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 Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus - parte 2: O Sacerdote das Trevas

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Guardian Angel

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Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus - parte 2: O Sacerdote das Trevas Empty
MensagemAssunto: Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus - parte 2: O Sacerdote das Trevas   Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus - parte 2: O Sacerdote das Trevas Icon_minitime9/5/2012, 2:57 pm

Peço desculpa pelo atraso ao lançar a segunda parte desta fanfic, mas eu julgava ter perdido os dez capítulos que já tinha escrito. Felizmente, consegui recuperá-los, e a história está pronta a continuar, dependendo do feedback que receber de vós. Eu sei que os capítulos são grandes, e que alguns não têm duelos, mas é a minha forma de escrever e não posso fazer nada Razz
Vamos então começar com o primeiro capítulo desta segunda parte. Depois do Yugi e companhia terem enfrentado os Mestres da Escuridão enviados por Amontut, o Sumo-Sacerdote do Culto da Morte, eles passam para a próxima fase do Torneio de Horus: as finais.


Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus
O Sacerdote das Trevas

Capítulo I – Reencontros

O sol já mal se via quando o autocarro chegou ao centro da cidade, onde o Torneio de Horus começara. Não se via a multidão inicial que por lá andara naquela manhã; ao invés disso apenas umas quantas pessoas caminhavam como se nada se passasse. Contudo, ainda houve quem se aproximasse quando o autocarro estacionou no terminal correspondente.
Yugi reparou que aquele autocarro havia sido o primeiro a chegar. Não tinha a noção que Fisher Town ficava mais perto da cidade que qualquer outra das Zonas. Quando desceu do autocarro, em conjunto com Jason, arrepiou-se quando sentiu a brisa fresca do final da tarde. O dia estava a acabar, assim como as eliminatórias haviam acabado. Agora, o que o preocupava era saber se os outros estavam bem. Candeeiros começavam a se acender aqui e ali, prontos para iluminarem as ruas quando a escuridão fosse mais cerrada.
Jason deitou as mãos às costas e soltou um pequeno gemido de dor.
- Estou exausto – declarou, bufando ruidosamente. – Doem-me as costas. Apetecia-me agora deitar-me numa caminha bem fofa…
- Também estás hospedado no mesmo hotel que eu? – perguntou Yugi, enquanto continuava a olhar em todos os lados.
- Não – respondeu Jason. – Cheguei aqui uma semana antes do início do torneio e fui para uma pensão na periferia. Não quero grandes confortos. Quatro paredes e um tecto são tudo o que preciso. Se bem que a cama podia ser bem mais confortável…
Yugi riu-se, esquecendo por momentos a sua preocupação. O seu companheiro tinha o condão de o relaxar e olvidar tudo o que o atormentava apenas com o seu bom humor. Mas desta vez não havia piada que distraísse o pequeno Yugi dos seus pensamentos durante muito tempo. Queria certificar-se de que todos estavam bem e que tinham ultrapassado todos os desafios.
Pensava em perguntar as horas a Jason, mas o grande relógio que estava no centro da grande praça onde se encontravam dera-lhe a resposta. 19h45m. Ainda mal acreditava que todas aquelas aventuras se haviam passado ao longo daquele dia. Tinha a impressão que fora há semanas que vira os seus amigos pela última vez, quando se despedira para ir para Fisher Town. Mal podia esperar para voltar a vê-los…
Pareceu-lhe reconhecer dois vultos que se aproximavam. De facto, os Duel Disks que envergavam já era o suficiente para os distinguir do resto dos transeuntes, mas os penteados peculiares e as roupas que usavam davam-lhes um ar ainda mais familiar. Yugi sorriu quando Duke lhe acenou alegremente. Ao seu lado, Marik também sorria.
- Fico feliz por vos encontrar sãos e salvos – disse Yugi, contente. – Já sabia que vocês se haviam qualificado para as finais, mas não deixei de temer pelas vossas almas.
- Não houve crise – disse Duke, afastando o cabelo para o lado, elegantemente. – Nenhum desses Mestres da Escuridão nos atacou.
Ao ver a cara de espanto de Yugi, Marik interveio:
- Percorremos quase toda a cidade, mas nem sinal deles. Fomos desafiados por vários duelistas, mas nenhum deles parecia ser suficientemente poderoso para nos derrotar.
- O duelo mais difícil que tive foi contra um charlatão chamado Dave Harrington – continuou Duke. – Acreditas que esse tipo fez-se passar por mim e pôs-se a dizer a toda a gente que eu é que lhe tinha tirado a ideia do DDM?
Yugi abriu os olhos, incrédulo.
- É verdade – assegurou Duke. – O Pegasus ofereceu-lhe um baralho a pensar que era eu. E esse tipo usou-o contra mim. Felizmente, pu-lo no lugar…
- Mas isso não vem ao caso – interrompeu Marik, impaciente. – Encontraste algum Mestre da Escuridão?
Yugi acenou.
- Encontrámos quatro – afirmou, seriamente. – Infelizmente, vim a descobrir que Rex Raptor também se tornou num deles.
- Aquele duelista de dinossauros? – indagou Duke.
- Esse mesmo. Ele tem um irmão chamado Lizaron Reptile. Eu e aqui o Jason enfrentámo-los num duelo de duplas. Foi complicado e cheguei a pensar que não iríamos sair desta… A propósito, este é Jason Yuki – apresentou, apontando para o amigo. – Jason, estes são Duke Devlin e Marik Ishtar.
Jason cumprimentou-os jovialmente, ao que eles retribuíram.
- Ele já está a par de tudo – informou Yugi. – Deu-me uma grande ajuda na luta contra Rex e Lizaron. É um excelente duelista…
- Ora, Yugi – balbuciou Jason, coçando a nuca, embaraçado.
Duke riu, mas Marik mantinha-se sério.
- E que outros Mestres encontraste? – perguntou, tentando voltar ao assunto principal.
- Enfrentei um tal de Masked Rider – informou Yugi, recordando o duelo que tivera naquela manhã com o Motoqueiro do Diabo.
- Simon Creed – disse Marik. – Pouca gente o conhece por esse nome. É um delinquente que passa a vida a provocar o distúrbio com percursos perigosos de moto. Felizmente não é um duelista poderoso.
- Fala por ti – replicou Yugi. – Tive de invocar o Slifer para o derrotar.
Marik admirou-se com aquela afirmação. Pelos vistos, Masked Rider mudara muito.
- Mas isso não foi nada, comparado com Dragana – continuou o pequeno, alheio ao que se passava na mente de Marik.
- Enfrentaste a Mestra dos Dragões? – indagou o Guardião do Túmulo, incrédulo. – Por favor, diz-me que ela não invocou a sua criatura mais poderosa…
- O Five-Headed Dragon? – Yugi olhava para o seu interlocutor, cujo queixo parecia querer cair mais que o que devia. – Invocou. E olha que não foi nada fácil vencê-lo.
Marik estava cada vez mais impressionado. Sabia que as habilidades de Yugi eram espantosas, mas, para ser sincero, não estava à espera que ele conseguisse vencer quatro dos mais poderosos duelistas do Culto da Morte.
- Bem, pelo menos chegaste são e salvo às finais – disse Duke, tomando a iniciativa de quebrar o silêncio.
- Pois – respondeu Yugi, preocupado. Mais nenhum autocarro aparecia, e ele queria voltar a ver o resto dos seus amigos. Principalmente Joey, de quem não tinha notícias.
Como se o tivesse chamado em voz alta, luzes de um pesado de passageiros surgiam do fundo da rua. Os quatro finalistas ficaram a vê-lo chegar, perguntando-se todos de que Zona viria. Quando o autocarro estacionou junto ao que Yugi e Jason haviam usado para voltar à cidade. A luz era já fraca, mas os quatro conseguiram distinguir duas pintas numa das laterais do veículo, indicando que tinha acabado de chegar da Zona Dois.
- Zona Dois? – proferiu Duke, tentando recordar-se. – Penso que é aquela zona rochosa, chamada Village of Rocks. O Bakura foi para essa Zona, não foi?
Ao ouvir aquilo, Yugi alegrou-se. Já nem se lembrava que Zona correspondia cada face dos dados que os duelistas haviam usado para determinar as suas posições no torneio. Sabia que Bakura ficara destacado para ir para Village of Rocks, mas ignorava já o número de pintas que lhe havia saído no dado.
A porta do autocarro abriu-se. De lá saíram duas pessoas. A primeira era um jovem de estatura média, cujo cabelo claro caía pelas costas abaixo. O seu aspecto frágil era notado pelo seu olhar sereno e inocente. Acompanhando Bakura, estava uma rapariga esbelta e ligeiramente mais alta. O seu rosto sensual mirou os quatro duelistas que os olhavam e esboçou um belo sorriso, reconhecendo-os de imediato.
Yugi e os outros correram em direcção a Bakura e Mai.
- Bem vindos – cumprimentou Yugi, alegremente.
- Olá, Yugi – cumprimentou Mai. – Vejo que conseguiste lugar nas finais. Pensava que ias ter de assistir nas bancadas…
Yugi ficou meio embaraçado com o comentário da amiga.
- Tive, digamos, uns percalços pelo caminho… – balbuciou, não querendo referir os Mestres da Escuridão.
- Tudo bem, Yugi – disse Bakura, serenamente. – Ela já sabe de tudo. Encontrámos alguns Mestres e Village of Rocks.
Marik exaltou-se.
- Quantos enfrentaram? – indagou.
- Quatro – respondeu o rapaz, com voz tremida, como que recordando os encontros que tivera com aqueles malditos duelistas. – O primeiro era um tal de Blacklown.
- O Palhaço das Trevas? – interrompeu Marik, incrédulo. – Esse tipo era um infanticida. Matava crianças por pura diversão. Era um autêntico demónio.
Ignorando os olhares horrorizados dos outros, Marik pediu a Bakura para retomar.
- Depois encontrámo-nos com outro – continuou o rapaz. – Era um inglês, de nome Allister McCroak.
- O Rei dos Sapos – confirmou o Guardião do Túmulo. – Não é dos mais poderosos, mas quando usa o baralho correctamente pode tornar-se imbatível.
- Nem por isso – disse Mai, indiferentemente. – Eu duelei com ele e posso-te afirmar… já enfrentei muito pior.
Marik abriu muito os olhos, espantado. Sabia que Mai era boa, mas não acreditava que ela conseguisse ultrapassar um Mestre da Escuridão.
- Depois – continuou Bakura, – encontrei-me com Bonz no Shadow Realm. Ele desafiou-me para um duelo de quase morte.
Yugi ficou confuso. Estava naquele momento a ter uma branca terrível, não se conseguindo lembrar quem era Bonz, embora o nome lhe fosse bastante familiar. Sabia que já o havia visto, mas não se lembrava onde. Não podia ser um dos Rare Hunters, ainda se lembrava de todos que havia enfrentado.
- Não conheço – disse Marik, pensativamente. – Devia ser muito poderoso, para poder convocar o Shadow Realm. Não tiveste medo?
Bakura encolheu os ombros, como se a estadia num lugar tão ermo e inóspito fosse como tirar umas férias num local indesejável.
- Nem por isso – respondeu simplesmente. – Aquilo mete muito medo, mas não passam de ilusões, não é?
Yugi espantou-se com a resposta de Bakura. Se bem o conhecia, sabia que ele, apesar de inteligente, era uma pessoa muito frágil e que muito facilmente se assustaria com uma visita ao Shadow Realm. Aquela teria sido uma resposta vinda de uma pessoa com uma personalidade completamente oposta à de Bakura.
- Passa-se algo com o Bakura – sentiu o seu alter-ego dizer-lhe. Parecia que o Faraó também era da mesma opinião que aquele rapaz parecia diferente.
- Achas que… – principiou Yugi, apercebendo-se que a pergunta que estava prestes a fazer era um tanto idiota. Não havia forma de o Bakura voltar a ser possuído pelo espírito maligno do Anel do Milénio. A relíquia encontrava-se bem guardada no seu quarto de hotel, juntamente com as outras que havia adquirido.
- Não faço ideia – respondeu, contudo, o Faraó. – Temos de estar de olho nele. Lá porque se separou da sua relíquia, isso não significa que o espírito não o continue a atormentar.
Yugi não teve tempo de alvitrar. Bakura continuava a falar, e não queria perder o fio à meada da conversa.
- Depois, enfrentei um tal de Vradevil…
- O QUÊ??? – berrou Marik, fazendo com que umas boas dezenas de pessoas os olhassem. Depois, com uma voz mais moderada, dirigiu-se ao rapaz: - Enfrentaste o Demónio dos Infernos?
- O que é que tem? – perguntou Duke, confuso.
- Tem tudo! – disse Marik, indignado pela ignorância dos seus amigos. – Ele é um dos mais poderosos Mestres da Escuridão. Ainda mais poderoso que a Dragana.
- Ele tem monstros mais poderosos que o Five-Headed Dragon? – perguntou Yugi, enquanto Bakura e Mai se perguntavam quem raios seria Dragana.
- Acredita – murmurou Marik, como se temesse que alguém os escutasse, – não queiras enfrentar a The Beast…
Yugi encolheu os ombros, indiferente. Para ele, não havia criatura pior que o Five-Headed Dragon. Mas isso não queria dizer que não houvessem outros monstros igualmente poderosos.
- Portanto – retomou Marik. – O Yugi e o Jason enfrentaram quatro. O Bakura e a Mai enfrentaram outros quatro. Será que o Joey e o Odion duelaram com os restantes?
Naquele momento, foram todos iluminados por fortes luzes, pertencentes a um novo autocarro que se aproximava. Os seis duelistas ficaram a vê-lo chegar e estacionar junto aos outros. Na lateral do veículo havia cinco pintas estampadas.
Apenas uma pessoa havia saído do autocarro, e não parecia ser nenhum conhecido. Era um homem alto e magro, com óculos de aros finos e olhos pequeninos, que facilmente o confundiriam com um asiático. O cabelo preto estava bem penteado. O desconhecido usava uma camisa branca e umas calças pretas. Parecia um betinho aos olhos dos outros.
- Quem é este? – sussurrou Jason para os outros.
Nenhum respondeu. Contudo, não foi preciso adivinhar quem era. O homem caminhou para junto deles, com um largo sorriso, e falou perante aquele público jovem:
- Boa noite, jovens – cumprimentou, numa voz já bem adulta e bem disposta. – Vejo que são finalistas do torneio. O meu nome é Tom Gemin e fui o único finalista da Zona Cinco.
Um por um, os seis duelistas foram-se apresentando. Quando chegou a vez de Yugi, Tom escancarou ainda mais os olhos de admiração.
- Então tu és o tão famoso Rei dos Jogos – disse, sem largar a mão que o pequeno lhe havia estendido. – É engraçado… és mais pequeno ao vivo que na televisão.
- Hã… – Yugi coçou a nuca, sem saber o que dizer.
- Não consideres isto como uma critica – corrigiu Tom. – Apenas acho que és diferente quando duelas.
Yugi continuava sem saber o que dizer. Claro que não podia revelar que era o seu alter-ego quem tomava partido nos duelos.
- Espero poder enfrentar-te nas finais – continuou Tom, largando finalmente a mão de Yugi. – Será uma honra enfrentar o Rei dos Jogos.
- Tenho a certeza que não serás um oponente fácil. Até porque não faço ideia que tipo de baralho usas.
Tom sorriu.
- Não devia revelar, mas o meu baralho tem algumas criaturas bem… como dizer… peculiares…
Yugi não pôde indagar que tipo de peculiaridade teriam as criaturas do baralho de Tom porque um novo autocarro acabava de chegar. Rapidamente, o veículo estacionava junto aos outros, e todos puderam reparar em três pintas na lateral.
- Este veio de Chip Town – informou Tom.
Desta vez, quatro pessoas saíram do autocarro. O primeiro era um rapaz alto, de semblante carregado e uma indumentária que o tornava inconfundível. Todos ali reconheceram Seto Kaiba, enquanto saía do autocarro e se dirigia ao grupo, no entanto, fazendo de conta que eles não existiam. Atrás dele vinha um rapazinho de cabelo claro e rosto inocente, com uns olhos acastanhados atrás de uns óculos muito pequeninos. Yugi ouviu ao seu lado Jason murmurar “Leon Truesdale.” Depois, um outro homem, desta vez aparentando ter uns vinte anos, embora o cabelo denotasse umas madeixas grisalhas que lhe passavam em frente aos olhos escuros. Quando Yugi o viu, foi como se tivesse levado um soco no estômago. Estava frente a frente com Aaron.
- Ora ora, o que temos aqui? – indagou ele, sorrindo malevolamente para o pequeno Yugi. – O jovem Yugi Mutou, acompanhado dos seus seguidores…
Yugi cerrou os punhos, lembrando-se do que aquele indivíduo fizera ao seu avô. A sua vontade era correr para Aaron e agredi-lo, embora a sua natureza não o tivesse tornado num amante da violência.
- Maldito! – limitou-se a dizer, enfurecido. – Eu sabia que te iria encontrar aqui…
- Yugi, foi este que fez aquilo ao teu avô? – perguntou Jason, no entanto, sem receber resposta.
- Devolve-me imediatamente a carta que me roubaste! – gritou o pequeno, reunindo toda a coragem que conseguia encontrar. Todavia, Aaron limitou-se a rir à gargalhada.
- Lá valentia não te falta, pequeno – disse, por meio de risos. – Lamento não te poder aceder ao pedido, mas estamos a meio de um campeonato. Somos todos finalistas. Então que tal resolvermos tudo quando nos encontrarmos nas finais?
De todos os duelistas que já lá se encontravam, apenas Kaiba, Leon e Tom não percebiam o que se passava ali.
- A carta de Ra não te pertence – interveio Marik, no entanto reparando em algo familiar em Aaron. Já o havia visto antes, embora não soubesse onde e quando…
- Exacto – foi a vez de Duke falar. – Tiraste-a a um homem indefeso. Isso é muito baixo. Somente um cobarde faz isso.
Aaron gargalhou ainda mais, divertido com as provocações que se lhe eram dirigidas.
- Vocês são engraçados – declarou. – Mas não estão a pensar que vos vou entregar assim a carta de Ra sem mais nem menos, ou pensam?
» Pois pensam mal. A carta é minha, e muito em breve possuirei as outras duas que restam. Mas se quiserem recuperar o poderoso Winged Dragon of Ra terão que o merecer… derrotando-me num duelo.»
Todos os outros cerraram os dentes, enraivecidos com o sorriso de Aaron. Em parte, não porque ele era um sacana, mas porque tinha razão. Se quisessem recuperar a carta de Deus Egípcio teriam de o vencer num confronto.
Aaron voltou-lhes as costas e encaminhou-se para junto do grande relógio que se situava no meio da praça. Encostou-se ao poste de cruzou os braços, olhando Yugi com um sorriso maldoso e arrogante. Yugi também não parava de olhar, esforçando-se para não ir ter com ele e arrancar-lhe a carta à força.
- Tem calma, Yugi – pediu o Faraó. – Irritares-te não é solução.
- Mas aquele tipo tira-me do sério – queixou-se Yugi, arreliado.
- Também a mim, mas não é altura para confrontos. Temos de esperar para o encontrarmos nas finais…
- QUE ESTÁS AQUI A FAZER? – bradou uma voz que quebrou a conversa entre Yugi e o Faraó. Jason estava em frente a um rapazinho, o que descera em último do autocarro. Yugi olhou para o pequeno, que parecia ter uns dez anos, e notou algumas semelhanças físicas com Jason: o cabelo revolto acastanhado, os olhos da mesma cor e um rosto alegre e desafiador.
- Sou um dos finalistas do Torneio de Horus – respondeu o jovem, simplesmente, como se não fosse nada de mais.
- Mas como vieste aqui parar? – indagou Jason, indignado. – Como conseguiste bilhete para o avião? E vieste sozinho?
O rapazinho continuava a sorrir alegremente.
- Claro – respondeu. – Foi fácil. Só tive de me meter no avião e aqui estou.
- E os pais? Eles sabem que estás aqui?
O jovem coçou a nuca, agindo como um rapaz endiabrado que acabara de fazer uma asneira das grandes. Jason compreendeu aquele ar matreiro…
- Não lhes contaste?
- Na verdade… – o jovenzinho estava cada vez mais atrapalhado. – Eu… deixei-lhes um bilhete…
- UM BILHETE? – explodiu Jason, fazendo com que toda a gente olhasse para eles. Mas ele não quis saber. Estava de tal forma fulo que parecia prestes a rebentar, de tão vermelho que estava. – UM BILHETE? ACHAS QUE SE EXPLICAM ESTAS COISAS NUM BILHETE? PENSAS QUE ISTO É UMA BRINCADEIRA?
- Eu queria contar aos pais – defendeu-se o petiz, vigoroso. – Mas sabes como eles são. Nunca estão por perto. Sempre a trabalhar; quase nunca os vemos. Tu sabes que é assim. Como podia falar com eles se eles nunca estão quando nós precisamos deles. Tive de aprender a governar-me sozinho com as ausências deles…
Jason continuava fulo com o rapazinho. Sentia que algo de mau se podia passar, e Jason tinha ar de quem estava prestes a dar uns tabefes no jovenzinho. Decidiu esquecer Aaron por enquanto e ajudar o seu novo amigo a serenar.
- Está tudo bem? – perguntou, cauteloso, quando se aproximou.
Jason respirava rápida e ruidosamente. O rapazinho, por outro lado, desviou o seu olhar dele e mirou Yugi com alguma curiosidade. Yugi olhou para o jovem e sorriu-lhe, embaraçado. Não parecia ter mais de dez anos, e reparava agora na semelhança que existia entre ele e Jason. De repente, o jovem abriu muito os olhos e proferiu em voz alta, assustando todos em redor:
- TU ÉS O YUGI MUTOU!!!
Yugi não estava à espera daquela investida. Saltou para trás, assustado com a gritaria do rapazinho. Os olhos dele brilhavam de emoção, como se estivesse a olhar para uma celebridade, ou mesmo um deus.
- Sou um grande fã teu – disse o petiz, apertando a mão de Yugi, vigorosamente. – Acompanho todos os teus duelos desde Duelist Kingdom. Tu és o meu maior ídolo.
- Hã… obrigado.
- Pára com isso, Jaden! – pediu Jason, veemente, afastando o rapaz para dar espaço a Yugi. – Perdoa-lhe, Yugi – disse ao Rei dos Jogos, à laia de desculpa. – Ele ainda não sabe o que faz.
Yugi sorriu e olhou para o jovem, que apesar de ter sido afastado rudemente pelo Jason, continuava a olhar para ele com uma grande admiração.
- Vocês estão relacionados? – perguntou Yugi, tentando acalmar os ânimos.
- Somos irmãos – respondeu Jason. – O nome dele é Jaden Yuki.
Yugi olhou para o pequeno e voltou a sorrir. Jaden não parecia ter mais de dez anos e, no entanto, conseguira convite para entrar no campeonato.
- Deves ser mesmo muito bom – comentou Yugi. – Julgava que a idade mínima era de dezasseis anos.
- E desde quando é que há idade mínima neste campeonato? – perguntou uma voz conhecida atrás deles. Seto Kaiba aproximara-se uns passos, certamente indignado com aquele reencontro de irmãos.
- É óbvio que esse rapaz falsificou o seu convite – continuou, mirando Jaden de lado, com má cara.
- É mentira! – defendeu-se o rapazinho, quando todos os olhares se concentraram nele. – Eu ganhei o meu convite num campeonato regional.
- Tens a certeza? – perguntou Jason, desconfiado.
Jaden olhou para o irmão, visivelmente ofendido.
- Quem pensas que sou? – perguntou, indignado. – Já duelámos muitas vezes. Sabes que eu sou bom, tu mesmo o admitiste uma vez. Achas que eu não sou capaz de vencer um torneio?
- Eu nunca disse isso – replicou Jason. – Além disso, o teu baralho nunca foi…
- Nunca foi o quê? – bradou Jaden, cada vez mais ofendido. – Pois fica sabendo que o meu baralho não tem nada a ver com o que costumavas ver.
- Estou para ver isso – murmurou Jason, ainda chateado.
Tom havia-se afastado ligeiramente do grupo, talvez para melhor admirar a discussão que se passava por aquele lado. Ao mesmo tempo contava o número de duelistas que já haviam chegado e quantos faltavam. Até agora haviam chegado onze duelistas, pelo que os cinco restantes ainda estavam por vir, assim como o organizador do campeonato. Sem pensar muito nas dificuldades que se lhe apresentariam nas finais, o duelista começou a caminhar pela avenida, pensando em cada carta do seu deck, e nas possíveis combinações que poderia utilizar contra o seu possível oponente. Conhecia o baralho de Kaiba, Yugi e Marik, mas ignorava o que o esperava nos baralhos dos outros. Aquele Aaron parecia temível, se conseguira obter uma das cartas Egípcian God, que era suposto estarem com o Rei dos Jogos. E apesar de já ter ouvido falar de Duke e Jason, não conhecia nenhum dos baralhos que os dois usavam. Conhecia Mai desde a altura em que ela participara em Duelist Kingdom, mas não conhecia bem as estratégias possíveis de um baralho de harpias. Quanto a Bakura… apenas não o conhecia.
Mais alguém se aproximava ao longe. Tom vira-o em primeiro, mas depressa todos os restantes duelistas se voltaram para a figura solitária que se aproximava. Parecia ser do tamanho do pequeno Jaden, assim como a sua forma corporal se assemelhava à de uma criança. Era difícil sabê-lo, uma vez que a figura estava tapada com um pequeno manto cinzento e tinha uma máscara carnavalesca a tapar-lhe o rosto. Todos se perguntavam quem era aquela personagem, embora sabendo que se tratava de um duelista, uma vez que tinha uma Manopla e usava um Duel Disk. Alguns duelistas acenaram-lhe quando passou, mas o mascarado não fez questão de lhes retribuir. Porém, quando passou por Kaiba, virou ligeiramente a cabeça na sua direcção, sem, no entanto, dizer o que quer que fosse.
- Quem é este? – perguntou Duke, confuso.
- Deve ser algum finalista – observou Bakura.
- O Duelista Mascarado – lembrou Jason, olhando para Yugi, que acenou afirmativamente.
- A julgar pelo tamanho, devia ser chamado de Anão Mascarado – disse Duke, tentando alegrar o momento. Contudo, fora em vão. Yugi ainda estava incomodado com a presença de Aaron, e Jason ainda se mostrava zangado com a presença do seu irmão.
Vozes conhecidas para alguns ouviam-se por perto. Yugi, Bakura, Duke e Marik voltaram-se para a fonte das vozes. Os quatro sorriram quando avistaram conhecidos seus a correr para eles. Salomon, Téa, Tristan e Ishizu apressavam-se para irem ter com eles, e falavam entre si, certamente incitando o idoso a correr mais depressa. Yugi nunca estivera tão contente por vê-los.
- Ainda bem que estão sãos e salvos – felicitou Ishizu, enquanto recuperava a respiração. – Estava com medo que não conseguissem.
- Correu tudo bem? – indagou Tristan aos amigos. – Sempre apanharam os tais Mestres da Escuridão?
Yugi, Mai e Bakura acenaram afirmativamente, sérios.
- Felizmente conseguimos derrotar todos os que nos tentaram enfrentar – respondeu Mai.
Os quatro recém-chegados ficaram surpreendidos pela presença de Mai, que acabou por se sentir ofendida por não saber se eles haviam pensado que ela não conseguiria chegar às finais, ou se não sabiam que ela também participava.
Lembrando-se de Jason, Yugi apressou-se com as apresentações, antes de passar à explicação sobre tudo o que lhe havia acontecido ao longo daquele dia.
- Não acredito que o Rex também se juntou ao Culto da Morte – lamentou Téa, abanando a cabeça.
Salomon olhava para Aaron, apenas o tendo reconhecido quando Yugi lho segredara. Sentia-se furioso pelo que aquele tipo lhe havia feito, e a sua vontade era pagar-lhe com a mesma moeda. Contudo, isso não seria o mais sensato, e não estaria a dar um bom exemplo aos jovens que ali estavam.
- Mas mudando de assunto – interveio Marik, virando-se para a irmã. – Temos de continuar a nossa missão para descobrirmos o Millenium Eye. Tens aí o Millenium Ring?
Naquele momento, Ishizu baixou o olhar para o chão e adoptou uma expressão entristecida. E foi então que os outros se aperceberam que algo correra mal enquanto o campeonato decorria.
- Os itens… foram roubados – respondeu Ishizu.
Yugi e os outros ficaram boquiabertos e brancos como fantasmas. Não queriam acreditar que a única esperança que tinham para impedir a libertação de Seth havia sido roubada.
- Acreditamos que tenham sido membros do Culto – continuou Ishizu. – Assaltaram o quarto de hotel e roubaram os itens. Eles devem ter descoberto de alguma forma onde eles se encontravam…
- O Masked Rider – lembrou Yugi, fazendo com que todos os olhares se concentrassem nele. – O motoqueiro que estava sentado numa mesa junto à nossa naquela esplanada, esta manhã. Ele deve ter-nos ouvido e contado a algum membro.
- O Bonz! – exclamou Bakura por sua vez. – Quando o enfrentei ele disse-me que tinha sido ele a adquirir os Itens do Milénio. Na altura não pensei em quais fossem…
- Mas não chegaste a saber quais ele roubou? – perguntou Ishizu, esperançada.
Bakura engoliu em seco, mas conseguiu esconder o seu embaraço. Quase se esquecera que tinha o Millenium Ring ao pescoço, por baixo das roupas. Tinha de ter cuidado com o que iria dizer. Um deslize e podia deitar tudo a perder.
- Não – respondeu, mantendo a calma. – Ele disse-me que os mandou para o seu mestre.
- Amontut… – murmurou Marik, cerrando as mãos.
Ficaram todos em silêncio, amaldiçoando as suas sortes. Jaden também se encontrava no grupo, perguntando-se que raio se passava ali. Para ele era uma confusão falarem em itens que nunca ouvira falar, juntamente com Mestres da Escuridão e um culto qualquer. Todavia, não ousava dizer o que quer que fosse para não irritar ainda mais o irmão.
- Então e agora, o que fazemos? – perguntou Duke, não obtendo resposta.
Jason olhou para o relógio, tentando ao mesmo tempo arranjar um tema de conversa para não mergulhar o grupo num silêncio sepulcral.
- Já passam das oito e vinte – disse. – O autocarro da Zona 6 está atrasado.
- Será que o Joey se conseguiu safar? – perguntou Téa, preocupada.
- O Joey é um excelente duelista – disse Yugi, sorrindo. – E ele tem a ajuda do Odion.
- Tenho a certeza que ele se conseguiu safar – reconfortou Tristan. – Mesmo que ele não tenha conseguido chegar às finais, desde que se tenha conseguido safar dos Mestres, está tudo bem.
- Isso já saberemos – disse Ishizu, apontando para um par de luzes que se aproximava do terminal de autocarros.
Todos os duelistas que lá se encontravam voltaram-se para o veículo, que sabiam vir da Zona 6. Yugi rezava em silêncio para que o seu amigo lá estivesse, que tudo tivesse corrido bem e que, todos juntos, continuassem o campeonato, sem se preocuparem mais em enfrentarem o Culto da Morte separados.
O autocarro estacionou no terminal, e os faróis desligaram-se. Automaticamente, a porta abriu-se, e do interior surgiu a luz proveniente do interior do autocarro. Enquanto esperava para que os duelistas descessem, Yugi sentiu Tom chegar junto de si e segredar-lhe ao ouvido:
- É daqui que vêm os três restantes.
Yugi acenou, vendo um duelista de estatura mediana, t-shirt azul e calções brancos, olhar distraído e sonhador, descer pelas escadas do autocarro e caminhar pela praça, se saber onde ficar. O duelista, que aparentava ter uns dezoito anos, olhava para todos os lados, reconhecendo alguns duelistas, até decidir onde ficar.
- Damon Cloud – voltou a segredar Tom. – O duelista dos Cloudians. Parece que está sempre com a cabeça nas nuvens…
O segundo duelista era um rapaz baixo, com óculos de aros grossos e cabelo preto revolto. Não foi preciso muito para que o reconhecessem.
- Chrono Oyamada – disse Yugi, admirado. – Não estava à espera que ele também se encontrasse na mesma Zona de Joey. Será que eles se encontraram?
- Espero bem que não – disse Duke. – O Chrono é muito perigoso.
Chrono não pareceu reparar na presença de Yugi. Porém, como Kaiba estava mais perto, limitou-se a deitar-lhe um olhar sério antes de se retirar para um lugar perto do grande relógio, onde também estava Aaron.
O terceiro duelista era um rapaz alto, de cabelo louro. Descia com uma lentidão maior que os outros duelistas e parecia mirar o chão. O cabelo escondia-lhe parte do rosto, mas não era por isso que não o reconheceriam. Yugi e os outros sorriram abertamente quando reconheceram a figura de Joey afastar-se lentamente do autocarro. Não perderam tempo a ir ter com ele, a correr, como se tivessem medo que ele fugisse.
- Joey – cumprimentou Yugi, que chegara primeiro junto ao rapaz. – Ainda bem que vieste. Estávamos com medo que não tivesses conseguido passar pelos Mestres da Escuridão.
Joey nada disse, continuando a fitar o chão, como se não tivesse ouvido o que o amigo dissera.
- Joey – foi a vez de Ishizu falar, já que chegara ao pé de Joey logo a seguir a Yugi. – Onde… onde está o Odion?
O rapaz continuava calado, ignorando os muitos pares de olhos que agora o miravam com interesse. Todos o olhavam, à espera de uma resposta decente. Mas Joey nada dizia, embora se notasse perfeitamente que algo estava errado.
- Passa-se algo? – perguntou Yugi, começando a ficar preocupado. – Diz alguma coisa…
O jovem meteu as mãos aos bolsos e, sem sequer se designar a olhar para os amigos, virou-lhes as costas e começou a caminhar para longe deles, em direcção a um ponto mais afastado da avenida. Os amigos ficaram a olhá-lo, atónitos com o comportamento dele.
- Que se passa com ele? – perguntou Téa, preocupada. – Estará chateado connosco?
- Eh, Joey, o que se passa? – repisou Yugi, aproximando-se e agarrando-lhe pelo braço. – Fala connosco. Aconteceu alguma coisa na Zona onde estiveste? Onde está o Odion?
Antes que Yugi pudesse perguntar algo mais, Joey soltou o braço com um violento puxão, que foi o suficiente para que Yugi perdesse o equilíbrio e caísse dolorosamente no chão. Joey nem sequer olhou para o amigo, enquanto retomava o caminho rumo ao canto que visara de início.
Téa e Salomon apressaram-se a ajudar o pequeno Yugi a levantar-se, enquanto este olhava para Joey com um misto de tristeza e incompreensão. Não percebia que comportamento era aquele; Joey nunca os tratara assim.
Tristan não aguentou ver tamanha cena de insensibilidade, e partiu a correr na direcção de Joey, passando por Yugi, Téa e Salomon em grande velocidade. Quando chegou junto de Joey, agarrou-lhe o ombro, forçando-o a virar-se, e puxou-o pelos colarinhos, olhando-o nos olhos, que se mantinham parcialmente ocultos pelo cabelo. Tristan estava em fúria, mas Joey continuava neutro.
- Ouve lá, meu, não sei o que se passou naquela Zona, mas acho que não tens o direito de chegar aqui e ignorar os teus amigos! – bradou Tristan. – Nós estávamos preocupados contigo, podias ao menos dizer-nos como estás. Agora chegas aqui, tratas os teus amigos como cães, não nos falas… vê o que fizeste ao Yugi.
Foi então que Joey levantou a cabeça e fitou os olhos de Tristan. Este abriu-os repentina e assustadoramente quando reparou num negrume gélido nos orbes do amigo. As mãos largaram os colarinhos de Joey quando notou no símbolo tatuado na fronte.
Não só Tristan viu como todos os outros repararam. Uma Ankh estava tatuada mesmo no meio da testa de Joey.
- Joey… – murmurou Yugi, incrédulo, abanando lentamente a cabeça, como se quisesse acreditar que aquilo não passava de uma ilusão de óptica. Mas era verdade: o seu melhor amigo tinha na fronte o símbolo dos seus maiores inimigos. – Porquê…?
Então, Joey falou. E uma voz uníssona, como se da união entre duas vozes se tratasse. Uma voz neutra, desprovida de sentimentos:
- Não preciso mais de vocês – proclamou. – Odion foi-se. Perdeu contra um Mestre da Escuridão. O mesmo que me fez aceitar o meu lado negro.
- Do que estás a falar? – interveio Marik. – O que queres dizer com “Odion foi-se”?
- A vossa amizade inútil levou-me a este ponto – continuou Joey. – Apenas ele me fez descobrir o poder que há dentro de mim.
- Ele? – repetiu Yugi, sem compreender.
- Vocês não são mais meus amigos – concluiu o jovem. – Não preciso de vocês, agora que ele está comigo.
Voltou-lhes novamente as costas e retomou o caminho. Ficaram todos a olhar para ele, chocados com a revelação. Como fora possível que Joey se tivesse deixado levar pelo lado das Trevas e escolhido tornar-se num membro do Culto da Morte? Ele, que aceitara ajudá-los na luta contra Seth, traíra-os e deixara Odion entregue a um destino cruel…
- Não é possível… - murmurou Yugi, enquanto todos os outros não sabiam o que dizer.
- Ainda custa a acreditar – concordou o Faraó, também incrédulo com o que vira.
- Perdemos um aliado… não, um amigo… Como pôde ele trair-nos? Trair a nossa amizade…
- Ele nunca nos trairia – replicou o Faraó. – Além disso, sinto algo de obscuro e muito maléfico na sua alma. Como um parasita…
- Um parasita? – repetiu Yugi, sem tirar os olhos de Joey.
Marik, contudo, parecia saber mais do que aparentava. Assim como Ishizu, que olhava para Joey com o horror estampado na face. Não tardou para que todos os outros olhassem para os dois irmãos, esperando por uma explicação para o comportamento do jovem.
- Ishizu… - murmurou Marik, voltando-se para a irmã. Esta acenou afirmativamente, sem nada dizer, o que confundiu ainda mais os restantes presentes.
- Marik, Ishizu, sabem o que se passa? – indagou Tristan, tirando as palavras da boca de todos os outros.
Ishizu voltou a acenar, mas nada disse. Marik decidiu tomar a iniciativa, vendo que a irmã continuava em estado de choque:
- O Joey foi possuído por um ser maligno – disse, simplesmente.
- O Faraó já mo disse – interveio Yugi, fazendo com que todas as cabeças se voltassem para ele. – É tipo um parasita…
- Não! – Marik abanou a cabeça. – É muito mais do que isso…
» Nos tempos do Antigo Egipto, muito antes do Faraó Sem Nome, existiu uma criatura que governava o mundo com tirania e malevolência. Essa criatura era a personificação de todo o Mal contido no coração dos homens. Foram eles que a criaram e lhe deram forças para governar o mundo. Muitos foram os faraós que se ajoelhavam perante ela. Muitos foram aqueles que ousavam enfrentá-la, mas nenhum obtinha sucesso.
» Parecia que o mundo se iria mergulhar na escuridão eterna. Até que um dia, uma profecia foi revelada. Um vaticínio, que previa a vinda de um poderoso guerreiro que enfrentaria e destruiria a criatura e devolveria a paz no mundo. Como previsto, o guerreiro apareceu e uma tremenda batalha se deu, com a vitória do guerreiro misterioso. Contudo, era impossível destruir a criatura, uma vez que a destruição é um acto de maldade, o que fortaleceria a criatura. Então, o guerreiro decidiu aprisioná-la dentro do seu próprio corpo, com esperança que as gerações seguintes a conseguissem controlar até descobrirem um modo de a aniquilar de uma vez por todas.»
- Mas o que é que isso tem a ver com o Joey? – perguntou Téa.
Marik fez de conta que não a havia ouvido, pois a história levaria à resposta que ela pretendia.
- As gerações seguintes do guerreiro conseguiram manter a criatura aprisionada nos seus corpos, embora tivessem de o fazer longe dos humanos, para que a criatura não se tentasse refugiar em alguém de coração impuro. Esses guerreiros passaram a ser apelidados de Amaldiçoados, e foram temidos durante muitos anos.
» Os tempos passaram e um desses guerreiros chegou até nós: Odion.»
- O Odion era um Amaldiçoado? – perguntou Bakura, indignado.
- Sim – respondeu Ishizu, quebrando o seu silêncio. – Era um puro de coração. Foi adoptado pela nossa família, que não sabia nada sobre a história dele. Eu e Marik crescemos ao lado dele, sem suspeitarmos do mal que ele tão secretamente guardava dentro de si. Então naquele dia… No dia em que Marik cedeu ao seu lado maligno, a criatura conseguiu soltar-se de Odion por momentos e tentou refugiar-se no corpo do meu irmão. Felizmente, Odion conseguiu contê-la a tempo, mas não antes da criatura conseguir depositar parte da sua alma no corpo de Marik, fazendo com que o seu lado maligno viesse ao de cima.
- Então isso quer dizer que o lado maléfico de Marik só apareceu porque a criatura deu o impulso necessário para fazer sobressair o que de mal estava no coração dele – disse Duke, que recebeu a anuição de Marik.
- Felizmente a criatura nunca se mostrou, pois Odion esteve sempre comigo e conseguiu controlar o meu lado maligno – continuou Marik. – No entanto, vocês tiveram a oportunidade de a ver em acção. No campeonato de Battle City, quando o Joey e o Odion se enfrentaram e a mente deste ficou presa no Shadow Realm, a parte da criatura que repousava no meu corpo fez emergir aquele lado maligno. Mais tarde, quando o Faraó me derrotou nas finais, o meu lado maléfico desapareceu, juntamente com a parte da criatura, libertando-me assim da sua influência.
- Mas há uma coisa que me intriga – interveio Téa. – Se a alma da criatura estava aprisionada no corpo de Odion, por que motivo não saiu quando a mente dele ficou presa no Shadow Realm?
- Isso ainda chega a ser um mistério para nós – respondeu Marik. – Talvez porque Odion esteve isolado a maior parte do tempo, sem contacto com a maioria das pessoas. Ou porque a única pessoa que o via mais vezes era Ishizu, cujo coração é quase tão puro como o dele. Talvez a própria criatura também tenha estado presa no Shadow Realm com o Odion. Quem sabe…
» Há algum tempo atrás, Odion arranjou uma forma de manter o espírito da criatura encarcerado, sem ter que se preocupar que ela saísse. Falou com Pegasus e este fez-lhe o favor de criar uma carta de Duel Monsters, onde Odion depositou toda a alma da criatura, com a condição de apenas a utilizar em ultimo caso. Felizmente nunca foi preciso.»
- Será que o Joey adquiriu essa carta? – perguntou Yugi.
- É bem provável – respondeu Ishizu. – Se a alma de Odion foi enviada a Seth, nada impediria que a criatura se libertasse da sua prisão e possuísse a primeira pessoa que encontrasse. Não é de admirar se Joey ficasse enraivecido ao ver Odion perder contra um Mestre da Escuridão.
- E agora, como a destruímos? – questionou Yugi, voltando a cabeça para Joey, que estava encostado numa parede, muito afastado do grupo, e mirava o chão, com o cabelo a cobrir a fronte, onde estava a Ankh tatuada. – E como conseguiu ele aquela Ankh?
- Não sabemos a resposta a nenhuma dessas perguntas, lamento – respondeu Ishizu. – Somente Odion teria uma ideia de como a poderíamos destruir, mas agora é tarde de mais. E quanto à Ankh… aposto que foi a criatura que o incentivou a aceitá-la.
Estavam tão embrenhados na conversa que não se aperceberam da chegada de mais duas pessoas ao local. Todos eles voltaram-se e deram de caras com duas personagens que já conheciam e que estavam lado a lado junto ao grande relógio. Eric Woodman e Maximillion Pegasus tinham acabado de chegar e pareciam ter estado na conversa, uma vez que Pegasus erguera a mão para cortar as palavras de Eric e apontou para os competidores que estavam na avenida, à espera de novas instruções. Contrariados, Yugi e os amigos decidiram parar a conversa e voltar-se para os dois recém-chegados e ouvir o que eles tinham para dizer.
- Peço-vos desculpa pelo atraso, caros competidores – desculpou-se Pegasus, sorridente. – Estive a tratar duns assuntos aqui com o nosso presidente e esquecemo-nos das horas.
» Foi um dia em cheio e aposto que estão todos bastante cansados dos muitos duelos que travaram. Devo confessar que não fiquei muito impressionado com o resultado que vemos aqui; alguns de vocês estavam fadados a chegar às finais desde o início. – O seu olhar brilhou na direcção de Yugi e Kaiba. – Quero desde já dar os parabéns a todos vós e desejar boa sorte nas finais. Embora tenha um bocado de pena do pobre coitado que me vai enfrentar na primeira volta…
» E sem mais delongas, vou passar a palavra ao nosso presidente, Eric Woodman, que está aqui em pulgas para vos falar.»
Eric adoptou uma postura mais séria que Pegasus e pigarreou várias vezes antes de falar:
- Antes de mais, congratulo todos vós que, entre centenas de duelistas, conseguiram mostrar fibra, coragem e determinação para chegar até aqui. Contudo, nada está ganho. Daqui a dois dias realizar-se-ão as finais do Torneio de Horus. Hoje vocês vão ficar nas instalações residenciais da Technological Industries e amanhã faremos uma visita guiada pela empresa, seguida pelo sorteio dos oitavos de final.
» Peço-vos então que me sigam. Vou levar-vos às instalações da empresa. Àqueles que não são finalistas – Deitou um olhar de esguelha a Téa, Tristan, Salomon e Ishizu, – vou abrir uma excepção e deixar-vos vir.»
Yugi mal o ouvira, de tão absorto que estava nos seus pensamentos. Só pensava em Joey e numa forma de o libertar daquela influência nefasta. A criatura que estava no corpo dele actuava como mais que um parasita. E sem Odion do lado deles, temia o pior. Como se não tivesse problemas com que se preocupar. Para além de ter de lidar com o Culto da Morte de Aaron, agora teria de arranjar forma de salvar Joey. Esperava ter de o fazer muito em breve…

Nota do autor: O capítulo é grande e não tem duelo, mas eu tinha de fazer uma introdução à segunda fase do torneio. O próximo capítulo terá um duelo, está prometido, mas até lá gostava de saber as vossas opiniões.
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MNZ de Blois
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MensagemAssunto: Re: Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus - parte 2: O Sacerdote das Trevas   Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus - parte 2: O Sacerdote das Trevas Icon_minitime9/5/2012, 4:24 pm

UHUUUUUUUUUUUUUUL G-Angel de volta!

