas coisas que eu gostava de explicar sobre este duelo. Em primeiro lugar, na altura em que escrevi este capítulo, não sabia da regra de só se poder ter três cópias da mesma carta no baralho. Ora o Harrington parece que só puxa a Summon Dice, o que já vai contra as regras. Da segunda vez que introduzi estas cartas, fiz umas pequenas alterações de forma a tornar o jogo mais equilibrado. Em segundo lugar, os monstros do Harrington são considerados como "Dice Monsters", um arquétipo de criaturas cujo nível pode ir do um ao quatro e que não coincidem com os seus equivalentes do Duel Monsters. Por isso é que o Orgoth do Duke é de nível 7 e o do Harrington é de nível 3. Outra coisa a ter em conta é o facto dos "Dice Monsters" terem as suas habilidades especiais, o que não acontece a alguns dos seus equivalentes. Em terceiro lugar, eu sei que o efeito do Dice Jar inflige 6000 pontos de dano a um duelista se o adversário tirar um 6 no dado. Mas essa regra aplica-se porque ambos os duelistas começam com 8000 pontos de vida. Como a fanfic passa-se no mesmo universo da série, e os pontos de vida de ambos começam em 4000, achei por bem diminuir o dano do Dice Jar para 3000. Em quarto lugar, o Crater Creator é um elemento que existe no jogo Dungeon Dice Monsters para a GBA, e cujo efeito destrói mesmo todos os monstros no campo. Por fim, em quinto lugar, o facto de o Duke não ter pago 500 pontos de vida para jogar a Counter Cleaner foi erro meu. Peço desculpa.
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Guardian Angel

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MensagemAssunto: Re: Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus   Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus Icon_minitime4/12/2011, 9:30 pm

Bem, estava à espera que aparecessem comentários depois do último capítulo, mas visto que ninguém comentou, penso que chegou a altura de lançar mais um.