Você posta essa fic em outro lugar?
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LucasGaspar
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MensagemAssunto: Re: Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus - parte 2: O Sacerdote das Trevas   Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus - parte 2: O Sacerdote das Trevas Icon_minitime9/5/2012, 4:33 pm

The MNZ escreveu:
UHUUUUUUUUUUUUUUL G-Angel de volta!

Você posta essa fic em outro lugar?

Seguindo a deixa da pergunta.

Sugestão: Poste no AS, Anime Spirit. Acho que o pessoal que vê de Yugioh de lá vão gostar das suas. Wink
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Guardian Angel

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MensagemAssunto: Re: Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus - parte 2: O Sacerdote das Trevas   Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus - parte 2: O Sacerdote das Trevas Icon_minitime9/5/2012, 6:49 pm

LucasGaspar escreveu:
The MNZ escreveu:
UHUUUUUUUUUUUUUUL G-Angel de volta!

Você posta essa fic em outro lugar?

Seguindo a deixa da pergunta.

Sugestão: Poste no AS, Anime Spirit. Acho que o pessoal que vê de Yugioh de lá vão gostar das suas. Wink

Respondendo à pergunta do The MNZ: Não posto esta fanfic em mais nenhum lugar, mas depois da sugestão do LucasGaspar, sou bem capaz de a colocar no Anime Spirit.
Segundo capítulo. Este é bem grande, e parte dele eu considero-o um filler (mesmo o duelo), mas eu não queria deixar três capítulos seguidos sem ter pelo menos um duelo, já que o próximo não vai ter. Espero que gostem.


Capítulo II – Nanotecnologia! A Ameaça dos Nano-robôs!

A noite não correra bem para alguns dos novos ocupantes das instalações residenciais. Não que as acomodações não fossem dos seus agrados (apesar dos quartos terem sido simples, com apenas o essencial para que todos pudessem passar apenas uma noite sossegados). Alguns não haviam conseguido pregar olho a noite toda, pensando em tudo o que acontecera no dia anterior. Todos aqueles confrontos com os Mestres da Escuridão os haviam deixado completamente exaustos, mas nem mesmo assim conseguiam descansar devidamente. Para Yugi, aquele dia não fora um completo sucesso. Quando parecia que estariam a levar vantagem sobre o Culto da Morte, acontecia sempre algo que os deitava para trás.
Yugi, Jason, Bakura, Mai, Joey e Odion haviam enfrentado cada um dos Mestres da Escuridão, mas à custa disso várias perdas foram sofridas. Yugi agora não estava na posse dos Itens do Milénio que adquirira aquando o torneio de Battle City. Segundo Ishizu, haviam sido roubados do quarto de hotel onde ele, Joey e Duke haviam ficado. Antes de terem ido para as instalações residenciais da empresa, Yugi voltou ao hotel para buscar as suas coisas e deparou com o caos que se havia instalado por altura do assalto. Mesmo assim, para que o rapaz pudesse ter acesso à sua bagagem, tivera de passar por um pequeno interrogatório da polícia, que insistira para que ele lhes dissesse se não sentira a falta de algo. Seguindo as instruções de Ishizu, Yugi fizera-se de desentendido, dizendo que os ladrões provavelmente se haviam enganado no quarto e não encontrado o que queriam.
Outra coisa que o incomodara fora o reencontro com Aaron. Tivera quase a certeza que o iria encontrar naquele campeonato e não se enganara por muito. A sua vontade quando o vira fora de o desafiar para um duelo, ou até mesmo recuperar a carta Egipcian God roubada da mesma forma como ele a tirara de Salomon. Mas tinha de se acalmar. Teria de esperar que a sorte do sorteio os fizesse confrontarem-se no futuro. Então, Yugi usaria toda a sua estratégia para recuperar o que lhe fora roubado. Ignorava as surpresas que Aaron teria no seu deck, para além do The Winged Dragon of Ra, mas ainda tinha dois deuses do seu lado, o que não era uma causa perdida.
Por fim, a revelação final do dia: Joey passara para o lado do Culto da Morte, enquanto controlado por uma criatura desconhecida de poder milenar. Odion parecia ser o único que podia conter o mítico poder, mas este perdera contra um dos Mestres da Escuridão e a sua alma fora enviada para o Deus do Mal. Agora, o seu melhor amigo tornara-se numa espécie de autómato, usando a insígnia do Culto da Morte e renegando todos os seus amigos. Como as coisas podiam piorar?
Yugi não conseguira dormir, assim como o seu alter-ego. Contudo, não falaram um com o outro durante a noite, mantendo-se em seus pensamentos, em cantos opostos das suas mentes. Contudo, apesar da distância que estavam um do outro, ambos pensavam nas mesmas coisas, não conseguindo encontrar um lado positivo em toda a sua situação. Estavam a perder a batalha contra o Culto da Morte, e em vez de fazerem alguma coisa para travar as intenções de Amontut, estavam a perder tempo com um maldito campeonato.
Mas todas as evidências das actividades do Culto estavam naquele torneio. A participação dos Mestres da Escuridão, o aparecimento de Aaron nas finais, a marca da Ankh na carta que recebera semanas antes… aquele torneio parecia esconder mais do que aparentava, e Yugi estava cada vez mais confuso, sem saber o que pensar de tudo o que o rodeava, com problemas que aumentavam em número cada vez mais.
Havia ainda a questão da libertação de Seth. Marik dissera-lhe que o seu Puzzle era uma das chaves que abriria a porta da prisão que encarcerava o deus. Ignorava qual seria a outra, mas esperava que não fosse nenhuma das relíquias que lhe haviam sido roubadas. O problema principal era que o Millenium Ring havia também sido furtado, o que dificultaria as buscas pelo Millenium Eye. Segundo Ishizu, o Olho era a maior fraqueza de Seth, o que lhes daria alguma vantagem na luta.
As coisas estavam cada vez piores. E Yugi sentia que quando as finais começassem, ainda iriam piorar.

***

No dia seguinte estavam todos no átrio principal da Technological Industries Woodman. Era um espaço muito grande, cujo chão estava decorado com azulejos de um azul-eléctrico. Ao fundo havia um balcão circular pertencente à recepção, onde cinco funcionários trabalhavam arduamente. Homens e mulheres, muitos deles de bata branca, passavam apressados por ali, entrando e saindo por várias portas, indo e vindo de locais inacessíveis a quem não trabalhasse ali. Por cima da recepção, uma placa dourada tinha algumas palavras gravadas: “Technological Industries Woodman. Onde o Presente é o Futuro.”
Na verdade, nem todos estavam no átrio. Yugi estava junto à recepção com Salomon, Tristan, Téa, Jason, Jaden, Duke, Marik, Ishizu, Bakura, Mai e Tom. Damon Cloud e Leon Truesdale estavam ligeiramente mais afastados, e conversavam animadamente um com o outro, embora Damon se distraísse com qualquer coisa e ficava a olhar um ponto imaginário distraidamente, deixando Leon a falar sozinho. Seto Kaiba estava à entrada, de braços cruzados e completamente desligado de tudo à sua volta, enquanto mirava uma carta. O Duelista Mascarado estava ainda mais afastado deles, e não disfarçava o facto de estar sempre a olhar para Kaiba. Chrono Oyamada também lá estava, sentado numa cadeira de plástico, olhando cada uma das cartas do seu baralho, completamente alheio a tudo o que o rodeava. Pegasus ainda não havia chegado, mas era provável ele estar com Eric. Os restantes que ainda não tinham aparecido eram Joey e Aaron.
- Onde se terá metido o Joey? – perguntou Tristan, olhando para o relógio. – Será que ele não vai aparecer?
- Eu não contava muito com isso – disse Duke. – Ainda não o vi esta manhã.
- Nenhum de nós o viu – rectificou Téa, preocupada. – Será que ele chegou a dormir nas instalações?
Yugi nada disse, mas partilhava a mesma preocupação. Não vira Joey ao jantar, na noite anterior, assim como não vira Aaron, embora dispensasse a presença desse. Agora a ausência dos dois preocupava o rapaz. Estariam os dois a fazer alguma coisa de mal? Yugi temia que os dois estivessem juntos a fazer alguma travessura que magoasse mais alguém.
- São quase horas da visita guiada – disse Mai, olhando para o relógio.
Nisto, Téa levantou-se da sua cadeira e mirou os amigos, um a um.
- Vou à procura dele – disse, convictamente.
- E onde o vais procurar? – indagou Mai. – Nem sabes se ele está por estas bandas…
- Não pode estar muito longe – retorquiu Tristan, levantando-se também. – Ele tem de estar aqui, pelo menos para o sorteio das finais. Eu também vou.
- Eu acho é que devíamos estar todos juntos – propôs Marik. – Não se esqueçam que o Aaron também anda por aí. Se ele vos apanha, estarão em sarilhos…
- E o que é que ele nos vai fazer? Atirar-nos com cartas à cara? – replicou Téa. – Eu e o Tristan não somos duelistas, por isso não tememos esse Aaron.
- Tudo bem, mas tenham cuidado – pediu Yugi, olhando para Téa, preocupado.
A rapariga piscou-lhe o olho e Yugi sentiu-se a corar.
- Querem que vá convosco? – perguntou Salomon.
- Não se preocupe, Sr. Mutou – disse Tristan, afastando-se com Téa. Os outros viram-nos atravessar o átrio e passar pelas portas duplas. Não tardou para que deixassem de os ver.
Mal tiveram tempo para dizer o que quer que fosse. Pelas portas de entrada surgiram Pegasus e Eric, em passo rápido, dirigindo-se à recepção. Naquele momento, todas as atenções se voltaram para eles, não apenas dos finalistas, mas também dos cientistas e pesquisadores que passavam por lá. Os olhos de Kaiba voltaram-se na direcção do duo, mas voltou a desligar-se da situação. Assim como o Duelista Mascarado, que apenas reparou nos dois presidentes durante um momento, antes de voltar a sua atenção a Kaiba. Leon e Damon interromperam a sua conversa e decidiram dirigir-se para a recepção. Chrono levantou-se da cadeira e ficou a mirá-los.
Pegasus sorriu amigavelmente para os presentes, mostrando-se mais simpático que Eric, que mostrava o seu habitual ar enjoado. Quase ninguém olhou para ele, concentrando-se na figura de Pegasus, que decidira começar o discurso:
- Muito bom dia, caros finalistas. Espero que tenham dormido bem e reposto as energias para os acontecimentos de hoje. Como todos sabeis, hoje faremos uma pequena visita guiada a estas magnificas instalações, onde conheceremos as pesquisas que os cientistas e pesquisadores desta empresa fazem no âmbito da tecnologia holográfica. Claro que ainda não chegaram aos calcanhares da Kaiba Corp., mas acredito que um dia atingirão os seus objectivos.
Eric não se coibiu de lançar a Pegasus um olhar fulminante, o que não passou despercebido a ninguém, nem mesmo ao próprio Pegasus.
- Irão agora com Eric visitar as instalações desta empresa – continuou o presidente da Industrial Illusions. – No fim da visita serão todos encaminhados para a sala onde o sorteio dos oitavos de final se irão realizar.
- Não estão aqui todos – observou Eric, mirando os finalistas um a um. – Faltam dois.
- Os nossos amigos foram à procura do Joey – explicou Yugi. – Quanto ao Aaron, não fazemos ideia onde ele está. E para ser sincero, não faz cá falta nenhuma.
Pegasus sorriu.
- Bem, desde que não faltem ao sorteio, podem fazer o que bem lhes entender – disse. – Esta visita não é obrigatória.
- Nesse caso, não estou aqui a fazer nada – interveio Kaiba, descruzando os braços e voltando-se para a saída. – Vou dar uma volta. Avisem-me quando o sorteio estiver para começar.
Sem que Eric, Pegasus ou qualquer outro pudesse dizer mais alguma coisa, Kaiba saiu do edifício, sem sequer olhar para trás nem dizer mais nada.
- Se houver mais alguém que quiser sair, está à vontade – propôs Pegasus.
Dito isto, o Duelista Mascarado deitou um olhar à saída, seguido de um olhar a todos os duelistas presentes. Sem dizer uma única palavra, encaminhou-se a passos largos para a saída, desaparecendo de vista mal atravessou as portas duplas.
Pegasus encolheu os ombros.
- Teria sido indiferente se tivesse vindo connosco – comentou, sem parar de sorrir. – Mais alguém?
Ninguém se acusou. Todos se haviam reunido junto ao grupo inicial e aguardavam pacientemente pelo início da visita guiada.
- Sendo assim, podemos começar a visita. Serão escoltados pelo nosso nobre presidente durante uma parte do percurso e mais tarde a Dra. Wilson fará o resto da visita. Podem ir, então.
- Não vem connosco, Pegasus? – indagou Eric, olhando-o.
Mas o olhar de Pegasus centrara-se em Yugi.
- Não – respondeu. – Preciso de dar uma palavrinha ao Yugi. Será que podemos falar?
Todos os presentes olharam para o pequeno rapaz, mas este apenas olhava para o seu interlocutor curiosamente, perguntando-se o que é que o seu antigo inimigo quereria com ele. De facto, o olhar de Pegasus estava diferente. Não era tão jovial como costumava ser, mas sério e compenetrado. O assunto parecia ser mesmo sério.
- Tudo bem – respondeu Yugi, separando-se do grupo.
- Ficas bem, Yugi? – perguntou Salomon, olhando Pegasus de soslaio. Ainda não se esquecera do que lhe acontecera antes de Duelist Kingdom não confiava naquele que um dia lhe aprisionou a alma numa carta.
- Não te preocupes, avô – respondeu Yugi, fazendo balançar levemente o puzzle que pendia do pescoço. E Salomon acenou, compreendendo que, para onde quer que fosse com Pegasus, o neto não iria sozinho.
Seguindo Eric, o grupo afastou-se em direcção a um corredor, iniciando a visita guiada. Yugi ficou a vê-los afastarem-se, antes de se virar para Pegasus e olhá-lo com ar curioso.
- Então o que se passa? – indagou.
Pegasus também estivera a olhar para o grupo, e voltou-se para o rapaz, desvanecendo por completo o seu semblante e voltando a sorrir.
- E se fossemos lá para fora? – sugeriu, apontando para a saída. – Vamos dar uma volta.
O rapaz acenou, cada vez mais curioso sobre o que o seu antigo inimigo queria falar com ele. Ambos atravessaram o átrio em direcção à saída, atravessando as portas duplas para o exterior.
Caminhavam lado a lado em silêncio pelo pátio da empresa. Yugi esperava pacientemente que Pegasus tomasse a iniciativa.
- Está tudo bem contigo, Yugi? – perguntou ele, serenamente.
O rapaz não compreendeu a pergunta. Mas acenou afirmativamente, convencido que a conversa iria evoluir.
- Não vi o teu amigo Joey ontem ao jantar – disse Pegasus. – E ainda não o vi hoje. Passa-se alguma coisa?
Yugi engoliu em seco, pensando no amigo e onde ele estaria naquele momento. Ponderava se deveria ou não contar a Pegasus sobre o que acontecera, embora soubesse que o seu interlocutor iria compreender a situação. Contudo, preferiu não falar nada para não envolver mais ninguém.
- Estou a ver – continuou Pegasus, sem esperar pela resposta. – Pensava que eram os melhores amigos.
- E somos – respondeu Yugi, voltando a engolir em seco e sem tirar os olhos do chão. – Mas ele… ele…
- Este torneio está a ficar cada vez mais perigoso – interrompeu o homem. Yugi levantou a cabeça e fitou-o atentamente. – E o Eric, aquele cabeça de alho chocho, não o consegue ver.
- Que queres dizer com isso, Pegasus? – indagou o rapaz, cada vez mais curioso.
- Quero dizer que há algo neste torneio que não me inspira muita confiança. Desde que as eliminatórias começaram que coisas estranhas têm estado a acontecer, especialmente nesta empresa.
» Em Chip Town, uma grande quantidade de duelistas foi hospitalizada. Os médicos não sabem o que se passa com eles, visto que as suas saúdes estão óptimas e não há nada a diagnosticar. E uns poucos duelistas da floresta de Roninwood, de Village of Rocks e de Fisher Town também foram mandados para o hospital nas mesmas condições.»
“Roninwood e Village of Rocks foram os locais onde o Joey, o Odion, o Bakura e a Mai enfrentaram os Mestres da Escuridão. Será que o Pegasus se estará a referir a eles?” pensou Yugi.
- O mais estranho – continuou Pegasus, - era que alguns dos que foram hospitalizados tinham uma estranha marca na testa. Uma Ankh, que, suponho que saibas, é um símbolo egípcio.
Yugi voltou a acenar. “São eles.”
- E o mais estranho ainda – voltou Pegasus, captando ainda mais a atenção do pequeno. – Ao que parece, todos os duelistas de Chip Town que foram hospitalizados duelaram com a mesma pessoa. O Kaiba.
Yugi levantou a cabeça e fitou o homem, de olhos bem abertos. O que estaria ele a insinuar?
- Duelistas a serem hospitalizados ao longo do torneio, uns usando uma marca egípcia na testa, outros depois de enfrentarem Kaiba…Suponho que tenhas alguma ideia do que se está a passar?
- Não – mentiu o rapaz, não querendo dar a entender o que sabia sobre o Culto da Morte. – Mas é de facto muito estranho que o Kaiba esteja por detrás dessas hospitalizações.
-Sim – anuiu o presidente da Industrial Illusions. – É realmente muito estranho. E o mais estranho é ter sido o primeiro a adquirir as sete Pintas e mesmo assim continuar a desafiar duelistas uns atrás dos outros.
- Já sabes como ele é, Pegasus. O Duel Monsters é a vida dele. Especialmente com os seus três Blue-Eyes…
- Não sabias, pequeno Yugi? – interrompeu o homem, espantado. – Ele já não tem os Blue-Eyes no seu baralho.
Yugi ficou atónito com o que o seu interlocutor acabara de revelar. Já não bastava aquilo que o homem dissera, agora só faltava Kaiba ter renegado as suas criaturas favoritas, as suas mascotes, os monstros que o tornavam o duelista que era. Para Kaiba, perder os Blue-Eyes era como perder parte de si. Pelo menos fora o que dera a entender em todos os confrontos que Kaiba participava. Era quase sempre habitual o uso de pelo menos um dos míticos dragões brancos. O que dera a Kaiba para os renegar?
- Então o que é feito dos dragões? – perguntou Yugi.
Pegasus encolheu os ombros.
- Não fazemos ideia – respondeu. – Desapareceram.
- Mas ele não os deixou com alguém? Com o Mokuba?
- Também pensei isso – disse Pegasus, - mas desde ontem à tarde que não o conseguimos encontrar.
- Não estarás a dizer que…
Pegasus voltou a anuir, o que confirmou as suspeitas do que o pequeno rapaz estava a pensar:
- Ele também desapareceu…

***

- É neste laboratório que a maioria dos pesquisadores trabalha no desenvolvimento da tecnologia do futuro – dizia a Dra. Wilson, mostrando aos finalistas uma grande sala onde muitos cientistas trabalhavam, debruçados sobre microscópios.
- Que tipo de tecnologia desenvolvem aqui? – perguntou Jason, interessado.
- Nanotecnologia – respondeu a cientista, enquanto avançavam em linha recta pelo meio do laboratório, em direcção a uma mesa, onde havia vários cilindros de vidro, contendo algo parecido com areia no interior. Os duelistas olhavam para os cilindros com alguma curiosidade, perguntando-se que tipo de areia era aquela, que mais parecia de metal.
- O que há nesses cilindros? – indagou Jaden, aproximando-se demasiado, sendo repreendido pelo irmão, que lhe puxou o braço para o afastar.
A Dra. Wilson pegou num dos cilindros mostrou-o aos visitantes. Parecia que um milhar de pequeninos grãos de metal estava vivo e saltitava no interior do cilindro de vidro. A cientista desenroscou a tampa e pegou numa seringa que estava pousada na mesa. Lentamente, inseriu a seringa no cilindro, entre os milhares de pequeninos grãos e puxou uma grande quantidade deles.
- Estas milhares de partículas que vocês vêem aqui são nano-robôs – explicou ela, mostrando-lhes o conteúdo da seringa. – Podem ser úteis para qualquer função e são conhecidas como a tecnologia do futuro. Podem ser pequenas e inúteis quando individuais, mas quando se juntam podem fazer coisas que os seres humanos têm mais dificuldade em conseguir.
- Como por exemplo? – interveio Salomon, também interessado.
- Na área da saúde, por exemplo – respondeu a Dra. Wilson. – Muito em breve poderemos usar a nanotecnologia para curar doenças ou auxiliar os médicos nas cirurgias mais complicadas.
- Quem diria que iríamos depender de coisas tão minúsculas no futuro – disse Tom, enquanto a cientista voltava a repor os nano-robôs de volta no cilindro.
- Eh, Susan, vamos precisar de ti aqui – chamou um dos pesquisadores, e a Dra. Wilson voltou-se imediatamente para Eric.
- Não te preocupes, Susan – adiantou ele. – Eu continuo a visita.
A Dra. Wilson despediu-se dos visitantes e dirigiu-se ao grupo de pesquisadores que esperava por ela. Por sua vez, Eric virou-se para o grupo de duelistas.
- Vamos então continuar a visita guiada – disse. – Façam favor de me seguir…
Um a um, o grupo de finalistas foi seguindo o presidente pela sala, em direcção à saída, deixando as dezenas de cientistas e pesquisadores nos seus árduos trabalhos. Era de admirar se algum deles tivesse dado pela presença do grupo de duelistas que visitara o laboratório durante uns breves minutos.
O que ninguém reparou foi no cilindro que a Dra. Wilson mostrara aos visitantes… cilindro esse cuja tampa estava pousada mesmo ao lado…

***

- Espera aí – interrompeu Yugi. – És capaz de repetir?
Pegasus acenou afirmativamente, olhando para o pequeno seriamente.
- É bem possível que haja um espião infiltrado na empresa – repetiu.
Yugi não compreendeu ao início o que o homem queria dizer com aquilo, uma vez que aquela teoria não lhe fazia muito sentido. Contudo, não conhecia suficiente bem a empresa para saber o quanto a sua tecnologia seria cobiçada.
- Mas esta empresa nunca foi muito divulgada, nem teve assim tanto sucesso – comentou o jovem, confuso. – Custa a querer que haja um espião aqui escondido.
- A Technological Industries nunca se destacou muito – explicou Pegasus. – A Kaiba Corp. sempre esteve à frente e foi por isso que decidi em assinar contrato com o Seto Kaiba. Os pesquisadores daqui são muito bons, e devo admitir que se não fossem os problemas na consistência, os Duel Suits podiam rivalizar com os Duel Disks.
- Mas que eu saiba, a Kaiba Corp. nunca teve problemas de espionagem – disse Yugi, pensativo. – Por que é que esta empresa teria?
- Quem me dera saber. Mas isto é de facto muito estranho. É por isso que te queria pedir um favor. Isto é… se estiveres disposto a ajudar-me…
Yugi mantinha o seu olhar no homem, desconfiado. O seu passado com o Pegasus não era lá muito famoso, devido ao seu último encontro em Duelist Kingdom. Pegasus compreendeu a dúvida do pequeno rapaz, apenas olhando-o nos olhos.
- Compreendo – disse ele, desviando o olhar para o chão, sorrindo. – É natural não confiares em mim depois do que aconteceu. Eu apenas pedi a tua ajuda porque não tenho mais ninguém a quem recorrer. Não posso contar com o Kaiba; o Mokuba é demasiado novo, e além disso está desaparecido. O Eric está demasiado obcecado com os Duel Suits.
- E o Croquet? – indagou Yugi, referindo-se ao mordomo de Pegasus.
- Esse ficou na ilha, a cuidar de tudo – respondeu Pegasus. – Por favor, Yugi, tu és o único que me pode ajudar.
Yugi sentia-se confuso. Já tinha muito com que se preocupar. Lidar com o Culto da Morte, recuperar a carta Egipcian God que Aaron lhe havia roubado, tentar descobrir o paradeiro dos Itens do Milénio roubados e, o mais importante, salvar Joey de uma entidade desconhecida que o corrompia por dentro. Investigar o caso de um possível espião infiltrado na empresa já lhe era demasiado. Afinal, aquilo nem tinha nada a ver consigo, nem via como poderia ter alguma relação com o Culto da Morte.
- Lamento, Pegasus – respondeu, passados uns minutos. – Gostava imenso de te ajudar, mas já tenho muito em que pensar. Por que não te concentras na procura pelo Mokuba? O Kaiba já sabe que o irmão está desaparecido?
Pegasus engoliu em seco, visivelmente embaraçado, levando o jovem a confirmar as suas suspeitas.
- Ele não sabe? – perguntou Yugi, indignado.
- Nem acho que quereria saber – redarguiu Pegasus. – Ele tem estado tão obcecado com este campeonato quem quase nem olhou pelo Mokuba. O Kaiba está diferente desde que renegou os seus dragões. Não era de admirar que o pequeno tivesse ido à procura do irmão. Apesar da idade, o Mokuba aprendeu a ser independente. Lembra-te que eles vieram de um orfanato. E a vida nesses sítios por vezes faz com que cresçamos mais depressa.
» Eu acredito que o Mokuba está bem, esteja onde estiver. O mais importante agora é investigar a possibilidade de haver um espião na empresa. É por isso que preciso da tua ajuda.»
- Por que é que não a pedes a outra pessoa? – perguntou o rapaz, antipaticamente. – Porquê eu?
- Porque tu passas despercebido – respondeu o homem. – Já todos aqui conhecem o Duke, uma vez que ele trabalhou connosco na elaboração das regras para o campeonato. E de todos os outros, tu és aquele que eu conheço melhor. Por favor. Não te estou a pedir que dediques todo o teu tempo na investigação. Só quero que me venhas relatar qualquer coisa suspeita que venhas a descobrir. E então, aceitas?
Yugi expirou ruidosamente. Pegasus estava mesmo a contar com ele. Não gostava de dar desfeitas às pessoas, mas também era certo que cada vez tinha mais coisas com que se preocupar, ficando sem saber por onde começar. Será que estava a fazer bem? Na verdade, parecia apenas um trabalho simples.
- Tudo bem, Pegasus – acabou por responder, enquanto se perguntava se fizera bem em aceitar.

***

- Que se passa? – perguntou Mai, olhando em volta.
Na verdade, na sala onde se encontravam, as luzes acendiam e apagavam constantemente e as portas não paravam de abrir e fechar. Já para não falar nos terminais dos computadores que se haviam desligado todos. Os funcionários olhavam uns para os outros, tão confusos como os duelistas presentes.
- Mantenham a calma – dizia Eric, desnecessariamente, uma vez que todos estavam calmos. – Isto deve ser algum problema com os sistemas informáticos da empresa.
- Alguém deve ter instalado um vírus informático no sistema – informou um dos funcionários. – Não consigo aceder a nada. Está tudo doido.
- Sr. Woodman, tenho informações de que algo tomou controlo do simulador de duelo virtual – informou um outro. – E parece-me que já quatro Escudos foram quebrados.
- Escudos? – indagou Jason, voltando-se para Eric.
- São cinco defesas informáticas que impedem que informações importantes se extraviem da empresa – explicou Eric. – Isto também se aplica a hackers que queiram invadir o nosso sistema. Somente um bom informático teria capacidades para quebrar apenas quatro dos cinco Escudos. O quinto está ligado ao sistema de duelo virtual.
- O que significa que, para quebrar o quinto Escudo seria necessário o hacker saber jogar Duel Monsters – completou Jason.
Naquele momento entrou a Dra. Wilson a correr, em direcção a Eric e aos duelistas. Tinha um ar alarmado, para além de exausto.
- É uma emergência, Sr. Woodman – gritou ela. – Já descobrimos o que se está a passar. Ao que parece houve uma fuga de nano-robôs de um dos cilindros de vidro que tínhamos no laboratório de pesquisas lá em baixo.
- Como? – perguntou Eric, indignado com o que Susan Wilson lhe acabara de informar.
- Eles infiltraram-se no sistema informático da empresa e quebraram quatro Escudos com a maior das facilidades. Felizmente para nós, eles ficaram retidos no quinto Escudo.
- O que acontece se eles o conseguirem quebrar? – perguntou Duke, preocupado.
- Os nano-robôs poderão evadir-se do edifício da empresa e infiltrarem-se noutros sistemas informáticos – explicou a Dra. Wilson. – Se isso acontecer, muito em breve os sistemas informáticos do mundo inteiro estarão infestados com esta praga, desestabilizando toda a rede informática, acabando por trazer o caos.
- Felizmente para nós que instalámos o quinto Escudo no simulador virtual – continuou Eric. – O que significa que a única forma de impedir que os nano-robôs se evadam é vencendo-os num duelo.
- Então vamos já tratar disso – disse Marik, dando um passo em frente. – Eu ofereço-me para os enfrentar.
Eric acenou afirmativamente, olhando na direcção do duelista.
- Sendo assim, então temos de nos despachar, Sr. Ishtar. Quem sabe o que os nano-robôs poderão tramar. Temos de nos dirigir à área de simulação virtual.
- Tem cuidado, irmão – pediu Ishizu, preocupada, enquanto Marik se preparava para seguir Eric para fora do laboratório.
Marik acenou-lhe, confiante, deitando depois um olhar de despedida a todos os outros, antes de se voltar para o presidente. Eric já estava a meio caminho da saída e o Guardião não se coibiu de o seguir. Naquele momento, as portas automáticas estavam apenas escancaradas e os únicos sinais da intervenção dos nano-robôs eram as constantes falhas de luz e os piscares intermitentes dos monitores dos computadores.
Marik e Eric corriam pelo corredor, agora deserto, visto que a maioria dos laboratórios estava trancada e os pesquisadores e cientistas viam-se presos. Felizmente, e segundo Eric, estavam a poucos corredores da área de simulação virtual. Durante a corrida, Marik deitou a mão à bolsa onde trazia o seu baralho, suspirando de alívio ao sentir as cartas roçarem-lhe nos dedos. Pensava ao mesmo tempo no seu passado. Se tudo isto acontecesse durante o campeonato de Battle City, ter-se-ia divertido muito com a situação. Mas agora as coisas eram diferentes; já não tinha aquele parasita para lhe atormentar a mente. Agora podia fazer algo pelos outros, algo de bom.
- É aqui – disse Eric, quando chegaram a uma porta automática. Inserindo um código de reconhecimento, o presidente conseguiu abri-la e os dois entraram na enorme sala.
Marik ficou espantado com o tamanho da grande arena. Parecia tão grande como aquela onde tinham sido disputadas as finais de Battle City, no topo da torre de Alcatraz. Ao fundo parecia haver algo parecido com uma cabeça de metal ligada à parede através de circuitos e fios. A arena era circular, e lá do alto era possível notar uma outra sala através de uma janela de vidro que rodeava a arena.
- Vai precisar disto – disse Eric, carregando num botão na parede. Imediatamente uma secção da parede revelou uma série de fatos de cor escura, mostrando luvas, botas e capacetes. – Um Duel Suit.
Sem perder tempo, Marik apressou-se a pegar num dos fatos. Imediatamente notou que o fato ficar-lhe-ia demasiado apertado, pelo que decidiu despir-se para poder vestir melhor o Duel Suit.
Demorou mais de cinco minutos a conseguir enfiar o apertado fato. Mas ainda faltava enfiar as botas, as luvas e o capacete, o qual demorou ainda mais cinco minutos. As luvas não lhe davam mobilidade nos dedos, e o capacete pesava-lhe. Já para não falar numa estranha comichão que começava a sentir na zona da virilha.
- Como é que isto funciona, Sr. Woodman? – indagou, olhando o presidente através do visor.
- Apenas pegue no seu baralho e insira-o no drive de reconhecimento no lado direito do cinturão – respondeu Eric. – Vai digitalizar o seu baralho e as cartas irão aparecer aleatoriamente no visor.
Marik assim o fez e, logo de seguida a grande cabeça de metal pareceu ganhar vida. Os olhos iluminaram-se uma voz monocórdica irrompeu pela arena:
- Iniciar sistema de duelo virtual. Adaptar dificuldade para nível 5.
- Os nano-robôs adaptaram a dificuldade para o nível extremo – alertou Eric. – Tenha cuidado, Sr. Ishtar. O duelo não será fácil.
Marik avançou uns passos para o interior da arena e encarou a grande cabeça de metal. Automaticamente, e sem aviso, no visor do capacete de Marik surgiram cinco cartas, que reconheceu como sendo as do seu baralho. Agora só faltava saber como começar o duelo.
- Para iniciar o duelo apenas tem de dizer a palavra passe “duelo” – disse o presidente, como se tivesse ouvido os pensamentos do Guardião. – Quanto ao resto, é comandado por voz, e pode usar os dedos das mãos para controlar cada zona. A mão direita destina-se às zonas de monstros, enquanto a mão esquerda serve para as cartas mágicas e armadilhas. Quando quiser aceder ao cemitério apenas diga “aceder cemitério”. O mesmo se aplica nas cartas que foram removidas, dizendo “aceder às cartas removidas”. Sempre que activa um efeito que destina o cemitério ou a zona de cartas removidas, não precisa de dizer as palavras passe. Para activar os efeitos e atacar, fale no infinitivo.
- Muito bem – compreendeu Marik, virando-se para o simulador virtual. – Vamos lá acabar com isto e salvar toda a gente. Duelo!

Simulador Virtual – 4000
Marik – 4000


- Primeiro turno – anunciou a voz do simulador, enquanto o holograma de uma carta juntou-se às restantes cinco. – Invocar Nanobot (0/0) em modo de defesa.
O holograma da carta correspondente surgiu, com a carta deitada e a face virada para cima. Contudo, Marik não conseguia vislumbrar nenhuma criatura.
- Mas o que se passa? – perguntou, confuso. – Será algum problema com os hologramas?
- Não há problema nenhum – disse Eric. – Esse simulador está a usar um deck especial que o Pegasus criou para os duelos de teste. É baseado na nanotecnologia que usamos nestas instalações. Os monstros são nano-robôs; é por isso que não os consegue ver.
» Precisa de ter cuidado, Sr. Ishtar. Os nano-robôs adaptaram o simulador para o nível mais avançado. Não sabemos o quão poderoso é esse baralho nesse nível.»
- Activar carta mágica – interrompeu a voz do simulador. – Nanobot Regeneration. Enquanto esta carta estiver em jogo, sempre que um “Nanobot” for destruído, um outro será invocado especialmente para o campo. Fim de turno.
Marik ainda não se havia habituado ao Duel Suit, de modo que os seus movimentos estavam muito lentos, uma vez que o fato era apertado. Uma carta nova apareceu-lhe no visor e, automaticamente, uma voz no interior do seu capacete começou a recitar-lhe uma possível estratégia, que por acaso já tinha sido planeada por ele. Contudo, a voz não deixou de o incomodar.
- Eh, Sr. Woodman, como é que faço para parar com esta voz irritante? – perguntou.
- Apenas carregue no botão que está na parte de trás do seu capacete – respondeu Eric, lembrando-se da conversa que tivera com Pegasus no dia anterior. – Vai desligar o programa de ajuda.
- Ainda bem. Vamos ver se atino com isto – murmurou Marik, olhando para a sua mão. – Invocar Guard of the Pyramid (500/500) em modo de ataque! – bradou, indicando a carta pretendida com o dedo indicador da mão direita e apontando para uma zona de monstro.
Uma criatura com vestes egípcias, duas asas e rosto de criatura sobrenatural com uma máscara egípcia surgiu em jogo.
- Activar habilidade especial! Sacrificando Guard of the Pyramid, posso invocar especialmente uma criatura da minha mão com “Sphinx” no nome. E eu invoco Criosphinx (1200/2400) em modo de ataque.
Uma espécie de esfinge apareceu em jogo, com corpo de um animal quadrúpede e a metade de cima de um outro animal inidentificável.
- Atacar Nanobot! – anunciou Marik. E Criosphinx cavalgou pelo campo e passou pela carta correspondente ao monstro do simulador. Naquele momento ouviu-se um estilhaçar, parecendo que a esfinge de Marik havia pisado a nano criatura.
- Activar efeito de Nanobot Regeneration – anunciou o simulador. – Como Nanobot foi destruído, posso invocar outro para o campo. Por isso invoco Nanobot Shield (0/0) em modo de defesa.
Mais uma vez, a carta surgiu, mas a criatura parecia invisível.
- Como habilidade especial, o meu monstro não pode ser destruído em batalha – acrescentou.
- Fim de turno – disse Marik.
Um novo holograma surgiu no campo do simulador.
- Activar carta mágica contínua: Nanobot Replication. Agora, sempre que uma criatura com “Nanobot” no nome for invocada, posso invocar especialmente outra da mão ou deck.
» Invocar agora Nanobot Magnet (0/0) em modo de defesa. E o efeito de Nanobot Replication permite-me invocar Nanobot Defender (0/0) no mesmo modo de batalha.
» Fim de turno.»
“Agora tenho três monstros com que me preocupar” pensou Marik, enquanto uma nova carta surgia no visor. “E são logo três diferentes do primeiro, todos eles sem pontos de ataque e defesa. Que habilidades terão aqueles dois que ele invocou?”
- Activar carta mágica Premature Burial. Agora é só pagar 800 pontos de vida e posso trazer de volta uma criatura do cemitério. E eu trago de volta Guard of the Pyramid.
- Tem de ter cuidado, Sr. Ishtar – interveio Eric. – Não pode perder pontos de vida à toa. Sempre que isso acontece, recebe um pequeno choque eléctrico…
Mal acabara de falar, já Marik estava a gemer fortemente com a descarga eléctrica que lhe descia pelo corpo inteiro.

Marik – 3200

- Um pequeno choque eléctrico? – retorquiu ele, irado.
- Lamento muito, mas os sensores ainda não foram arranjados – desculpou-se Eric, acanhado. – Tente não perder pontos de vida.
- E só me diz isso agora… – resmungou Marik. – Activar efeito de Guard of the Pyramid. Sacrifico-o para invocar Hieracosphinx (2400/1200) em modo de ataque.
Uma nova criatura quadrúpede, com duas asas e cabeça de ave, surgiu em jogo.
- Agora, Criosphinx, atacar Nanobot Magnet!
A esfinge tornou a cavalgar pelo campo, em direcção à criatura microscópica do simulador virtual.
- Activar habilidade especial de Nanobot Magnet – interveio a voz do simulador. – Quando o meu adversário ataca, posso redireccionar o ataque para outro Nanobot que eu controle. E eu escolho Nanobot Shield.
A esfinge fez um ligeiro desvio e tentou esmagar o nano-robô. Contudo, foi como se tivesse pisado uma barreira indestrutível, e a criatura foi projectada de volta para o campo de Marik.
- Nanobot Shield não pode ser destruído em batalha – lembrou o simulador.
Mas Marik não ligou ao que o seu oponente dissera.
- Hieracosphinx, ataca o Nanobot Magnet!
A outra esfinge levantou voo e dirigiu-se a grande velocidade em direcção à minúscula máquina.
- Activar habilidade especial de Nanobot Defender – voltou a voz. – Quando o meu adversário ataca, eu posso redireccionar o ataque para ele.
Mais uma vez, a outra criatura de Marik fez um desvio na sua trajectória e embateu contra o minúsculo robô, destruindo-o.
- Activar efeito de Nanobot Regeneration. Como um Nanobot foi destruído, invoco especialmente Nanobot Deflector (0/0) em modo de defesa.
“Raios!” praguejou Marik. “Isto não pode continuar assim.”
- Fim de turno – anunciou.
Um novo holograma surgiu no lado do simulador. O holograma de uma carta nova.
- Invocar Nanobot Neutralizer (0/0) em modo de defesa – anunciou o simulador. – E através do efeito de Nanobot Replication, invoco Nanobot Spellbreaker (0/0) no mesmo modo.
“Ele agora tem cinco monstros no lado do campo” observou Marik, incomodado. “Podem não ter pontos de ataque, mas isso não quer dizer que não sejam uma ameaça. Tenho de ter cuidado.”
- Activar carta mágica: Nanobot Combination – continuou a voz monocórdica. – Só posso activar esta carta quando tenho cinco tipos diferentes de Nanobot em jogo. Enviando todos eles para o cemitério, juntamente com todos os Nanobot restantes no meu baralho, posso invocar um monstro de fusão conhecido por Nanobot Combined – Nanobeast (?/?)
Foi como se milhares de partículas se elevassem no ar e se juntassem todas. Marik recuou um passo, sem perceber o que se estava a passar. As partículas começavam a juntar-se numa massa que ia tomando forma. Aos poucos surgiu uma criatura que Marik nunca havia visto. Uma enorme máquina quadrúpede, com formas que lembravam um grande lobo, acabara de se constituir a partir das muitas peças microscópicas.
- Esta criatura recebe 100 pontos de ataque e defesa para cada Nanobot que eu enviei para o cemitério com o efeito do Nanobot Combination. São assim 1900 pontos de ataque e defesa.
» Atacar o Criosphinx! – ordenou o simulador.»
A enorme máquina levantou uma das grandes patas de metal e derrubou a esfinge com um único golpe.
Mais uma vez, Marik pôde sentir um forte choque eléctrico percorrer-lhe o corpo, à medida que perdia pontos de vida.

Marik – 2500

- Fim de turno.
Marik cerrou os dentes, enquanto uma nova carta ia aparecendo no visor. Aqueles choques eléctricos estavam cada vez mais fortes e duvidava que conseguisse suportar um ataque directo. Contudo, o monstro do seu oponente ainda era mais fraco que a sua outra esfinge, e poderia destruí-la no seu turno.
- Hieracosphinx, atacar Nanobot Combined! – anunciou, recuperando as forças que havia perdido.
A esfinge voltou a levantar voo e lançou-se a pique contra a grande máquina quadrúpede. Quando a criatura embateu no robô, deu-se uma enorme explosão, que dispersou milhares de partículas pelo ar.

Simulador Virtual – 3500

Marik sorriu, sentindo a possibilidade de ganhar o duelo de uma forma rápida, agora que, segundo a voz do simulador, todos os Nanobot estavam no cemitério. Só precisava de mais um turno e poderia vencer o confronto e libertar todos os que haviam sido presos pelos nano-robôs.
Contudo…
- Activar habilidade especial de Nanobot Combined – Nanobeast – anunciou o simulador. Marik arqueou as sobrancelhas, desconfiado. – Quando a minha criatura é destruída e enviada para o cemitério, posso invocar uma nova criatura de fusão.
Foi como se as partículas que se haviam dispersado com o ataque da esfinge voltassem a se unir mais rapidamente, dando uma nova e maior forma. Um enorme robô, todo coberto de metal, com grandes e ameaçadores punhos e uma cabeça parecida com os capacetes dos Duel Suits.
- Invocar especialmente Nanobot Combined – Nanoking (?/?). Esta criatura recebe 300 pontos de ataque e defesa para cada Nanobot enviado para o cemitério ao activar a Nanobot Combination (5700/5700).
Marik recuou, apavorado com o poder que aquela criatura demonstrava.
- Tantos pontos! – exclamou, já arrependido de ter atacado. Não podia mudar o modo de batalha do Hieracosphinx. Só havia uma coisa a fazer agora. – Deixo uma carta virada para baixo. Fim de turno.
O simulador “puxou” uma nova carta. Automaticamente, Marik, lembrando-se do que Eric lhe havia ensinado, mexeu o dedo anelar da mão esquerda, de modo a activar a carta que havia colocado virada para baixo.
- Activar Thunder of Ruler! – bradou. – Neste turno não poderás declarar um ataque.
Mal acabara de falar, já o simulador havia activado uma carta nova.
- Activar carta mágica: Hammer Shot. Esta carta destrói o monstro mais forte em campo, em modo de ataque.
Um martelo gigante surgiu por cima do grande robô, arremessando-se contra a criatura, destruindo-a.
Marik ficou atónito. Por que razão o simulador destruiria a sua criatura, se era muito mais forte que qualquer monstro que ele possuísse no baralho? Virou a cabeça para Eric, esperando que ele lhe dissesse que o simulador estava com algum problema. Contudo, o presidente estava compenetrado na máquina, provavelmente sabendo qual seria a sua estratégia.
- Activar habilidade especial de Nanoking – retomou o simulador. – Quando ele é destruído e enviado para o cemitério, posso remover três Nanobot do meu cemitério para o trazer de volta com mais 300 pontos de ataque e defesa (6000/6000).
O enorme robô ressurgiu, mais forte que nunca. Marik não sabia onde se meter, apavorado com todos aqueles pontos de ataque.
- Fim de turno.

***

Téa e Tristan já haviam percorrido os quarteirões mais próximos do edifício da empresa, passando até pelas instalações residenciais, mas nem sinal de Joey. Estranhavam também não terem visto Aaron por perto, mas até agradeciam aos céus por isso.
- É melhor voltarmos – propôs Tristan, quando já estavam a afastar-se cada vez mais da empresa. – Ele há-de voltar…
- E se ele não voltar mesmo? – indagou Téa, cada vez mais preocupada. – Ele pode ter mudado, mas continua a ser nosso amigo. Não podemos desistir agora.
- Mas esta cidade é enorme. E ele pode estar em qualquer lado. Se voltarmos podemos pedir que chamem alguém que nos ajude a encontrá-lo. Só nós os dois não somos suficientes para semelhante busca.
Téa respirou fundo. Sentia-se arreliada por ter de voltar, mas tinha de concordar com o amigo que era melhor voltarem e pedirem ajuda para encontrar Joey.
- Até pode ser que ele já tenha voltado – continuou Tristan, tentando alegrar a amiga.
“Vamos rezar por isso” pensou Téa, olhando para o chão com um ar triste. Ainda lhe custava a crer que um dos seus melhores amigos se tinha voltado contra eles e aceitado o lado do Mal. Desconhecia o porquê. Terá sido porque Odion perdera a alma para Seth e Joey se deixara cegar pela raiva?
- Ora bem, o que temos aqui? – indagou uma voz atrás deles. Uma voz desconhecida e com um certo tom de malvadez.
Téa e Tristan voltaram-se e deram de caras com um jovem de cabelo espetado, olhar rebelde, olhos escuros e uma cicatriz no lado direito da face. Parecia ter uma constituição mais desenvolvida que Tristan, mas não era isso que o intimidava.
- Quem é este? – perguntou Téa, baixinho.
- Acho que já o vi antes – respondeu Tristan, pensativo. – Onde terá sido? Ele é bem familiar.
O rapaz não dissolveu o seu sorriso malvado, enquanto se aproximava dos dois jovens. Num acto protector, Tristan colocou-se em frente à amiga.
- Parece que se esqueceram de mim – disse o rapaz, estacando o passo. – O meu nome é Nagumo. Koji Nagumo.
- Koji Nagumo? – repetiu Tristan, olhando para o rapaz, como se de repente o tivesse reconhecido. – Não pode ser!
- Continuo na mesma – disse Téa, que ainda não tinha reconhecido aquele rapaz com cara de arrogante.
- Ele andava na nossa escola há uns tempos – explicou o amigo. – Arranjou uma grande confusão com o Yugi quando houve a febre daquele jogo, o Monster Fight. Pouco tempo depois foi expulso depois de alguns distúrbios.
Koji acenou, fingindo-se satisfeito.
- Muito bem, estou impressionado – disse. – Não estava à espera de vos encontrar aqui, mas como sei que vocês são amiguinhos do Yugi, não me espanta muito ver-vos por estas bandas.
- O que queres de nós, Koji? – perguntou Téa.
Koji ergueu o braço esquerdo e exibiu um Duel Disk e uma Manopla com apenas três Pintas.
- Eu perdi o meu lugar nas finais do campeonato – disse, mostrando uma certa raiva. – Só que eu não gosto de sair assim de mãos a abanar. Por isso dêem-me as vossas cartas raras antes que eu me aborreça a sério.
- Nós não somos duelistas – retorquiu Tristan, erguendo os punhos, na possibilidade de um confronto com Koji.
- Então fico com o vosso dinheiro – disse o rebelde, sorrindo e se aproximando cada vez mais. Tristan retesou os músculos, esperando o primeiro golpe.
- Mais devagar, Nagumo! – bradou uma outra voz, desta vez conhecida para Tristan e Téa, apesar de ligeiramente modificada.
Joey estava a uns metros adiante, fitando Koji com a habitual expressão neutra. Téa e Tristan alegraram-se apesar de tudo, pois tinham acabado de encontrar o amigo que procuravam
Koji levou algum tempo para perceber quem era, mas não tardou par que se lançasse numa sonora gargalhada.
- Olha quem é ele. O Weeler. Então como estás? Ouvi dizer que estás nas finais. Muito bem. Quem é que desafiaste? Criancinhas?
Joey não respondeu. Mirando Koji indistintamente, activou o seu Duel Disk e inseriu o baralho na abertura correspondente.
- Queres duelar, Weeler? – indagou Koji, imitando-o. – Vê lá se não queres levar outra coça como no Monster Fight.
Téa a Tristan afastaram-se de Koji e miraram os dois duelistas que se fitavam, prontos para o inevitável confronto.
Joey levou a mão direita à testa e afastou o cabelo para o lado, exibindo a Ankh tatuada. Os seus olhos fitavam Koji com uma frieza gélida nunca antes vista.
- O teu destino – disse, penetrando no âmago de Koji com a força do seu olhar – está marcado.

***

Marik olhou para a nova carta que se materializou no visor. Não tinha grandes hipóteses, senão mudar o modo de batalha do seu monstro.
- Passo Hieracosphinx para modo de defesa. Deixo uma carta virada para baixo. Fim de turno.
Uma carta nova materializou-se no campo do simulador. Marik rezava para que o seu oponente não jogasse nada que lhe esvaziasse o campo. Bastava um ataque directo do Nanoking… e estaria tudo acabado…
- Activar carta mágica – anunciou a voz do simulador. Marik ficou alerta. – Stop Defense. Esta carta passa um monstro para modo de ataque. O Hieracosphinx muda o modo de batalha.
- Oh não! – Marik não podia acreditar no que estava a ouvir. Aquele simulador conseguia sacar as cartas certas no momento certo. Era na verdade um adversário de peso. E se o Nanoking atacasse, os seus pontos de vida não suportariam o choque… e provavelmente Marik também não.
- Atacar Hieracosphinx com Nanoking – anunciou o simulador.
O enorme robô ergueu o gigantesco e poderoso punho e visou a esfinge, que mais parecia um cãozinho em consideração à diferença de tamanhos. Marik viu que todos aqueles 6000 pontos de ataque se iriam abater sobre a sua criatura e fazê-lo perder o jogo. Tentou pensar em algo, e só viu uma solução. Talvez nem tudo estivesse perdido.
- Activar armadilha: Curse of Anubis – interveio. – Agora todos os monstros de efeito em jogo passam para modo de defesa e os seus pontos de defesa tornam-se zero até ao fim do turno.
Dito e feito, tanto a Hieracosphinx como o Nanoking passaram para modo de defesa.
- Deixar carta virada para baixo. Fim de turno.
Marik mal teve tempo de ver a nova carta que lhe havia aparecido em frente aos olhos. A voz monocórdica do simulador interrompeu-lhe os pensamentos.
- Activar armadilha: Nano Magnetism. Esta armadilha só poderá ser activada se todos os monstros em jogo estiverem em modo de defesa, se eu tiver pelo menos um Nanobot em campo e se eu pagar 1000 pontos de vida. A tua Fase Principal é pulada, todos os monstros passam para modo de ataque e uma das tuas criaturas é obrigada a atacar o monstro que eu escolher.

Simulador Virtual – 2500

Tanto a esfinge de Marik como o grande robô mudaram para modo de ataque. E foi com grande aflição que Marik viu a sua criatura lançar-se num voo directo em direcção ao Nanoking, que já estava preparado com o punho em riste, pronto para destruir a esfinge e acabar o duelo. O Guardião do Túmulo olhou para a sua mão, aflitivamente, e finalmente reparou na carta que acabara de “sacar”.
- Activar mágica rápida: Battle by 2 – gritou, activando-a sem pensar. – Só posso activar esta carta na minha Fase de Batalha. Quando o alvo de batalha da minha criatura é mais forte, os pontos de ataque do meu monstro são dobrados. Portanto, a minha Hieracosphinx ganha um reforço de mais 2400 pontos de ataque (4800).
- Mas isso não é suficiente – observou Eric, vendo o punho do grande robô abater-se contra a esfinge, destruindo-a.
Imediatamente, Marik sentiu um novo choque ainda mais forte que o anterior. Ajoelhou-se, sentindo o Duel Suit ainda mais apertado e desconfortável. Sentia muito calor dentro daquele fato.

Marik – 1300

Marik estava agora na segunda Fase Principal. Não podia fazer lá grande coisa que o defendesse daquela criatura, considerando a mão que tinha. Contudo, ainda não estava vencido.
- Deixo duas cartas viradas para baixo. Fim de turno.
“As coisas estão a piorar” pensou Eric, cerrando os punhos. “Este simulador é mesmo bom. Se o Marik não se acautela, nunca sairemos daqui.”
- Atacar directamente com Nanoking – anunciou o simulador.
O gigantesco robô ergueu o punho e Marik recuou um passo, qual David frente-a-frente a Golias num combate de morte. Contudo, nem tudo estava perdido, e uma das suas cartas viradas para baixo iria resolver a situação.
- Activar Mirror Force – berrou. – Esta carta trava o ataque da tua criatura e a destrói instantaneamente.
Mal acabara de o dizer, já o punho do Nanoking batera contra uma parede invisível e fora impelido para trás, vindo a explodir mais uma vez.
“Isso não foi boa ideia” pensou Eric, sabendo do passo seguinte do simulador.
- Activar habilidade especial de Nanoking – interveio a voz monocórdica. – Removo três Nanobot para o trazer de volta com mais 300 pontos de ataque e defesa (6300/6300).
- Raios! – praguejou Marik, vendo a criatura ressurgir mais forte que nunca. E tudo isto ainda na Fase de Batalha do seu adversário.
- Atacar directamente com Nanoking – voltou a comandar o simulador.
Marik olhou para a outra carta virada para baixo. Talvez fosse a altura de activar, visto que era a altura certa para o fazer.
- Activar armadilha: Last Soul Standing. Com esta carta posso trazer de volta uma criatura do meu cemitério e colocá-la em jogo em modo de defesa e reduzo-lhe a defesa a zero. Trago então o meu Criosphinx.
A esfinge surgiu em jogo, mas não ficou no campo por muito tempo porque o punho da criatura não tardou a desintegrá-la numa violenta explosão.
- Quando um monstro invocado especialmente com a minha carta armadilha é destruído, é removido do jogo ao invés de ir para o cemitério – explicou Marik.
- Fim de turno.
Marik não tinha monstros no campo, nem cartas viradas para baixo. Já para não falar que a sua mão estava demasiado pobre. Como pudera achar que podia com aquela máquina? Por mais que tentasse, os nano-robôs estavam a derrotá-lo e a tomar conta do edifício da Technological Industries aos poucos. Ele era a única esperança para não os deixar escapar para o mundo exterior. Contudo, apesar de ser um finalista do torneio, parecia que ainda tinha de treinar muito para alcançar os melhores. Se o Yugi ali estivesse…
Sem grandes esperanças, olhou para a nova carta que se acabara de materializar no visor. Os seus olhos abriram-se subitamente. Já se esquecia que tinha aquela carta no baralho. Lembrou-se imediatamente de Odion, que lhe havia dado aquela carta, dizendo-lhe que um dia podia precisar dela. Usara-a durante os vários duelos das eliminatórias, mas dera-lhe sempre o mesmo valor que a todas as outras cartas do baralho. Tinha em mente uma estratégia, mas precisaria da ajuda do seu adversário se quisesse que isso resultasse.
- Activo a carta mágica contínua Choice of the Sphinx. De seguida, invoco Guardian Statue (800/1400) em modo de defesa. Deixo duas cartas viradas para baixo. Fim de turno.
Uma nova carta surgiu na “mão” do simulador, mas este preferiu não fazer nada com ela. Marik já estava à espera que a voz do seu adversário ordenasse ao Nanoking para atacar a sua estátua. Mais uma vez, o punho da criatura embateu no monstro de Marik e o desintegrou.
- Fim de turno – disse o simulador, o que aliviou Marik.
Mal a carta nova aparecera na mão de Marik, o holograma da carta mágica contínua começou a brilhar.
- Activo o efeito da Choice of the Sphinx – anunciou o Guardião do Túmulo. – Em cada uma das minhas Fases de Espera, posso ir ao meu baralho e procurar por uma carta de monstro, uma mágica e uma de armadilha e dar-te a escolher uma delas. O resultado vai depender da tua escolha.
“É a minha última hipótese de vencer este duelo” pensou Marik, tenso, enquanto procurava por três cartas no baralho, que lhe apareceu no visor do capacete. “Se o meu adversário não escolher a carta que eu quero, tudo pode acabar mal.”
Por fim, fez com que três cartas se materializassem no seu lado do campo, de costas voltadas para o simulador. Marik apertava os punhos, rezando para que o simulador escolhesse a carta que lhe garantiria a vitória. Mas era uma hipótese em três, o que não confortava muito Marik.
- A carta do meio – proferiu a voz do simulador, neutramente.
Então, a carta correspondente voltou-se, revelando ser a carta armadilha Ring of Destruction.
- Escolheste a carta armadilha – disse Marik, cada vez mais tenso. – Isso significa que a carta é mandada para o cemitério e ambos recebemos 1000 pontos de dano.

Simulador Virtual – 1500
Marik – 300


“Ele está quase sem pontos de vida” observou Eric, alarmado. “Já não tem hipóteses, agora que a sua estratégia falhou.”
Contudo, Marik parecia ter uma opinião diferente.
- Isto ainda não acabou! Activar carta virada para baixo: Copy Trap. Quando esta armadilha é activada, posso remover uma armadilha do meu cemitério e esta carta recebe os efeitos da carta removida. E eu escolho a Ring of Destruction para destruir o teu Nanoking.
- Não faça isso, Sr. Ishtar! – interveio Eric, alarmadamente. – Mesmo que haja um empate, vai ser como se tivesse perdido. Os nano-robôs vão se libertar deste edifício!
Marik sorria, mas Eric não conseguia ver.
- Mas eu ainda não acabei – retorquiu. – A minha outra carta virada para baixo é a Ring of Defense, que me vai proteger do efeito da Ring of Destruction.
O anel da destruição afixou-se em volta do pescoço do Nanoking e a nova explosão foi mais violenta que as outras. Desta vez, as inúmeras partículas resultantes da destruição do grande robô não voltaram a juntar-se. Atrás do seu anel defensivo, Marik ficou protegido da força da explosão e não perdeu pontos de vida por isso, ao contrário do seu adversário, que levou com o impacto equivalente aos pontos de ataque do Nanoking.

Simulador Virtual – 0

A enorme face de metal emitiu uns estranhos ruídos, antes de todo o sistema se desligar por completo. O visor de Marik desligou-se por completo e este tirou o capacete, sentindo-se logo aliviado. Eric respirou fundo, encostando-se à parede. Finalmente, estava tudo terminado. Com a vitória de Marik, a ameaça dos Nano-robôs tinha terminado.

Nota do autor: Eu decidi adoptar este sistema de colorir os nomes das cartas durante os duelos, para melhor distinguir os tipos. Mas se acharem que não fica bem, digam que eu não tenho problemas em tirar. No próximo capítulo não haverá duelo, mas ficaremos a conhecer quem defrontará quem na primeira volta das finais do torneio.
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Guardian Angel

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MensagemAssunto: Re: Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus - parte 2: O Sacerdote das Trevas   Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus - parte 2: O Sacerdote das Trevas Icon_minitime12/5/2012, 7:19 pm

Terceiro capítulo. Espero que gostem.


Capítulo III – O Sorteio

Koji Nagumo – 2000
Joey Weeler – 4000


- Ataco com o meu Red-Eyes B. Dragon – anunciou Joey, com neutralidade, apontando para Koji, que não tinha monstros no campo.
O dragão formou um poderoso raio de fogo no interior da boca. A bola de fogo atingiu o amedrontado Koji, que gritou de agonia ao sentir as chamas rodearem-no e reduzindo os seus pontos de vida a zero.
Téa e Tristan ficaram atónitos com o que acontecera ao longo do duelo. Koji fizera todos os possíveis, mas Joey defendera-se de uma forma destrutiva, destruindo todas as possibilidades de Koji para tentar vencer.
Koji caiu de joelhos, largando as cartas que ainda segurava na mão. Como pudera ter perdido daquela forma contra o Weeler? Como ficara ele tão poderoso? E que baralho era aquele?
Naquele momento, a Ankh na fronte de Joey começou a brilhar com uma intensidade muito forte. Téa e Tristan olharam-no, antes de virarem a cara, protegendo os olhos da forte luz, perguntando-se o que estava a acontecer com o amigo. Koji também ficou estupefacto com aquele estranho fenómeno, mas tapou os olhos para não cegar. Quanto a Joey, esse continuava a fitar o antigo oponente, como se a luminosidade que lhe saía da testa não o incomodasse minimamente. A forte luz parecia incidir sobre a figura petrificada de Koji, que começou a gritar quando começou a sentir algo a sugar-lhe o seu interior. A visão começou a ficar turva e as forças começavam a faltar-lhe. A respiração abrandava aos poucos. O corpo de Koji cedeu, e quando este atingiu o solo, já a alma o tinha abandonado. Quem estava ali já não era Koji Nagumo; uma casca vazia com forma humana figurava no pavimento da rua, inanimada.
Quando Téa e Tristan destaparam os olhos, já a luz tinha desaparecido há muito. Koji desfalecera no chão e Joey já havia retomado o seu caminho em direcção ao edifício da empresa. Viram-no dobrar a esquina uns metros mais à frente. Queriam ir atrás dele, mas não podiam abandonar o corpo de Koji ali no chão.
- Temos de chamar uma ambulância – disse Tristan, vendo o pulso de Koji. – Está vivo, mas a pulsação está muito fraca.
Téa tinha-se retirado uns passos e falava agora ao telemóvel, chamando uma ambulância, olhando de seguida em volta para tentar saber o nome da rua.
Tristan olhava para adiante, como se ainda visse Joey a caminhar pela rua. Nunca tinha visto o amigo naquele estado, nunca o tinha visto tão neutro e frio. Parecia que todos os seus sentimentos haviam sido drenados e um autómato tomara o corpo do verdadeiro Joey. Que poder desconhecido era aquele?

***

Marik já perdera a conta do número de palmadinhas nas costas que recebeu. Não se lembrava de ter assim tanta atenção, nem mesmo quando estivera possuído pelo seu lado maligno. A sua prestação na arena virtual fora vista apenas por Eric, e o relato que o presidente fizera aos seus funcionários fora o suficiente para deixar todos de boca aberta. Com a vitória do jovem Guardião, os nano-robôs haviam ficado inutilizados e o edifício voltara ao normal. Felizmente nenhuma informação da base de dados da empresa se havia vazado para o exterior.
- Estou orgulhosa de ti, mano – felicitou Ishizu.
- Eu sabia que eras capaz – disse Duke, dando mais uma palmada no amigo. – Eu vi a tua prestação ao longo do campeonato.
- Obrigado, amigos – agradeceu Marik, sem parar de sorrir. – Mas olhem que não foi fácil. Por momentos pensei que não ia vencer.
- Mas venceste – disse Salomon. – Está tudo bem graças a ti.
Entre os aplausos e as felicitações, Eric olhou para o relógio.
- Bem, isto tem andado muito festivo, mas temos um horário para cumprir – proferiu, fazendo com que os duelistas e funcionários presentes voltassem as cabeças para ele. – Eu sei que a visita ainda não acabou, mas já não temos tempo para continuar. Vamos então avançar para a sala onde se procederá o sorteio para os oitavos de final.
Todos os duelistas acenaram, e a multidão de funcionários dispersou para dar lugar aos campeões de atravessarem a sala e irem em direcção a um destino que nenhum deles conhecia ainda.
Eric conduzia os dez finalistas, Ishizu e Salomon pelos corredores do grande edifício. Marik ainda se sentia um bocado enfraquecido devido às descargas eléctricas que sofrera durante o seu duelo contra os nano-robôs, mas sentia-se particularmente contente por ter feito algo de bom daquela vez. Salvara os seus amigos, a sua irmã e os funcionários de uma grande ameaça tecnológica. Talvez estivesse a exagerar, mas sentia-se também como um herói que se arrisca pelo bem das pessoas com que se importava. Há muito que não se sentia assim tão bem. Só lamentava que Odion não estivesse ali com ele para poder partilhar a sua alegria.
Eric voltou a olhar para o relógio. De seguida, olhou os duelistas atrás de si. Ainda faltavam seis, que se tinham baldado à visita guiada. Pegasus queria falar com Yugi. O assunto era-lhe desconhecido, mas esperava que isso não adiasse as finais do campeonato. Aaron Graves e Joey Weeler não eram vistos desde o dia anterior. Seto Kaiba e o Duelista Mascarado nem se incomodaram em querer fazer a visita. Começava a pensar se os restantes estariam interessados no torneio. Esperava que assim não fosse. Empenhara-se bastante para fazer o melhor torneio de sempre, e não queria que todo o seu trabalho fosse visto como um autêntico fracasso. Os dezasseis duelistas que conseguiram chegar às finais deviam ser mesmo bons, para conseguirem chegar onde milhares de outros duelistas não haviam conseguido. Mesmo assim, duvidava das verdadeiras capacidades de alguns deles, como Jaden Yuki. Era ainda uma criança e estava entre os melhores do mundo. E aquele Damon Cloud, sempre com a cabeça nas nuvens. Fora o último a se aperceber da ameaça dos nano-robôs. Leon Truesdale parecia também muito jovem. E o Duelista Mascarado… quem seria?
- Chegámos – anunciou quando chegaram a uma porta no fundo do corredor.
A nova sala era quadrangular e muito mais pequena do que um dos outros laboratórios da empresa. Contudo, era suficientemente espaçosa para albergar os finalistas e acompanhantes. A sala era completamente vazia, embora houvesse algo ao fundo que, por causa da fraca luminosidade, não era visível.
Eric ia falar quando bateram à porta. Ainda nem tinham passado dois minutos desde que todos haviam entrado na sala e já estavam a interromper o discurso do presidente. A porta abriu-se e Pegasus e Yugi entraram sem cerimónias na sala.
- Estava a ver que nunca mais apareciam – disse Marik, sorrindo.
- Estivemos a tratar de uns assuntos – respondeu o rapaz, olhando de soslaio para Pegasus, que lhe retribuiu o olhar, recordando-lhe o acordo que haviam feito. Não falar a ninguém sobre a conversa que tiveram.
- Estivemos há pouco no átrio – disse Pegasus, tentando mudar de assunto, - e aquilo lá está uma rebaldaria. O que se passou?
Marik chegou-se à frente, decido a contar tudo o que acontecera. Eric discordou em princípio, mas acabou por aquiescer, uma vez que assim ao mesmo tempo esperavam pelos restantes duelistas que faltavam. E então, o Guardião do Túmulo principiou a sua narrativa, contando da ameaça que os nano-robôs representaram na empresa e do duro duelo que tivera contra o simulador, testando os Duel Suits.
Durante a história uma pessoa bateu à porta, interrompendo a dissertação de Marik. A porta abriu-se e Aaron entrou, dando de caras com os restantes ocupantes. O sobrolho de Yugi ficou subitamente carregado, e os seus punhos cerraram-se com força, com a vontade que tinha de o enfrentar ali mesmo. Contudo, Marik ainda não tinha terminado, e usando o pretexto de que estava a chegar à parte melhor da história para distrair o pequeno, começou a contar as melhores jogadas que fizera contra o simulador. Aaron não se interessou pelo discurso, e encostou-se à parede mais afastada.
Antes que Marik pudesse terminar, Seto Kaiba e o Duelista Mascarado apareceram quase ao mesmo tempo. Tal como Aaron, nenhum deles teve nenhum interesse em saber o que se passara na empresa ao longo daquele dia, e decidiram ficar também eles afastados do grupo. Pouco depois, a porta abriu-se novamente, deixando entrar a figura neutra e despreocupada de Joey. Tal como Aaron, esta aparição distraiu novamente Yugi da narrativa de Marik, desviando o olhar para o amigo, que passou por ele sem sequer lhe dirigir uma palavra. Téa e Tristan surgiram uns segundos mais tarde, ofegando e suando em bica, depois de terem corrido atrás de Joey pela cidade, pensando que ele se tinha escapado novamente.
Não foram precisas muitas palavras para que ambos os amigos de Yugi lhe pudessem explicar o que haviam presenciado. Pelos vistos, Joey desafiara um duelista e vencera-o cruelmente, fazendo com que o pobre Koji Nagumo perdesse os sentidos e ficasse ali desmaiado no meio da rua, enquanto o seu oponente se afastara sem sequer olhar para trás. Yugi ficara horrorizado: nunca Joey tivera uma atitude dessas. Por causa do maldito Culto da Morte e da nefasta entidade que se apoderara dele, Joey mudara muito. Já nem reconhecia aquela pessoa que ali se encontrava, com o corpo do Joey, mas sem a sua típica maneira de ser.
Eric pigarreou, chamando as atenções para si. Todos os ocupantes da sala se viraram para o presidente:
- Vamos então proceder ao sorteio para os oitavos de final – principiou Eric, mostrando uma estranha máquina que estava atrás dele. Uma série de bolas esverdeadas estava disposta dentro de uma esfera de vidro. Mais abaixo havia uma ranhura e uma saída, possivelmente para a extracção das bolas. – Vou chamar o vosso nome, um por um, e assim que vocês se apresentarem terão de colocar o vosso convite na ranhura e a máquina irá sortear aleatoriamente o vosso lugar nas finais. – Olhou para a prancheta. – Marik Ishtar.
Marik avançou ousadamente, enquanto tirava o convite do bolso. Em silêncio, dirigiu-se à máquina e inseriu a carta na ranhura. Naquele momento, as dezasseis bolas na esfera começaram a girar a grande velocidade, impulsionadas pelo ar que era introduzido na esfera. Não tardou até que o movimento de centrifugação abrandasse e uma bola aparecesse a rolar pela pequenina rampa. Eric apressou-se a pegar na bola e a olhar para o número marcado a preto.
- Número quatro – anunciou, enquanto escrevia o nome de Marik num grande quadro onde estava desenhado um grande esquema dos confrontos.
- De seguida – continuou Eric, voltando a olhar para a prancheta, – Jason Yuki.
Jason passou por Marik e inseriu a carta na ranhura. Pela segunda vez, a máquina começou a centrifugar as quinze bolas que ainda restavam na esfera. Quando tudo terminou, a bola com o número treze deslizou para a mão do duelista.
- É preciso ter sorte – ironizou ele para Yugi, enquanto Eric escrevia o nome de Jason no quadro.
- O seguinte é Mai Valentine.
Mai chicoteou o cabelo que lhe tinha ido para a frente da cara e avançou graciosamente pelo meio dos duelistas. Mais uma vez, as bolas giraram na esfera, e quando tudo findou, havia uma bola com o número quinze.
- Agora vou chamar Chrono Oyamada – anunciou Eric.
Ostentando aquele olhar arrogante, Chrono ajeitou os óculos na cara e avançou para a máquina. O número calhado fora o dez.
- Tom Gemin – chamou o presidente.
Sempre bem disposto, Tom afastou-se do grupo e introduziu a carta na ranhura. Depois do movimento das bolas, o número calhado foi o três.
Todos olharam para o quadro, notando que o nome de Tom estava junto ao de Marik, revelando a primeira dupla.
- Bem – disse Tom, aproximando-se de Marik, – agora que já sei quem é o meu oponente, espero bem não me desiludir no confronto. – Estendeu a mão a Marik, que a apertou respeitosamente.
- Aaron Graves – chamou Eric.
Nesse momento, as sobrancelhas de Yugi arquearam-se enquanto via o homem aproximar-se da máquina e inserir o convite na ranhura. Nem sequer olhou para os outros duelistas, enquanto esperava que o processo de rotação terminasse e uma nova bola rolasse pela rampa.
- Número doze.
- Eh pá, se eu ganhar os meus duelos há possibilidades de o enfrentar nas meias-finais – murmurou Jason a Yugi.
- Se assim for, tem muito cuidado com ele – aconselhou Yugi, olhando para Aaron, que voltava para o seu canto, se encostava à parede e cruzava os braços. – Apesar de eu o ter vencido, não significa que ele não tenha mudado.
- Damon Cloud – clamou Eric.
O rapaz de olhar sonhador pareceu acordar de um sonho quando ouviu o seu nome. Foi andando apressadamente em direcção à máquina e inseriu a carta.
- Número oito.
Até aquele momento apenas sabiam quais seriam os duelistas que se iriam enfrentar no segundo duelo. Marik e Tom. Yugi deu uma olhada a Joey, rezando para que pudesse enfrentá-lo o mais depressa possível. Tinha de o livrar daquela influência nefasta que se havia apoderado do seu coração.
- Seto Kaiba.
Kaiba descruzou os braços e encaminhou-se para a máquina, sem nada a dizer. Inseriu o convite na ranhura e o movimento de rotação das bolas reiniciou.
- Talvez gostasse de saber – disse Eric, enquanto esperavam que as bolas parassem de girar, – que o protótipo do nosso Duel Suit está pronto a ser novamente testado.
Kaiba continuava a olhar para a esfera, não desviando sequer os olhos para a figura do presidente da Technological Industries.
- Fizemos uns ajustes nos fatos, de modo a minimizar os danos de um impacto directo – continuou Eric. – Espero que, desta vez, as coisas corram bem.
Mas o jovem continuava a ignorá-lo.
- Se tudo correr bem, pode ser que, pelo Natal, possamos comercializar o Duel Suit…
- Como queiras – disse Kaiba, desinteressado, abaixando-se para pegar na bola que acabara de rolar pela pequena rampa. – Número seis – disse, atirando a bola a Eric e voltando ao seu canto.
Eric agarrou na bola e olhou para Kaiba enraivecidamente. Ele estava mesmo desinteressado nos Duel Suits. Para ele, tudo o que importava era o campeonato.
- O seguinte é o Jaden Yuki.
O mais novo dos finalistas avançou ousadamente para a grande máquina e apressou-se a inserir a carta na ranhura. As oito bolas que restavam na tômbola recomeçaram a girar. O olhar do pequeno Jaden não se desviava da esfera, ansioso por saber qual a bola que lhe iria calhar. Não tardou até que uma delas rolasse pela rampa. O número inscrito era o dezasseis.
- Sou o último – lamentou-se, sabendo que iria duelar em último nos oitavos de final. – E vou enfrentar a Mai – disse, olhando para o grande quadro. Mirou a rapariga, de seguida, que lhe retribuiu o olhar e lhe esboçou um sorriso.
- Leon Truesdale.
O rapazinho de óculos avançou silenciosamente pela sala e repetiu o mesmo processo que os outros finalistas.
- Número catorze.
- O rapaz dos Vehicróids vai duelar comigo – disse Jason, olhando para o rapaz, que voltava para junto de Damon Cloud. – Preciso de ter cuidado com ele.
- Duelista Mascarado.
A pequena figura mascarada avançou a passos lentos em direcção à tômbola. Ninguém reparou, mas os seus olhos brilharam na direcção de Kaiba durante uns momentos. Quando chegou à máquina, ignorava os vários pares de olhos que o fitavam, muitos tentando vislumbrar algo que os levasse à identidade daquela pessoa, em vão.
- Número cinco.
Kaiba olhou para o pequeno mascarado pela primeira vez. Segundo a grelha, Kaiba e o Duelista Mascarado iriam enfrentar-se logo na primeira volta das finais.
- Duke Devlin.
O Mestre dos Dados (como assim passara a ser chamado depois de ter derrotado Dave Harrington) avançou despreocupadamente para a máquina e inseriu o convite. Cinco bolas giravam agora na grande esfera, mas por pouco tempo, pois uma delas rolou pela rampa e caiu na palma de Duke.
- Número Sete.
“Vou enfrentar o Damon Cloud” pensou Duke, olhando para o rapaz. E como sempre, o jovem estava distraído, sem se ter apercebido que o seu oponente já fora definido.
- Bakura Ryou.
Bakura separou-se do grupo e encaminhou-se para a máquina. As quatro bolas recomeçaram o seu movimento rotativo durante uns largos segundos. Por fim, lá a bola com o número um surgiu para o exterior.
- Vou ser logo o primeiro – observou, enquanto devolvia a bola a Eric e olhava para a grelha.
Faltavam agora três finalistas. Todos os olhares apontavam para Yugi, Joey e Pegasus.
-Yugi Mutou.
Apoiado secretamente pelo espírito do seu alter-ego, Yugi procedeu da mesma forma que todos os outros duelistas que se haviam dirigido à máquina antes de si. Não tardou até que uma nova bola lhe fosse parar às mãos.
- Número onze.
Todos os ocupantes (ou a sua maioria) da sala abriram os olhos de espanto e indignação ao reparar no nome que designava o oponente de Yugi. O nome de Aaron figurava mesmo ao lado do de Yugi, ocupando assim os dois espaços referentes aos competidores do sétimo duelo.
- Parece destino – segredou ao Faraó, visivelmente satisfeito com a sua sorte. – Assim podemos nos vingar do que ele fez ao meu avô e recuperaremos a carta que ele nos roubou.
- Teremos de lutar com todas as nossas forças se quisermos vencer o confronto – acautelou o Faraó. – Algo me diz que, com ou sem carta Egiptian God, o Aaron está mais forte que da última vez que o enfrentámos.
Yugi não teve tempo para pensar nas palavras que o seu alter-ego acabara de proferir. Joey acabara de ser chamado e estava agora ao pé da máquina a observar a duas restantes bolas que giravam na tômbola. Por fim, a penúltima bola rolou pela rampa.
- Número nove.
- Bem, parece que o destino decidiu a meu favor – disse uma voz irritante atrás do grupo. Chrono Oyamada olhava para a grelha e notava com muito interesse que o nome de Joey estava junto ao seu.
- Não penses que a tua nova atitude te vai dar alguma hipótese de venceres o nosso confronto. Assim que estivermos frente-a-frente esmagar-te-ei como fiz no nosso último duelo.
Mas Joey ignorou as provocações de Chrono e voltou para o seu canto, deixando o seu futuro adversário irritado por ter sido ignorado daquela maneira.
Maximillion Pegasus não precisou de se dirigir à máquina, uma vez que havia apenas uma bola restante na tômbola. E foi assim que todos os dezasseis finalistas descobriram quem seriam os seus oponentes. Eric acabou de escrever o nome de Pegasus, antes de se virar para os ocupantes da sala.
- Já temos os oponentes que se irão defrontar nas finais do Torneio de Horus, que se realizará amanhã. O primeiro duelo oporá Bakura Ryou e Maximillion Pegasus. O Segundo será entre Tom Gemin e Marik Ishtar. O terceiro terá o Duelista Mascarado e Seto Kaiba. O quarto terá um duelo entre Duke Devlin e Damon Cloud. O quinto duelo será entre Joey Weeler e Chrono Oyamada. O sexto, Yugi Mutou e Aaron Graves. O sétimo, Jason Yuki versus Leon Truesdale. E por último, Mai Valentine e Jaden Yuki.
» As finais do campeonato desenrolar-se-ão no Duel Stadium, criado especialmente para este evento importante. Milhares de pessoas estarão a ver-vos ao vivo e muitos milhões ver-vos-ão de todo o mundo. Será o maior torneio de Duel Monsters alguma vez criado.
» Segundo as regras elaboradas pelo Sr. Devlin, em conjunto com o Sr. Pegasus, até ao dia de amanhã, vocês poderão fazer qualquer modificação no vosso baralho, desde que o número de cartas seja igual ao número actual. Para além disso, poderão apenas trocar quinze cartas do vosso baralho. As finais começarão às 10:00 e haverá uma pausa para almoço das 13:00 às 14:30. Os duelos não terão limite de tempo, mas qualquer demonstração de batota levará à imediata desqualificação. Caso um duelo termine num empate, os competidores terão de se enfrentar no Duelo de Morte Súbita: cada um recomeçará o duelo, embora os seus pontos de vida serão apenas 100 e efeitos que os aumentem não serão permitidos. O primeiro duelista que conseguir atacar directamente o oponente será o vencedor.
» É tudo por agora. Vamos então voltar às instalações residenciais. Preparem-se bem, pois amanhã terão de dar tudo por tudo para subirem nas classificações. Dezasseis de vocês competirão na primeira volta, mas apenas oito avançarão para os quartos de final. Daí, quatro subirão para as meias-finais. E os dois duelistas mais fortes enfrentar-se-ão na grande final. Desejo-vos muito boa sorte.»
Todos os ocupantes da sala voltaram a percorrer os corredores, em direcção à saída do edifício. Apesar do dia ainda ir a meio, todos os finalistas apenas queriam aproveitar o resto do dia para rever cartas e formular estratégias. O dia seguinte não seria fácil, e muitos desafios seriam travados.
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MensagemAssunto: Re: Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus - parte 2: O Sacerdote das Trevas   Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus - parte 2: O Sacerdote das Trevas Icon_minitime12/5/2012, 11:40 pm

a fanfic está tão boa quanto a primeira, até mesmo os capitulos sem duelos são muito interessantes Very Happy , estou ansioso pelo duelo do Kaiba e do Mascarado (se ele for quem eu imagino que é)
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Guardian Angel

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MensagemAssunto: Re: Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus - parte 2: O Sacerdote das Trevas   Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus - parte 2: O Sacerdote das Trevas Icon_minitime13/5/2012, 5:10 pm

O quarto capítulo da fanfic. Finalmente, as finais do Torneio de Horus começam.