Capítulo XII – Rex e Lizaron

- Agora, Elemental Hero Flame Wingman, ataca e destrói o Luster Dragon (1900/1600)! – ordenou Jason à sua criatura.
O monstro planou nos ares, antes de se lançar numa queda a pique contra o dragão, destruindo-o no meio de uma explosão de fogo.
- Parece que venci novamente. – Jason não parava de sorrir.
O seu adversário arrancou a sua Pinta da Manopla e entregou-a a Jason, que não se recusou a recebê-la. Yugi estava impressionado com as habilidades de duelo do seu novo amigo. Quando antes pensara que os Heróis Elementares não eram cartas poderosas, agora tinha uma opinião diferente. Jason sabia usá-las das mais variadas formas, o que o tornava num oponente temível, com inúmeras estratégias na manga.
- Sete Pintas! – gritou ele, exibindo a sua Manopla no ar. – Parece que estou nas finais. E num tempo recorde.
- Parabéns, Jason – felicitou Yugi, sorrindo. Apesar de não almejar chegar às finais, Yugi sentia pena por ainda não ter tido nenhum duelo depois de Masked Rider. Ainda possuía duas Pintas, e arranjar as restantes não era fácil. A sua reputação como Rei dos Jogos era como um repelente, que afastava os duelistas mais cautelosos.
- Obrigado – agradeceu Jason, olhando em volta, provavelmente procurando por um painel onde se poderia registar para as finais. – Nunca pensei que iria ultrapassar o Rei dos Jogos e chegar às finais primeiro que ele.
- Parece que têm todos medo de mim – desculpou-se Yugi.
- Somente aquele desgraçado é que teve a coragem para duelar contigo. Qual era o nome dele, afinal?
Yugi coçou a cabeça, tentando lembrar-se. Na verdade, o seu adversário anterior não revelara o seu verdadeiro nome. Masked Rider fora um dos Mestres da Escuridão; e revelara que esquecera o seu nome para sempre. Era triste pensar que alguém desistira de tudo na vida para se entregar a um caminho que nem para esse alguém era o mais certo.
- Não chegou a revelá-lo – respondeu Yugi, pensando no último duelo que tivera. O seu alter-ego não tivera outra escolha, senão usar a carta de Slifer. Não era o seu plano usá-la tão cedo, mas se não o fizesse, certamente perderia o duelo e a sua alma seria enviada para o Deus do Mal.
Dirigiram-se para o painel mais próximo. Jason apresentou as suas Pintas e inseriu o convite na ranhura correspondente. Logo a seguir ouviram um bip e uma voz feminina electrónica disse: “Participante nº: 845. Jason Yuki. Qualificado para as finais.”
Jason tirou o cartão do painel e o pôs de volta no bolso.
- Pronto, já está. Agora é só esperar e desfrutar do resto do campeonato.
Yugi aproveitou e foi ao painel consultar a prestação dos seus amigos, desde a última vez. Duke acabara de ganhar duas Pintas. Contudo, o seu coração saltou quando reparou que Joey havia perdido no seu duelo anterior. Apesar de ainda ter uma Pinta e continuar na corrida, Joey podia muito bem ter perdido contra um Mestre da Escuridão. Isso significaria que o torneio acabaria para ele. No entanto, não sabia nada de Odion. Ainda não duelara naquela manhã. Estaria ele a duelar naquele preciso momento?
- Parece que o teu amigo Joey teve azar – disse Jason. – Ao menos continua no campeonato.
Yugi mal o ouvira. Estava demasiado preocupado com o estado do seu melhor amigo.
- Tem calma, Yugi – pediu o Faraó. – Pode ser que não tenha sido com um Mestre da Escuridão.
- Mas e se foi? – indagou Yugi, aflito. – Não o poderemos ajudar, se a alma dele foi capturada.
- Vamos ter fé e rezar para que ele esteja bem. Até às finais não o poderemos ajudar. Nem a ele nem aos outros.
- … o primeiro, não achas? Hã… Yugi, estás a ouvir? – perguntou Jason, interrompendo a conversa que não sabia que se estava a desenrolar.
- O que? – disse Yugi, atarantado.
- Estava a dizer que devo ter sido o primeiro a me inscrever para as finais, não achas?
- Hã… - Yugi não parava de pensar no seu amigo. – Não sei…
Jason notava a preocupação do pequeno.
- Está tudo bem, Yugi? Pareces preocupado com alguma coisa.
- Estou bem. – Já bastavam os seus amigos envolvidos; Yugi não iria envolver Jason naquele assunto.
Continuaram o caminho, silenciosamente. Yugi sentia o olhar de Jason concentrado nele. Na verdade, Jason perguntava-se o que estaria a acontecer para que o pequeno campeão estivesse tão preocupado. Alguma coisa de muito estranha se estava a passar naquele torneio.
- Hã… Yugi, e se fossemos comer alguma coisa? – propôs Jason. – Estou a morrer de fome.
- Tudo bem…