Capítulo IV – O Primeiro Duelo! Bakura Vs Pegasus

A maioria dos finalistas mal dormira de noite. Uns estavam nervosos acerca da prestação que iriam dar no dia seguinte na Duel Stadium. Outros reviam os baralhos vezes sem conta, tentando planear estratégias novas, ou modificando-os segundo as regras do campeonato. Os restantes dormiam tranquilos nos seus quartos, ignorando o que o dia seguinte lhes iria trazer.
A mente de Yugi estava a cem à hora. Apenas estava na ilha há três dias e já acontecera o suficiente para o encher de preocupações. Pensava continuamente em Joey e como o iria salvar da entidade que o possuía. Não conseguia desviar-se do assunto do Culto da Morte. A sua vingança sobre Aaron atingiria o seu auge nas finais do dia seguinte, e isso era outra coisa que teimava em permanecer nos seus pensamentos. Já para não falar na missão que Pegasus lhe destacara, a de tentar descobrir o espião que se infiltrara na empresa. A mudança radical de Kaiba e o desaparecimento de Mokuba também teimavam em aparecer nos pensamentos de Yugi e este já não conseguia adormecer com tantos assuntos a latejar-lhe na cabeça.
- Não sei que mais fazer – confessou ao seu alter-ego quando viu que já passavam das quatro da madrugada e não tinha sono.
Uma imagem transparente do Faraó surgiu ao lado da cama, olhando Yugi com compreensão.
- Não há muito que possamos fazer – disse, tentando arranjar algo mais para dizer. – Muito menos a esta hora da noite. Tenta descansar, Yugi. Liberta a tua mente destas preocupações. Vais precisar de máxima concentração se queres derrotar o Aaron amanhã.
- Mas isto tudo, toda esta situação a que estamos expostos. O Joey, o Aaron, o Culto da Morte, o espião na empresa… São coisas a mais. Como posso lidar com isso tudo ao mesmo tempo? – insistiu o rapaz, pondo as mãos na cabeça.
- Escuta, Yugi. – O Faraó sentou-se na cama e pousou a mão no ombro de Yugi. – Há alturas na nossa vida em que as coisas não correm como nós gostávamos que corressem. Por vezes caem-nos problemas em cima, e o peso desses problemas pode fazer-nos baixar as cabeças e não os encarar de frente. É natural que te sintas confuso com tudo isto, mas o importante a reter aqui é que não estás só. Não tens de travar esta luta sozinho.
- Mas o que acontece é que estamos a ficar sozinhos nesta batalha – retorquiu Yugi. – O Odion perdeu a alma e o Joey está do lado do mal agora. Não quero ver mais ninguém envolvido neste problema. Não quero perder mais nenhum amigo…
- Não vamos perder mais ninguém – garantiu o Faraó. – Não podemos é fraquejar perante estes problemas. Temos de enfrentar tudo o que nos aparecer pela frente, independentemente das dificuldades. Se acreditarmos em nós mesmos poderemos vencer tudo. Eu acredito em mim. Acho que tu devias fazer o mesmo.
Yugi olhava para o seu alter-ego. Era incrível a sabedoria que ele possuía. Todo aquele discurso só fazia o pequeno admirar o Faraó ainda mais.
- Eu acredito em mim – declarou, sorrindo. – Quando chegar a altura, derrotaremos o Aaron, salvaremos as almas que foram capturadas, chamaremos o Joey à razão e destruiremos o Culto da Morte.
O Faraó sorriu e levantou-se da cama, sem tirar os olhos do seu parceiro. Parecia que a confiança de Yugi fora renovada, e mostrara ao pequeno que ele não estava sozinho naquela luta.
- Fico contente por te ouvir a dizer isso – declarou, a sua imagem translúcida começando a desaparecer aos poucos, voltando ao interior do Millenium Puzzle. – Agora descansa. Faltam poucas horas para o início das finais e precisamos de ficar bem frescos para o nosso confronto com o Aaron.

***

O Duel Stadium estava situado na baixa de Tech Town, perto das zonas residenciais. Fora construído de propósito para o torneio e aquele era o primeiro dia em que ficaria cheio de gente. Era uma gigantesca estrutura ovalar com vinte anéis interiores, marcando as bancadas, que se iam fechando à medida que se aproximavam do solo. No fundo do grande estádio estava uma grande arena circular com dois círculos mais pequenos, um em cada extremo da arena, um de cor azul e outro de cor vermelho. Mais para o centro da arena havia vinte rectângulos desenhados a linhas brancas, dez para cada lado.
Ainda não eram 9:00 da manhã e já o Duel Stadium estava a rebentar pelas costuras. Era como se todos os habitantes de Nova Tech Island estivessem presentes no grande evento que se iria realizar ao longo daquele dia. Pelas bancadas havia um sem número de faixas e cartazes incentivando os finalistas a darem o seu melhor. Havia quem usasse T-shirts com a imagem de Yugi Mutou e ostentando a frase “Longa Vida ao Rei.” Crianças usavam Duel Disks de plástico, comprados a vendedores que montaram as suas barracas no exterior do estádio, como forma de conseguir lucrar com o campeonato. Entre a multidão estavam Salomon, Téa, Tristan e Ishizu, esperando pacientemente pelo início das finais. O velhote usava um boné com a face do seu neto, e exibia-o orgulhosamente para quem olhasse. Téa e Tristan levavam T-shirts e estavam esperançados por verem os seus amigos na arena a darem o melhor de si. Ishizu estava absorta nos seus pensamentos, lembrando-se dos acontecimentos dos últimos dois dias e rezando para que tudo naquele dia corresse pelo melhor.
No interior do estádio, numa zona reservada apenas a pessoas permitidas, os dezasseis finalistas esperavam a chegada de Eric, para que pudessem dar início às finais. Apesar de todos já se conhecerem, nenhum falava o que quer que fosse. Estavam todos concentrados, alguns formulando estratégias de última hora, outros pensando no que o seu oponente teria reservado no seu baralho. Yugi não tirava os olhos de Aaron, tentando controlar a raiva que sentia e a vontade que tinha de o defrontar ali mesmo. Joey e Kaiba estavam em extremos opostos da sala, evitando olhar para os outros duelistas. O Duelista Mascarado estava de braços cruzados, olhando sempre para Kaiba com um olhar misterioso. Leon Truesdale e Damon Cloud estavam lado a lado, olhando as suas cartas uma a uma. Pegasus mantinha-se com um ar sorridente, confiante e muito descontraído. Bakura olhava timidamente para os outros duelistas, mostrando um certo nervosismo perante o facto de ser o primeiro a pisar a arena. Tom, Jason e Jaden esperavam pacientemente pela chegada de Eric junto a Yugi. Marik também olhava para Aaron, tentando lembrar-se de quando o vira antes. Duke brincava distraidamente com dois pequenos dados. Chrono Oyamada fitava discretamente Joey com um sorriso matreiro, mal podendo esperar a altura em que voltaria a humilhar o seu adversário, desta vez em frente a milhões de pessoas. O clamor de milhares de pessoas ouvia-se nas bancadas, gritando ininterruptamente pela chegada dos dezasseis finalistas.
Eric surgiu. Vinha com um fato cerimonial que não combinava em nada com a indumentária dos ocupantes da sala, que, apesar de variar entre eles, nenhuma era tão formal como a de Eric. Os seus olhos perscrutavam os finalistas, como que contando-os para ver se algum faltava. Como desta vez estavam todos, o presidente passou os olhos na prancheta onde tinha os nomes anotados e acenou para si quase imperceptivelmente.
- Bem-vindos, finalistas – começou por dizer, à laia de rápida saudação. – Não vos vou torturar com palavras de encorajamento nem com discursos enfadonhos. O público está em pulgas para vos ver e não queremos que eles esperem mais.
» Vou pedir ao Sr. Ryou e ao Sr. Pegasus que me acompanhem para podermos dar início às finais. Os restantes finalistas ficarão à espera numa tribuna especial, preparada de propósito para vocês. Àqueles que perderem os seus duelos, ser-vos-á dada a possibilidade de permanecerem nas instalações e assistirem à continuação do campeonato. – Voltou-se para Pegasus e Bakura. – Vamos então, meus senhores.»
Yugi viu Bakura e Pegasus afastarem-se com Eric por um corredor. Via-se que o rapaz estava visivelmente nervoso, mas momentos antes, Yugi dera-lhe um olhar de incentivo, que pareceu acalmar o amigo. Em conjunto com os outros, o pequeno seguiu por outro corredor, entrando numa outra sala, onde se ouviam bem os gritos da multidão. Do outro lado da sala uma comprida janela aberta dava para ver para a arena.
- Bem – disse Tom, debruçando-se na janela e tentando ver o máximo que podia as bancadas, como se procurasse por alguém, - isto parece muito maior do que visto de fora.
- Está tanta gente – admirou-se Marik, pouco habituado que estava a grandes multidões. – Onde estará a minha irmã?
Lá em baixo, Eric dirigia-se à arena por um caminho marcado com uma lista cinzenta. Quando chegou ao centro da arena, ergueu um microfone e a sua voz troou pelo estádio quando começou a falar:
- Muito bom dia, amantes do duelo. O meu nome é Eric Woodman e serei o apresentador das finais do maior evento de Duel Monsters alguma vez criado: o Torneio de Horus.
» Há dois dias, milhares de duelistas de todo o mundo reuniram-se nesta bela ilha de Nova Tech, lutando por um lugar privilegiado na grande final. Desses milhares apenas dezasseis chegaram onde chegaram. Ao longo deste dia, verão os melhores entre os melhores batalhando duramente para atingir o lugar supremo de campeões.
» Não vos vou torturar mais. Chegou a altura de dar início às finais. Que os primeiros dois finalistas avancem para a arena!»
Então, surgindo pelo caminho acinzentado, Bakura e Pegasus caminhavam lado a lado, sem olhar um para o outro, e separando-se mal chagaram à arena, contornando-a de cada lado e subindo pelas escadas laterais. Ambos pararam em cima dos respectivos círculos.
Bakura já não parecia tão nervoso como antes, embora não se atrevesse a olhar para os lados, não fosse intimidar-se com a multidão circundante. Pegasus, por outro lado, ia acenando para todas as direcções, completamente descontraído e bem disposto, como era natural na sua personalidade.
- Estes dois primeiros finalistas têm uma impressionante reputação – continuou Eric. – Do lado azul temos um jovem duelista de nacionalidade britânica. Foi finalista do campeonato de Battle City, tendo perdido apenas contra o Rei dos Jogos, Yugi Mutou. O seu baralho contem tenebrosas criaturas fantasmagóricas que vos irão assombrar até ao fim do confronto. Apresento Bakura Ryou.
Uma explosão de aplausos e gritos irrompeu das bancadas. Bakura continuava a olhar em frente, como se não ouvisse nada.
- Do lado vermelho temos um duelista bem conhecido por todos. Foi o inventor do nosso bem-amado Duel Monsters, o realizador do grande campeonato de Duelist Kingdom e é o presidente da Industrial Illusions. A sua participação neste campeonato foi uma surpresa total, e como esperado ele ficou entre os dezasseis melhores. O seu baralho contem criaturas que apesar de mostrarem um lado bem cómico, podem ser mortíferas quando bem jogadas. Apresento aquele que também é conhecido pelo Criador, Maximillion Pegasus.
A explosão de aplausos e gritos foi bem maior e Pegasus agradeceu com mais alguns acenos.
- Vamos então começar o duelo! – bradou Eric, saindo da arena. – Duelistas, podem activar os vossos Duel Disks.
Automaticamente, Bakura e Pegasus activaram os seus aparelhos e puxaram as cinco cartas iniciais.
- Duelistas prontos… É hora do duelo!!!

Bakura Ryou – 4000
Maximillion Pegasus – 4000


- Vamos lá começar isto, Pegasus – principiou Bakura, puxando uma sexta carta. – Vou começar por invocar Gernia (1300/1200) em modo de defesa.
Uma horrível criatura com grandes garras surgiu em campo, ajoelhada em cima da sua carta.
- É tudo – concluiu o rapaz.
- Parece que o Bakura manteve o seu baralho de demónios – observou Yugi, estremecendo ao pensar no último duelo que tivera com ele, nas finais de Battle City. Perguntava-se se a estratégia que o rapaz iria usar era a mesma que da última vez.
- É a minha vez, pequeno Bakura. – Pegasus puxou e sorriu ao ver a nova carta. – Vou pagar 1000 pontos de vida para activar a carta mágica Toon World.

Pegasus – 3000

Um grande livro de capa verde surgiu no campo. O livro abriu-se e um pequeno castelo surgiu do seu interior.
- Pelos vistos, o Pegasus também manteve o seu baralho – disse Tom, olhando para Yugi. – À primeira vista não parece nada de mais.
- As aparências iludem, Tom – retorquiu Yugi, sem tirar os olhos do campo.
- Vou agora invocar Toon Goblin Attack Force (2300/0) em modo de ataque – continuou Pegasus, invocando um bando de goblins com forma de cartoons, erguendo mocas que não pareciam muito ameaçadoras e olhando para todos os lados estupidamente.
- Sorte a tua que os meus goblins não podem atacar no turno em que são invocados – disse o homem, sem parar de sorrir. – Por isso deixo uma carta virada para baixo e encerro o meu turno por aqui.
Bakura puxou.
- Invoco Nightmare Ghost (750/1500) em modo de ataque. – A criatura em questão surgiu, flutuando levemente como um manto sombrio.
- Com pontos de ataque como esses não vejo como me poderás atingir – gozou Pegasus, olhando para a criatura, sem se deixar impressionar.
Mas Bakura tinha outra opinião.
- Devias saber que este monstro tem a habilidade especial de te poder atacar directamente – retrucou, estendendo o braço, como se ordenasse ao manto que atacasse. O fantasma planou pelo campo e cobriu a figura de Pegasus, fazendo com que toda a gente o visse menos nítido.

Pegasus – 2250

- Se isto continua assim não irás muito longe – provocou Bakura, deixando duas cartas viradas para baixo. – Termino a minha vez.
Pegasus puxou uma carta nova.
- O que achas do duelo até agora? – indagou Duke a Yugi.
- Não posso dizer grande coisa – respondeu o pequeno. – O duelo ainda mal começou e o Pegasus já perdeu quase metade dos pontos de vida. Contudo, os monstros dele têm a habilidade para atacar o oponente directamente. Contando com os goblins dele, se invocar uma criatura que pode atacar no turno em que é invocada, o Bakura pode perder os pontos todos numa única jogada.
- E aquelas duas cartas que o Bakura deixou viradas para baixo?
Yugi não sabia responder, uma vez que desconhecia a estratégia de Bakura. Podia ser que o duelo acabasse ali, ou que durasse mais do que o esperado.
- Activo a carta mágica Toon Table of Contents – continuou Pegasus. – Graças a esta carta posso ir ao meu baralho, procurar por uma carta com a palavra “Toon” no nome e adicioná-la à minha mão. De seguida invoco Toon Gemini Elf (1900/900) em modo de ataque. – A versão mais infantil da carta Gemini Elf surgiu em jogo. – Mas as minhas elfas não vão ficar aqui por muito tempo. Vou sacrificá-las para invocar especialmente Toon Dark Magician Girl (2000/1700) em modo de ataque.
Yugi ficou atónito com o aparecimento daquela criatura. Nunca a tinha visto antes, nem sabia que existia uma versão cartoon daquela criatura. Será que o Pegasus também teria uma versão assim do Dark Magician?
- A melhor parte é que o meu novo monstro pode atacar no turno em que é invocado – disse, sorrindo, perante o ar preocupado do rapaz. – E ambas as minhas criaturas podem atacar-te directamente, uma vez que não tens nenhum “Toon” no teu lado do campo. Por isso, Toon Goblin Attack Force e Toon Dark Magician Girl, ataquem-no directamente!
Os goblins carregaram a fundo pelo campo e a maga negra planou por cima deles, não em direcção aos monstros de Bakura mas em direcção a ele mesmo.
- Ele vai perder! – bradou Marik, alarmado.
- Revelar carta virada para baixo: Ouija Tablet – bradou Bakura, fazendo surgir um pequeno tabuleiro de Ouija, com todas as 26 letras do alfabeto, os algarismos do 0 ao 9 e as palavras “Sim”, “Não” e “Adeus”. Uma mão fantasma movia um ponteiro que deslizava pelo tabuleiro.
- Enquanto esta carta estiver em jogo, posso enviar a Destiny Board ou qualquer carta com “Spirit Message” no nome do meu baralho para o cemitério para encerrar automaticamente o turno – explicou o rapaz, fazendo os monstros de Pegasus recuarem antes que o atingissem.
- Nada mal – aplaudiu Pegasus. – Mas isso não te vai ajudar por muito tempo. O que farás quando todas as cinco cartas se acabarem?
Bakura não respondeu. Certamente estava a ponderar o que faria quando tal acontecesse. Mas enquanto tivesse aquele tabuleiro em jogo podia impedir que o seu adversário atacasse durante mais quatro turnos. E como ainda tinha o Nightmare Ghost no seu lado do campo, podia atacar directamente quatro vezes e assim vencer o duelo.
- Minha vez – anunciou, puxando uma carta. – E vou atacar-te directamente com o meu Nightmare Ghost.
Mais uma vez, o manto negro planou pelo campo, passando pelo meio dos dois monstros de Pegasus e cobrindo-o novamente.

Pegasus – 1500

- Isto vai ser mais fácil do que eu pensava – disse Bakura, encerrando o turno. – Nunca pensei que o criador de Duel Monsters estivesse tão enferrujado.
- Isto pode piorar para o lado do Pegasus – comentou Jason. – Com a carta Ouija Tablet, o Bakura pode encerrar o turno do seu adversário antes que ele possa atacar, desde que envie a Destiny Board uma “Spirit Message” para o cemitério.
- Não é uma estratégia infalível, uma vez que o Bakura só pode activar o efeito da carta armadilha na Fase de Batalha do adversário. E se o Pegasus descobre uma forma de acabar com aquela carta? – indagou Mai.
Pegasus sacou uma nova carta do baralho.
- Termino a minha vez – foi tudo o que conseguiu proferir.
Bakura sorriu ainda mais, de uma forma que não era muito costume nele.
- Eu não estou a acreditar nisto – disse, enquanto puxava. – Será que tive sorte logo ao início? Ou será que o grande Pegasus está a perder qualidades?
» Activo a carta mágica de equipamento Black Demon Sword ao Nightmare Ghost, dando-lhe um reforço de 600 pontos de ataque (1350). E ataco-te directamente com ele.»
Desta vez, o manto escuro vinha com uma espada negra, que parecia não ser segurada por nenhuma mão, uma vez que a criatura de Bakura não era mais que um manto de um negro translúcido. Mesmo assim, o efeito do golpe que Pegasus sofreu não foi menor que os anteriores. Muito pelo contrário…

Pegasus – 150

- É oficial – disse Marik, intrigado com o desenrolar do confronto. – O Bakura ganhou esta.
- Mas que raio se passa com Pegasus? – perguntou Yugi, mais para si do que para quem quer que estivesse consigo. – Por que não reage?
- Pena que o meu Gernia não tenha a mesma habilidade especial – disse Bakura, sem parar de sorrir. – Mas tudo acabará no meu próximo turno.
Mas Pegasus, apesar da grande perda que sofrera, continuava natural como se tivesse tudo sob controlo.
- Minha vez – proferiu. Olhou para a mão durante uns momentos antes de adicionar a carta que sacara às restantes. – Termino o meu turno.
Desta vez, Bakura não podia resistir à imensa vontade de gargalhar. O duelo iria acabar ali mesmo e iria passar para a segunda volta das finais, aproximando-o cada vez mais do Faraó e do seu objectivo de adquirir o Millenium Puzzle.
- É o fim! – gritou. – Nightmare Ghost, ataca o meu adversário directamente e acaba com este duelo!
O manto negro voltou a planar em linha recta, em direcção a Pegasus, brandindo a espada e pronto a atacar o homem uma derradeira vez.
- Activar carta virada para baixo! – bradou Pegasus subitamente, causando admiração da multidão circundante.
- Agora? – indagou Marik. – Por que é que ele a activa agora?
- É uma carta nova chamada Toon Enchanted Mirror – disse Pegasus, desta vez sorrindo. – E só pode ser activada quando tenho monstros “Toon” no meu lado do campo e o meu adversário não. Se os meus pontos de vida são inferiores a 1000, esta carta permite-me recuperar pontos de vida iguais aos pontos de ataque combinados das minhas duas criaturas. E depois inflijo-te o mesmo em pontos de dano.
- Não pode ser! – bradou Bakura, olhando a mão desesperadamente, encontrando a carta que procurava. - Activar mágica rápida: Desperate Sacrifice. Terei de sacrificar todos os monstros em campo para negar a activação de uma carta mágica, armadilha ou efeito de monstro que me vise afectar os meus pontos de vida – gritou Bakura, depois de uma rápida olhada na mão.
Naquele momento, tanto o Nightmare Ghost como o Gernia desapareceram do campo, e o raio que tinha saído do grande espelho se desvaneceu antes que pudesse atingir o rapaz.
- Nada mal, Pegasus – comentou Bakura, sorrindo. – Mas parece que a tua estratégia não correu como esperavas. Continuas com a mísera quantidade de pontos de vida e eu ainda mantenho os meus.
- Ao menos o teu fantasminha não me atormenta mais – retorquiu Pegasus, que embora também sorrindo não deixava de amaldiçoar a sua sorte pela armadilha não ter resultado.
- O Pegasus safou-se – observou Tom. – Mas aquela jogada não correu como planeado. Se não fosse a mágica rápida do Bakura o duelo estaria terminado.
- Temos de continuar o duelo, Pegasus – retomou Bakura. – O confronto ainda continua. Agora vou activar a segunda habilidade da Ouija Tablet. Se a enviar para cemitério posso recuperar todas as cartas que enviei para o cemitério cada vez que activava o seu efeito. As “Spirit Messages” são enviadas de volta para o baralho e a Destiny Board vai para a minha mão.
» Deixo agora duas cartas viradas para baixo e encerro a minha vez.»
Pegasus puxou uma carta e avaliou o campo do seu adversário. Bakura apenas tinha três cartas viradas para baixo e nenhum monstro no campo. Uma das cartas invertidas tinha de ser a Destiny Board. Quanto às outras, duvidava do que fossem. Queria atacar, mas tendo apenas 150 pontos de vida não queria arriscar. Mas se não atacasse não saberia o que o esperava.
- Deixo uma carta virada para baixo – anunciou. – Agora ataco-te directamente com os meus dois monstros.
Os goblins e a maga negra avançaram a toda a força em direcção a Bakura, mas este estava preparado.
- Vou activar a minha carta virada para baixo Zoma the Spirit. Esta carta torna-se num monstro quando é activada, ficando em modo de defesa. E quando essa criatura é destruída, o meu adversário perde pontos de vida iguais aos pontos de ataque da criatura que destruiu o Zoma.
- Esqueces-te de um pormenor – redarguiu o presidente da I2. – Os meus dois “Toons” podem atacar-te directamente, quer tenhas um monstro no teu campo ou não.
- Eu sei disso. É por isso que vou activar Call of the Earthbound. Quando o meu oponente ataca com um monstro, eu posso escolher o alvo de ataque.
Pegasus abriu muito os olhos, surpreendido pelas jogadas que aquele rapaz estava a executar. Sempre que elevava o seu jogo, Bakura parecia elevar o dele cada vez mais. Agora, se não descobrisse uma forma de travar o ataque das suas próprias criaturas perderia o duelo. Felizmente tinha algo que o ajudaria.
- Activar mágica rápida Turn Jump. Agora todas as lutas terminam e o tempo vai avançar por três turnos.
- Não que faça diferença, mas vou encadear com a minha outra carta virada para baixo: Destiny Board.
Naquele momento apareceu um novo tabuleiro de Ouija, maior que o anterior. A mão fantasma deslizou o ponteiro pelo tabuleiro até parar na letra “F”. E uma espécie de chama branca surgiu no ar, rodeando a letra que o tabuleiro apontara.
Entretanto, no campo de Pegasus apareceu um grande relógio de bolso. Os ponteiros rodavam freneticamente no relógio, fazendo com que três turnos se passassem automaticamente. No fim, tanto o Zoma como os dois monstros de Pegasus continuavam no jogo.
- Termino a minha vez com uma carta virada para baixo – anunciou Pegasus. – Não percebi o porquê de teres activado a tua Destiny Board. O teu Zoma também é tratado como uma carta armadilha, o que significa que não conseguirás completar a mensagem uma vez que já tens duas zonas de cartas mágicas e armadilhas ocupadas.
- Podes refilar à vontade, Pegasus – disse Bakura, cerrando os dentes. – Mas na tua Fase Final, uma letra da Spirit Message é adicionada ao meu lado do campo.
O ponteiro deslizou pelo tabuleiro até parar na letra “I”. Um novo fogo surgiu ao lado da letra “F”.
Bakura puxou.
“Tenho de arranjar uma forma de o derrotar” pensou, enquanto olhava para a mão. “Duvido que a Destiny Board seja eficaz. O Pegasus deve estar a tramar alguma.”
- Sacrifico Zoma e invoco Beast of Talwar (2400/2150) em modo de ataque – proferiu, invocando o poderoso demónio, armado com dois facalhões.
- Agora é que o Pegasus vai perder – disse Duke.
Mas Yugi parecia ter outra opinião. Ainda ninguém havia reparado no sorriso de Pegasus, somente o pequeno e Bakura.
- Activo a minha virada para baixo: Toon Briefcase. Quando um monstro no campo é invocado, esta carta é automaticamente activada, enviando o teu monstro de volta para o teu deck.
- O quê?
Uma espécie de cofre aberto surgiu e foi aumentando de tamanho, enquanto se aproximava do demónio de Bakura. O cofre fechou-se sobre o demónio e desapareceu, levando a criatura com ele. Relutante, Bakura voltou a colocar a carta no deck e baralhou-o.
- Deixo uma carta virada para baixo e encerro. – O rapaz continuava a pensar numa nova estratégia. Com apenas um ataque podia ter ganho, e com apenas uma jogada Pegasus livrara-se de uma das mais poderosas criaturas do jovem. Contudo, ainda tinha a Destiny Board em jogo, mas tinha que arranjar uma forma de vencer os monstros de Pegasus primeiro se queria deixar espaços livres na zona de cartas mágicas e armadilhas, de modo a que pudesse jogar todas as cartas da Destiny Board. Em apenas um turno, os monstros do seu oponente seriam o suficiente para lhe dizimar os pontos de vida.
- Mesmo tendo 150 pontos de vida, o Pegasus tem se safado muito bem – comentou Tom. – Mas por quanto tempo isso irá durar?
- O Bakura está em vantagem – disse Jaden. – Tem mais pontos de vida.
- Isso não quer dizer nada – retorquiu Jason. – Os monstros do Pegasus podem atacar o adversário directamente, o que seria fatal para o Bakura.
- Mas o Bakura também possui a Destiny Board.
- Mas isso não é totalmente eficaz. Achas que o Bakura vai conseguir manter os seus pontos de vida intactos durante muito tempo? Ele não tem criaturas no campo, apenas uma carta virada para baixo e duas activadas. Para que a Destiny Board surta efeito ele vai precisar de manter a única zona de mágicas e armadilhas desocupada para poder adicionar a última letra da mensagem. A única forma que ele tem de se safar é destruindo os monstros do Pegasus.
Jaden voltou a olhar para o duelo, dando a entender que não percebera nada do que o irmão lhe acabara de explicar.
- Minha vez. Puxar. – Pegasus olhou para a mão. – Vou atacar com os meus dois monstros!
Mais uma vez, os dois monstros de Pegasus avançaram directamente para Bakura. Mas este já estava preparado.
- Activar Negate Attack! – bradou o rapaz, travando o duplo ataque.
Pegasus voltou a sorrir.
- Mais uma vez, impediste que eu te ganhasse. – Voltou a olhar para a mão. - Vou activar a carta mágica Toon Clones. Para cada monstro “Toon” no meu lado do campo eu recebo um Toon Token (0/0) em modo de defesa.
Duas criaturinhas apareceram em jogo.
- Invoco agora Toon Cannon Soldier (1400/1300) em modo de defesa. E activo a sua habilidade especial. Sacrificando os meus dois Tokens posso infligir-te 500 pontos de dano por cada um.
As duas criaturinhas desapareceram e o canhão situado acima da cabeça do monstro disparou dois raios que embateram fortemente no peito de Bakura.

Bakura – 3000

- Encerro a minha vez – declarou Pegasus.
- Se pensas que esse truque me vai derrotar, desengana-te – provocou o rapaz, recompondo-se do ataque. – Agora que a tua Fase Final chegou, uma nova letra juntar-se-á à Destiny Board.
Um novo fogo branco apareceu junto à letra “I”, e uma nova letra surgiu: “N”. Todavia, parecia que Pegasus não estava impressionado.
- Minha vez. – Bakura apenas tinha uma carta na mão que o podia ajudar contra a investida seguinte do seu adversário. Teria de sacrificar alguns pontos de vida para isso, mas ao menos aguentar-se-ia durante mais um turno.
- Deixo uma carta virada para baixo e encerro a minha vez.
“Agora é só esperar que o maldito não ataque directamente com aquele Toon Cannon Soldier.”
- Meu turno – proferiu o homem, puxando uma nova carta. – Toon Goblin Attack Force, ataquem directamente.
Os goblins ergueram novamente as mocas e carregaram a fundo em direcção a Bakura.
- Activo a minha armadilha Dark Spirit of the Silent – disse Bakura, mantendo a calma. – Esta carta nega o ataque de uma criatura oponente e força outra a atacar.
Os goblins afastaram-se e a Dark Magician Girl avançou fortemente, sem que Pegasus ordenasse. Bakura preparou-se para o impacto de 2000 pontos de ataque. A maga apontou-lhe o ceptro e lançou-lhe um poderoso raio.

Bakura – 1000

- Parece que a situação se está a inverter aos poucos – observou Marik.
- Mas será que alguma vez o Pegasus vai conseguir atacar directamente? – indagou Mai. – Ou o Bakura vai conseguir completar a mensagem?
Yugi continuava concentrado no duelo, sem dar a entender que ouvira as perguntas, até porque não conseguia achar resposta para ambas.
- Termino a minha vez com duas cartas viradas para baixo – declarou o homem.
- E mais uma letra é adicionada à mensagem – interrompeu Bakura, fazendo com que aletra “A” flutuasse junto às outras três. – Só mais uma e tudo estará acabado.
» Minha vez. Activo a carta mágica Song of Peace. Durante o teu próximo turno, monstros com 1500 pontos de ataque ou mais não poderão atacar.
» Invoco agora o meu Headless Knight (1450/1700) em modo de ataque e ordeno-o que ataque o teu Toon Cannon Soldier
O cavaleiro sem cabeça ergueu a espada e desferiu um forte golpe na superfície blindada da criatura de Pegasus, destruindo-a.
- Encerro a minha vez – declarou o rapaz, que já não se incomodava em manter o seu lado inocente, começando a gargalhar diabolicamente. – Estás perdido, Pegasus. Graças à minha carta mágica não poderás atacar no teu próximo turno. Nem essas tuas cartinhas te vão ajudar quando eu completar a mensagem.
- Minha vez. – Pegasus puxou uma carta, com toda a naturalidade do mundo, como se a sua situação não fosse nada de mais. – Chegou a altura de virar isto. E quem te disse que as minhas cartas viradas para baixo não me irão ajudar? Uma delas é a Dust Tornado. Ela pode destruir uma carta mágica ou armadilha no campo do meu adversário.
- Não pode ser!!! – gritou Bakura, horrorizado, vendo o tabuleiro de Ouija explodir acima da sua cabeça. Os quatro fogos e as letras desapareceram quase simultaneamente.
Pegasus sorria.
- Parece que as coisas não estão boas para o teu lado, pequeno Bakura. Agora vou activar a carta mágica Mystical Space Typhoon, destruindo o meu Toon World.
Todos os finalistas abriram a boca de espanto, não entendendo a jogada de Pegasus.
- O que é que ele fez? – gritou Yugi, tão confuso como todos os outros.
O livro verde explodiu, fazendo com que as duas criaturas de Pegasus explodissem também.
- Por que raio fizeste isso? – perguntou Bakura, sem compreender nada.
- Porque assim eu não teria activado a minha segunda carta virada para baixo: Toon Miracle. Agora eu recebo pontos de vida iguais aos pontos de ataque de todos os monstros Toon que foram destruídos neste turno.

Pegasus – 4450

- Não foi uma má estratégia – comentou Yugi. – Mas ele não tem monstros em jogo para o proteger.
- Vou agora activar a carta mágica Card of Sanctity. Ela força-nos a sacar até termos seis cartas na mão.
Bakura começava a sentir-se incomodado com aquelas jogadas. Mas mais incomodado ficou ao ver o sorriso do seu adversário. O que é que ele estava a tramar?
- Chegou a altura de mudar os ventos deste duelo – declarou o homem, segurando as novas cartas na mão. – E eu vou vencer este duelo.
» Está na altura de descartar os meus Toons e jogar algo novo. Prepara-te Bakura. O poder do meu olhar cairá sobre ti!”

Nota do autor: No próximo capítulo teremos a conclusão do duelo. Mas antes de colocar o capítulo, quero que façam as vossas apostas. Quem acham que vai ganhar o duelo?
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MensagemAssunto: Re: Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus - parte 2: O Sacerdote das Trevas   Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus - parte 2: O Sacerdote das Trevas Icon_minitime14/5/2012, 12:59 pm

Conclusão do duelo Bakura Vs Pegasus, juntamente com o início do duelo Tom Vs Marik

Capítulo V – A Maldição dos Mil Olhos

Bakura – 1000
Pegasus – 4450
Headless Knight – 1450/1700


- Tal como disse, este duelo vai mudar radicalmente – disse Pegasus, sorrindo abertamente. – A partir de agora eu vou tomar a dianteira e vou derrotar-te.
- Ainda estou para ver isso – replicou Bakura.
- Da minha mão invoco uma nova criatura. Aparece, One-Eyed Mythical Beast (0/0) em modo de ataque! – gritou o homem, invocando uma criatura bípede, de pelo escuro e apenas um olho no meio de uma face sem nariz nem boca.
Bakura estranhou aquele novo monstro. Já não era um Toon, e no entanto parecia bem mais fraca que todos os outros monstros. O que estaria o seu adversário a tramar?
- Como efeito da minha criatura – começou Pegasus a explicar, - quando entra em batalha com um monstro de atributo Trevas ela não pode ser destruída em batalha e todo o dano é reduzido a zero.
- Pareces ter esquecido uma coisa muito importante, meu caro – lembrou Bakura, apontando para o seu cavaleiro sem cabeça. – O meu Headless Knight é do atributo Terra, o que não activa o efeito da tua criatura. – Sorriu levemente. – Não fiques constrangido por não te teres lembrado desse pormenor. É o que acontece quando a idade começa a pesar…
Pegasus não respondeu. Deixava o seu oponente gozá-lo à vontade, sabendo que a sua estratégia iria prevalecer.
- Deixo uma carta virada para baixo e encerro a minha vez.
- No que é que o Pegasus estava a pensar quando invocou aquele monstro? – perguntou Jason, confuso.
- Mesmo tendo mais pontos de vida que o Bakura, aquela jogada foi muito mal pensada – concordou Tom.
Contudo, Yugi não concordava. Sabia por experiencia própria que a maioria dos monstros de Bakura eram do atributo Trevas, e que sendo assim nunca poderiam destruir a nova criatura do adversário. O que não compreendia era a posição de batalha de um monstro com zero pontos de ataque, mesmo sabendo que poderia ser facilmente destruído pelo Headless Knight. A carta virada para baixo no campo de Pegasus também era motivo para incómodo. Ou seria apenas um bluff?
- Minha vez. – Bakura puxou. – E esta? Tenho mais um monstro de atributo Terra na minha mão. Invoco The Portrait’s Secret (1200/1500) em modo de ataque.
Uma moldura contendo um retrato demoníaco surgiu em jogo, com um demónio tentando emergir do interior da imagem.
- Prepara-te para perderes os teus pontos de vida. Headless Knight, ataca o One-Eyed Mythical Beast!
O cavaleiro sem cabeça ergueu a espada e correu destemido pelo campo, pronto para ceifar o monstro de Pegasus ao meio.
- É a minha vez, pequeno Bakura – interrompeu Pegasus. – Eu activo a minha armadilha DNA Transplant. Agora todos os monstros em jogo adquirem atributo Trevas enquanto esta carta estiver em campo.
- Não pode ser! – praguejou Bakura, ao ver a lâmina do seu cavaleiro embater contra o monstro de Pegasus sem o destruir.
Toda a plateia estava impressionada com as jogadas do Criador, como muitos lhe chamavam. Já todos pensavam que Pegasus iria ganhar com bastante facilidade e avançar para a segunda volta.
- Viram bem aquela jogada? – indagou Marik, perplexo.
- Impressionante – comentou Duke. – Agora quero ver como o Bakura vai conseguir dar a volta a isto.
Sem dizer o que quer que fosse, Bakura deixou uma carta virada para baixo e olhou discretamente para a tribuna onde os restantes finalistas se encontravam, concentrando-se na figura de Yugi. A sua mão direita fechou-se com força, tal era a vontade de atravessar todos os desafios à força, enfrentar logo o seu inimigo e tirar-lhe o Puzzle de uma vez.
- Meu turno – anunciou Pegasus, sacando. O seu sorriso abriu-se ainda mais quando mirou a carta que havia puxado. O sorriso rapidamente evoluiu para uma gargalhada vitoriosa. – Já está! A minha passagem para a segunda volta está completada. Activo a minha carta mágica continua Thousand-Eyes Curse. Agora, enquanto eu tiver um monstro com zero pontos de ataque e defesa, tu recebes 1000 pontos de dano em todas as tuas Fases de Espera.
A reacção de Bakura foi um choque total. A sua face estava aterrorizada com a possibilidade de perder o duelo sem que tivesse a oportunidade de se defender. Mal o seu turno iniciasse, o efeito daquela carta fá-lo-ia perder os pontos de vida que lhe restavam. Tudo estava perdido…
- Encerro o meu turno… e este duelo – declarou Pegasus, irónico.
Jason descruzou os braços, pronto para abandonar a tribuna, uma vez que o duelo, na sua opinião, já tinha acabado.
- Não há nada que o Bakura possa fazer agora – disse Tom, vendo a expressão horrorizada no rosto do jovem. – Ele jogou bem, mas o Criador levou a melhor.
Bakura não sabia que mais fazer. Ser-lhe-ia inútil puxar uma nova carta, sabendo que nada o iria ajudar contra a investida da carta mágica de Pegasus. Apenas tinha 1000 pontos de vida, o necessário para perder o duelo com o efeito da Maldição dos Mil Olhos. Amaldiçoou a sua sorte. Com a sua derrota estaria mais afastado do seu objectivo. Como pudera ser tão descuidado?
Decidiu puxar. Não perderia mais do que já iria perder se o fizesse. Sem sequer anunciar o turno, sacou a carta e olhou-a. Os seus olhos abriram-se muito, e foi então que a Thousand-Eyes Curse começou a brilhar.
- O efeito de Thousand-Eyes Curse é activado – declarou Pegasus, triunfante. – A vitória é minha!
Da carta mágica soltou-se um poderoso raio negro que voou em direcção à figura de Bakura. Toda a plateia ficara silenciosa, esperando que o raio finalizasse o duelo. Contudo, apenas Pegasus notava na expressão de Bakura… um pequeno sorriso.
- Activo a mágica rápida que acabei de sacar – bradou, mostrando-a. – Emergency Provisions. Enviando a carta virada para baixo para o cemitério ganho 1000 pontos de vida.

Bakura – 2000

- Como será possível? – indagou Pegasus, indignado, vendo o raio embater no peito do rapaz.

Bakura – 1000

Bakura deu um passo atrás, tentando equilibrar-se depois de ter recebido tamanho ataque, mas sentia-se satisfeito pela sua virada estratégica. Pegasus encolheu os ombros.
- Bem, eu não tenho pressa – disse. – Tudo pode acabar no turno seguinte.
Bakura olhou para a mão.
- Deixo uma carta virada para baixo e encerro a minha vez.
Pegasus sacou.
- Não tenho de fazer nada – declarou, guardando a carta no meio das outras da mão. – Termino a minha vez.
- Será que vai tudo terminar no turno do Bakura? – perguntou Duke, olhando para a carta virada para baixo do lado do rapaz.
Ninguém respondeu. Estavam todos com expectativas em relação ao fim do confronto.
- Minha vez – bradou Bakura. – Eu puxo.
- E o duelo acaba aqui – interrompeu o homem, apontando para a carta mágica. – O efeito da Thousand-Eyes Curse é mais uma vez activado.
Um novo raio negro emergiu da carta, em direcção a Bakura. Todavia, parecia que este estava mais uma vez pronto para a investida:
- Activo a minha carta virada para baixo: Half Damage. Quando sou alvo dos efeitos de uma carta mágica ou armadilha que me reduzam os pontos de vida, esta carta reduz o dano a metade. E para cada 500 pontos de vida que eu perca posso puxar mais uma carta.
A força do raio enfraqueceu um pouco, mas mesmo assim conseguiu atingir directamente Bakura no peito.

Bakura – 500

- E como perdi 500 pontos de vida, o efeito da Half Damage permite-me puxar uma carta nova – repetiu o rapaz, sacando.
- Aproveita bem o que te vem à mão – ironizou Pegasus. – Embora não saiba como te irás safar no teu próximo turno. Enquanto a DNA Transplant estiver em jogo o meu One-Eyed Mythical Beast não pode ser destruído em batalha. E enquanto a minha criatura estiver de pé, o efeito da Thousand-Eyes Curse activar-se-á sempre que uma Fase de Espera tua surgir.
- Ele tem razão – disse Jason, impressionado. – Aquela combinação invulgar está a por o Bakura entre a espada e a parede. Sendo incapaz de infligir dano de batalha, ele apenas conseguirá vencer se usar algum efeito especial.
- O que duvido – complementou Tom. – Tendo em conta os pontos de vida do Pegasus, o Bakura precisaria de um milagre para dizimar 4450 pontos num único turno.
- O que achas, Yugi? – perguntou Duke. – Já enfrentaste o Bakura antes. Achas que ele se vai safar?
- Quem me dera saber – respondeu o pequeno. – Ele até agora conseguiu safar-se. Mas as coisas estão a ficar apertadas para ele.
De volta ao duelo, Bakura olhava para a sua mão, tentando pensar numa estratégia para destruir uma daquelas cartas. Talvez conseguisse fazer alguma coisa com o que tinha.
- Da minha mão – recomeçou, erguendo a carta escolhida na mão direita, - activo a carta mágica Ectoplasmer. Em cada Fase Final, cada um de nós terá de sacrificar um monstro do nosso lado do campo. E metade dos pontos de ataque do monstro é subtraída dos pontos de vida do oponente.
» Agora invoco Malice Doll of Demise (1600/1700) em modo de ataque.»
Em jogo surgiu um boneco diabólico, segurando um machado maior que ele.
- Vou terminar a minha vez, activando assim o efeito da Ectoplasmer. Sacrifico o meu Malice Doll e inflijo-te directamente 800 pontos de dano.
O boneco foi consumido por uma estranha força espiritual que flutuou pelo campo em forma de ectoplasma branco. A força espiritual atravessou o corpo de Pegasus, fazendo-o gemer de dor.

Pegasus – 3650

- Nada mal, pequeno Bakura – felicitou Pegasus, sacando e deixando uma carta virada para baixo. – Mas espero que não te tenhas esquecido que a minha carta mágica ainda está activa. Termino a minha vez… como?
A carta mágica Ectoplasmer voltou a brilhar. Bakura sorria diabolicamente.
- O efeito da minha carta mágica não é opcional – informou. – Terás mesmo de sacrificar uma criatura do teu lado do campo. E apenas tens o teu One-Eyed Mythical Beast.
- Raios! – praguejou Pegasus, sacrificando a sua criatura, que imediatamente se converteu numa nuvem branca que planou pelo campo em direcção a Bakura, sem, no entanto, o afectar.
- Agora sem nenhum monstro no teu lado do campo – disse Bakura, puxando, - a tua carta mágica perde o efeito. E o melhor de tudo é que agora posso activar a habilidade especial do Malice Doll of Demise. Sempre que ele é enviado do campo para o cemitério pelo efeito de uma carta mágica contínua, eu posso revivê-lo na minha Fase de Espera.
O boneco demoníaco surgiu, sempre erguendo o tenebroso machado.
- Posso então atacar-te directamente com todos os meus monstros e terminar este duelo! – gritou o rapaz, enviando todos os seus monstros para a batalha.
O cavaleiro sem cabeça, o boneco demoníaco e a moldura maldita avançaram pelo campo, prontos a darem o golpe final a Pegasus.
- Revelar carta virada para baixo: Torture of the Thousand-Eyes. Esta armadilha só pode ser activada quando tenho pelo menos uma carta com “Thousand-Eyes” no nome. Sacrificando essa carta, todas as cartas no campo são automaticamente destruídas.
A Thousand-Eyes Curse fora usada como tributo para a activação da nova carta de Pegasus. De repente, os três monstros de Bakura desapareceram numa explosão de estilhaços virtuais.
- Bem jogado – disse Duke, cada vez mais impressionado. – Este duelo está cada vez melhor.
- Concordo – disse Marik. – Mesmo com a ínfima quantidade de pontos que o Bakura possui, o duelo continua acirrado. Nenhum dos dois quer ceder.
Bakura cerrou os dentes, enraivecido. Estava convencido que iria ganhar o duelo naquele turno, mas parecia que Pegasus ainda tinha muitas jogadas na manga. Mas o duelo ainda não estava acabado.
- Invoco Dark Lucius LV4 (1000/300) em modo de ataque. E deixo uma carta virada para baixo antes de terminar a minha vez.
Pegasus pousou a mão no topo do baralho e puxou.
- Jogo a carta mágica Pot of Greed para sacar duas cartas novas. De seguida invoco Thousand-Eyes Idol (0/0) em modo de ataque.
Um ídolo grande com inúmeros olhos ao longo do corpo surgiu em jogo.
“Qual é a dele?” pensou Bakura, estranhando. “Aquele monstro não tem pontos de ataque, nem sequer uma habilidade especial.”
- De seguida, activo a carta mágica de ritual Black Illusion Ritual. Enviando o meu Dark-Eyes Illusionist para o cemitério posso invocar Relinquished (0/0) em modo de ataque.
Yugi abriu muito os olhos perante a aparição daquela criatura, que tantas más memórias lhe tinha dado. Pegasus iria fazer aquilo que ele pensava que ele iria fazer. Se assim fosse, Bakura estaria em perigo de perder o duelo.
- De seguida activo Polymerization – continuou Pegasus, sorrindo. – Vou fundir o meu Thousand-Eyes Idol com o meu Relinquished para criar o poderoso Thousand-Eyes Restrict (0/0) em modo de ataque.
“Oh não!” Yugi não podia acreditar no que via. Uma criatura corpulenta, com dois fortes braços e o corpo coberto de olhos. E um olho maior que todos os outros parecia fitar Bakura.
- Muito impressionante, Pegasus – disse Bakura. – Mas essa criatura não tem pontos de ataque sequer.
- A falta de pontos de ataque é compensada pela sua habilidade especial – explicou Pegasus, enquanto uma série de tentáculos parecia emergir da criatura, envolver o Dark Lucius e absorvê-lo, perante o olhar atónito de Bakura. – Uma vez por turno, esta criatura pode pegar num monstro oponente e equipar-se com ele, absorvendo-lhe os pontos de ataque e defesa (1000/300).
- Não pode ser!
- Agora, Thousand-Eyes Restrict, ataca o Bakura directamente! – ordenou Pegasus, veemente.
A criatura ergueu os braços e lançou-se num ataque impetuoso contra Bakura.
- Activo a minha carta virada para baixo Spiritual Coffin. Agora removo dois demónios do meu cemitério e em troca recebo dois Spirit Tokens (0/0) em modo de defesa. E enquanto um deles estiver em campo, não poderás atacar nenhum outro demónio no meu campo. O que significa que não poderás atacar nenhum dos meus dois tokens.
A criatura de Pegasus recuou para o campo do seu dono.
- Nada mal, pequeno Bakura – felicitou Pegasus, deixando uma carta virada para baixo. – Mas não vai tardar até eu arranjar uma forma de passar por esses teus dois espíritos. E enquanto o meu Thousand-Eyes Restrict tiver um monstro absorvido ele não poderá ser destruído em batalha, mas o monstro que o equipa sim.
Bakura estava num aperto dos grandes. Não sabia como iria vencer o duelo. Mesmo que encontrasse uma criatura com mais pontos de ataque que o Thousand-Eyes Restrict, ele apenas iria destruir o Dark Lucius, deixando a criatura de Pegasus pronta para lhe absorver o seu novo monstro e ter pontos de ataque suficientes para lhe dizimar os restantes pontos de vida. E não podia ter os Spirit Tokens para sempre.
- Minha vez! Puxar! – O rapaz olhou para a sua mão. De todas as possibilidades que se lhe haviam apresentado, apenas uma lhe parecia mais eficaz. Tinha de apostar tudo o que tinha naquela jogada. – Sacrifico um dos meus Spirit Tokens e invoco Dark Ruler Ha Des (2450/1600) em modo de ataque.
Uma horrenda criatura demoníaca surgiu em jogo.
- De seguida activo a minha carta mágica Spell Economics. Com esta carta não precisarei de pagar pontos de vida para activar uma carta mágica. E agora vou jogar Dimension Fusion. Pelo custo de 2000 pontos de vida ambos os jogadores recuperam todas as criaturas que foram removidas do jogo e invocam-nas especialmente para o campo. Por isso trago o Headless Knight e o Malice Doll of Demise, ambos em modo de ataque.
Yugi estava cada vez mais impressionado com as habilidades de Bakura. Com a invocação daquelas duas criaturas que haviam sido removidas, podia ser que ele tivesse uma possibilidade de vencer o duelo.
- Mas que virada espectacular! – exclamou Jason, de olhos bem abertos. – Agora, mesmo que o Pegasus evite que a sua criatura seja destruída no primeiro ataque, o Bakura ainda vai ter mais dois ataques extras para terminar o confronto.
- Agora prepara-te para a tua derrota, Pegasus! – bradou Bakura. – Dark Ruler, ataca o Thousand-Eyes Restrict!
A criatura avançou pelo campo, em direcção ao monstro oponente. Pegasus mantinha um sorriso diabólico, que deixava antever alguma jogada matreira que tivesse preparada para o seu adversário. Contudo, Bakura não reparou nesse facto, apenas olhando com atenção a sua criatura estraçalha uma imagem do seu Dark Lucius, que entretanto servira de escudo para o monstro de Pegasus.

Pegasus – 2200

- Tal como eu havia dito – voltou Pegasus a explicar, - se o meu Thousand-Eyes Restrict é atacado enquanto tem uma criatura equipada, é a criatura que é destruída ao invés dele.
- Mas agora o teu monstro voltou a ter zero pontos de ataque – redarguiu Bakura. – E eu ainda tenho mais dois ataques. Headless Knight, ataca o Thousan-Eyes Restrict!
O cavaleiro sem cabeça desembainhou a espada e correu pelo campo, disposto a ceifar o monstro de Pegasus ao meio.
Todavia…
- Activo a minha carta virada para baixo: Dark Eye. – Bakura abriu muito os olhos, rezando para que aquela carta não deitasse tudo a perder. – Quando esta carta é activada na Fase de Batalha do meu adversário, posso remover do meu cemitério um monstro com zero pontos de ataque e defesa para negar o ataque e encerrar a Fase de Batalha. Removo então o meu One-Eyed Mythical Beast e o teu cavaleiro recua para o seu cantinho.
O Headless Knight baixou a espada e voltou para o campo de Bakura.
- Está tudo acabado para o Bakura – lamentou Jason, respirando fundo. – Ele lutou bem, e até cheguei a acreditar que ele iria vencer. Mas o Pegasus foi mais esperto desta vez.
- Agora no próximo turno do Pegasus, ele pode usar o efeito do Thousand-Eyes Restrict para absorver o Dark Ruler e atacar uma das criaturas de Bakura. É só esperar que o Spirit Token saia do jogo para estar tudo terminado. E como uma das habilidades do Thousand-Eyes Restrict não permite que nenhum outro monstro mude o modo de batalha, o Bakura está perdido.
Mas apesar de tudo, Yugi notava na expressão de Bakura algo que não mostrava qualquer sinal de derrota. De facto, parecia que a única carta que o rapaz segurava iria ser o trunfo final.
- Activo a mágica rápida – declarou Bakura, olhando o seu adversário nos olhos com uma confiança que nunca ninguém havia visto antes no jovem. – Mischief of the Time Goddess. Quando esta carta é activada uma nova Fase de Batalha começa para mim, como se o teu turno tivesse sido pulado.
- Como? – bradou Pegasus, incrédulo.
- Dark Ruler Ha Des, ataca o Thousand-Eyes Restrict e acaba com este duelo!
Mais uma vez, a horrenda criatura de Bakura atravessou o campo e desferiu um potente soco no monstro de Pegasus, fazendo-o desaparecer numa imensa explosão, cujo som se misturava com os gritos de Pegasus e o clamor da multidão.

Pegasus – 0

A maioria da plateia estava silenciosa, completamente embasbacada com o resultado imprevisto do duelo. Uma pequena minoria gritava vivas ao rapaz, que neste momento olhava o oponente com um sorriso vitorioso. Pegasus, por seu lado escondia a cara por trás do cabelo, não denotando qualquer expressão. Na tribuna, a maioria dos duelistas estava como a maioria da plateia, completamente sem saber o que dizer. O Criador lutara bem, mas parecia que Bakura levara a melhor nas suas jogadas. Eric também estava atónito com o desfecho, de tal modo que nem se lembrava que tinha de avançar para a arena e anunciar o vencedor do duelo.
- Vocês viram o mesmo que eu? – acabou por indagar Jason, voltando-se para todos os outros.
- Nem sei o que pensar – comentou Duke, também boquiaberto. – Quer dizer, não é que esteja a desvalorizar o Bakura, mas… caramba, é o Pegasus. O Criador.
- Bem sabemos – disse Mai. – Pelos vistos, o Bakura é mais forte do que aparenta.
Yugi nada dizia. Olhava Bakura permanentemente, sentindo algo de estranho no rapaz. Nunca o vira tão descontraído, sendo ele tão introvertido, especialmente quando era o centro das atenções. Temia que o amigo estivesse novamente possuído pelo espírito maligno do Millenium Ring. Mas como seria isso possível, se ele não tinha o anel com ele?
Eric voltara a si e, lembrando-se da sua função, apressou o passo em direcção à arena e colocou-se entre ambos os duelistas.
- Senhoras e senhores, foi um duelo acirrado, e o resultado foi sem dúvida inesperado. Pegasus lutou como um guerreiro, mas no fim foi o seu adversário a ultrapassá-lo. Bakura Ryou passa para a segunda volta das finais.
Toda a plateia gritou novos vivas para o rapaz, mas este continuava a mirar Pegasus, cuja face começava a se mostrar. Bakura ficou admirado por ter visto o homem sorrir abertamente enquanto caminhava na sua direcção. Pegasus estendeu-lhe a mão e Bakura apertou-a, confuso.
- Parabéns, jovem Bakura – felicitou o Criador, sem parar de sorrir. – Parece que por detrás desse teu lado tímido escondes uma força desconhecida e poderosa.
Bakura não respondeu, no entanto, perguntando-se o que Pegasus queria dizer com aquilo. Juntos abandonaram a arena e caminharam pelo corredor em direcção à tribuna onde todos os outros duelistas se encontravam. Ambos foram recebidos pelo grupo de Yugi.
- Parabéns, Bakura – felicitou Mai, sorrindo-lhe. – Eu sabia que irias conseguir…
- A sério que sabias? – indagou Duke, olhando-a admirado. Mai olhou-o de lado.
- Não foi fácil – disse Bakura, mostrando-se embaraçado. – O Pegasus estava mais forte que nunca.
Pegasus limitou-se a encolher os ombros.
- Eu dei apenas o meu melhor – declarou. – Mas parece que não foi o suficiente.
- Vamos então dar início ao segundo duelo dos oitavos de final – anunciou Eric no exterior. – Os dois finalistas seguintes que se apresentem.
Marik e Tom olharam-se, percebendo a mensagem. O segundo aproximou-se do Guardião do Túmulo e estendeu-lhe a mão.
- Pode ser que não tenha outra oportunidade para te cumprimentar antes do início do duelo – disse Tom, olhando o seu futuro oponente nos olhos. – Que ganhe o melhor.
Marik não hesitou. Aceitou o cumprimento com desportivismo.
Os outros desejaram a ambos sorte e os dois finalistas caminharam pelo corredor em silêncio, desembocando no caminho acinzentado e separando-se quando chegaram à arena. Só pararam de andar quando pisaram os respectivos círculos.
- Neste segundo duelo temos dois duelistas que são quase tão bem conhecidos como o grande Yugi Mutou. No lado azul, o duelista canadiano que se tornou um dos maiores prodígios do seu país. Apesar de não ter conseguido boas classificações nos campeonatos de Duelist Kingdom e Battle City, este duelista é um campeão bem conhecido no mundo inteiro. O seu baralho possui criaturas que vos irão impressionar. Apresento-vos Tom Gemin.
A plateia aplaudiu o duelista, que mantinha o seu olhar em Marik.
- Do lado vermelho, temos um mais um finalista de Battle City. Ele derrotou todos os seus oponentes, tendo apenas perdido contra o próprio Rei dos Jogos. Veio do Egípto, lugar de origem do Duel Monsters, e as suas criaturas demonstram virem directamente das suas areias profundas e perigosas. Apresento Marik Ishtar.
Novos vivas irromperam da plateia. Tanto Tom como Marik activaram os seus Duel Disks e inseriram os baralhos nas respectivas aberturas. Ambos continuavam-se a fitar, esperando que Eric desse ordem de início.
- Duelistas preparados – anunciou Eric, afastando-se da arena. – É hora do duelo!

Tom Gemin – 4000
Marik Ishtar – 4000


- Vamos começar com isto, Marik – disse Tom, tomando a iniciativa de puxar uma carta. – Acredita que vou fazer de tudo para poder enfrentar o Yugi.
- Isso não acontecerá, Tom – retorquiu Marik, sorrindo. – Também vou dar tudo por tudo para vencer este duelo.
- Então prepara-te para enfrentar o meu Goggle Golem (1500/500) em modo de ataque.
Uma criatura humanóide de pedra surgiu em jogo, erguendo os punhos.
- De seguida activo a carta mágica Double Summon. Com esta carta posso fazer uma invocação normal a mais neste turno. E vou invocar normalmente o meu Goggle Golem.
Marik estranhou aquela jogada, perguntando-se como seria possível invocar um monstro que já estava invocado. Mesmo assim, uma coluna de luz envolveu o guerreiro de pedra durante uns meros segundos.
- O que foi isto? – perguntou Jason, confuso. – Como é possível invocar uma criatura novamente depois de ter sido invocada?
- Estou a ver que nunca ouviste falar destas criaturas – disse Tom, notando a cara de estranheza de Marik. – São monstros Gemini.
- Gemini? – repetiu Marik, dando a entender que ainda não compreendera o que o seu oponente queria dizer.
- Estas criaturas são tratadas como monstros normais quando são invocadas normalmente – explicou Tom. – No entanto, elas possuem habilidades especiais, que são activadas quando são invocadas uma segunda vez quando já estão em jogo. Neste caso, como usei a Double Summon para invocar novamente o Goggle Golem, ele agora possui um efeito, que lhe permitiu elevar o poder de ataque para 2100.
- Incrível – disse Marik, espantado.
- Deixo uma carta virada para baixo e encerro a minha vez.
Marik colocou a mão no topo do baralho, enquanto se perguntava se havia alguma estratégia que derrotasse aqueles Geminis. Sabia tão pouco acerca daquelas cartas que lhe era impossível descortinar quais as habilidades especiais que cada uma poderia possuir. Mesmo assim, o duelo mal começara e muitas surpresas aguardavam nos confins do seu baralho.
- Eu puxo. Invoco Golem Sentry (800/1800) em modo de defesa. E deixo uma carta virada para baixo antes de terminar a minha vez.
Tom puxou.
- Activo uma das minhas cartas viradas para baixo: Ultimate Offering. De seguida, invoco Infinity Dark (1500/1200) em modo de ataque.
Uma criatura toda vestida de negro, com forma humana e usando uma capa negra apareceu junto ao golem de Tom.
- E agora activo o efeito da Ultimate Offering. Se desistir de 500 pontos de vida, posso invocar normalmente uma nova vez neste turno. E vou invocar novamente o meu Infinity Dark.

Tom – 3500

“Passa-se alguma coisa” analisou Marik. “O monstro dele não recebeu nenhum reforço de ataque. É melhor acautelar-me.”
- Revelo a minha carta virada para baixo – interveio ele. – Rock Bombardment. Só tenho de enviar uma criatura do tipo rocha do meu baralho para o cemitério para te infligir 500 pontos de dano.
Tom gemeu ao sentir o poder daquela carta armadilha.

Tom – 3000

- Isso não é nada, comparado com o que eu tenho para te mostrar. Infinity Dark, ataca o Golem Sentry!
- Mas o meu golem tem mais pontos de defesa – disse Marik, desconfiado. – O que estás a tramar.
Mas Tom sorria diabolicamente.
- Quando o meu Infinity Dark ataca, eu posso mudar o modo de batalha a um dos monstros do meu adversário.
Marik olhou horrorizado para o seu golem em forma de porta levantar-se.
A criatura de negro não hesitou em destruí-lo, de uma forma bem silenciosa, enquanto envolvia a sua vítima com a capa negra.

Marik – 3300

- Agora, Goggle Golem, ataca-o directamente!
O humanóide de pedra correu pelo campo e desferiu um soco na barriga de Marik, fazendo-o ajoelhar-se, cheio de dores.

Marik – 1200

- O duelo mal começou e já está para acabar – disse Tom, alargando o sorriso. – Contra os meus monstros Gemini não há vitória possível.
Marik via-se num aperto quase tão grande como quando enfrentara o simulador virtual. A sua mão não tinha criaturas suficientemente fortes para passar pelos monstros do seu adversário. Odiava ter de concordar com Tom, mas se Marik não conseguisse nada suficientemente poderoso no seu próximo turno, podia ser que duelo terminasse mais depressa do que o que estava à espera.
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MensagemAssunto: Re: Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus - parte 2: O Sacerdote das Trevas   Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus - parte 2: O Sacerdote das Trevas Icon_minitime15/5/2012, 7:41 pm

Conclusão do duelo Tom Vs Marik. Quem vencerá este confronto?


Capítulo VI – As Dificuldades de Marik

Tom Gemin – 3000
Marik Ishtar – 1200
Goggle Golem – 2100/500
Infinity Dark – 1500/1200


- Está tudo acabado para ti, Marik – provocou Tom, sorridente. – Para um finalista de Battle City não me pareces lá grande coisa.
- Eu não sou o mesmo que era naquela altura – respondeu Marik.
- Nota-se… pelas pobres jogadas que fizeste até agora…
Sem se deixar provocar pelas palavras do seu adversário, o Guardião do Túmulo, sacou uma carta.
- Deixo um monstro virado para baixo e uma carta virada para baixo – declarou, encerrando o turno logo de seguida.
Tom começou a rir à gargalhada.
- Isto vai ser bem mais fácil do que eu pensava – disse, sacando. – Basta-me este turno e a vitória é minha. Infinity Dark, ataca o monstro virado para baixo!
O monstro negro avançou silenciosamente pelo campo, em direcção à criatura escondida debaixo daquela carta.
- Como habilidade especial do meu monstro, quando ele entra em batalha, eu posso mudar o modo de batalha de um dos teus monstros.
Nesse momento, a criatura de Marik revelou-se. Um monstro forte e muito feio, com gigantescos punhos que terminavam em garras. Tom já o havia visto, e desvaneceu o sorriso quando se lembrou da quantidade de pontos de ataque que o monstro tinha.
- Revelaste o meu Grave Ohja (1600/1500) – informou Marik. – O teu monstro encaminha-se para a sua destruição.
A criatura negra foi apanhada pelas garras do monstro de Marik e foi estraçalhada automaticamente.

Tom – 2900

- Nada mal, Marik – congratulou Tom. – Mas eu tenho uma nova surpresa para ti. Activo a minha virada para baixo: Gemini Trap Hole. Esta carta só pode ser activada quando um dos meus geminis é destruído em batalha. Todos os teus monstros são automaticamente destruídos.
O Grave Ohja explodiu numa gigantesca bola de fogo.
- Agora que já tenho o caminho livre… Goggle Golem, ataca-o directamente!
O monstro de pedra de Tom ergueu os punhos maciços e carregou num forte ataque directo contra Marik.
- Revelar carta virada para baixo: Ordeal of a Traveler – bradou ele, antes que a criatura lhe desferisse um novo soco. – Enquanto esta armadilha estiver em jogo, o seu efeito activa sempre que me fores atacar. Eu escolho uma carta da minha mão e tu terás de adivinhar o tipo de carta que eu seguro. Se estiveres errado, a tua criatura volta para a tua mão.
- Vai ser uma jogada arriscada – comentou Salomon, fazendo figas, enquanto via Marik erguer uma carta na mão direita.
- O seu adversário tem apenas uma hipótese em três de adivinhar – disse Tristan, tentando ser optimista.
- Mas isso não quer dizer que não possa acertar – retrucou Téa.
Ishizu nada dizia, mantendo os seus olhos presos no irmão, rezando para que a sua estratégia resultasse. Depois do que acontecera com Odion e Joey, não calhava nada que Marik fosse afastado do campeonato demasiado cedo.
Tom olhava para a carta que o seu oponente lhe estendera, pensando no tipo de carta que seria predominante no baralho de Marik. Infelizmente, ele não usava o mesmo baralho que empregara em Battle City, ou conheceria certamente a sua fraqueza.
- Uma carta mágica – arriscou.
Sem alterar a sua postura, Marik revelou a carta que tinha na mão… uma carta chamada Millenium Shield.
Tom amaldiçoou a sua sorte, enquanto via o seu monstro desaparecer e retornar à sua mão.
- Nada mal, Marik – felicitou, enquanto olhava para mão. – Mas essa carta é irritante. Espero poder acabar com ela bem cedo. Activo a carta mágica Graceful Charity. Saco três cartas novas e descarto duas da minha mão. Invoco então Blazewing Butterfly (1500/1500) em modo de ataque.
Uma enorme borboleta com asas flamejantes surgiu em jogo.
- E agora activo o efeito da minha Ultimate Offering. Sacrifico mais 500 pontos de vida para invocá-la normalmente mais uma vez.

Tom – 2400

Uma coluna de luz envolveu a borboleta durante alguns instantes.
- Agora a minha criatura possui um efeito – disse Tom, sorrindo. – E vou usá-lo. Agora posso sacrificar a minha Blazewing Butterfly e invocar especialmente uma criatura gemini do meu cemitério.
A borboleta desapareceu e no seu lugar surgiu um enorme dragão de cores escuras, cujo corpo terminava numa forma serpenteante e as asas estendiam-se durante mais de dois metros.
- Apresento-te o meu Chthonian Emperor Dragon (2400/1500). E como ele foi invocado especialmente com o efeito da Blazewing Butterfly ele torna-se num monstro de efeito. E caso não saibas… o meu dragão pode atacar duas vezes na mesma Fase de Batalha.
Marik estava petrificado de medo, mesmo sabendo que se encontrava frente-a-frente com um holograma. Não sabia como iria safar-se daquele novo aperto. Mesmo com a sua carta armadilha, nada lhe dava garantias de que conseguisse travar todos os ataques que lhe fossem atirados.
- Minha vez – anunciou, puxando. – Invoco Guard of the Pyramid (500/500) em modo de defesa.
A criatura com máscara egípcia surgiu.
- Agora activo a sua habilidade especial. Se sacrificar o meu monstro posso invocar especialmente uma criatura com “Sphinx” no nome. Invoco especialmente Hieracosphinx (2400/1200) em modo de ataque.
- Bem, parece que vais começar a jogar a sério – comentou Tom, sem desvanecer o seu sorriso. – Contudo, os nossos monstros estão empatados em pontos.
Marik não ligou ao que o seu oponente dissera. Deixou apenas uma carta virada para baixo e deu o seu turno por terminado.
Tom puxou uma carta nova.
- Activo a carta mágica Card Destruction. Agora ambos descartamos as nossas mãos e puxamos um número igual de cartas do baralho.
Tanto Tom como Marik descartaram as suas mãos. Ambos puxaram duas cartas.
- Agora activo a carta mágica Dark Factory of Mass Production – continuou Tom. – Com esta carta posso recuperar duas criaturas normais e adicioná-las à minha mão. Activo então a carta mágica Pot of Greed, para puxar duas cartas novas. Então, jogo a carta mágica Polymerization. Com esta carta posso fundir dois monstros gemini na minha mão. Fundo então o Blazewing Butterfly e Infinity Dark e invoco Superalloy Beast Raptinus (2200/2200) em modo de ataque.
Um novo dragão apareceu no campo. Uma criatura multicolorida, de grandes asas e patas poderosas.
- E agora activo uma carta mágica: Swing of Memories. Com esta carta posso invocar especialmente uma criatura normal do meu cemitério. E trago de volta Goggle Golem.
O monstro de pedra voltou.
- O mais interessante é que enquanto o meu Superalloy Beast Raptinus estiver em campo todos os monstros gemini passam a ter os seus efeitos.
Marik deu um passo atrás. Tom tinha agora três criaturas bem poderosas no seu lado do campo. O Chthonian Emperor Dragon tinha 2400 pontos de ataque e tinha a espantosa capacidade de atacar duas vezes na mesma Fase de Batalha. O Superalloy Beast Raptinus, para além de ter 2200 pontos de ataque, ainda convertia todos os monstros gemini em monstros de efeito, mesmo sem ser preciso invocá-los uma segunda vez. E era esse efeito que permitira ao Goggle Golem surgir já com 2100 pontos de ataque. A sua carta armadilha Ordeal of a Traveler não o iria salvar para sempre. O seu Hieracosphinx estava empatado com o Chthonian Emperor Dragon, mas mesmo assim nada garantia que estivesse protegido das investidas dos outros dois monstros de Tom.
- Vou arriscar atacar a tua esfinge – disse Tom, erguendo o punho. – Chthonian Emperor Dragon, ataca a Hieracosphinx!
O enorme dragão formou uma poderosa bola de energia no interior da boca, soltando-a logo de seguida em forma de raio azulado.
- Activo o efeito da minha armadilha – anunciou Marik, apontando para a sua carta. – Adivinha lá o que tenho aqui…
Mais uma vez, o Guardião do Túmulo ergueu o braço, mostrando uma nova carta. Tom olhava-a fixamente, como se tentasse ver através dela.
- Uma carta monstro – disse.
A expressão no rosto de Marik deu tudo a entender. O seu olhar assustado mostrou logo que Tom havia acertado em cheio. A carta na mão de Marik era a Sinister Serpent.
- Bem, parece que o meu ataque continua – retomou Tom. O raio, que por instantes ficara congelado no ar, embateu contra a esfinge. Esta aproveitou para cortar por entre o raio e embateu no dragão. A gigantesca explosão apanhou e destruiu ambos.
Apesar da perda do seu monstro mais forte, Tom continuava bem-disposto.
- Agora, Goggle Golem, ataca-o directamente!
O monstro de pedra avançou ousadamente para Marik.
- Activo o efeito da Ordeal of a Traveler – voltou a anunciar ele, voltando a erguer o braço direito. – Adivinha.
Tom não desvanecia o seu sorriso.
- Pensas que eu sou cego? – indagou ele. – Estás a mostrar a mesma carta de há bocado. Uma criatura.
Marik cerrou os dentes, enquanto mostrava novamente a Sinister Serpent.
Naquele momento, Ishizu levantou-se do seu lugar, aflita, compreendendo o que aquilo queria dizer.
- MARIK!!! – gritou, pelo meio da multidão.
Todavia, parecia que o Guardião do Túmulo ainda não tinha jogado a sua última carta.
- Activo a minha carta virada para baixo: Call of the Haunted. A minha Hieracosphinx regressa do cemitério.
A esfinge voltou, erguendo as asas e preparando-se para contra atacar quando o golem de Tom investisse. Contudo, Tom optou para não atacar.
- Encerro o meu turno – disse. – Na Fase Final, o meu Goggle Golem, que foi ressuscitado pela Swing of Memories, é destruído.
O golem explodiu em milhares de pedras para todos os lados.
Marik puxou.
- Hieracosphinx, ataca o Superalloy Beast Raptinus! – ordenou.
A esfinge ergueu as asas e voou pelo campo, embatendo contra o dragão de Tom, destruindo-o.

Tom – 2200

- Termino a minha vez.
Ishizu respirou fundo, aliviada. Apesar de tudo, o seu irmão ainda estava na corrida.
Tom puxou.
- Invoco Magical Reflect Slime (700/1200) em modo de ataque.
Uma forma viscosa surgiu em campo, serpenteando como uma gelatina viva.
“Em modo de ataque?” perguntou Marik para si próprio. “Ele anda a tramar alguma.”
- Activo então o efeito da Ultimate Offering. Pagando 500 pontos de vida, posso reinvocar o meu Magical Reflect Slime.

Tom – 1700

Uma nova coluna de luz envolveu o novo monstro de Tom.
- O meu monstro ganha então uma habilidade especial – disse, voltando a sorrir. – Experimenta atacar. Todo o dano de batalha que eu poderia receber é redireccionado para ti.
Marik não podia arriscar. Com a quantidade de pontos de vida que tinha, bastava um ataque da sua Hieracosphinx para perder os que lhe restavam.
- Minha vez. – Não tinha nada na mão que o ajudasse a livrar-se daquele visco vivo. – Termino a minha vez.
Tom puxou e olhou para a nova carta. A visão da imagem da carta fez-lhe esboçar um novo sorriso.
- Vou sacrificar o meu Magical Reflect Slime e invocar King Pyron (1500/500) em modo de ataque.
Em jogo, o visco desapareceu para dar lugar a um humanóide coberto de fogo. Parecia uma tocha humana e as labaredas que lhe rodeavam o corpo emanavam ondas incandescentes.
- Activo novamente o efeito da Ultimate Offering. Só tenho de pagar mais 500 pontos de vida para voltar a invocar o meu novo gemini.

Tom – 1200

- Os nossos pontos de vida estão iguais agora – observou Marik, enquanto uma nova coluna de luz envolvia o monstro flamejante. – E pelos vistos o teu monstro não ficou mais forte com a nova invocação.
- Estás quase certo – interrompeu Tom, agitando o dedo indicador num gesto negativo. – Como disseste, o meu King Pyron não ficou mais forte com a reinvocação. Contudo, ele agora ganhou uma habilidade especial. Uma vez por turno, ele pode infligir-te 1000 pontos de dano.
Marik nem teve tempo para reagir. A criatura flamejante gerou uma poderosa bola de fogo por entre as mãos e lançou-a vigorosamente contra Marik, que por momentos sentiu-se como que queimado por um fogo infernal.
- Aguenta-te, Marik! - Gritou Ishizu, cada vez mais aflita.

Marik – 200

As chamas irreais desvaneceram-se e Marik surgiu por entre elas, arfando como se tivesse feito um tremendo esforço para se ver livre daquele inferno. Sentia-se fraco devido àquele ataque, e esperava não ter de levar novamente com as chamas do monstro de Tom.
- Encerro a minha vez – declarou Tom, cruzando os braços. Sabia que a sua criatura iria ser destruída pela esfinge de Marik, mas mesmo assim teria pontos de vida suficientes para resistir. E quando o seu turno recomeçasse certamente puxaria uma carta que lhe garantisse derrotar aquela criatura, mesmo não tendo nenhuma carta na mão naquele momento.
Marik puxou, ficando assim com cinco cartas na mão.
- Hieracosphinx, ataca o King Pyron! – ordenou veemente.
A esfinge abriu as asas e planou pelo campo, indo bater no ser flamejante de Tom e destruindo-o numa intensa bola de fogo.