Jason olhou para o relógio. Era já meio-dia e já se haviam afastado da praia, embora ainda sentissem o seu odor salgado. Por ali havia poucas esplanadas, o que era demasiado estranho, uma vez que num sítio tão à beira-mar, que costuma receber turistas, deveria ter restaurantes, locais de convívio, ou até monumentos. Mas Fisher Town era demasiado “vazia”, sem nada de interesse, onde apenas velhos pescadores andavam de um lado para o outro e senhoras idosas refugiavam-se nas suas casas, tentando manter-se fora das muitas disputas que se davam desde o início do torneio. Jason compreendia, e até se admirara o facto de ainda não ter visto nenhum nativo daquela cidade assustado com as imensas batalhas de hologramas que se davam um pouco por toda a parte. Talvez já estivessem preparados. Quando eram jovens, aqueles idosos nunca haviam tido o prazer de jogar Duel Monsters.
Olhava constantemente o seu companheiro. Yugi parecia ainda mais distante, preocupado com algo que não queria dizer. Desde que vira as estatísticas dos duelos no painel que ficara daquela forma. Segundo vira, o tal de Joey perdera o duelo mas ainda conservava uma Pinta. Estaria Yugi tão preocupado só por isso? Teria ele medo que o seu amigo não conseguisse chegar às finais? Ou havia ali algo que lhe escapava?
Não teve muito tempo de aprofundar tais pensamentos. Do fundo da rua que ambos percorriam estavam dois jovens, um mais alto que o outro. Pareciam esperar por eles, enquanto olhavam-nos com um ar suspeito nos seus sorrisos zombadores.
Yugi também olhou e reconheceu o mais baixo. Tinha olhos acastanhados, assim como o comprido cabelo. Usava um gorro, que deixava à vista uma franja de cabelo de uma cor diferente. Não tardou a reconhecê-lo.
- Rex Raptor? – perguntou ele.
- Sabia que nos íamos encontrar, Yugi Mutou – disse Rex, sem parar de sorrir.
O outro jovem estava completamente vestido de verde, assim como era a cor do cabelo. Do musculoso braço esquerdo exibia-se uma tatuagem de um lagarto com uma coroa na cabeça.
- Apresento-te o meu irmão mais velho, Lizaron Reptile.
- Também conhecido como o Homem-Lagarto – acrescentou Lizaron com uma voz arrastada.
Jason não conhecia nenhum dos dois, apesar de lhe parecer já ter visto o Rex nalgum lado.
- Não nos apresentas o teu amigo? – indagou Rex, olhando para Jason com interesse. – Gostava de conhecer o duelista que acabou com aquele inútil do Weevil.
- Eles viram o duelo do Jason? Não dei conta da presença deles.
- Tem cuidado, Yugi. Sinto uma força maligna naqueles dois. Não devemos confiar neles.
- Então, Faraó? É o Rex. Apesar de ser como é, não acredito que seja mau.
- O meu nome é Jason Yuki.
Rex mantinha o seu sorriso, assim como o irmão. Yugi começava a dar razão ao Faraó. Havia algo de muito estranho naqueles dois.
- Jason… um bom nome… – disse Lizaron. – O nome de alguém forte… com uma… alma forte…
- Alma?
- Seria uma boa aquisição, irmão – continuou o Homem-Lagarto, virando-se para Rex. – O que achas?
Rex mantinha o seu olhar em Jason, que começava a sentir-se incomodado e a perguntar-se o que se estava a passar ali.
- A nossa missão apenas consiste em capturar a alma de Yugi Mutou, desde que o Masked Rider falhou – respondeu Rex. – Mas vendo bem… este Jason não parece ser mau… já tem sete Pintas e o torneio mal começou… quem sabe…
- O que vocês querem? – perguntou Yugi, acautelando-se.
- Queremos um duelo – disse Rex, exibindo, juntamente com o seu irmão, um Duel Disk. – Um duelo em duplas.
- Boa – disse Jason, entusiasmado. – Nunca participei num desses.
- E o prémio – continuou Lizaron, – consiste numa viagem sem volta até ao estômago do grande Seth.
- Vocês… - gaguejou Yugi. – Vocês são…
- Membros do Culto da Morte, sim – completou Rex que, assim como o irmão, afastou a franja para o lado, onde se poderia ver uma Ankh tatuada na testa, assim como em Lizaron. – Depois de muito tempo, reencontrei-me com o meu irmão e ele mostrou-me as maravilhas do Egipto. Lá encontrei o sábio sacerdote Amontut, que me converteu num dos Mestres da Escuridão. E assim nos deram a missão de participar no Torneio de Horus e capturar a alma de Yugi Mutou.
- Vocês não o vão conseguir – gritou uma voz mais grossa e possante. Ninguém havia reparado que, durante o discurso de Rex, o Faraó tomara controle do corpo e estava agora pronto para o duelo.
- Hã… Yugi… o que se passa? – perguntou Jason.
- Agora não há tempo para explicar – disse o Faraó. – Junta-te a mim neste duelo em duplas e depois conto-te tudo. Mas cuidado, que eles são perigosos…
- Não percebi nada, excepto a parte do duelo – disse Jason, activando o seu Duel Disk e inserindo o baralho na abertura.
- Desenganem-se se pensam que podem connosco – disse Lizaron. – Quando os dinossauros do meu irmão se unem com os répteis do meu baralho, nada nem ninguém os poderão deter.
- Duelo!!! – gritaram todos.