Tom – 300

- Ainda bem – disse Bakura, respirando de alívio. – Parece que o Marik já recuperou. Com aquele monstro em campo, de certeza que o Tom não terá qualquer hipótese.
- Até agora o Tom tem conseguido fortalecer os seus monstros graças à Ultimate Offering – observou Duke. – Mas agora que ele tem menos de 500 pontos de vida não poderá mais fazer uso da carta armadilha.
Mas Yugi olhava para o sorriso matreiro de Tom e tinha uma opinião diferente. Algo lhe dizia que Marik ainda teria de ultrapassar desafios cada vez piores.
- Deixo uma carta virada para baixo e encerro a minha vez – anunciou Marik.
- Minha vez – disse Tom, puxando, com um à-vontade tão grande como se a ínfima quantidade de pontos de vida não o incomodasse. Mirou a única carta que tinha na mão e o seu sorriso alargou. – Vou activar a carta mágica Gravekeeper’s Gift. Esta carta possui dois efeitos, mas eu só preciso de um. Será que devo ganhar 500 pontos de vida para cada monstro no meu cemitério ou puxar uma carta para cada criatura que lá está sepultada?
A escolha não tardou a vir: Marik viu o seu oponente puxar sete cartas.
- Activo Mystical Space Typhoon – anunciou Tom, subitamente sério. – A tua Ordeal of a Traveler é destruída.
Marik praguejou, mas o som da explosão da carta não permitiu que se ouvisse o que ele dissera.
- De seguida invoco Dawnbreak Gardna (1500/500) em modo de ataque – anunciou, invocando uma espécie de guerreiro de metal gigantesco.
“Em modo de ataque?” pensou Marik, voltando a estranhar as jogadas do seu adversário. A sua esfinge era mais forte que o monstro de Tom, mas com a nova mão deste desconfiava do que iria surgir.
- Activo então a carta mágica de equipamento Symbols of Duty – continuou o canadiano. – Em primeiro lugar terei de enviar um monstro normal para o cemitério. E em troca posso invocar especialmente um monstro normal do meu cemitério.
O Dawnbreak Gardna foi destruído.
- Do meu cemitério invoco Chthonian Emperor Dragon.
O dragão voltou a surgir. Parecia mesmo ser a criatura mais forte do baralho de Tom.
- Agora ataca a Hieracosphinx! – bradou ao monstro.
O enorme dragão ergueu-se nos ares e gerou a esfera de energia na boca, antes de a soltar contra a esfinge de Marik. Esta voltou a atravessar o raio, indo embater no dragão. Ambos desapareceram numa gigantesca explosão.
- Mas que grande explosão – admirou-se Salomon. – Agora nenhum dos dois tem monstros no campo.
- Se o Marik conseguir um ataque bem sucedido… - murmurou Ishizu, fazendo figas para que o duelo terminasse em breve com a vitória do seu irmão.
- Deixo uma carta invertida e encerro a minha vez – disse Tom.
Marik puxou.
- Activo a carta mágica contínua Choice of the Sphinx – declarou. – Em seguida invoco Guardian Statue (800/1400) em modo de ataque.
Uma grande estátua de pedra com grossos punhos surgiu em jogo.
- Ataca-o directamente!
A estátua guardiã avançou a passos curtos, mas directos, em direcção a Tom. Toda a plateia estava calada, sabendo todos que se aquele ataque fosse bem sucedido Marik ganharia o duelo. Ninguém desviava os olhos do monstro do Guardião do Túmulo, não notando sequer na expressão sorridente de Tom, que esperava a altura certa para agir mais uma vez.
- Activo a minha carta virada para baixo: Birthright – anunciou com um grito possante. – Um monstro normal retorna do cemitério em modo de ataque. Revive, meu Chthonian Emperor Dragon!
Soltando um rugido ameaçador, o poderoso dragão ressurgira, pronto para reduzir a nada a estátua de Marik. Contudo, a reinvocação do monstro de Tom dera-se antes que a estátua atacasse definitivamente, pelo que Marik decidiu não continuar.
- Activo a habilidade especial da Guardian Statue – disse, fazendo com que o seu monstro desaparecesse e surgisse uma carta virada para baixo no seu lugar e na horizontal. – Uma vez por turno posso colocar este monstro em modo de defesa. Termino a minha vez.
Tom puxou uma carta, rindo às gargalhadas.
- Este duelo está no seu fim – disse, sem parar de rir. – Invoco novamente o meu Chthonian Emperor Dragon, para que ele receba a sua habilidade especial.
A maioria dos duelistas na tribuna compreendeu o que aquela nova coluna de luz em volta do dragão quereria dizer. E Marik também se lembrava, uma vez que se notava a mão direita fortemente cerrada.
- Agora o meu dragão pode atacar duas vezes na mesma Fase de Batalha – lembrou Tom. – A vitória é minha. Chthonian Emperor Dragon
- Activar armadilha! – bradou Marik de imediato. – Threatening Roar. Esta armadilha é activada no início da tua Fase de Batalha, impedindo-te de atacar.
Tom encolheu os ombros. Não lhe fazia diferença nenhuma atacar agora ou no turno seguinte.
- Não poderás adiar a tua derrota mais tempo – provocou. – No meu próximo turno eu vou-te derrotar, quer te ataque ou não.
Marik não compreendeu o que o seu adversário queria dizer com aquilo.
- O que estás a magicar desta vez, Tom? – indagou.
- Activo a minha mágica contínua Trap Request – anunciou o adversário. – Na minha próxima Fase de Espera, eu terei acesso ao teu baralho e procurarei por uma carta armadilha para a colocar virada para baixo no teu campo. E se essa carta deixar o campo, tu perdes 1000 pontos de vida.
Tom olhava para as três cartas que tinha na mão. Três cartas mágicas que o iriam auxiliar quando o seu turno se iniciasse. Quando surgisse a sua Fase de Espera, a carta mágica Trap Request obrigaria Marik a deixar uma carta armadilha no campo. Depois só teria de activar a carta Spell Reproduction, descartar as duas outras cartas mágicas e recuperar a Mystical Space Typhoon. E mesmo que Marik conseguisse destruir a Trap Request, uma das cartas que Tom tinha na mão era a Stop Defense, que poria qualquer monstro de Marik em modo de ataque para que o seu dragão pudesse finalizar o confronto.
- Vá lá, Marik. É a tua vez – disse Tom, encerrando o turno.
Marik não sabia como lidar com a situação. Teria de confiar na Choice of the Sphinx para que algo de bom acontecesse. Contudo, se as coisas não corressem como esperado, aquele duelo acabaria mal para o seu lado.
Salomon, Téa e Tristan estavam tensos, mas Ishizu estava mais nervosa que os três juntos. Mesmo sem o Millenium Necklace, pressentia que o duelo estava a atingir o seu término. Era capaz de sentir a hesitação do seu irmão em puxar uma carta.
- Minha vez. – Marik puxou uma carta nova. Mal teve tempo para olhar para a imagem. O holograma da sua carta mágica começou a brilhar. – E agora o efeito da minha Choice of the Sphinx é activado. Eu vou ao meu baralho e escolho um monstro, uma magia e uma armadilha e dou-tos a escolher.
Marik não levou muito tempo a procurar pelas cartas que queria. Exibiu as três cartas ao seu oponente, tendo o cuidado de não revelar nenhuma delas. A plateia e os finalistas estavam em grande tensão, esperando silenciosamente que Tom fizesse a sua escolha.
- A carta da esquerda – decidiu-se, apontando para a carta correspondente.
Marik exibiu a carta que Tom escolhera: Monster Reincarnation.
- Escolheste uma carta mágica – disse Marik. – Isso significa que a carta é adicionada à minha mão, enquanto as outras duas são descartadas.
- Não vejo como isso te irá favorecer – disse Tom, sem se deixar intimidar. – Nada do que possas fazer vai resultar.
Mas Marik não ligava mais às suas provocações. Graças ao seu adversário tinha as cartas certas na mão para virar o duelo a seu favor.
Nas bancadas, Ishizu fechou os punhos com força.
- Activo a carta mágica Monster Reincarnation. Descartando uma carta da minha mão, posso recuperar um monstro do cemitério e adicioná-lo à minha mão. E o monstro que eu escolhi é o Grave Ohja (1600/1500), que invoco em campo, em modo de ataque.
A criatura de grandes garras regressou ao campo.
- Não adianta, Marik – retornou Tom, sempre descontraído. – Ainda tens de palmilhar muito terreno para que me consigas derrotar.
Mas era a vez de Marik sorrir. Tom indignou-se com a expressão facial do seu adversário, ao mesmo tempo estranhando e desconfiando do que ele teria reservado. O olhar de Marik concentrou-se num ponto no chão e Tom seguiu-o, acabando por encontrar uma carta virada para baixo, correspondente ao Guardian Statue que Marik havia invertido no turno anterior.
- Vou revelar o meu Guardian Statue – disse o Guardião do Túmulo, fazendo reaparecer a estátua de pedra. – E com isto activo a habilidade especial do meu Grave Ohja. Sempre que um monstro meu é revelado, tu recebes 300 pontos de dano.
Os olhos de Tom abriram-se muito, desvanecendo por completo toda a confiança e descontracção que exibira segundos antes. Como não pudera ver aquela jogada? Como se pudera esquecer daquela habilidade especial, conhecendo o monstro que Marik acabara de invocar? Enquanto era atingido por um pequeno raio branco que saia da boca do Grave Ohja, Tom sorria serenamente, compreendendo que não iria ser daquela vez que enfrentaria o Rei dos Jogos.

Tom – 0

Os hologramas desvaneceram-se e Eric aproximou-se da arena a passos largos. Cabisbaixo, Tom desactivou o seu Duel Disk e guardou o baralho, enquanto caminhava em direcção a Marik, que o imitava. Quando se encontraram frente-a-frente mais de perto, Tom levantou a cabeça e fitou Marik com uma expressão séria. O Guardião do Túmulo mirava-o da mesma forma, mas rapidamente e ao mesmo tempo ambos ergueram as mãos direitas e cumprimentaram-se simpaticamente, esboçando um leve sorriso amigável.
- Bem jogado, Marik – felicitou Tom. – Ao que parece ainda tenho muito que aprender antes de poder enfrentar o Yugi.
- Tu também não foste nada mal – disse Marik, largando a mão do seu interlocutor. – Foi o meu primeiro duelo com criaturas gemini. Estive com problemas o tempo todo…
- Senhoras e senhores, depois de um duelo renhido, eis que conhecemos o nome do vencedor do segundo confronto, e o futuro adversário de Bakura nos quartos de final. – A voz de Eric ecoou pelo estádio, fazendo com que toda a plateia explodisse de aplausos. – Marik Ishtar.
Rodeados pelo barulho das palmas e vivas, Marik e Tom abandonaram juntos a arena e encaminharam-se de volta para a tribuna, onde todos os outros os esperavam. Marik não conseguia ver, mas nas bancadas, Ishizu aplaudia a vitória do seu irmão, felicíssima.
- Quem diria que irias ganhar com uma jogada de sorte – ironizou Tom, enquanto ambos percorriam o corredor em direcção à tribuna.
Marik olhou-o confusamente.
- Sorte? – repetiu, sem perceber o que o outro quereria dizer.
- Exacto – disse Tom. – Eu escolhi a carta mágica, não foi? Era o teu trunfo final para venceres o duelo, certo?
Marik sorriu, enquanto vasculhava o baralho em busca de cinco cartas específicas, mostrando-as de seguida a Tom.
- Estás a ver? – indagou, mostrando a Monster Reincarnation. – Esta foi a carta que escolheste. Se tivesses escolhido esta – Mostrou a carta armadilha Ring of Destruction – ela teria sido enviada para o cemitério e ambos perderíamos 1000 pontos de vida.
- O que daria um empate – especulou Tom.
- O que daria um empate – corrigiu Marik – não fosse eu de seguida activar a mágica rápida Damage Denial, que impede que eu leve dano de um efeito de uma carta minha, apenas descartando toda a minha mão.
Tom ficou impressionado com a explicação do seu interlocutor.
- E se tivesse escolhido o monstro? – perguntou.
Marik mostrou a carta Guardian Sphinx.
- Se tivesses escolhido o monstro, eu teria invocado especialmente a minha esfinge – respondeu, mostrando então a quinta carta que segurava. – E então sacrificaria a Guardian Sphinx para invocar o meu Exxod, Master of the Guard, que para além de ter 4000 pontos de defesa podia infligir-te 1000 pontos de dano de cada vez que um monstro de atributo Terra fosse revelado.
Tom ficou ainda mais impressionado. Marik já tivera todo o jogo planeado no momento em que jogara a Choice of the Sphinx. Voltou a sorrir. Marik era bem mais talentoso do que pensava.
- Parabéns, Marik – felicitou Yugi, assim que os dois duelistas chegaram à tribuna onde eram esperados.
- Eu sempre soube que irias vencer – reforçou Duke. – Eu via como usavas as tuas cartas durante as eliminatórias.
Marik sorriu, enquanto limpava o suor da testa com as costas da mão. Enquanto isso, Tom aproximou-se de Yugi com dedicação. O Rei dos Jogos não teve de esperar muito para que o seu abordador lhe estendesse a mão.
- Era o meu sonho poder enfrentar-te neste campeonato – declarou Tom, com uma voz triste. – Mas só mesmo um verdadeiro duelista é que tem capacidades para te enfrentar. Infelizmente não o sou.
Mas o pequeno abanou a cabeça.
- Não digas isso, Tom – pediu amigavelmente. – O facto de teres chegado até aqui mostrou o duelista que és. Não é preciso um grande campeonato para alguém me desafiar. Eu já vi do que és capaz e adorava imenso enfrentar-te a ti e aos teus geminis um dia destes.
E aceitou a mão estendida de Tom, que apertou com convicção e simpatia. Este não parava de sorrir, os seus olhos lacrimejando de emoção.
- És realmente o Rei dos Jogos – confessou, cada vez mais comovido. – Estou feliz de te ter conhecido, mesmo sem ter tido a oportunidade de te confrontar. Prometo que irei melhorar e um dia enfrentar-nos-emos num duelo de verdade.
Yugi acenou.
- Senhoras e senhores – aclamou a voz de Eric pelo meio dos inúmeros aplausos e vivas, - chegou a altura de assistirmos ao terceiro duelo dos oitavos de final. Os próximos dois duelistas que se apresentem na arena.
Kaiba descruzou os braços e saiu do seu canto, encaminhando-se em direcção ao corredor que o levava à arena. Ignorou por completo todos aqueles que lhe desejaram boa sorte, passando por eles como se não os tivesse ouvido. Contudo, quando estava prestes a sair da sala onde que estava ligada à tribuna, alguém se interpusera no seu caminho. A pequena figura mascarada que parecia fitá-lo por detrás da máscara carnavalesca bloqueava-lhe o acesso ao corredor, de punhos bem cerrados como se estivesse enfurecido. Kaiba não sabia quem aquela personagem era, nem queria sequer saber. Fosse quem fosse, mascarado ou não, nada o iria separar do poder que agora tinha em mãos. Nada nem ninguém se interporia entre o seu caminho para a vitória absoluta.

Nota do autor: No próximo duelo, Kaiba irá enfrentar o Duelista Mascarado. Quem será esta misteriosa personagem? Comentem sobre o capítulo e especulem sobre a identidade do adversário do Kaiba.
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rafaed




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MensagemAssunto: Re: Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus - parte 2: O Sacerdote das Trevas   Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus - parte 2: O Sacerdote das Trevas Icon_minitime15/5/2012, 9:04 pm

gostei do duelo do Marik, so achei que o final dele foi muito simplezin quanto ao mascarado eu acho que deve ser o Mokuba, pra acontecer um twist emocional no duelo com ele usando os Blue-Eyes
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Guardian Angel

Guardian Angel


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MensagemAssunto: Re: Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus - parte 2: O Sacerdote das Trevas   Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus - parte 2: O Sacerdote das Trevas Icon_minitime16/5/2012, 6:08 pm

Sim, eu também acho que o duelo acabou de uma forma fraca, mas também não era minha intenção criar um grande clímax final.
Capítulo 7 e o início do duelo entre o Duelista Mascarado e Kaiba.


Capítulo VII – O Duelista Mascarado

Kaiba e o Duelista Mascarado miravam-se constantemente, sem arredarem pé dos seus lugares. Via-se que o pequeno não se intimidava pelo porte majestoso do seu futuro adversário, mas era impossível adivinhar como se sentia, devido à máscara que usava. Todos na tribuna ignoravam quem ele era, nenhum tendo a mais pequena suspeita de quem fosse. Kaiba, contudo, não ficou a olhar para o pequeno durante muito tempo; retomou a caminhada, passando pelo Mascarado sem se designar a olhar para ele.
- Nunca pensei que te tornasses numa pessoa tão fria, Seto – disse então uma voz infantil, vinda do interior da máscara do pequeno.
Todos na tribuna ficaram estupefactos. O Duelista Mascarado não falara desde que se apresentara na praça, dois dias antes, ao fim da tarde. Sempre se mantivera afastado de qualquer grupo, tendo um estranho mas insuspeito comportamento sempre que Kaiba estava por perto. Será que ambos se conheciam?
Kaiba quase estacou o passo ao ouvir tamanha declaração. Mas fingiu não ligar àquela investida inesperada e continuou o seu caminho pelo corredor em direcção à arena. O Mascarado cerrou o punho direito, num gesto que não passou despercebido, e virou costas a todos na tribuna e seguiu caminho pelo corredor atrás de Kaiba.
Quando chegou ao exterior, já o seu adversário estava à sua espera no lugar correspondente. Sem ligar ao ruído da multidão, o Mascarado subiu as escadas e posicionou-se no seu sítio. Eric estava já pronto, de microfone preparado para poder anunciar o confronto seguinte.
- Vamos então ao terceiro duelo das finais – anunciou Eric. – Do lado azul temos o duelista mais misterioso desta trupe de finalistas. Ele é um mistério humano, escondido dentro de um fato e uma máscara, ocultando toda e qualquer informação sobre ele, incluindo o tipo de baralho que usa. Apresento-vos o Duelista Mascarado.
Não foram muitas as pessoas que aplaudiram o Mascarado quando o seu nome foi anunciado. Nem se importava se era ou não alvo de atenção. Tinha coisas bem mais importantes para tratar. Fitava Kaiba com um olhar feroz.
- Finalmente estamos frente-a-frente – declarou com uma voz possante, embora acriançada, apontando para Kaiba. – Ganhar este campeonato não me interessa para nada. Tudo o que eu quero é derrotar-te.
Kaiba arqueou as sobrancelhas, algo curioso.
- Por que querias tanto enfrentar-me? – perguntou.
O Mascarado não respondeu. Eric olhava-os com alguma curiosidade, quase se esquecendo de anunciar o Kaiba.
- Do lado vermelho temos outro grande prodígio. Um dos melhores duelistas do mundo, outrora um grande campeão. Apenas perdeu contra Yugi Mutou, tendo se considerado então como rival do Rei dos Jogos. É o presidente da Kaiba Corp. e o inventor dos dispositivos virtuais usados no Duel Monsters, como as Arenas de Duelo e os Duel Disks. O seu baralho é poderoso e imbatível, ao qual nenhum duelista tem qualquer hipótese. Apresento-vos Seto Kaiba.
Houve um explosão de aplausos de toda a plateia, aclamando o nome de Kaiba vezes sem conta, mostrando a sua adoração pelo famoso duelista. Este ignorava-os, continuando a fitar a sua atenção no Duelista Mascarado.
- Duelistas, podem activar os vossos Duel Disks – disse Eric. Kaiba e o Mascarado activaram os seus aparelhos e sacaram as cinco cartas iniciais. Nada diziam. Nada era preciso dizer. Tudo seria esclarecido ao longo do duelo.
- Duelistas preparados… É hora do duelo!!!

Duelista Mascarado – 4000
Seto Kaiba – 4000


- Eu puxo em primeiro lugar – principiou o Mascarado, olhando as seis cartas que lhe haviam calhado. – Ora bem… - começou a coçar a cabeça com o indicador direito, como se estivesse a pensar em qual jogada fazer. – Deixa cá ver… Não posso invocar um monstro de alto nível sem ter que fazer um sacrifício, certo?
Kaiba arregalou os olhos. O seu adversário estaria a gozar com ele? Como podia um duelista chegar às finais se nem sabia as regras do jogo?
- É impressão minha ou o adversário do Kaiba não passa de um amador? – indagou Duke, arqueando as sobrancelhas.
- Amador é dizer pouco – comentou Jason. – Este Mascarado parece ignorar completamente as regras. Qualquer duelista, por mais medíocre que seja, sabe que não se pode invocar um monstro de alto nível sem fazer um sacrifício antes.
Yugi continuava a olhar para o pequeno duelista. Tal como Pegasus dissera, havia algo de estranho e muito familiar no adversário de Kaiba.
- Invoco o meu Man-Eating Plant (800/600) em modo de ataque – anunciou o Mascarado, chamando para o campo uma planta gigante, cheia de espinhos ao longo do caule e uma bocarra bem aberta pronta para devorar o que quer que se atravessasse no seu caminho.
- Experimenta passar pela minha planta carnívora, Seto.
- Espera aí – disse Marik, tão ou mais intrigado que os outros. – Então é só isso? Nem uma carta mágica ou armadilha para o proteger melhor?
- Aquele monstro nem sequer tem um efeito – reforçou Mai.
Kaiba puxou uma carta, silenciosamente.
- Se pensas que um mero monstro com 800 pontos de ataque me irá parar – provocou Kaiba, - então estás muito enganado, meu caro.
» Invoco Vorse Raider (1900/1200) em modo de ataque.»
Com uma ordem rápida, Kaiba fez com que o seu monstro cortasse a planta do Mascarado pelo caule, fazendo-a desaparecer.

Duelista Mascarado – 2900

- Encerro a minha vez. – Kaiba começa a sentir novamente aquele formigueiro que o impulsionava para o duelo. A sua última jogada fora muito básica, e o seu consciente ansiava por um turno cheio de combos e jogadas impressionantes. Pena que lhe havia calhado um oponente amador.
O Mascarado recuou uns passos, arfando, como se o ataque do seu adversário lhe tivesse tirado parte da energia.
- Isso não doeu nada, Seto – provocou o pequeno, enquanto sacava. – Vais ver como eu posso ser traiçoeiro. Vamos ver como te safas com o meu Krokodilus (1100/1200) em modo de ataque.
Um grande crocodilo humanóide apareceu em jogo, rugindo ameaçadoramente.
- E deixo uma carta virada para baixo antes de terminar.
- Agora parece que ele dispôs alguma defesa – observou Bakura. – Mas nota-se perfeitamente que está tudo concentrado naquela carta virada para baixo. Que outro motivo levava o Duelista Mascarado a deixar o Krokodilus em modo de ataque?
Kaiba puxou.
- Não faço ideia de qual é a tua estratégia – rugiu, mirando a carta que acabara de sacar. – Mas ainda não me senti ameaçado desde que o duelo começou. Nota-se que a tua carta é uma armadilha. A minha Mystical Space Typhoon vai tratar disso.
Um tufão gigantesco levantou do solo e estilhaçou a Mirror Force que estava no campo do Mascarado.
- Agora que não tens nada para te proteger… Vorse Raider, ataca o Krokodilus!
Mais uma vez o monstro salteador cortou a criatura do Mascarado ao meio, aniquilando-o.

Duelista Mascarado – 2100

- O Kaiba está a dar cabo dele – disse Marik, pouco impressionado. – Qual é a ideia deste tipo? É pior que um principiante.
- Estas jogadas… parecem-me familiares – comentou Yugi para o seu alter-ego. – Aqueles dois monstros…
- Tens razão, parceiro – concordou o Faraó. – E até agora o Mascarado tratou o Kaiba pelo primeiro nome… Não é toda a gente que o faz…
- É a minha vez, Seto – gritou o Mascarado, puxando. – Chegou a hora de mudar o curso deste duelo. Invoco Melchid the Four-Face Beast (1500/1200) em modo de ataque.
Uma estranha criatura flutuante com quatro máscaras com expressões diferentes surgiu em campo.
- De seguida, da minha mão, activo Silent Doom, invocando especialmente o meu Krokodilus em modo de defesa.
O crocodilo humanóide regressou, ajoelhado em cima da sua carta.
- Parece que mostras ser mais do que um simples amador – comentou Kaiba. – Mas essas jogadas não te favoreceram em nada. O meu Vorse Raider ainda é o mais forte.
Mas o Mascarado parecia ler o efeito de uma carta que tinha segurada na mão direita.
- Pelo que estou a ver, esta carta é muito poderosa – disse, parecendo impressionado. – E acho que já a posso usar…
- Este tipo está a falar a sério? – indagou Duke, indignado. – Ele não sabe ler?
- Talvez esteja a brincar com o Kaiba – especulou Jason. – Ele é um finalista. Como poderia ser tão ignóbil? Ele teve de derrotar duelistas para chegar aqui.
- Eu não teria tanta certeza – disse uma voz atrás deles. Pegasus aproximara-se do grupo, parando junto a Yugi.
- O que queres dizer? – perguntou Yugi, curioso.
- Segundo a Central da Base de Dados da empresa, o Duelista Mascarado não se inscreveu no campeonato de acordo com as normas – informou o Presidente da I2. – Provavelmente isso levaria à desclassificação, mas só soubemos da existência dele quando o seu nome apareceu na lista dos finalistas.
- E não o desclassificaram? – perguntou Marik.
- Não podem – interveio Duke. – Uma vez inscritos nas finais, os duelistas não podem abandonar o torneio, apenas, claro está, por razões pessoais e verdadeiramente importantes.
- E o mais estranho – continuou Pegasus – é que parece que este Mascarado não enfrentou nenhum duelista para chegar até aqui.
- Então como conseguiu as Pintas necessárias para entrar nas finais? – questionou Mai, cada vez sem perceber o que se passava.
Pegasus desviou o olhar para a arena, fixando-se na figura do Mascarado.
- Tenho algumas suspeitas sobre esse Mascarado – declarou, enigmaticamente. – Mas preciso de ter a certeza… Se ele fizer o que eu estou à espera acho que descobriremos a identidade do nosso pequeno prodígio…
Yugi seguiu o olhar de Pegasus, concentrando-se no duelo que se desenrolava na arena.
- Vamos lá ver se isto resulta – disse o Mascarado. – Eu sacrifico o Melchid the Four-Face Beast e o Krokodilus para invocar especialmente Masked Beast Des Gardius (3300/2500) em modo de ataque.
Os dois monstros desapareceram e em seu lugar surgiu uma horrorosa criatura mascarada com forma humanóide e duas fortes garras.
Enquanto todos em volta abriam as bocas de espanto perante a invocação daquela poderosa criatura, o Mascarado saltitava de contentamento, como uma criança que acabara de ganhar um presente que tanto desejara.
- Resultou! Resultou! Yuuuppppiiiiii!!!!! – gritava ele, alegremente. – Consegui! Invoquei o meu monstro mais poderoso.
Contudo, Kaiba não parecia impressionado, mesmo sabendo que o seu oponente tinha um monstro capaz de derrubar o seu Vorse Raider. Talvez o tivesse subestimado, mas para ele, o pequeno mascarado não passava de um amador.
- Do que estás à espera? – bradou, interrompendo com as criancices do Mascarado. – Pensava que me querias derrotar.
- Tens razão, Seto – concordou o Mascarado, olhando o seu oponente. – Tenho de te vencer para te devolver à realidade, custe o que custar.
Kaiba pestanejou e arqueou as sobrancelhas, não percebendo o que o adversário acabara de dizer.
- Masked Beast, ataca o Vorse Raider!
A criatura avançou a toda a velocidade, ceifando às tiras o monstro de Kaiba.

Kaiba – 2600

- Por favor – suspirou Kaiba, nada impressionado. – Fizeste uma boa jogada, e daí? Já devias saber que contra mim não tens a maior hipótese.
- E o que podes fazer? – provocou o Mascarado. – Já não tens os teus Blue-Eyes White Dragons contigo.
Kaiba abriu ainda mais os olhos, assim como todos os outros na tribuna.
- Como sabe ele disso? – indagou Yugi, voltando-se para Pegasus.
Mas o homem continuava de olhar para a arena, com uma expressão cada vez mais compenetrada e misteriosa.
- Sim, eu sei que tu descartaste os teus dragões e os trocaste por poder – continuou o Mascarado. – E é esse poder que te tem consumido a alma e continuado a duelar vezes sem conta, sem te preocupares com o estado dos teus adversários.
- Muito bem, a brincadeira acabou! – gritou Kaiba com uma voz possante e furiosa. – Quem és tu e como sabes que eu larguei os meus dragões?
Mas o Mascarado mantinha a sua postura, sem ousar retirar a máscara.
- Encerro a minha jogada – disse simplesmente.
Kaiba não insistiu. Era-lhe indiferente saber quem o seu adversário era ou não.
- Tiveste o teu último momento de glória – disse, puxando. – Invoco Saggi, the Dark Clown (600/1500) em modo de ataque.
O palhaço das trevas surgiu em jogo, rindo com uma gargalhada diabólica.
- Em modo de ataque? – indignou-se Marik. – O Kaiba é bom, mas não vejo como poderá ele vencer o Masked Beast. Se o monstro ataca o palhaço, o Kaiba perde.
- Ele não é parvo – esclareceu Yugi, confiante. – Ele tem uma estratégia preparada na mão.
- Deixo três cartas viradas para baixo e encerro a minha vez.
O Mascarado puxou.
- Essas tuas cartas não te vão proteger por muito tempo. Masked Beast, ataca o Saggi!
A besta mascarada ergueu as garras e planou em direcção ao palhaço. Kaiba sorriu ao ver que o seu oponente fizera aquilo que estava à espera.
- É altura de dizeres adeus à tua criatura. Activar armadilha: Crush Card Virus. Sacrificando o meu Saggi, posso destruir todos os monstros do teu campo e da tua mão com 1500 pontos de ataque ou mais. E isso é válido até ao fim do teu terceiro turno.
O palhaço das trevas desapareceu e uma névoa avermelhada rodeou o monstro mascarado, destruindo-o.
- Raios! – praguejou o pequeno, no meio da poeira.
- Vá, mostra-me a tua mão – exigiu Kaiba, sem paciência. – Se tiveres algum monstro com 1500 pontos de ataque ou mais tens de o enviar para o cemitério.
O Mascarado mostrou a mão, mas não segurava nenhum monstro.
- Cartas fracas – troçou Kaiba, depois do Mascarado voltar a virar a mão para si.
- Deixo uma carta virada para baixo.
- Tal como eu pensava – disse Yugi. – O Kaiba tem sempre uma na manga.
Kaiba puxou uma carta.
- Invoco Ryu-Kishin Powered (1600/1200) em modo de ataque.
Um poderoso demónio fortalecido surgiu em jogo.
- Activo então uma das minhas cartas viradas para baixo: Rebirth of the Weak. Com esta carta posso invocar especialmente um monstro com 1000 pontos de ataque ou menos do cemitério para o campo, em modo de defesa. E o oponente do dono desse monstro puxa uma carta adicional. O teu Man-Eating Plant regressa.
A planta carnívora do Mascarado surgiu em campo.
- E como eu sou o teu oponente, a minha carta armadilha permite-me puxar uma carta nova. Agora activo a minha outra carta virada para baixo: Final Attack Orders. Enquanto esta carta estiver em campo, todos os monstros virados para cima em campo têm de ficar em modo de ataque.
O Mascarado recuou um passo e cerrou a mão direita. Não era preciso ver-lhe a cara para adivinhar que estava frustrado com aquelas jogadas.
- Agora o meu Ryu-Kishin vai atacar o teu monstro – anunciou Kaiba, fazendo com que o demónio avançasse em direcção à planta carnívora.
- Activar armadilha: Negate Attack – gritou o Mascarado. – O teu monstro é parado.
Kaiba sorriu, sem mostrar qualquer surpresa.
- Eu sabia que ias jogar essa carta – declarou com um leve suspiro. – Eu vi a tua mão e era previsível o que ias fazer. No meu próximo turno o meu monstro vai tratar dessa tua planta. E não adianta colocar o teu monstro em modo de defesa. A minha carta armadilha impede-te de o fazer.
- Estava à espera de ver um duelista poderoso a enfrentar o Kaiba – confessou Bakura, visivelmente desiludido. – As jogadas deste Mascarado são bastante previsíveis, até para um iniciante.
- Do que é que estavas à espera? – indagou Mai, sem tirar os olhos da arena. – Para um duelista que não teve que passar pelas eliminatórias para chegar aqui, é de admirar que ainda não tenha perdido.
O Mascarado puxou.
- Espero que não te tenhas esquecido do efeito do meu vírus – interveio Kaiba. – Mostra-me a carta que puxaste.
O Duelista Mascarado mostrou a carta mágica que lhe fora parar à mão.
- Sorte a tua – comentou Kaiba, sorrindo. – Mas não por muito tempo.
O Mascarado ignorou-o enquanto juntava a carta que puxara às outras que tinha na mão. Olhava as cartas que tinha, tentando planear uma estratégia, levando mais tempo do que seria necessário.
- Vou activar uma carta mágica – anunciou por fim. – É chamada de Bonfire. E com ela posso adicionar um monstro de atributo Fogo do meu baralho para a minha mão. Invoco então Fire Mask (300/800) em modo de ataque.
Uma máscara flamejante surgiu a flutuar no campo.
- Esta carta tem uma habilidade especial – explicou o Mascarado. – Uma vez por turno posso enviar um monstro do tipo Piro ou de atributo Fogo do meu baralho para o cemitério para te infligir 300 pontos de dano.
Assim que o Mascarado enviou a carta pretendida para o cemitério, da boca da máscara foi disparado um dardo de fogo que atingiu Kaiba dolorosamente no peito.

Kaiba – 2300

- Isso de nada te serve – criticou Kaiba. – Isso foi muito pouco, comparado com o que tu ainda vais sofrer.
- Mas eu ainda não acabei – continuou o Mascarado. – O meu monstro pode atacar-te directamente.
Mais uma vez, a máscara disparou um novo dardo flamejante que bateu no peito de Kaiba.

Kaiba – 2000

- E a última habilidade especial da minha criatura permite-me recuperar uma carta armadilha do cemitério, que já tenha sido usada, e colocá-la virada para baixo – explicou o Mascarado. – Encerro o meu turno.
- Não é preciso ser um mestre para adivinhar que carta é essa – resmungou Kaiba, puxando. – Invoco Battle Ox (1700/1000) em modo de ataque.
Um gigantesco Minotauro, segurando um ameaçador machado, apareceu em jogo.
- Encerro o meu turno – declarou, tentando pensar noutra solução para se livrar daquela máscara de fogo. Não era grave.
O Mascarado puxou.
- Graças ao efeito do meu vírus – voltou Kaiba – eu posso ver a carta que sacaste. Mas não te preocupes. Este é o último turno em que tens de me mostrar a tua mão.
O Mascarado mostrou-lhe uma nova carta mágica.
- Mais uma carta inútil – voltou Kaiba a criticar. – Não insultes o meu talento com essas cartas de terceira categoria…
- Tu é que és de terceira categoria! – explodiu o Mascarado. – Desistir dos teus dragões, que tanto orgulho te dão, e entregares-te a uma carta qualquer. Eu sabia que eras ambicioso, mas não estava à espera que chegasses ao ponto de trocar os teus trunfos por poder.
Kaiba fitava o seu adversário com olhos bem abertos. Quem era aquele tipo e como sabia ele de tanta coisa sobre si? Poderia ser alguém conhecido, mas não conhecia ninguém que usasse aquele baralho.
- Como efeito da minha Fire Mask – continuava o Mascarado, - envio um monstro do tipo Piro para o meu cemitério para te infligir 300 pontos de dano.
Mais uma vez, um novo dardo flamejante disparou em direcção a Kaiba.

Kaiba – 1700

- E o meu monstro ataca-te directamente. – Mal as palavras do Mascarado se fizeram soar, Kaiba apanhou com outro dardo de fogo no peito.

Kaiba – 1400

- Já falta pouco para te vencer, Seto. E quando isso acontecer devolver-te-ei à realidade.
- Mas quem é este tipo? – indagou Duke, cada vez mais confuso.
- Tem calma, meu caro Duke Devlin – pediu Pegasus, serenamente. – Tenho a vaga impressão que iremos descobrir isso mais cedo do que pensamos.
- Quem achas que pode ser? – quis saber Yugi, voltando-se para o homem.
Pegasus sorria misteriosamente, como se quisesse manter o suspense durante mais algum tempo.
- É uma pessoa bem conhecida – disse simplesmente.
Mas os outros estavam na mesma.
- Não estou a ver quem possa ser – confessou Marik, voltando o seu olhar para o pequeno mascarado.
- Penso que daqui a pouco tudo se encaixará – rectificou Pegasus, sem parar de sorrir. – Basta esperar. Aquele duelista pode parecer um amador, mas acreditem em mim quando vos disser que ele ainda nos vai surpreender.
Isso em nada contribuiu para que os outros tivessem sequer uma desconfiança de quem quer que o Mascarado fosse.
- Minha vez – proferiu Kaiba, puxando. – Vou deixar uma carta virada para baixo. Em seguida sacrifico o meu Battle Ox e o meu Ryu-Kishin Powered para invocar Hyozanryu (2100/2800) em modo de ataque.
Um poderoso dragão branco com dois chifres e um corno na ponta do focinho surgiu em campo abrindo as enormes asas, pronto para atacar.
- Encerro a minha vez – anunciou. – Tenho de confessar, o teu combo chega a ser impressionante. Mesmo que eu te atacasse tu activarias a tua Negate Attack. E quando me atacasses directamente com a tua Fire Mask poderias recuperar a armadilha e voltar a colocá-la em jogo. Isso acabaria comigo. Vamos, puxa a tua carta.
O Mascarado sacou.
- Activo a carta mágica Graceful Charity. Esta carta permite-me puxar mais três cartas e descartar duas da minha mão…
» Hmm – murmurou. – Parece que este duelo vai chegar a um patamar mais elevado. Se não vais acordar com as minhas palavras, então eu vou ter que usar meios extremos.»
Yugi voltou a olhar para Pegasus.
- Do que está ele a falar? – perguntou, mas o seu interlocutor continuava a mirar a arena.
- Chegou a altura de te fazer voltar à realidade – continuou o Mascarado. – Vou-te mostrar a luz a que te apoiaste durante tanto tempo. Prepara-te para olhar para a luz da esperança.
» Eu vou sacrificar o meu Man-Eating Plant e a minha Fire Mask. Invoco a luz branca que vai destruir as trevas que te envolveram.»
- Preparem-se para o que vão ver agora – disse Pegasus, sobressaltando os que estavam em volta.
- Eu invoco o grande Blue-Eyes White Dragon (3000/2500)!
De repente um enorme e maciço dragão branco pareceu irromper do solo. Todo ele era de um branco translúcido e puro com um pescoço comprido que terminava numa cabeça ameaçadora, com uma boca recheada de dentes ameaçadores. Duas enormes asas faziam o dragão planar no campo, as garras apontadas para o outro lado. Naquele momento, o dragão branco lançou um rugido tão forte que quase fez estremecer todo o estádio.
Todos na plateia estavam impressionados com aquela aparição. Especialmente porque todos pensavam que o dragão pertencia ao adversário do Mascarado. Quanto a Kaiba, esse estava estático, de olhos bem abertos, sem acreditar no que via. Como podia aquilo acontecer? Como pudera o seu adversário ter o seu antigo monstro? Mas quem raio era aquele mascarado?
- Não pode ser! – exclamou Marik, incrédulo.
- Um Blue-Eyes White Dragon! – disse Yugi, voltando-se para Pegasus. – Como pode o Mascarado ter aquele monstro? Quem é ele? Eu sei que sabes de algo.
Pegasus sorriu ainda mais abertamente.
- Meu caro Yugi, ainda não percebeste? – Pegasus voltou-se para o pequeno. – Ora pensa bem na conversa que tivemos ontem. Quem achas que teria acesso aos dragões depois do Kaiba os ter renegado? Com quem é que ele os deixou? Não te tinha dito que eles haviam desaparecido? E se alguém os levou com eles? Alguém como a pessoa a quem o Kaiba os entregou?
Yugi voltou a olhar para o campo. Agora as coisas começavam a encaixar-se. Aquele duelista era-lhe mais familiar do que pensava. Como não pudera associar o Krokodilus e o Man-Eating Plant com o facto de já ter enfrentado o Mascarado antes, que usara precisamente esses monstros?
Naquele momento, o Duelista Mascarado levou a mão direita ao fato que trazia, agarrando no tecido, preparando-se para se desmascarar em frente a milhares de pessoas.
Pegasus adivinhou pela expressão na cara de Yugi que o pequeno já sabia quem se encontrava debaixo daquela máscara.
- Então queres dizer que… quem está neste momento a enfrentar o Kaiba é…
O Mascarado afastou o fato, arrastando a máscara junto, revelando-se perante todos.
- … o Mokuba?

Nota do autor: Sim, eu sei que a revelação não é óbvia, mas eu tinha de criar este tipo de tensão no capítulo. No próximo capítulo teremos a conclusão do confronto de irmãos. Quem vencerá?
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xidumaggot

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MensagemAssunto: Re: Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus - parte 2: O Sacerdote das Trevas   Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus - parte 2: O Sacerdote das Trevas Icon_minitime17/5/2012, 10:09 am

eu queria ler D: mas tenho 7 grau no olho esquerdo, 5 no direito e uma córnea rasgada
só de ve isso meu olho arde Mad


Última edição por xidumaggot em 17/5/2012, 10:05 pm, editado 1 vez(es)
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Guardian Angel

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MensagemAssunto: Re: Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus - parte 2: O Sacerdote das Trevas   Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus - parte 2: O Sacerdote das Trevas Icon_minitime17/5/2012, 8:21 pm

xidumaggot escreveu:
eu queria ler D: mas tenho 7 grau no olho esquerdo, 5 no direito e uma córne rasgada
só de ve isso meu olho arde Mad

Oh, amigo, isso anda mau. Podes sempre tentar ler aos bocadinhos, ou copiar para um documento de texto e imprimir. Tens várias soluções para tentar ler. Mas em todo o caso, tenta resolver o teu problema.
Capítulo 8 da fanfic e a conclusão do terceiro duelo das finais.


Capítulo VIII – Identidade Revelada! A Luz da Esperança!