Faraó e Jason – 8000
Rex e Lizaron – 8000


- Eu posso começar – disse o Faraó, sacando. – Vou principiar esta partida, jogando a carta mágica Emblem of Dragon Destroyer. Isso permite-me pegar o Buster Blader do meu baralho e adicioná-lo à minha mão. De seguida, jogo a carta Polymerization. E vou fundir o Buster Blader com o Dark Magician para criar o meu poderoso Dark Paladin (2900/2400) em modo de ataque.
Um poderoso feiticeiro, segurando uma estranha arma comprida, surgiu em campo.
- Deixo agora uma carta virada para baixo e é só.
- Minha vez, então – rugiu Rex, sacando. – Podes ter tido sorte em ter invocado um monstro tão poderoso como esse, mas ele em breve será despedaçado pelas mandíbulas dos meus dinossauros. Eu vou jogar o meu Gilasaurus (1400/400) em modo de ataque. Mas ele não vai ficar aqui por muito tempo. Pois esta foi uma invocação especial. Agora posso sacrificar o meu dinossauro e invocar o meu Dark Triceratops (2400/1500) em modo de ataque.
No lugar do predador de Rex surgiu uma gigantesca criatura; um triceratop pouco amistoso.
- Deixo duas viradas para baixo e termino a minha jogada.
- Minha vez, então. – Jason sacou. – Eu vou invocar Elemental Hero Bubbleman (800/1200) em modo de ataque. Agora posso activar a sua habilidade especial. Quando o Bubbleman é a única carta do meu lado do campo, então eu posso puxar duas cartas novas. De seguida, equipo o meu monstro com a carta mágica Bubble Blaster. Ela dá ao meu monstro mais 800 pontos de ataque (1600). É só.
“Só isso?” pensou o Faraó, confuso. “Estava à espera de mais alguma coisa”
- Minha vez – disse Lizaron, sacando. – Eu vou invocar Gagagigo (1850/1000) em modo de ataque. De seguida deixo duas cartas viradas para baixo e termino.
A primeira rodada estava completa. Cada um tinha agora um monstro poderoso em campo. O Faraó olhava agora para o réptil do Mestre da Escuridão, perguntando-se que tipo de criaturas ele escondia. Conhecia suficientemente bem o deck de Rex para saber que ele jogaria dinossauros o resto do duelo. Lizaron parecia dominar as criaturas do tipo réptil, ou não se chamaria ele de Homem-Lagarto. O que mais o preocupava era o facto de Rex se ter aliado ao Culto da Morte por influência do irmão. Não sabia como o poderia salvar daquela maldição, sabendo que, agora que o duelo havia começado, não haveria salvamento possível. Quem quer que perdesse, perderia a alma para Seth.
Teria de duelar juntamente com Jason, o que o reconfortava. O deck de Heróis Elementares parecia reservar mais algumas surpresas. Um monstro como o Bubbleman em modo de ataque, mesmo equipado com aquela estranha arma, era demasiado fraco para lidar com as criaturas de Rex e Lizaron.
Mas por outro lado, ainda tinha o seu Dark Paladin, o monstro mais forte do jogo. Podia atacar com ele, mas havia quatro cartas viradas para baixo nos campos dos seus oponentes que lhe dificultariam a estratégia. Tinha de agir com cautela.
- Minha vez…
- E eu activo a minha armadilha – antecipou-se Rex, sorrindo. – Ela chama-se Enemy Paradox. Enquanto esta carta estiver em jogo, nós não podemos atacar o adversário que estiver á nossa frente. Os nossos alvos serão em cruz.
- Não percebi essa – disse Jason, coçando a nuca, confuso.
- Deixa-me explicar – interveio Lizaron. – Como tu e eu estamos frente a frente não nos poderemos atacar directamente. O teu alvo serão os monstros do meu irmão, enquanto o alvo do Yugi serei eu. Percebeste?
- Agora sim…
- Isto vai dificultar a nossa estratégia – disse Yugi, preocupado. – O Rex deve ter algum plano para por o irmão na rota de colisão com o nosso monstro.
- Algo me diz que este duelo vai ser mais longo que o esperado. Continuando. Coloco uma carta virada para baixo e termino a minha jogada.
Era melhor assim. Se o Faraó atacasse, alguma armadilha seria disparada, certamente.
Rex ria, enquanto sacava.
- Tal como eu pensava – disse. – Tinhas medo de nos atacar e por isso não enviaste o teu monstro para a batalha. Sabes que mais? Devias tê-lo feito. Activo a minha outra carta virada para baixo: Field Rotation. O seu efeito é o seguinte: tudo que tenho a fazer é desistir de 1000 pontos de vida e durante o meu turno todos os monstros de um campo trocam com os monstros do campo adjacente.

Rex e Lizaron – 7000

- Esta também não percebi – comentou Jason.
- Já vais perceber. Agora o teu Bubbleman passa para o campo do meu irmão, enquanto o Gagagigo passa para o teu. O efeito é o mesmo para nós os dois, Yugi.
De facto, o Dark Triceratops e o Dark Paladin trocaram de lugar.
- E agora, graças ao efeito da minha carta armadilha Enemy Paradox, eu terei de atacar o Jason.
» Dark Paladin, ataca o Gagagigo!»
O mago avançou ousadamente e com um raio proveniente da sua arma, desintegrou por completo o réptil.

Yugi e Jason – 6950

- Antes de encerrares o teu turno, irmão – interveio Lizaron, – gostava de accionar a minha carta armadilha Chain of the Underworld. Ela traz de volta um monstro oponente que tenha sido destruído nesta Fase de Batalha e volta a colocá-lo em jogo no mesmo modo em que estava antes de ter sido destruído.
O réptil de Lizaron voltou, içado por uma forte corrente.
- Termino então o meu turno – anunciou Rex. – Agora, todos os monstros voltam para os seus donos originais.
- Nesse caso, é a minha vez. – Jason sacou. – Eu vou jogar a minha carta mágica Polymerization. E vou fundir o meu Elemental Hero Clayman com a minha Elemental Hero Burstinatrix para criar Elemental Hero Rampart Blaster (2000/2500) em modo de defesa.
Em campo surgiu uma poderosa criatura, que parecia coberta por uma armadura, protegida por um escudo e armada com um disparador de mísseis.
- Nada mal – disse Yugi. – Agora nós temos o monstro mais forte, enquanto o Jason tem uma poderosa defesa.
- Eu ainda não terminei – continuou Jason. – Agora posso activar a habilidade especial da minha criatura. Mesmo estando em modo de defesa, se cortar metade dos seus pontos de ataque, posso atacar os vossos pontos de vida directamente.
- Isso não! – bradou Rex.

Elemental Hero Rampart Blaster – 1000 ATK

- Agora, Rampart Blaster, ataca o Rex directamente!
A criatura apontou a arma a Rex e disparou uma saraivada de mísseis que explodiram aos pés deste.