Toda a gente olhava para a arena, espantados com o que viam. Todo o mistério havia sido desvendado. A pessoa por detrás da máscara do Duelista Mascarado era, sem dúvida alguma, Mokuba Kaiba. Olhava para o seu oponente com um olhar sério, desafiador, mostrando que não tinha medo nenhum de enfrentar o seu próprio irmão. Já Seto Kaiba havia aberto a boca de tal maneira que não seria possível saber se estava espantado ou chocado. Na tribuna, Yugi fora o primeiro, aparte de Pegasus, a ficar admirado com aquela revelação. Podia imaginar qualquer coisa, mas Mokuba era a última pessoa que pensava que podia esconder-se atrás de uma máscara.
- Há quanto tempo sabias disto, Pegasus? – indagou Yugi, virando-se para ele.
- Eu não sabia – respondeu o homem, com um sorriso. – Apenas suspeitava. Tanto o pequeno Mokuba como as três cartas do Blue-Eyes White Dragon haviam desaparecido na mesma altura. E toda a gente sabe que o Mokuba preocupa-se com o irmão. Não é de admirar que entrasse no torneio clandestinamente para o ajudar. Foi uma sorte que o sorteio os tenha posto como adversários logo nos oitavos de final.
- Mas ele devia saber que não teria hipótese contra o Kaiba – disse Marik. – Ele é um campeão.
- Mas tentar não custa – retorquiu Pegasus. – Ora repara… o Mokuba está na liderança.
Na arena, Kaiba havia recuperado do choque de ter visto o irmão emergir daquelas roupas e olhava-o agora com uma expressão séria.
- O que estás aqui a fazer, Mokuba? – perguntou veemente. – Como entraste no campeonato?
Mokuba saiu da sua expressão austera e adoptou um leve mas determinado sorriso.
- Devias saber que eu também sou um Kaiba – respondeu. – Eu não desisto quando quero muito algo. E o que eu quero… é trazer-te de volta.
Kaiba abriu muito os olhos.
- O que queres dizer com isso?
- Quero que voltes a ser quem eras antes disto tudo ter começado. Antes de teres aceitado aquela carta que te fez renegar os teus Blue-Eyes White Dragons e trocá-los por poder. Parece que ficaste cego com isso, sempre a pensar em derrotar o Yugi, não importando o que tivesses de deixar para trás. Até de mim te esqueceste…
- Isso não é verdade, Mokuba – disse Kaiba numa voz possante, mas que não mostrava nenhuma verdade.
- Vais dizer agora que o fizeste porque te importavas comigo? – replicou Mokuba, enraivecido. – Quando eu fui prisioneiro do Pegasus, tu arriscaste a tua vida para me resgatares. Tu estiveste lá quando o Marik me raptou em Battle City. Quando o Noa me mantinha longe de ti e me envenenava a mente contra ti, tu não desististe de mim. O que aconteceu agora?
Mas Kaiba não respondia. Ou não tinha forma de responder, ou certamente se recusava.
- Pois eu digo-te o que aconteceu – continuou Mokuba. – Ficaste hipnotizado por essa carta mal descobriste que ela é praticamente imbatível. Viraste as costas àqueles que te que te queriam bem só por causa de uma carta. Por causa de poder. Pensava que essa tua faceta já não existia.
- Tudo aquilo que eu faço – interrompeu Kaiba, bufando, - é por nós os dois…
- Não! – gritou Mokuba. – É por ti. Só te interessas em voltar a ser o melhor, em derrotar o Yugi. Tu já não queres saber de mim.
- Não é verdade, Mokuba. Estás a ver as coisas ao contrário…
- CALA-TE! – berrou o pequeno com toda a força, fazendo a sua voz vibrar pelo estádio. – Tu esqueceste-te de quem eras e a única forma de te lembrares é derrotando-te num duelo e libertando-te da influência dessa maldita carta. Durante todo este tempo eu vi-te jogar e aprendi todas as tuas estratégias. Com os teus Blue-Eyes White Dragons do meu lado não tens hipóteses. Agora continuemos o duelo!

Kaiba – 1400
Mokuba – 2100
Hyozanryu – 2100/2800
Blue-Eyes White Dragon – 3000/2500


- Prepara-te para receberes o ataque do teu antigo monstro, meu irmão – bradou Mokuba. – Blue-Eyes, ataca o Hyozanryu!
Abrindo a enorme bocarra, o dragão branco formou um raio da mesma cor no meio das mandíbulas, lançando-o contra o dragão de Kaiba, destruindo-o numa grande explosão.

Kaiba – 500

Kaiba recuou, aterrorizado pela primeira vez com a demonstração de força do seu dragão. Parecia que o Blue-Eyes o olhava ameaçadoramente, como que demonstrando a sua revolta pelo seu antigo dono o ter abandonado.
- Quem diria que o Kaiba iria ser dizimado pelo seu próprio dragão – comentou Yugi.
- O duelo ainda não acabou – disse Jason. – Pode ser que o Kaiba ainda dê a volta. Afinal o Mokuba não passa de um amador.
- Não sei – retorquiu Yugi. – Não te esqueças que a carta armadilha do Kaiba, a Final Atack Orders, ainda está em jogo. Nenhum monstro pode ficar em modo de defesa.
- Encerro a minha vez – anunciou Mokuba. O dragão branco rugiu.
Kaiba ainda estava abalado com o ataque do Blue-Eyes. Parecia que tinha sido há muito tempo que o usara pela última vez.
- Eu puxo – disse, tentando não se intimidar com o olhar ameaçador do dragão. – Invoco Luster Dragon (1900/1600) em modo de ataque.
Um novo dragão surgiu em jogo, embora este fosse de uma cor azulada e mais pequeno que o Blue-Eyes.
- De seguida activo a carta mágica de equipamento Megamorph. Quando os meus pontos de vida são inferiores aos teus, o poder de ataque do meu monstro é dobrado (3800).
» Luster Dragon ataca o Blue-Eyes
- Nem penses nisso, Seto, porque eu activo a minha Negate Attack e cancelo a tua Fase de Batalha – replicou Mokuba, veemente.
- Previsível – resmungou Kaiba. – Deixo uma carta virada para baixo e encerro a minha vez.
Mokuba puxou.
- Pensas que me vais derrotar só com isso, irmão? – perguntou, ameaçadoramente. – Eu activo A Wingbeat of Giant Dragon. Esta carta mágica permite-me recuperar o Blue-Eyes de volta para a minha mão e em troca todas as cartas mágicas e armadilhas em campo são destruídas.
O dragão branco desapareceu de volta para a mão do pequeno. Kaiba praguejou enquanto via as suas cartas serem destruídas.

Luster Dragon – 1900/1600

- De seguida jogo Card of Sanctity, que força ambos os jogadores a sacar até ambos terem seis cartas na mão…
- Para um amador até que não se desembaraça nada mal – comentou Mai.
- Ele viu o Kaiba jogar muitas vezes, sabe de cor todos os monstros que ele usa – explicou Pegasus. – Apesar de ainda ser muito novo e não compreender muito bem como se joga Duel Monsters, o Mokuba é um rapazinho inteligente e aprende as coisas muito rapidamente. Não me admirava muito se numa questão de meses se tornasse numa espécie de rival do Kaiba.
- O Pegasus está certo – concordou o Faraó. – Pode ser que haja uma hipótese de devolver o Kaiba à razão.
- Mas o Mokuba ainda tem muito que aprender – replicou Yugi, pouco convencido. – Se o Kaiba ganhar este duelo, então todas as tentativas do Mokuba terão ido pelo cano abaixo.
- Activo a carta mágica Magical Mallet – continuou o rapaz. – Com esta carta posso adicionar um certo número de cartas da minha mão para o baralho, embaralhá-lo e puxar um número de cartas igual ao que eu mandei. De seguida, activo a carta mágica de equipamento Mask of the Accursed e equipo-a no teu Luster Dragon. Enquanto esta carta estiver em jogo, o teu monstro não poderá atacar. E na minha próxima Fase de Espera tu recebes 500 pontos de dano.
Kaiba cerrou os dentes. Tendo apenas 500 pontos de vida, se não fizesse nada depressa iria perder o duelo. E logo contra o seu irmão. O que iria fazer?
- Deixo uma carta virada para baixo e encerro a minha vez.
Kaiba olhou para a sua mão antes de puxar. Um dos monstros que puxara quando Mokuba activara a Card of Sanctity fora o Judge Man. Como não podia atacar com o Luster Dragon, podia sacrificá-lo e invocar o monstro que tinha na mão. E como Mokuba tinha 2100 pontos de vida, os 2200 de ataque do Judge Man seriam suficientes para acabar com o duelo.
- Minha vez – anunciou. – Sacar!
- E eu activo a minha carta virada para baixo: Mask of Restrict – interveio Mokuba de imediato. – Agora enquanto esta carta estiver em jogo nenhum de nós pode tributar nenhum monstro sob qualquer condição.
“Raios!” Como pudera o seu irmão adivinhar a sua estratégia? Se deixasse aquilo continuar em breve seria incapaz de fazer um movimento que fosse. Olhou para a mão, apenas viu uma carta que o poderia ajudar.
- Deixo uma carta virada para baixo e encerro – declarou.
Mokuba puxou, desconfiado com aquela carta que o seu irmão colocara em campo.
- O efeito da Mask of the Accursed é activado…
- Não é nada – interrompeu Kaiba, activando a sua carta virada para baixo. – A minha armadilha Dust Whirlwind nega os efeitos provenientes de uma carta mágica ou armadilha e a destroem.
E antes que Kaiba levasse com o efeito que o faria perder o duelo, a carta do seu irmão estilhaçou-se em mil pedaços.
- Nada mal, maninho – felicitou Mokuba. – Consegues sempre esquivar-te no último momento.
» Invoco Grand Tiki Elder (1500/800) em modo de defesa e encerro por aqui.»
- O Mokuba até está a controlar bem a situação – comentou Jason. – Mas não vejo como ele vai conseguir derrotar o Kaiba.
- Ele não devia ter retornado o Blue-Eyes para a mão – disse Yugi. – Agora não há como ele voltar a invocá-lo enquanto a Mask of Restrict estiver em jogo.
- Minha vez – anunciou Kaiba, puxando. – Luster Dragon, ataca o Grand Tiki Elder!
O dragão libertou um raio escarlate que acertou no demónio mascarado, destruindo-o.
- Encerro o meu turno. E descarto uma carta, visto que na minha Fase Final tenho sete na mão.
Mokuba puxou. Um sorriso surgiu-lhe na face quando viu a carta que sacara.
- Activo a carta mágica Tribute to the Giant Dragon. A minha carta armadilha Mask of Restrict impede-me de tributar monstros que estão no campo, mas a minha carta mágica permite-me remover monstros normais do meu cemitério de forma a invocar especialmente um monstro normal do tipo dragão da minha mão.
Kaiba cerrou os punhos. Mesmo o seu Luster Dragon sendo mais forte, era certo que o Blue-Eyes poderia muito bem ultrapassar a maioria dos monstros. Não sabia o que fazer; o seu irmão estava a jogar cada vez melhor. Queria sacar a sua carta mágica especial, a Seth’s Resurrection, mas ao mesmo tempo temia. Que efeitos teriam em Mokuba? Todos os seus adversários anteriores tinham desmaiado depois de os ter vencido, sempre com aquela carta.
- O efeito da minha carta mágica permite-me remover o meu Grand Tiki Elder e o meu Melchid the Four-Face Beast para invocar especialmente da minha mão o Blue-Eyes White Dragon (3000/2500).
Mais uma vez o dragão branco surgiu do solo, rugindo ameaçadoramente. Kaiba voltou a recuar perante a visão do seu antigo monstro. Mas Mokuba ainda não havia acabado.
- Eu ainda não acabei. Removo também o meu Man-Eating Plant e o meu Krokodilus para invocar o segundo Blue-Eyes White Dragon da minha mão.
Um segundo dragão branco apareceu junto ao primeiro. Kaiba respirava aceleradamente. A situação estava cada vez mais desesperadora.
- Incrível! – balbuciou Marik, cada vez mais impressionado. – O Mokuba melhora de jogada para jogada. Já deixou de ser um amador e conseguiu elevar o seu jogo ao nível do do Kaiba.
- Para tua sorte, a Tribute to the Giant Dragon não me permite atacar durante dois turnos, uma vez que invoquei especialmente dois dragões – explicou Mokuba, cruzando os braços. – Encerro a minha vez com uma carta invertida.
- Ele já tem dois dragões em campo – observou Bakura, impressionado. – Mesmo sem poder atacar, o Mokuba está a dar bem conta do recado.
- E algo me diz que ainda vai ficar melhor – comentou Pegasus, sorridente.
Kaiba olhou para os seus antigos monstros antes de sacar. Onde o seu irmão fora buscar tanta perícia? Graças àquelas jogadas, Kaiba estava agora num aperto dos grandes. Não podendo tributar monstros, a sua situação estava cada vez pior. Os dragões lançavam-lhe olhares ameaçadores, como que o culpando de os ter abandonado. Kaiba ansiava pela sua carta trunfo, mas ao mesmo tempo desejava poder virar o confronto de outra forma, se bem que, olhando para a sua mão, as hipóteses de isso acontecer eram ínfimas.
- Eu saco – anunciou. Tinha neste momento sete cartas na mão, enquanto o seu adversário não tinha nenhuma. Com as cartas que agora tinha, até que podia fazer alguma coisa de útil. – Activo a carta mágica contínua Frontline Base. De seguida invoco X-Head Cannon (1800/1500) em modo de ataque.
Um monstro máquina com dois braços e dois canhões laser surgiu em campo.
- Isso ainda não chega – provocou Mokuba.
Mas Kaiba ainda não tinha terminado.
- Activo então o efeito da Frontline Base – continuou. – Uma vez por turno, posso usar o seu efeito para invocar especialmente um monstro Union da minha mão. Como Y-Dragon Head (1500/1600) em modo de ataque.
Um enorme dragão máquina de cor vermelha apareceu junto ao canhão.
- Então vou jogar a carta mágica Double Summon. Isso permite-me invocar normalmente mais uma vez neste turno. Como o meu Z-Metal Tank (1500/1300) em modo de ataque.
Um pequeno tanque amarelo apareceu.
- Agora prepara-te para o que aí vem…
- Espero que não te tenhas esquecido – interrompeu Mokuba, - que a minha carta armadilha ainda está em jogo. Não podes tributar monstros. Eu sei que queres invocar o teu XYZ-Dragon Cannon, mas é impossível.
- Impossível uma ova – replicou Kaiba, sorrindo. – A carta não fala nada sobre remover monstros. E é isso que eu vou fazer. Removendo o X-Head Cannon, o Y-Dragon Head e o Z-Metal Tank do jogo posso invocar especialmente um monstro de fusão conhecido por XYZ-Dragon Cannon (2800/2600).
As três máquinas desapareceram para dar lugar a uma nova máquina, representando a união entre as três que haviam desaparecido.
- Agora é que o Mokuba está com problemas – comentou Marik. – Agora não vale a pena o quanto aqueles dragões são fortes. Basta o Kaiba activar a habilidade especial do XYZ para os destruir.
- Tens razão – concordou Duke. – O Kaiba tem neste momento duas cartas na mão. É mais que suficiente para acabar com este duelo.
Mokuba havia descruzado os braços, mas não parecia mostrar-se amedrontado com aquela aparição. Dir-se-ia que adoptara uma postura mais cautelosa.
- Activo o efeito do meu novo monstro – retomou Kaiba, mais que confiante. – Lamento muito Mokuba, mas este duelo é meu. Descarto então uma carta para destruir um dos Blue-Eyes White Dragons.
O monstro apontou os canhões ao dragão da direita e mal Kaiba descartou a carta do Judge Man, os canhões dispararam um laser poderoso que se dirigia a alta velocidade em direcção ao monstro de Mokuba.
- Bem jogado, Seto, mas acho que não vai resultar – bradou. – Eu activo a minha carta virada para baixo: a minha mágica rápida Effect Shut. Quando um monstro do meu adversário activa a sua habilidade especial, esta carta cancela o efeito e destrói o monstro que o activou.
Naquele momento, e para grande desespero de Kaiba, o seu monstro máquina recém-criado desapareceu numa gigantesca explosão virtual. Kaiba olhou para o irmão e viu naquele rosto infantil uma expressão determinada. Mokuba estava mesmo a tentar dar tudo por tudo para vencer aquele duelo, mesmo tendo mostrado ter começado como um amador. Por sorte, os dois Blue-Eyes no campo do pequeno ainda não poderiam atacar, o que lhe daria tempo para pensar numa estratégia. Só tinha uma carta na mão e podia ser que conseguisse fazer alguma coisa com ela.
- Coloco uma carta virada para baixo e passo o Luster Dragon para modo de defesa. Termino o meu turno – declarou, após ter recuperado a postura.
- E mais uma vez o Mokuba surpreende-nos – disse Duke, de olhos bem abertos. – Se me contassem eu não acreditava.
- Ele está determinado a vencer o irmão de uma vez por todas – explicou Pegasus. – Ele quer que o Kaiba volte a ser como antes.
- Mas o que aconteceu ao Kaiba de tão grave para ele ter mudado? – perguntou Yugi, sem compreender.
Pegasus não tirava os olhos da arena, mas estava igualmente atento a qualquer pergunta que lhe faziam.
- Acredito que o Kaiba possua algo novo no seu baralho – respondeu. – Há uns dias foi reportado o desaparecimento de uma carta muito rara, criada com propósitos de pesquisa. Na verdade, é a única carta que existe. Apesar de não sabermos onde ela está, eu aposto que foi o Kaiba que a tomou por empréstimo e a usou nas eliminatórias.
Yugi arqueou as sobrancelhas, em conjunto com os outros, que ouviam as palavras de Pegasus com atenção.
- O poder daquela carta é infinito – continuou o Criador. – Quem a usa fica obcecado por tamanho poder e apenas anseia voltar a usá-la. Isso justifica o enorme número de hospitalizações em Chip Town.
- Achas que o Kaiba vai usar essa carta contra o Mokuba? – questionou Yugi.
- Não sei… Espero bem que ele tenha força de vontade o suficiente para lutar pelos seus próprios meios e não fazer uso de tamanho poder contra o próprio irmão. Contudo, a vontade de vencer também é grande e se o Mokuba o encostar à parede o Kaiba poderá não ter outra solução senão usar a sua nova aquisição.
Yugi desligou-se do duelo que se desenrolava na arena por uns instantes e voltou a sua atenção para Joey, que estava encostado a um canto, de olhar cabisbaixo, ignorando tudo em volta. O seu amigo também possuíra uma carta nova, oferecida por Odion, que continha uma criatura de pura Escuridão. Indagava-se se seria esse o tipo de poder que Kaiba agora possuía, levando-o a abandonar os seus três dragões.
- Minha vez – pronunciou Mokuba, puxando. – Activo a carta mágica Copy Spell. Agora removo a Card of Sanctity do cemitério para oferecer o seu efeito à Copy Spell. Agora ambos voltamos a sacar até termos seis cartas na mão. Uma boa recarga para ambos, na minha opinião.
Kaiba foi sacando e o seu olhar abriu-se muito ao vislumbrá-la. O seu trunfo. Mas será que conseguiria usá-la contra o seu irmão?
- Os meus Blue-Eyes não podem atacar ainda, mas eu tenho uma surpresa para ti – continuou Mokuba. – Invoco agora Kaibaman (200/700) em modo de ataque.
Perante o olhar pasmado de todos na plateia e na tribuna, uma aparição coma mesma estatura e indumentária de Kaiba surgiu em campo. Somente a cabeça vinha protegida por um capacete que se assemelhava à cabeça de um Blue-Eyes White Dragon.
- Então ela existe – murmurou Pegasus, numa voz bem audível.
- Então não conhecias aquela carta? – perguntou Marik, espantado.
Pegasus sorriu.
- Aquela foi uma carta criada pelo próprio Kaiba – explicou. – Como se não fosse possível elevar mais o seu ego, agora ele inventou algo que personifica de forma bem perturbadora a sua fixação pelos seus dragões.
- Ele nunca a usou antes – disse Duke.
- Ela também foi criada recentemente. E foi classificada como ilegal… bem, apenas não poderia ser usada por outro duelista que não o Kaiba. Vendo bem, se tivermos em conta a habilidade especial do Kaibaman, só mesmo o próprio Kaiba lhe poderia fazer algum uso.
Na arena, também Kaiba estava atónito com aquela nova aparição. Era como ver-se ao espelho, tirando aquele capacete, que até mesmo o próprio Kaiba considerava exagerado. Não acreditava como Mokuba conseguira dominar aquele baralho daquela maneira. Parecia quase um profissional. Kaiba subestimara-o demasiado, e agora estava num grande aperto. Sabia o que viria aí e duvidava que pudesse vencer o duelo. A menos que…
- Acho que já todos tiveram oportunidade de ver bem o meu monstro – disse Mokuba. – Vou então activar a sua habilidade especial…
- Lamento muito, Mokuba – interrompeu Kaiba. – Isso não será possível, uma vez que a tua carta armadilha Mask of Restrict ainda está em campo. Não podes tributar monstros.
Mokuba pareceu incomodado com aquela afirmação e olhou para o holograma da respectiva carta como se se tivesse esquecido de que a havia activado antes. Todavia, parecia que aquele facto não o perturbava assim tanto.
- Activo a mágica rápida Twister – proferiu com toda a naturalidade. – pagando 500 pontos de vida posso destruir uma carta mágica ou armadilha em campo.

Mokuba – 1600

Naquele momento levantou-se um poderoso tornado que envolveu a carta armadilha de Mokuba e a fez desaparecer no meio do tenebroso remoinho.
- Agora sim, já posso fazer o que queria – disse o pequeno, satisfeito. – Activo a habilidade especial de Kaibaman. Sacrificando-o posso invocar especialmente o terceiro Blue-Eyes White Dragon da minha mão.
O “clone” de Kaiba desapareceu e no seu lugar surgiu um novo dragão branco, as asas bem esticadas para ambos os lados e da boca soltando um amedrontador rugido. Kaiba já estava à espera que aquilo acontecesse, mas não deixou de se sentir impressionado e visivelmente assustado com aquilo. Tinha naquele momento os seus três antigos dragões do outro lado, olhando-o com frieza e ameaçadoramente. Agora sabia o que os seus adversários sentiam quando viam aquelas aparições de frente, prontas para o ataque final.
- Nunca pensei que um dia fosse ver o Kaiba encurralado pelos seus próprios monstros – balbuciou Mai. – E o mais estranho é que é o Mokuba quem os comanda agora.
- Ele está a imitar o Kaiba na perfeição – confirmou Marik, não tirando os olhos da arena.
- Eu ainda não acabei, irmão – continuava Mokuba, pegando numa nova carta da mão. – Eu vou activar a carta mágica Polymerization.
Toda a gente na plateia e na tribuna sabia o que aquilo queria dizer. Todos conheciam o monstro mais poderoso de Kaiba e como ele poderia ser invocado. Nem mesmo o próprio Kaiba sabia como tal pudesse ser possível. Estaria a ser ultrapassado pelo irmão?
- Fundo os meus três dragões brancos para invocar o poderoso Blue-Eyes Ultimate Dragon (4500/3800).
Nesse momento os três dragões tornaram-se em três luzes brilhantes que se uniram numa explosão radiante que ofuscou toda a gente em redor. Do fortíssimo foco luminoso uma nova criatura foi surgindo aos poucos. Era bem maior que um Blue-Eyes, embora a aparência fosse muito parecida. Contudo, o que o diferenciava eram as três cabeças unidas no único corpo. Um triplo rugido ecoou de tal forma no estádio que todas as bancadas vibraram como ruído, levando muitas pessoas a gritar de aflição.
- Ele conseguiu – disse Pegasus, que parecia o menos impressionado do grupo. – Uma proeza que somente o próprio Kaiba teria conseguido. Agora quero ver como ele se vai desenvencilhar desta.
Yugi nada dizia, e os outros estavam com ele. Estavam demasiado boquiabertos para dizerem o que quer que fosse. O dragão que agora ocupava o campo de Mokuba era tão grande que Yugi era capaz de apostar que as suas cabeças se veriam do exterior do Duel Stadium.
Kaiba estava mais aterrorizado que antes. Aquele que outrora fora o seu maior aliado revelara-se naquele confronto como o seu maior némesis. Era capaz de adivinhar nos olhos azuis do enorme dragão o sentimento de desprezo por Kaiba o ter abandonado. Era como se aquele fosse o castigo por Kaiba ter escolhido trocar os seus dragões por um poder maior.
- Ultimate Dragon, ataca o Luster Dragon! – bradou Mokuba sem hesitar.
As três cabeças viraram-se subitamente em direcção ao dragão de Kaiba, começando a formar um raio em cada boca. Kaiba punha-se na defensiva, temendo o poder daquela criatura, mesmo sabendo que o ataque não lhe iria afectar os pontos de vida. Não teve tempo para pensar muito, uma vez que os três raios que emergiam das mandíbulas do dragão atingiram o Luster Dragon e o reduziram em pedaços.
- Antes de terminar vou activar a carta mágica Hurricane’s Nest – continuou Mokuba. – Agora, se tentares invocar especialmente um monstro, posso enviar a Special Hurricane que tenho na minha mão para o cemitério para destruir esse monstro. Encerro a minha vez.
- O que irá acontecer agora? – perguntou Duke, na expectativa. – O Kaiba não pode invocar especialmente nenhum monstro. A única opção que tem é continuar a defender-se.
- Sim, mas por quanto tempo? – interveio Bakura. – Aquele Blue-Eyes é o monstro mais forte que já vi em toda a minha vida. O Kaiba não tem como se defender dele por muito tempo.
- Mas será que ele vai conseguir usar a tal carta nova que ele tem? – foi a vez de Marik perguntar. – Custa-me a crer que apenas uma carta seja o suficiente para acabar com tal monstro.
Na arena, Kaiba acabara de puxar uma carta, ficando assim com sete. Uma mão cheia, que incluía o seu trunfo. No seu interior fervilhava uma vontade inumana de a activar de imediato, mas algo no seu interior dizia-lhe que usá-la podia ter consequências graves para a saúde de Mokuba. Usara-a vezes sem conta durante as eliminatórias, não se preocupando com os seus oponentes. Neste caso, apesar de querer avançar para poder enfrentar o seu arqui-rival mais à frente, o adversário que agora o enfrentava não deixava de ser o seu irmão. E mesmo ostentando uma pose desafiadora, Kaiba sabia que Mokuba ainda era uma criança indefesa que cometera o erro de entrar naquele torneio.
Olhou mais uma vez para a mão, e os seus olhos fixavam a Seth’s Resurrection involuntariamente. A sua mão direita tremia com a vontade que tinha de a activar, mas ao mesmo tempo o medo que tinha de fazer mal ao irmão começava a sobrepor-se. E se Mokuba também desmaiasse como os outros? Ou poderia aquele poder ser demasiado para ele e nunca mais acordar, ficando num coma profundo durante anos? Custava a Kaiba acreditar que hologramas fizessem tal coisa, mas a sua tecnologia havia evoluído de tal forma que não se sentia seguro a fazer aquilo. Simplesmente não podia deixar que o seu irmão levasse com aquele poder, por mais desesperadora que fosse a situação. A força que o impelia a usar a Seth’s Resurrection era muito grande, mas ele lutava com todas as forças que tinha. Tinha de virar o duelo de outra forma… tinha de tentar outra coisa…
- Eu vou invocar Familiar Knight (1200/1400) em modo de ataque – disse, invocando um cavaleiro de armadura, espada e capa vermelha.
Na tribuna, todos se espantaram.
- Em modo de ataque? – indagou Yugi, virando-se para Pegasus. – Isto faz parte da estratégia dele de activar a tal carta nova?
Mas Pegasus mantinha o seu olhar compenetrado na arena, como se tentasse adivinhar o que Kaiba tinha em mente.
- Qual é a tua ideia, irmão? – perguntou Mokuba, sem compreender. – Esse monstro não chega aos calcanhares do Blue-Eyes Ultimate Dragon.
Mas Kaiba mal o ouvia. Continuava a tentar lutar contra a força que o impelia a activar a carta mágica. Na sua mão tinha outra carta que o iria auxiliar. Olhou para o Blue-Eyes, que continuava a encará-lo com um olhar frio. “Muito bem” pensou Kaiba. Iria obrigar o seu antigo monstro a lutar por ele uma última vez, quer ele quisesse quer não.
- Da minha mão activo a mágica rápida Enemy Controller – gritou, falhando por pouco quando a sua mão se dirigia automaticamente para a Seth’s Resurrection, como que querendo apanhar Kaiba distraído. Felizmente, este estava atento e conseguiu agarrar a Enemy Controller que estava mesmo ao lado.
Algumas pessoas na plateia sabiam o que aquilo significava. Na tribuna, todos ficaram impressionados com aquela jogada.
- Será possível… - Pegasus mal podia acreditar no que via.
Mokuba também conhecia o efeito daquela carta. Começou a recuar lentamente, com vontade de fugir. Mas algo o impedia de descer as escadas da arena e correr como o vento dali para fora.
- Sacrifico o meu Familiar Knight e com isto a minha carta mágica permite-me tomar o controlo do Blue-Eyes Ultimate Dragon – explicava Kaiba.
Mokuba assistiu chocado à mudança de campo do seu dragão, que foi ter com Kaiba, como se fosse um cão a voltar para junto do seu dono. O pequeno nada tinha no seu campo que o defendesse contra aquele poderoso monstro. Não podia… o seu irmão não o faria…
- Blue-Eyes Ultimate Dragon ataca o Mokuba directamente! – bradou Kaiba, estendendo o braço em frente, sentindo que estava a matar saudades ao invocar aquele ataque.
Mais uma vez, as três bocas do gigantesco dragão formaram raios de energia que Mokuba fitava horrorosamente. Subitamente os três raios espargiram das mandíbulas do dragão e uniram-se num poderoso foco de luz e energia brancas que se dirigiu a Mokuba a toda a velocidade. O pequeno queria fugir, mas as pernas não lhe obedeciam, embora também já não tivesse tempo para tal. O raio atingiu-o fortemente e Mokuba largou um grito de dor tão grande que se sobrepôs ao ruído do impacto do ataque do dragão e foi ouvido por todo o estádio. Uma enorme explosão virtual surgiu pouco depois e o corpo de Mokuba foi projectado para fora da arena, por pouco não caindo contra as bancadas.

Mokuba – 0

O gigantesco dragão desapareceu com um longo rugido, como se chorasse a derrota do seu novo dono. Kaiba nem deu por isso. Soltou um suspiro de alívio e mirou o corpo inerte de Mokuba, que não se mexia. Num momento o coração de Kaiba deu um pulo, mas a sua aflição não durou muito tempo. Provavelmente o seu irmão estaria desmaiado. Não usara a Seth’s Resurrection; muito em breve o pequeno acordaria.
Na tribuna, todos ficaram boquiabertos, olhando o corpo de Mokuba.
- Será que ele está bem? – perguntou Mai, preocupada.
Eric corria pelo campo em redor da arena, indo ter com o desfalecido Mokuba e pondo-lhe os dedos na garganta. Houve um momento de grande tensão no ar, e durante alguns segundos milhares de pares de olhos fitavam a figura de Eric, esperando impacientemente por alguma boa notícia.
- Não se preocupem, senhoras e senhores, o Duelista Mascarado… digo, Mokuba Kaiba está apenas desmaiado – anunciou Eric.
Nesse momento, Kaiba deu um último olhar para o seu irmão antes de virar costas e descer as escadas da arena, de volta para a tribuna. Apupos e gritos enraivecidos emergiam da plateia, criticando Kaiba pelo seu comportamento, mas este nada ouvia. Tinha a certeza que o seu irmão estava bem, não havia motivos para se preocupar. Quando entrou no corredor que o levava à tribuna, uma equipa médica passou por ele, carregando uma maca.
Yugi não podia acreditar em tal indiferença vinda de Kaiba. Como podia ele ignorar o próprio irmão? Seria aquele comportamento uma influencia da tal carta nova. Não a vira a actuar, mas acreditava que possuía um enorme poder. Fosse como fosse tinha de arranjar uma maneira de parar com aquilo antes que a situação se descontrolasse.
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MensagemAssunto: Re: Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus - parte 2: O Sacerdote das Trevas   Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus - parte 2: O Sacerdote das Trevas Icon_minitime19/5/2012, 7:39 pm

Capítulo 9 da fanfic. Depois do duelo Mokuba Vs Kaiba, eis que vamos a um duelo que não vai ter assim tanto peso na história. Contudo, espero que gostem.


Capítulo IX – Dice Monsters Vs Cloudians

Yugi e os outros viram a equipa médica carregar o inconsciente Mokuba na maca e levá-lo para fora da arena. O pequeno tinha um ar enfraquecido, mesmo frágil. Ninguém diria que aquele rapazinho era o mesmo duelista de sangue frio que enfrentara o Kaiba minutos antes.
- Eu vou lá – disse, afastando-se dos outros e saindo da tribuna em direcção ao corredor. Duke, Marik, Mai, Bakura, Jason e Jaden seguiram-no atrás.
Pelo corredor cruzou-se com Kaiba, que regressava à tribuna. Ambos olharam-se durante um instante, mas não arredaram pé. Yugi ainda queria dizer-lhe algo, mas a preocupação que tinha agora pelo pequeno Mokuba era maior.
Chegaram ao exterior mesmo quando a equipa médica estava a entrar. Yugi olhou para o rosto inconsciente do pequeno e sentiu uma onda de admiração por ele. Mokuba demonstrara uma grande coragem ao enfrentar o irmão e tentar demover a voltar a ser o que era. Naquele momento, Mokuba fez um esgar de dor, como se estivesse a sofrer por dentro, e Yugi achou por bem acompanhá-lo à enfermaria.
- Eu vou com ele – disse aos outros, virando-se depois para Duke. – Tu não precisas de vir. O teu duelo é já a seguir e é melhor não deixares o teu adversário à espera.
- Não te preocupes com isso – assegurou Duke. – Vou falar com o Sr. Woodman e pedir-lhe uns minutos. Também estou preocupado com o pequeno.
Viram-no ir ter com Eric e dizer-lhe umas breves palavras, abafadas pelo barulho da multidão. A pequena conversa durou cerca de um minuto, e após um breve aceno de Duke, este saiu da arena a correr e foi ter com os amigos, lançando um sorriso a Yugi antes de irem juntos atrás da equipa médica.
Chegaram à enfermaria minutos mais tarde, e foi nessa altura que Mokuba começou a recuperar a consciência. Estavam todos em volta da sua cama, sorrindo por ver o pequeno abrir os olhos e fitar o tecto da enfermaria com um olhar vago, como se não se lembrasse do que acontecera.
- Onde… onde estou? – perguntou, com uma voz fraca, olhando todos em volta.
- Ainda bem que acordaste, Mokuba – disse Yugi, que estava mesmo à cabeceira da cama. – Ficaste inconsciente com o ataque do Blue-Eyes.
Por momentos parecia que Mokuba não se lembrava mesmo do que lhe havia acontecido, mas foi então que os seus olhos se abriram ao máximo, certamente recordando o ataque do monstro que o deixara naquele estado.
- Seto… - gritou, levantando-se rapidamente. Antes que todos os outros o pudessem agarrar, foi atacado por fortes dores no corpo que o fizeram gemer enquanto agarrava os lençóis com força, em agonia.
- Tem calma, Mokuba – pediu Mai, agarrando-o com meiguice. – Acabaste de perder o duelo com o teu irmão. Levaste com o ataque de um Blue-Eyes
- Eu sei disso – interrompeu Mokuba, debatendo-se para sair da cama, apesar das dores que sentia. – Onde está o meu irmão?
- Ele foi-se embora da arena mal o duelo terminou – respondeu Marik.
- Ele não… não se preocupou comigo?
Nenhum deles ousou olhá-lo nos olhos, ficando a fitar-se mutuamente sem dar qualquer explicação ao pequeno. Este, contudo, compreendeu, e deixou-se cair na cama, com um ar abatido.
- Debateste-te como um campeão – comentou Yugi, cheio de orgulho, quebrando o silêncio incomodativo. – E deste trabalho ao Kaiba. És um verdadeiro duelista.
- Eu só queria que ele voltasse ao que era – murmurou Mokuba, com os olhos lacrimejantes, mirando o lençol. – Pensei que se me disfarçasse de Duelista Mascarado e entrasse na competição podia ter hipóteses de enfrentar o meu irmão.
- Mas entraste com um convite falso e ocupaste um lugar nas finais sem antes ter passado as eliminatórias – disse Duke. – Fizeste batota, sabes isso?
- Foi tudo muito bem planeado – respondeu Mokuba. – Até mesmo a selecção para os oitavos de final. Eu acompanhei a prestação do meu irmão nas eliminatórias e quando ele ficou apurado para as finais decidi fazer uns ajustes àquela máquina que nos fez o sorteio. Com um convite falso já preparado, consegui ajustar a máquina para que pudéssemos nos enfrentar logo na primeira volta das finais. Depois foi só arranjar um disfarce à altura e ir para a Zona.
- E o que sabes acerca da carta nova que o teu irmão adquiriu? – perguntou Yugi.
Mokuba olhou para baixo, fitando os lençóis com um ar triste.
- Nada sei – respondeu, abatido. – Nunca a vi antes. Só sei que foi essa carta que o tornou naquilo que é agora. Ele disse que fez tudo isso por mim e ele, mas eu sei que não foi por isso. – Levantou o rosto e fitou Yugi com os olhos marejados de lágrimas. – Ele quer derrotar-te. Sentiu-se humilhado por ter sido vencido em Battle City e agora quer a vingança.
Todos olhavam o pequeno com ares estupefactos e incrédulos. Era difícil acreditar que o próprio Seto Kaiba renunciaria aos seus preciosos dragões e ao seu próprio irmão apenas por uma oportunidade de vencer o Rei dos Jogos.
- O participante Duke Devlin é favor dirigir-se à arena para o seu confronto – ecoou uma voz pelos corredores do Duel Stadium, fazendo com que todos olhassem para cima, como se a voz tivesse vindo do Além.
- Bem, está na hora de irmos – disse Bakura, mirando o pequeno Mokuba, que se ajeitava mais confortavelmente na cama.
- Vamos deixar-te a descansar – disse Yugi. – Mas prometo que virei visitar-te assim que puder, ok?
- Espera, Yugi – pediu Mokuba, fazendo estacar os passos de Yugi. Este voltou-se para o pequeno, que neste momento pegava no seu baralho que Mai havia pousado na mesinha de cabeceira.
- Eu fracassei ao tentar acordar o meu irmão para a realidade – declarou, enquanto procurava uma carta. – Mas ainda há uma esperança.
Estendeu ao Rei dos Jogos uma carta: o Blue-Eyes White Dragon.
- Esta carta é o maior orgulho do meu irmão. E tu és a única pessoa que o pode ajudar. Leva esta carta e liberta o Seto da influência que o cega.
Yugi olhou o pequeno nos olhos e leu-lhes o desespero que lhe era transmitido. Pegou na carta e adicionou-a ao seu baralho.
- Não te preocupes, Mokuba. Eu vou-me encontrar com o teu irmão neste torneio. E vou vencê-lo.
Mokuba sorriu e voltou a deitar-se nos lençóis, mirando todas as suas visitas saírem do quarto. Quando a porta se fechou, Mokuba voltou a cabeça para cima, fitando o tecto, sonhadoramente.
- Eu acredito em ti, Yugi.

***

- Desculpem o atraso – proferiu Duke, entrando na arena a correr e posicionando-se no círculo correspondente.
- Compreende que temos um horário a cumprir, Sr. Devlin? – disse Eric, tentando fazer a sua voz elevar-se acima da da multidão que já protestava pela demora.
- Eu sei – desculpou-se Duke. – Não volta a contecer.
Mas Eric já não o ouvia. Tinha voltado para o seu lugar, entre os dois duelistas, e preparava-se para anunciar o quarto duelo dos oitavos de final. Duke olhou para o seu oponente. Damon Cloud parecia meio adormecido, bocejando de vez em quando e olhando para todo o lado com nítido desinteresse. Não conhecia ninguém que fosse tão descontraído. Até mesmo Duke, que estava habituado à atenção dada pelo público, se sentia nervoso.
- Vamos então dar início ao quarto duelo da primeira volta – anunciou Eric, pelo microfone, e a plateia inteira explodiu de contentamento. – Do lado azul temos um duelista bem conhecido por todos nós. Ele começou por ser o inventor do popular jogo Dungeon Dice Monsters, tendo conseguido dispersar a sua criação pelo mundo inteiro, criando milhares de fãs e jogadores ao longo do globo. Ao mesmo tempo ajudou na elaboração das regras deste torneio. O seu baralho é uma mistura de Duel Monsters com Dungeon Dice Monsters, cortesia e presente do presidente da Industrial Illusions, Maximilion Pegasus. Apresento-vos Duke Devlin.
» Do lado vermelho vem um jovem duelista que muito poucos conhecem – continuava Eric, embora a sua voz não conseguisse abafar as milhares que gritavam por Duke. – Foi o campeão estatal do estado do Kansas, na América do Norte, tendo ganho como prémio um convite para este torneio. O seu baralho contém uma nova série de criaturas que vos vão deixar com a cabeça nas nuvens. Apresento-vos Damon Cloud.»
Ambos os duelistas fitavam-se, embora o olhar do Damon fosse mais sonhador (ou seria enevoado?) que o de Duke, que se mantinha concentrado, ignorando os vivas que os seus fãs lhe dirigiam.
- Duelistas, activem os vossos Duel Disks – proferiu Eric. Tanto Duke como Damon activaram os seus aparelhos, embora este último tivesse demorado mais tempo, devido a um longo bocejo. – Duelistas preparados… É hora do duelo!!!