Rex e Lizaron – 6000

- Termino a minha jogada.
O Faraó olhou para o seu parceiro, indignado. Então e o Bubbleman? Não o punha em modo de defesa?
- Minha vez – bradou Lizaron. – Eu vou sacrificar o meu Gagagigo para invocar Giga Gagagigo (2450/1500) em modo de ataque.
No lugar do anterior réptil, surgiu um outro com uma forma mais aterradora.
- De seguida, activo a minha carta virada para baixo: Mystic Forge. Isso permite-me ir ao meu baralho e pegar uma carta mágica de equipamento para adicionar à minha mão. E a carta que eu escolhi é a minha Stim-Pack. Isso dá ao meu monstro mais 700 pontos de ataque (3150).
- Agora o monstro dele é o mais forte em campo – disse o Faraó, preocupado. Todavia, ainda tinha duas cartas viradas para baixo.
- Giga Gagagigo, ataca o Dark Paladin!
A criatura avançou ousadamente para o monstro do Faraó.
- Nem penses nisso! – bradou ele. – Eu activo De-Fusion. Agora a minha criatura de fusão vai dividir-se nos dois monstros que usei para a criar, evitando assim o teu ataque.
O Dark Paladin dividiu-se novamente no Dark Magician e no Buster Blader.
- Tiveste sorte, Yugi, mas da próxima não serás tanto fortuito.
- Cálculo que seja a minha vez – disse o Faraó, sacando. – Eu vou jogar o meu Pot of Greed, para conseguir mais duas cartas. E como uma das cartas que acabei de sacar é o Watapon (200/300) eu posso invocá-lo especialmente para o campo. Mas ele não ficará aqui por muito tempo, pois planeio sacrificá-lo e invocar Berphomet (1400/1800). E a habilidade especial dele permite-me colocar o Gazelle do meu baralho para a minha mão. De seguida deixo uma carta virada para baixo e termino.
- Boas jogadas, Yugi – disse Rex. – Mas não te servirão de nada. Eu vou invocar Black Stego (1200/2000) em modo de ataque. É só.
Jason não pareceu intimidado com a aparição do grande stegossauro de Rex.
- Eu vou jogar uma carta virada para baixo e vou atacar o teu Black Stego com o meu Bubbleman.
A criatura de Jason apontou o seu disparador de bolhas para a criatura de Rex e disparou um jacto de água poderoso contra ele. Contudo, o Black Stego não foi destruído.

Yugi e Jason – 6550

- Eh, o que se passou? O teu monstro devia ter sido destruído.
- Pois devia – respondeu Rex. – Mas quando o meu Black Stego é atacado, ele passa automaticamente para modo de defesa.
- Termino a minha jogada…
Lizaron sacou.
- Em primeiro lugar, o meu monstro vai sofrer o efeito negativo da minha carta Stim-Pack. Ela reduz 200 pontos de ataque do monstro equipado por ela em cada Fase de Espera (2950). Mas isso não importa, porque o meu Giga Gagagigo ainda é o mais forte em jogo. Ataca o Berphomet!
O réptil avançou mais uma vez para o lado do campo do Faraó, prestes a estraçalhar o monstro dele.
- Nem penses nisso – bradou ele. – Eu activo a carta armadilha Magic Cilinder. Agora o teu ataque será redireccionado para os teus pontos de vida.
- Oh não!!!

Rex e Lizaron – 3050

- Idiota – bradou Rex ao irmão, irado. – Como pudeste cair numa armadilha como aquela?
- Desculpa… – foi o que Lizaron conseguiu balbuciar.
- E dizes-te um Mestre da Escuridão – murmurou Rex.
- Minha vez – disse o Faraó, sacando. Um sorriso. – Acabei de sacar uma carta mágica que vai reduzir os teus pontos mais um pouco. Eu activo a carta mágica Magician’s Curse. Agora o meu mago pode atacar os vossos pontos de vida directamente.
- O quê? – gritaram Rex e Lizaron em coro, enquanto o Dark Magician os atacava com um raio vindo do seu bastão.

Rex e Lizaron – 550

- Mais nenhum monstro poderá atacar neste meu turno – disse o Faraó. – Por isso termino.
- Boa, Yugi. Bela jogada – felicitou Jason, entusiasmado.
- Eu vou-te já calar, imbecil – bradou Rex, enquanto sacava. – Eu vou colocar o meu Black Stego em modo de ataque e vou usar o meu Dark Triceratops para atacar o Bubbleman.
O dinossauro avançou com determinação e abocanhou o monstro de Jason. Todavia, somente o disparador de bolhas foi destruído.
- O que se passou? Por que é que o teu monstro não foi destruído?
- Isso é porque ele estava equipado com o Bubble Blaster – respondeu Jason. – Quando o meu monstro é atacado, somente o disparador é destruído e o prejuízo é reduzido a zero.

Elemental Hero Bubbleman – 800 ATK

- Mas o teu monstro está desprotegido contra um ataque do meu Black Stego.
Desta vez, o Bubbleman foi derrotado sem piedade.

Yugi e Jason – 6150

- Essa foi boa – disse Jason. – Mas ao destruíres o meu Bubbleman, deste-me carta branca para activar a minha armadilha: Hero Signal. Agora posso ir ao meu baralho e procurar por um Elemental Hero de nível 4 ou menos e invocá-lo especialmente em campo. Por isso, dêem um olá ao Elemental Hero Avian (1000/1000) em modo de ataque.
- Termino a minha jogada com uma carta invertida.
- Meu turno, então. – Jason sacou. – Eu vou invocar o meu Wroughtweiler (800/1200) em modo de defesa. E deixo duas cartas viradas para baixo, antes de colocar o meu Avian em modo de defesa e terminar.
- Finalmente, a minha vez – disse Lizaron. – Vou redimir-me do erro que cometi, irmão.
- Espero bem que sim.
- Vou activar a carta mágica Blessing of the Lizard King. Ela dá-nos pontos de vida iguais aos pontos de ataque de um dos meus monstros de tipo réptil. Mesmo com 200 pontos de ataque a menos no meu Giga Gagagigo devido ao Stim-Pack, nós ainda recebemos 2750 pontos de vida.
- Isso é que é falar, irmão.

Rex e Lizaron – 3300

- De seguida – continuou Lizaron, - jogo a carta mágica Fairy Meteor Crush e equipo no meu monstro. Enquanto esta carta equipa um monstro, de cada vez que ele destrói um monstro em modo de defesa, a diferença das pontuações em causa será deduzida dos vossos pontos de vida.
» Giga Gagagigo, ataca o Berphomet!»
- Não tão rápido, Lizaron – interveio Jason. – Eu jogo a carta armadilha Elemental Recharge. Ela dá-nos 1000 pontos de vida por cada Elemental Hero em campo. E eu ainda tenho dois.
- Ainda?
- Sim, porque vou activar a minha outra carta: De-Fusion. Ela separa o Clayman da Burstinatrix. São assim três Elemental Heroes no jogo.

Yugi e Jason – 9150

Naquele momento, o réptil de Lizaron destruiu o Berphomet.

Yugi e Jason – 8200

- Eles ainda têm muitos pontos de vida, irmão – disse Rex.
- Mas eu ainda não acabei – disse Lizaron. – Agora activo a mágica rápida Sebek’s Blessing. Ela restaura os nossos pontos de vida com o mesmo número de pontos de dano que os nossos adversários sofreram.

Rex e Lizaron – 4250

- Termino a minha jogada.
- Meu turno, então – bradou o Faraó, olhando a carta que acabara de sacar. – Obelisk, the Tormentor. Espero não ter de o usar.
- Se continuarmos a jogar desta forma não será necessário – disse Yugi. – Ao contrário da nossa dupla, parece que Rex e Lizaron não sabem trabalhar em equipa.
- Espero que estejas certo em relação a isso, parceiro… Eu vou colocar uma carta virada para baixo e termino a minha jogada.
Rex sacou.
- Eu vou atacar o teu Wroughtweiler com o meu Dark Triceratops.
O dinossauro avançou novamente e não hesitou em derrubar o pequeno cão robô de Jason.
- E a melhor parte é que se o Dark Triceratops destrói um monstro em modo de defesa, a diferença entre os pontos de ataque do meu monstro e os pontos de defesa do monstro destruído são reduzidos dos pontos de vida do duelista perdedor.

Yugi e Jason – 7000

- Isso não importa – rematou Jason, – porque quando o Wroughtweiler é destruído em batalha eu recupero duas cartas do cemitério: um Elemental Hero e a Polymerization.
- Não te vão servir de nada. Black Stego, destrói o Avian!
O monstro de Jason foi varrido pela cauda do stegossauro.
- Termino a minha jogada.
- Finalmente é a minha vez. – Jason sacou. – Eu vou jogar a carta mágica The Hero Returning Alive, para trazer o meu Avian de volta para a minha mão. De seguida vou jogar Polymerization. E vou fundir o Avian com a Burstinatrix para criar o meu Elemental Hero Flame Wingman (2100/1200) em modo de ataque.
- Ainda não poderás derrotar o meu Dark Triceratops com isso – disse Rex, sorrindo.
- Mas posso arrumar o teu Black Stego.
A criatura de Jason planou nos ares antes de cair a pique sobre o dinossauro de Rex.
- Podes ter destruído a minha criatura, mas quando é atacada, ela passa para modo de defesa. Os nossos pontos de vida estão seguros.
- Não por muito tempo, porque a habilidade especial do meu monstro faz com que vocês percam pontos de vida iguais aos pontos de ataque da criatura que ele destruiu.
- Não pode ser!

Rex e Lizaron – 3050

- Boa jogada, Jason – felicitou o Faraó. – Fazemos uma boa equipa.
- Não por muito tempo – rosnou Lizaron, sacando. – Primeiro, o meu monstro perde 200 pontos de ataque com a carta Stim-Pack (2550). Depois jogo a carta mágica Statue of the Reptile. Isso permite-me criar um Reptile Token no meu lado do campo. Depois eu vou sacrificar esse Token e o Giga Gagagigo para invocar o poderoso Gogiga Gagagigo (2950/2800) em modo de ataque.
Como se não tivesse bastado uma criatura poderosa, um novo réptil gigantesco surgiu em campo, brandindo as suas garras e pronto para ceifar qualquer monstro em campo.
- Mas ainda não vou atacar – disse Lizaron. – Antes, vou activar a carta Release of the Real Lizard. O que ela faz? Apenas dobra os pontos de ataque de todos os monstros no campo do tipo réptil durante este turno.

Gogiga Gagagigo – 5900 ATK

- Tantos pontos! – bradou o Faraó, horrorizado.
- Agora, meu monstro, destrói o monstro favorito do Yugi! Ataca o Dark Magician!
O Faraó nada pôde fazer, senão assistir impotente à destruição do seu mago pelas garras tenebrosas do réptil.

Yugi e Jason – 3600

Lizaron ria como um louco. Com apenas um ataque, dizimara mais de metade dos pontos de vida dos seus oponentes.
O Faraó sentia-se impotente no momento de sacar. Sabia que tinha o monstro que lhe garantiria a vitória, mas precisaria de sacrificar três monstros para o fazer. Se não conseguisse nada naquele turno não sabia onde poderia estar no turno seguinte. Não podia perder daquela forma. Nem mesmo Jason o poderia ajudar, já que o efeito da Enemy Paradox ainda estava em jogo. Algo naquele riso maquiavélico do Homem-Lagarto lhe dizia que na jogada seguinte ele teria uma estratégia para arrumar com os pontos de vida que lhes restavam.
Deu uma olhada a Jason antes de sacar. O destino daquele duelo dependeria daquela tirada. Se não o fizesse, duas almas iriam ter com o Deus do Mal.
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