Duke Devlin – 4000
Damon Cloud – 4000


- Eu começo – proferiu Duke, sacando. – E a minha primeira carta vai ser a mágica Terraforming. Com isto eu posso ir ao meu baralho e adicionar uma carta mágica de campo à minha mão. E a carta que eu adiciono é a DDM Arena, que passo a activar.
Naquele momento todo o campo de batalha converteu-se numa grande arena quadriculada.
Damon olhava para as modificações no campo com um olhar muito molenga, como se aquele duelo fosse aborrecido para ele. Nem parecia prestar atenção ao que Duke dizia.
- Então activo uma nova carta mágica – continuou Duke. – Heart Container.
Foi então que por cima de ambos os duelistas surgiu um pequeno painel com três corações luminosos. Damon olhou preguiçosamente para cima, não se mostrando minimamente impressionado com a jogada.
- Esta carta muda por completo as regras do jogo – explicou Duke. – A carta Heart Container torna a DDM Arena imune a cartas mágicas, armadilhas e a efeitos de monstros. E até ao término do duelo, os nossos pontos de vida foram substituídos por Heart Points. Por cada ataque directo que soframos perdemos um Heart Point. Quem perder os três perde o duelo.

Duke Devlin – 3 HP
Damon Cloud – 3 HP


- O Duke não perdeu tempo – comentou Jason. – Nunca pensei que pudesse haver cartas que representassem o Dungeon Dice Monsters.
- Ele sabe lidar bem com dados – afirmou Yugi, sorrindo. – Aposto que este duelo vai ser canja para ele.
- Não sei – disse a vozinha acriançada de Jaden, visivelmente duvidoso. – Eu ouvi dizer que o Damon é muito forte.
Tanto Yugi como Jason olharam para Jaden, perguntando-se como o pequeno podia ter tal informação sobre um duelista que nem os adultos tinham acesso. Contudo, não se designaram a perguntar nada sobre isso e concentraram-se no duelo que se desenrolava.
- Activo agora a carta mágica Summon Dice – LV2 – retomou Duke. – Esta carta lança três dados em simultâneo e se dois deles mostrarem o mesmo Crest de Invocação eu posso invocar um Dice Monster.
Três dados rolaram pelo campo. Quando pararam, quase ao mesmo tempo, todos eles tinham Crests de Invocação.
- Boa! – congratulou-se Duke. – Invoco então Yaranzo (1300/1500) em modo de defesa.
Uma criatura demoníaca metida dentro de um baú surgiu em jogo.
- Deixo uma carta virada para baixo e activo a carta mágica Movement Dice. Esta carta permite-me fazer rolar um dado e o número de pintas que sair determina quantos Movement Counter vou ter na minha Movement Counter Pool.
Mais uma vez, um novo dado surgiu a rolar pelo campo, indicando seis pintas quando parou.
- A sorte sorriu-me mais uma vez. Tenho seis Movement Counters para usar quando quiser. É a tua vez.
Damon ficou por uns segundos a olhar para todas as cartas que o seu adversário colocara em jogo. Depois, olhou para o painel virtual que lhe marcava os Heart Points por cima da cabeça com um olhar distraído, mas ao mesmo tempo curioso.
- O que é isto? – perguntou, apontando para o painel e lançando a Duke um olhar idiota.
Duke quase que cedeu com o seu peso depois de ter ouvido aquilo.
- Ele não me estava a ouvir – balbuciou, indignado. – Acorda, idiota! – gritou para o adversário, já sem paciência. – O duelo já começou. É a tua vez.
- Ok, ok – disse Damon, tentando acalmar o seu adversário. – Não precisas de ficar assim.
Pôs a mão no topo do baralho, e após ter dado um longo bocejo puxou uma carta.
- Vamos lá então – olhou para a mão. – Vou invocar Cloudian – Ghost Fog (0/0) em modo de ataque.
Em jogo surgiu uma nuvem branca com uma vaga forma humana.
- Mas que é isto? – perguntou Duke, olhando para a nuvem curiosamente.
- São os meus Cloudians – respondeu Duke, sucintamente. – Nunca ouviste falar?
Duke não respondeu, ficando a olhar para a criatura, perguntando-se que tipo de monstros o seu adversário usaria.
- Mas ele não tem pontos de ataque – comentou. – Como esperas vencer com monstros tão fracos?
- E quem te disse que eles são fracos? – indagou Damon, cruzando os braços. – Encerro a minha vez.
- Não percebi estas jogadas – disse Jason, pestanejando. – É claro que se o Duke destruir o Ghost Fog do Damon isso não afecta os Heart Points. Mas se o Duke invoca um monstro, ele pode reduzir um coração no painel do Damon.
- Não sei – retorquiu Marik, fazendo com que todos olhassem para ele. – Quando ele enfrentou o Harrington descobrimos que os Dice Monsters não podem fazer quaisquer movimentos sem os devidos Crest Counters.
- O que queres dizer? – indagou Yugi.
- É tal como no DDM – explicou Marik. – Assim como precisas de Movement Crests para avançar, não poderás atacar ou defender se não tiveres Attack ou Defense Crests na Pool. É uma grande desvantagem que estes monstros têm.
- Minha vez – anunciou Duke. – Activo a carta mágica Attack Dice. Agora lanço um dado e o número que sair determina quantos Attack Counters vou ter na minha Pool…
» Porreiro pá. Tenho cinco Attack Counters. Agora activo outra Summon Dice – LV2. Vamos ver o que me calha…»
Mais uma vez, três dados passaram a rolar pelo campo, cada um deles tendo três faces com o mesmo Crest de Invocação. Quando os três pararam, havia três Crests virados para cima.
- Mais três Crests de Invocação. Isso permite-me invocar The 13th Grave (1200/900) em modo de ataque.
Um fraco esqueleto segurando algo parecido com uma espada ferrugenta surgiu em jogo.
- Vou passar o meu Yaranzo para modo de ataque – disse Duke. – Depois vou gastar um Movement Counter para o mover para o teu lado do campo e um Attack Counter para atacar e destruir o teu Ghost Fog.
O baú deslizou pelo campo e a criatura lá fechada usou as suas mãos descarnadas para dissipar aquela forma enevoada.
- Com isto acabas de activar a habilidade especial do meu Ghost Fog – interveio Damon, sem sequer se sentir incomodado com o que acabara de acontecer. – Quando ele é destruído, todo o dano de batalha é reduzido a zero e assim os teus monstros ganham um presente do meu monstro.
Dito isto, duas pequenas nuvens brancas surgiram a flutuar por cima do Yaranzo e do The 13th Grave.
- O que é isto? – perguntou Duke, incomodado.
- São Fog Counters – respondeu o oponente. – Um para cada nível do monstro que destruiu o meu Ghost Fog. Normalmente, o Yaranzo possui nível quatro, mas vendo que se trata de um Dice Monster, o seu nível é dois. Por isso, eu decidi colocar um Fog Counter no teu Yaranzo e outro no teu The 13th Grave.
- Não me parece que isso me vá impedir de te tirar um Heart Point. The 13th Grave, ataca-o directamente. Sacrifico um Movement Counter e um Attack Counter para isso.
Erguendo a espada enferrujada, o zombie deu um incrivelmente potente salto e atingiu fortemente Damon. Nesse momento, um dos três corações no painel de Damon desapareceu.

Damon – 2 HP

- Encerro a minha vez.
- O Damon está com problemas dos grandes – observou Yugi. – O Duke sabe controlar o baralho, mas ele gastou toda a sua mão em dois turnos. E não se pode dizer que os monstros dele são muito fortes.
- Mas os do Damon também não parecem ser muito melhores – comentou Jason. – Pergunto-me como conseguiu ele chegar até aqui…
Damon puxou, sem grande convicção.
- Começo por activar duas cartas mágicas contínuas: Cloudian Squall e Summon Cloud. A Cloudian Squall permite-me colocar um Fog Counter num monstro qualquer em campo durante cada Fase de Espera minha. A Summon Cloud ajuda-me se eu não controlo nenhum monstro na minha Fase Principal. Posso invocar especialmente qualquer monstro “Cloudian” da minha mão ou cemitério, desde que tenha quatro estrelas ou menos. Por isso invoco Cloudian – Sheep Cloud (0/0) em modo de defesa.
Uma nova nuvem, desta vez sem forma que lhe desse um aspecto de ser mais do que uma simples nuvem, surgiu em jogo.
- Outro monstro com zero pontos de ataque e defesa? – indagou Duke, desconfiado. – Estás a brincar comigo ou quê?
- Eu não brinco quando se trata de duelo – retorquiu Damon. – Invoco agora normalmente outro Cloudian – Sheep Cloud (0/0) também em modo de defesa. E então activo a carta mágica Lucky Cloud. Se eu invoquei dois monstros Cloudian com o mesmo nome neste turno, então na minha Fase Final eu puxo duas cartas. Termino aqui.
Duke não sabia como lidar com aqueles monstros. Sabia que se conseguisse invocar um monstro no seu próximo turno, conseguiria remover mais um Heart Point do contador de Damon. Mas algo lhe dizia que aqueles monstros Cloudians tinham algo mais do que aparentavam mostrar. Não eram apenas nuvens fofas e engraçadas, disso tinha a certeza. E a atitude do seu adversário, sempre tão descontraída, como se fosse adormecer a qualquer momento. Acreditava que havia ali algo mais, mas não tinha a certeza de querer esperar para ver.
- Minha vez. – Puxou e olhou para a mão. Não era uma Summon Dice, mas era outra carta mágica. Olhou para o seu The 13th Grave e teve uma ideia que o iria ajudar.
- Activo a minha carta mágica Spell Dice. Agora lanço um dado e o número que sair determinará quantos Spell Counters vou ter na minha Pool.
Um dado de cor verde emergiu do holograma da carta mágica que Duke acabara de activar. O dado rolou pelo campo durante uns momentos.
- Quatro – disse Duke, desnecessariamente quando o dado parou. Sorriu levemente perante o olhar aparvalhado do seu adversário. – Nada mal. Agora entro na minha Fase de Batalha. E com isto sacrifico dois dos meus Spell Counters para activar a habilidade especial do meu The 13th Grave.
Yugi arqueou as sobrancelhas. Segundo se lembrava, aquele monstro não tinha nenhum efeito. Qual seria a ideia de Duke em activar uma habilidade especial que nem sequer existia? Contudo, havia qualquer coisa no sorriso de Marik que dizia o contrário.
- Quando uso dois Spell Counters no meu monstro – começou Duke a explicar, - ele pode usar a habilidade especial que lhe permite passar pelos teus monstros através do chão e atacar-te directamente.
Damon viu o zombie de Duke cavar um túnel no chão com uma incrível rapidez e desaparecer no buraco.
- Sacrifico um Movement Couter para mover o meu monstro através da terra e um Attack Counter para te atacar directamente.
Naquele momento, o zombie surgiu no campo de Damon e com uma valente espadeirada, o The 13th Grave arrancou mais um Heart Point.

Damon – 1 HP

- Mais um ataque directo e já eras – disse Duke, enquanto o zombie regressava ao seu campo. – Mas terás de esperar pelo próximo turno. Agora sacrifico outro Movement Counter e outro Attack Counter para destruir um dos teus Cloudians com o meu Yaranzo.
O baú deslizou novamente pelo campo e as garras do Yaranzo fizeram dissipar a pequena nuvem. No entanto, mal o pequeno Cloudian desapareceu, duas pequeninas nuvens surgiram no seu lugar.
- Quando o meu Cloudian – Sheep Cloud é destruído em batalha – começou Damon a explicar antes que Duke pudesse abrir a boca para perguntar o que significava aquilo, - eu invoco dois Cloudian Tokens em modo de defesa.
- Como queiras – disse Duke, não se importando. Nenhum daqueles tokens tinha pontos de ataque ou defesa. – Encerro a minha vez.
Damon sacou e ficou a olhar para a carta durante algum tempo.
- Pelo efeito do Cloudian Squall eu coloco um Fog Counter no teu Yaranzo – anunciou Damon, fazendo surgiu uma outra pequena nuvem por cima do baú. – Depois activo a carta mágica Fog Control. Quando esta carta é activada eu sacrifico um Cloudian no meu campo e coloco três Fog Counters num monstro à minha escolha.
O Sheep Cloud que lhe restava desapareceu e mais três pequenas nuvens surgiram, desta vez por cima do The 13th Grave.
- Para que raio servem estas nuvens? – indagou Duke, já sem paciência. – Importas-te de tirar essas coisas de cima dos meus monstros?
- Tem calma, Duke, isto ainda vai ser divertido, vais ver – disse Damon, sem parar de exibir a sua expressão calma, que tanto irritava Duke. – Agora activo a minha carta mágica Diamond-Dust Cyclone. Ela destrói um monstro com quatro ou mais Fog Counters nele.
Um gigantesco tornado com partículas brilhantes rodopiou pelo campo, apanhando o The 13th Grave de Duke e destruindo-o no meio do turbilhão.
- Bem jogado – admitiu Jason. – Assim, o Duke não pode activar a habilidade especial do monstro no próximo turno. Até que este Damon não é assim tão mau.
- Mas o Duke vai conseguir dar a volta – disse Marik, confiante. – Eu vi-o nas eliminatórias. Conseguiu dominar aquele baralho muito depressa.
- É estranho ver as regras tão alteradas – comentou Yugi, mirando os painéis por cima de ambos os duelistas. – Isto vai tornar o duelo mais rápido.
Na arena, Duke ainda estava a recuperar da perda do seu monstro.
- Como efeito do Diamond-Dust Cyclone – continuou Damon, - para cada quatro Fog Counters no monstro destruído eu puxo uma carta.
Olhava para a carta nova com uma expressão sonhadora, como se o texto da carta estivesse escrito numa língua desconhecida, mas não tivesse qualquer vontade de traduzir ou tentar perceber o que lá estava escrito.
- Lamento muito, Duke – disse, por fim. – Este duelo vai terminar aqui. És um bom duelista, mas esta tua estratégia com Dice Monsters não funcionará comigo.
- Do que é que estás a falar? – perguntou Duke, irritado. – Estás a dizer que me vais derrotar neste turno? Isso é impossível.
Mas Damon já estava a colocar uma carta mágica em jogo.
- Eu tenho algo aqui que vai dizer o contrário. Eu activo a carta mágica Magic Cloud. Ela destrói um monstro com Fog Counters nele. E depois eu invoco especialmente Cloudians da minha mão cujos níveis equivalham o número de Fog Counters que o monstro destruído tinha, desde que os monstros que invoque tenham nível quatro ou inferior.
Horrorizado, Duke viu o seu Yaranzo ser destruído numa violenta explosão. Mas não havia motivo para crise. Como o seu monstro tinha apenas dois Fog Counters era mais que provável o seu oponente invocar apenas um Cloudian. E aqueles dois tokens não tinham pontos de ataque. Mesmo que o atacassem não perderia Heart Points.
- Da minha mão invoco dois Cloudian – Smoke Ball (200/600) em modo de ataque – anunciou Damon, invocando duas nuvens com o estranho formato que lembravam bebés. – Ambos têm nível um e a soma de ambos os níveis equivale o número de Fog Counters que o teu Yaranzo tinha.
Duke abriu muito os olhos. Não estava à espera de ver aquilo. Num único turno, o seu adversário invocara logo dois monstros. Estava desprotegido contra um ataque directo, mas ainda não era motivo para se preocupar. Perderia apenas dois Heart Points. No seu próximo turno daria a volta que o levaria à vitória.
- De seguida – continuou Damon, puxando outra carta da mão, - sacrifico os meus dois Cloudian Tokens para invocar Cloudian – Nimbusman (1000/1000) em modo de ataque.
Duke ficou ainda mais horrorizado ao ver uma terceira nuvem surgir em campo, desta vez com uma forma ainda mais humana, apesar de ter uma cabeça bulbosa e braços fortes. Recuou alguns passos, sabendo que não teria quaisquer hipóteses contra aquela tripla ameaça. Como pudera subestimar aqueles monstros e o seu adversário? Agora iria pagar caro por isso.
- Eu não estava à espera desta – confessou Marik, espantado. – Este Damon é mesmo bom.
- Eu avisei – interveio Jaden, sem no entanto se fazer ouvir.
- Parece que o Duke perdeu este duelo – disse Yugi, sentindo-se um pouco em baixo. No fundo, queria que os seus amigos passassem para a fase seguinte, mas sabia que à medida que as finais se desenrolassem os seus amigos ou mesmo ele perderiam e ficariam pelo caminho.
- O meu Nimbusman ganha um Fog Counter para cada monstro de atributo Água que sacrifiquei para o invocar, aumentando o seu poder de ataque para 500 para cada um (2000/1000) – disse Damon, sorrindo ao de leve. – Não que isso tenha alguma importância. Este duelo está ganho à partida. Eu ataco directamente com os meus monstros.
“Estou feito” pensou Duke, enquanto as três nuvens os atacavam directamente. Não sentia o mesmo impacto que sentia quando um outro monstro o atacava. Em vez disso, sentia uma leve brisa quando os Smoke Balls o atacavam e uma ventania pesada quando o Nimbusman o atacou. Automaticamente, os três corações no painel que tinha acima de si apagaram-se.

Duke – 0 HP

- Ele… perdeu… - disse Marik, como se ainda não acreditasse que aquilo fosse acontecer.
Duke baixou o braço esquerdo e ficou a olhar para o chão, visivelmente em estado de choque. Subestimara o seu oponente ao pensar que o baralho dele não era poderoso. Julgava que iria passar para a volta seguinte nas calmas, tal era a sua estratégia.
- E com uma reviravolta inesperada, Damon Cloud vence Duke Devlin, passando assim para os quartos de final – ressoou a voz de Eric, provocando aplausos da multidão.
- Foi um bom duelo – disse Damon, dirigindo-se a Duke, que levantou a cabeça e o mirou. – Mais um pouco e ter-me-ias derrotado.
- Não digas isso – replicou Duke. – Tu tinhas o jogo bem planeado desde o início. Afinal não és muito diferente das tuas cartas. Tal como as nuvens são calmas e suaves, também tu és muito sereno.
Damon sorriu enigmaticamente, enquanto virava costas e se encaminhava de volta para o interior do estádio.
- Achas que sim? – indagou, deixando Duke a pensar no que o seu antigo adversário havia dito.

Nota do autor: Sim, eu sei que este duelo foi um pouco confuso. Eu baseei-me nas regras do DDM e naquilo que aprendi com o jogo do Gameboy Advance. A habilidade especial do The 13th Grave nesse jogo também o permite passar por baixo da terra, evitando criaturas mais poderosas. A habilidade especial do Yaranzo nesse jogo permite-nos trocar um número de Crests por um Crest à nossa escolha. Se não gostaram do duelo, eu compreendo, e é por isso que vos irei compensar nos próximos dois capítulos, com o duelo entre o Joey e o Chrono.
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Guardian Angel

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Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus - parte 2: O Sacerdote das Trevas Empty
MensagemAssunto: Re: Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus - parte 2: O Sacerdote das Trevas   Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus - parte 2: O Sacerdote das Trevas Icon_minitime21/6/2012, 7:42 pm

Bem, passado mais de um mês depois de ter colocado o último capítulo, eu pensei em colocar os dois últimos capítulos que escrevi, enquanto ao mesmo tempo pondero se valerá a pena continuar ou não. Para decidir isso, preciso dos vossos comentários, sugestões, críticas, tudo o que vos vier à cabeça sobre esta fanfic. A vossa opinião é muito importante.
E agora vamos ao capítulo.


Capítulo X – O Relógio Reversivo! O Regresso do Sage of Time!

- Já viram o meu azar? – choramingou Duke, ao chegar à tribuna, ao lado de um distraído Damon. – A minha estratégia mais que poderosa falhou para um bando de nuvens. E logo na primeira volta…
- Não te martirizes, Duke – confortou-o Marik, dando-lhe uma palmada nas costas. – Há estratégias que são melhores que outras. Lembraste daquele teu duelo contra o duelista que controlava feiticeiros?
- Eu já te disse que tinha começado com uma má mão! – protestou o jovem.
- Tem calma, eu percebi – disse o Guardião do Túmulo. – Desta vez qual vai ser a desculpa? Ah, já sei, a culpa foi dos dados…
O grupo de amigos riu-se, deixando o pobre do Duke entregue ao azar de ter sido o primeiro do grupo a ter ficado para trás. Contudo, não estava tão mal quanto dava a entender. Deu uma olhada de relance ao seu adversário, que conversava sonhadoramente com o pequeno Leon, e percebeu que Damon era mais do que mostrava exteriormente. O baralho que usara naquele duelo parecia ser totalmente composto por Cloudians, criaturas que, à primeira vista, pareciam fracas. Subestimara o seu oponente com a sua elevada confiança, e pagara caro por isso. Ao menos tivera a oportunidade de participar nas finais.
- Não te preocupes, Duke – disse Yugi, aproximando-se. – Perdeste, mas o que interessa é que te tenhas divertido.
- Soube a pouco – suspirou o Mestre dos Dados, nostalgicamente. – Gostava que a diversão tivesse durado mais. Parece que não é desta que tenho a minha desforra contra o Rei dos Jogos.
Nesse momento, a voz de Eric troou pelo estádio, destacando-se entre os milhares de gritos de frenesim que se faziam ouvir:
- E assim chegamos ao quinto duelo destes oitavos de final – anunciou. – Peço a ambos os duelistas que se apresentem na arena.
Os passos de alguém faziam-se ouvir atrás de Yugi. Este virou-se, seguido de todos os outros, e viu Chrono Oyamada dirigir-se a passos confiantes a Joey, que se havia desencostado da parede e se preparava para se dirigir à arena. Contudo, Chrono interpôs-se no seu caminho, obrigando-o a parar e a fitá-lo com os seus olhos negros. O semblante de Joey parecia ameaçador, mesmo com toda a sua neutralidade, mas parecia que não era isso que assustava Chrono, que sorria convencidamente.
- Quis o destino que nos enfrentássemos novamente – principiou ele, sem parar de sorrir. – Quem sabe desta vez quantas pessoas assistirão à tua queda…
Joey nada disse. Os seus olhos descolaram-se da figura do seu futuro adversário e retomou a caminhada, passado pelo rapaz sem se designar a dizer o que quer que fosse. Chrono não gostou, obviamente, e cerrou punhos e dentes, irritado por ter sido ignorado. Sem olhar para ninguém, deu meia volta e saiu da tribuna a passos largos, ultrapassando Joey à saída com um valente encontrão.
Yugi acompanhou com o olhar a saída do seu velho amigo, cada vez mais preocupado com aquele comportamento e com a força desconhecida que o estava a consumir.
- Joey…
Uma enorme ovação recebeu ambos os duelistas, enquanto eles subiam as escadas da arena e se posicionavam nos respectivos círculos. Nas bancadas, Salomon e os três jovens sobressaltaram-se ao ver Joey. Mesmo á distância dava para ver a diferença na sua postura, a neutralidade no seu rosto e a fleuma em relação à plateia.
- Ele está tão mudado – lamentou-se Tea, cabisbaixa. – Não há forma de o livrar daquela coisa que o possuiu?
- Quem me dera ter a resposta – disse Ishizu. – Só mesmo Odion saberia como o fazer…
- Vamos então apresentar os duelistas deste quinto encontro – bradou Eric. – Do lado azul temos um forte duelista que se tornou num dos melhores do mundo em pouco tempo. A sua fama começou em Duelist Kingdom, quando se tornou num dos quatro finalistas, e aumentou quando chegou às finais de Battle City. Por isso, não é uma novidade este grande duelista estar entre nós neste grande evento. Convosco, Joey Weeler!
Toda a plateia explodiu de aplausos, esperando que Joey retribuísse com um aceno ou mesmo algo que evidenciasse ter notado toda aquela atenção. Ao invés disso, o rapaz mantinha-se pacientemente a olhar para o seu oponente, mostrando desinteresse para com a multidão que o aclamava.
- Do lado vermelho temos um outro prodígio no Duel Monsters. É tricampeão nacional e vice-campeão intercontinental. As suas tácticas de duelo deixam os seus oponentes sem saber a quantas andam. O tempo é seu factor mais favorável, como poderemos ver no seu baralho. Convosco, Chrono Oyamada!
Os aplausos e as ovações foram em igual número e, satisfeito, Chrono ia acenando e sorrindo para tudo quanto era lado, mostrando o seu lado convencido e confiante.
- Duelistas, activem os vossos Duel Disks.
Chrono apressou-se a activar o seu, mas Joey já tinha o dele activo mesmo antes de ter entrado na arena. Agora já segurava as cinco cartas na mão, esperando que o seu adversário fizesse o mesmo.
- Duelistas preparados… É hora do duelo!!!

Joey Weeler – 4000
Chrono Oyamada – 4000


Joey puxou sem dizer uma única palavra que fosse.
- Invoco Shadow Orb (300/1000) em modo de defesa – anunciou, invocando uma esfera negra emanando uma espécie de vapor da mesma cor. – Deixo uma carta virada para baixo e encerro.
- Aquele monstro… - murmurou Yugi, olhando para o orbe negro que flutuava no campo de Joey. – Ele nunca teve aquela criatura no baralho.
- Algo me diz que ele fez algumas modificações – comentou Duke. – Isto não tem nada a ver com o que ele usava em Battle City.
- Minha vez – anunciou Chrono, puxando. – Podes pensar que és muito mais poderoso agora que tens essa tatuagem e um baralho novo, mas vou-te provar novamente qual de nós dois é o melhor. Activo a carta mágica Time Summon. Esta carta mágica permite-me invocar especialmente do meu baralho um monstro de nível 4 ou menos com a palavra “Time” no nome. Invoco então Necrolancer the Time Lord (800/900) em modo de ataque.
A magra criatura esverdeada e de um só olho surgiu do interior de um anel dourado.
- Vou então sacrificá-lo para invocar Time Magician (1700/1000) em modo de ataque.
Uma criatura humana com uma capa escarlate e um ceptro com um relógio na extremidade.
- É melhor o Joey ter muito cuidado – advertiu Duke. – O Chrono é um duelista habilidoso, ele sabe controlar as suas cartas e consegue sempre arranjar uma forma de dar a volta.
Todos se viraram para ele, tentando compreender as suas palavras.
- Aquele Time Magician tem uma habilidade especial muito perigosa – continuou Duke. – Mas sempre é menos ameaçadora que a do Sage of Time
- Tu já enfrentaste este tipo, não foi? – indagou Yugi.
- Sim, e olha que apesar de eu ter sido arrumado em apenas três turnos, o Chrono disse-me que podia ter sido bem pior.
- Eu nunca o vi, mas ouvi histórias sobre ele – disse Jason, olhando para o campo. – O Weeler não pode vencer se confiar na sorte. A mais pequena distracção pode ser fatal.
Na arena, Joey não ouvira nada do que os duelistas haviam dito na tribuna, embora isso era-lhe indiferente. Com aquele novo baralho que o seu parceiro lhe havia oferecido tinha a certeza que o seu adversário não teria quaisquer hipóteses…
- Time Magician ataca o Shadow Orb! – bradou Chrono. O monstro ergueu o ceptro e desferiu um poderoso raio contra a esfera negra, destruindo-a automaticamente.

Joey – 3000

- O quê? – perguntou Yugi, indignado e sem compreender.
- O monstro do Joey não estava em modo de defesa? – interpelou Duke. – Como é que ele perdeu pontos de vida? Isto não teve nada a ver com o Time Magician.
- Qual é a tua, Weeler? – indagou Chrono, também sem perceber o que se havia passado, mas esboçando um sorriso à mistura. – Se querias perder escusavas de ter posto o teu monstro em modo de defesa.
- O Joey anda a autodestruir-se – choramingou Téa, cada vez mais preocupada. – O que raio é aquilo que o está a possuir?
- Não sabemos – respondeu Tristan. – Mas seja o que for, está a prejudicá-lo.
Joey não ligava ao que o rodeava. Naquele momento mais dois Shadow Orbs surgiram do seu lado do campo.
- Quando Shadow Orb é enviado do campo para o cemitério, o jogador que o controla perde 1000 pontos de vida, mas em troca pode invocar especialmente todos os outros Shadow Orbs que lhe restem do baralho – explicou.
- Nada mal, Weeler, mas ficaste numa posição complicada. Mesmo com os teus monstros em modo de defesa, podes perder pontos de vida, simplesmente por mandá-los para o cemitério. Eu pensava que essa tua mudança te tivesse tornado melhor. Pelos vistos ficaste mais estúpido. Termino a minha vez.
Joey puxou.
- Vou sacrificar os meus dois Shadow Orbs… - anunciou, fazendo as duas esferas desaparecer.
- O quê? – Yugi continuava sem acreditar. – Ele mesmo livrou-se dos dois Shadow Orbs.
- Agora ele perde 2000 pontos de vida de uma vez – reforçou Jason.

Joey – 1000

- Estou a ter um interessante deja vu – ironizou Chrono. – Lembras-te do nosso último duelo? Perdeste todos os teus pontos de vida e eu mantive os meus até ao fim. É o que está a acontecer agora.
- …invoco Red-Eyes B. Dragon (2400/2000) em modo de ataque.
Naquele momento surgiu um gigantesco dragão negro no campo. Os seus olhos vermelhos cintilavam malvadamente em direcção a Chrono, que no entanto parecia não ficar muito incomodado com a aparição.
- Impressionante – disse Marik, admirado. – O Joey ainda está no seu segundo turno e conseguiu invocar o Red-Eyes sem qualquer dificuldade.
- Mas isso custou-lhe caro – respingou Yugi, preocupado. – E a julgar pelo olhar de Chrono, algo me diz que se o Joey atacar alguma coisa de grave lhe vai acontecer.
- Ataco o Time Magician com o Red-Eyes! – anunciou Joey, fazendo com que o seu dragão se elevasse nos céus e visasse uma bola de fogo em direcção ao monstro de Chrono.
- Activo a habilidade especial do meu Time Magician – interveio Chrono. – Envio a carta do topo do meu baralho para o cemitério para pular esta Fase de Batalha.
E tão depressa como começara, o dragão negro amainou e voltou para a sua posição inicial, rugindo contrariadamente.
- Activo a carta mágica Blessings From the Dark Dragon’s Disciples – anunciou Joey. – Esta carta apenas pode ser activada quando o meu Red-Eyes não batalha. Agora eu ganho pontos de vida iguais aos pontos de ataque do meu monstro…

Joey – 3400

- … e para cada 1000 pontos de vida que ganhe eu posso puxar uma carta nova. Encerro a minha vez.
- O Joey conseguiu recuperar neste turno, mas enquanto aquele monstro estiver em campo, o Chrono pode anular todos os ataques, simplesmente por mandar uma carta do topo do baralho para o cemitério – observou Tristan.
Salomon estava com ele. Sabia que o oponente de Joey não era campeão por nada. Vira na televisão vários campeonatos em que Chrono entrara e o rapaz sempre conseguia massacrar os seus oponentes. Com um baralho bem organizado de cartas que controlavam o tempo, Chrono mostrava ser um poderoso duelista que muito poucos podiam igualar.
- Minha vez. – Chrono puxou. – Activo a carta mágica Hourglass of Equallity. Esta carta mágica permite-me remover do jogo um monstro com a palavra “Time” no nome e poderei invocar especialmente do meu baralho monstros cuja soma dos pontos de ataque seja igual aos pontos de ataque do monstro que eu removi. Por isso, devo dizer adeus ao meu Time Magician e dar um olá ao meu Time Wizzard (500/400) e à Time Sorceress (1200/900) ambos em modo de ataque.
Em jogo surgiram duas criaturinhas que faziam lembrar dois relógios com braços, pernas e segurando cada um um ceptro que terminava num relógio.
- Activo a carta mágica Polymerization – continuou Chrono. – Com esta carta posso fundir os meus dois monstros para criar o poderoso Sage of Time (2400/1000) em modo de ataque.
Uma criatura alta, com uma capa repleta de desenhos de relógios e brandindo um poderoso ceptro surgiu em jogo.
- É ele! – bradou Duke, horrorizado.
- A criatura mais poderosa do baralho do Chrono – murmurou Salomon, torcendo as mãos imperceptivelmente.
Joey olhava para o monstro do seu oponente com a mesma neutralidade de sempre. Era certo que aquela criatura lhe trouxera a derrota da última vez que enfrentara Chrono, mas agora sabia tudo sobre aquele monstro e tinha as cartas certas para contra-atacar.
- Activo a habilidade especial do Sage of Time – retomou Chrono. – Envio uma carta da minha mão para o cemitério para recuar um turno no tempo.
- Mas que habilidade é essa? – indagou Marik, sem compreender o que se estava a passar.
Naquele momento o Red-Eyes B. Dragon desapareceu do campo do Joey, sendo substituído pelo Shadow Orb, o primeiro monstro que o duelista havia invocado. Por sua vez, oTime Magician reapareceu. Somente ele e o Sage of Time permaneciam no campo de Chrono.
- O campo voltou ao que era um turno atrás – observou Téa, horrorizada. – Mas que monstro é este?
- Ainda não acabei, Weeler – continuava Chrono, sorridente. – Agora, para cada turno que recuámos o meu Sage of Time ganha 300 pontos de ataque (2700).
- Ainda nada está perdido – disse Yugi, ainda impressionado com as jogadas de Chrono. – O Shadow Orb está em modo de defesa, o que significa que o Joey não vai ter dano de batalha, embora perca 1000 pontos quando o seu monstro for destruído.
- Da minha mão, activo a carta mágica Fissure.
- Não pode ser! – bradaram quase todos na tribuna.
- Agora o teu Shadow Orb é destruído, activando assim a sua habilidade especial.

Joey – 2400

- Agora o Joey está aberto para um ataque directo – observou Jason. – Com o poder de ataque daquele monstro, o Chrono dizimar-lhe-á os pontos de vida de uma única vez.
- Sage of Time, ataca-o directamente!
Formando um raio de energia na ponta do ceptro, o monstro de Chrono visou a figura imponente e indiferente de Joey antes de lhe mandar com um raio escarlate que se aproximava em grande velocidade.
- A vitória é minha!!! – bradou Chrono, triunfante.
- Activo a mágica rápida – disse a voz de Joey, congelando a gargalhada do seu oponente. Chrono reparou com horror que se tinha esquecido que o seu adversário ainda tinha uma carta virada para baixo, a que ele tinha colocado no primeiro turno depois de ter invocado o Shadow Orb. – Scapegoat. Isto cria quatro Sheep Tokens no meu lado do campo em modo de defesa.
Nesse mesmo momento surgiram quatro pequenos bodes no campo de Joey, mesmo a tempo de o monstro de Chrono atingir um deles e destruí-lo.
- Raios!!! – gritou Chrono, amaldiçoando a sua sorte.
- Genial! – comentou Duke, impressionado. – O Joey já estava à espera que o Sage of Time aparecesse. Por isso colocou a Scapegoat virada para baixo no campo porque podia servir como escudo contra os ataques do monstro do Chrono.
- E sendo a Scapegoat uma mágica rápida, as únicas cartas que a podiam negar seriam armadilhas counter, o que seria pouco provável que o Chrono possuísse – reforçou Jason.
Na arena, notava-se perfeitamente que Chrono estava incomodado com uma jogada tão simples como aquela. Contudo, ainda tinha cartas na mão e todos os pontos de vida. Não iria ser derrotado pelo seu oponente.
- Deixo uma carta virada para baixo e encerro a minha vez – concluiu, visivelmente furibundo. – Na minha Fase Final, o meu Sage of Time é destruído e tudo volta ao turno em que estava quando foi invocado.
Naquele momento, a criatura de Chrono autodestruiu-se. E então, o gigantesco dragão negro de Joey ressurgiu.
- Parece que o Sage of Time só permanece em campo durante um turno – observou Duke, interessado.
- Agora posso invocar do cemitério um dos monstros materiais de fusão que usei para criar o meu monstro – continuou Chrono. – Invoco a Time Sorceress em modo de defesa. Encerro a minha vez.
- O Joey conseguiu passar esta provação – comentou Duke, ainda preocupado, - mas nada indica que esteja fora de perigo.
Yugi mal o ouvia. Olhava para Joey, que se preparava para iniciar o seu turno, o olhar continuamente neutro e fixante no oponente.
- Activo a carta mágica Card of Sanctity – disse Joey, não adiantando mais nada. Tanto ele como Chrono puxaram cartas até terem seis em ambas as mãos. – De seguida, activo a carta mágica Trap Booster. Descarto uma carta para activar uma armadilha directamente da minha mão: Metalmorph. Equipo-a no meu Red-Eyes.
Naquele momento, o dragão de Joey começou a ser lentamente envolvido por uma espécie de armadura de metal que lhe cobria o corpo todo.
- Com esta carta posso sacrificar o meu Red-Eyes B. Dragon e invocar especialmente Red-Eyes Black Metal Dragon (2800/2400) do meu baralho.
O novo dragão brilhava à luz do sol, chegando mesmo a ofuscar as pessoas da plateia.
- Red-Eyes, ataca a Time Sorceress!
A enorme besta de metal negro abriu as mandíbulas e uma esfera encarnada materializou-se no seu interior, visando a pobre maga de Chrono.
- Activo a minha carta virada para baixo: Pause Button – interveio Chrono, antes que o dragão lançasse a sua bola de fogo. – Ao descartar uma carta da minha mão posso negar o ataque de um monstro do meu adversário. E até à Fase Final do teu próximo turno, o teu monstrinho aí não poderá atacar.
Rapidamente as labaredas na boca do Red-Eyes se extinguiram e o dragão de metal amansou e encolheu as asas, como que esperando por novas ordens do seu dono.
- Termino – foi tudo o que Joey pôde dizer.
- O Chrono ainda não perdeu nenhum ponto de vida, e o Joey passou todo o tempo a ganhar e a perder – observou Tristan. – Aquele dragão parece suficientemente forte para aguentar com o que poderá vir, mas já sabemos que com um oponente como aquele tudo é possível.
- O Chrono é um duelista que usa a sua estratégia para manipular o tempo – explicou Salomon, sério. – Ele consegue fazer desaparecer a defesa do adversário temporariamente para poder atacar sem qualquer impedimento. Usa cartas que impedem o adversário de atacar, de forma a proteger os seus monstros. O Time Wizard, o Time Magician e a Time Sorceress não parecem monstros muito poderosos em termos de ataque ou defesa, mas as suas habilidades compensam essa falha.
Chrono puxou.
- Vou activar a habilidade especial da minha Time Sorceress – anunciou, fazendo com que a maga erguesse o seu ceptro e fizesse acender uma pequena luz no topo. Nesse momento surgiu um relógio transparente em frente à maga, cujos contornos, números e ponteiros tinham uma linha azul-eléctrica e brilhante. Depois disso, uma série de números caiu do céu, vindo a fixarem-se no Red-Eyes, nos três Sheep Tokens e no próprio Joey. Este não compreendia, mas pela expressão na sua face, parecia que todo aquele espectáculo não seria o suficiente para o impressionar.
- Deves estar a perguntar-te que números são esses que aí tens – especulou Chrono, depois daquele espectáculo. – Pois bem, vou-te explicar: tu e os teus quatro monstros foram marcados com números de um a doze. Esses números representam as horas no mostrador de relógio que apareceu no meu campo. Tu possuis os números de um a três, o teu dragão do quatro ao seis e os teus bodes têm cada um dois números de cada dos restantes, ou seja, do sete ao doze. Estás a acompanhar-me?
Como Joey nada dizia, Chrono continuou.
- Agora eu vou ao meu cemitério e removo do jogo um monstro “Time” com 4 estrelas ou menos e posso girar os ponteiros do meu relógio quantas vezes equivalerem o nível do monstro removido. E a criatura que eu escolho é o Necrolancer the Timelord, de nível 3.
» Agora giro os ponteiros e quando calhar a hora equivalente ao número correspondente, algo acontecerá: se calhar num dos teus monstros, esse monstro é destruído. Se calhar em ti mesmo, a minha maga terá o poder de te atacar directamente na Fase de Batalha deste turno.»
- Isto vai se tornar bem complicado para o Joey – disse Yugi, preocupado.
- Eu acho que não percebi muito bem o efeito daquele monstro – adiantou Jason, com um ar confuso.
- Estou contigo, irmão – disse Jaden, que percebera ainda menos.
- É simples – disse Mai. – Como o Chrono removeu um monstro de nível três, ele agora tem o direito de girar os ponteiros três vezes e o efeito corresponderá aos números que calharem.
Houve um período de pausa, no qual tanto um como outro pareciam tentar digerir o que Mai acabara de dizer. Foi então que as palavras seguintes foram proferidas não por um, mas pelos dois em uníssono:
- Fiquei na mesma.
Os ponteiros começaram a girar freneticamente, deixando atrás um rasto luminoso que mais parecia um círculo em pleno acto circulatório. Não demorou muito para que o movimento circular entre os dois ponteiros terminasse, mostrando o ponteiro grande no número doze e o ponteiro menor no número quatro.
- São quatro horas – anunciou Chrono, desnecessariamente, fazendo com que o número correspondente brilhasse mais que os outros no campo de Joey, de modo a que a sua localização fosse mais simples. Naquele momento, o Red-Eyes solou um longo e sonoro rugido de sofrimento, como se algo muito afiado lhe tivesse penetrado pelo corpo, e a sua imagem explodiu em milhares de fragmentos virtuais. Quando todas as partículas desapareceram, os números quatro, cinco e seis dispersaram-se pelo campo, vindo a fixar-se em novos alvos. Joey reparou que o número cinco vinha ao seu encontro, enquanto os outros dois se fixavam em dois dos bodes que o protegiam.
- O teu dragão já foi – regozijou o rapaz, enquanto a maga do tempo voltava a girar os ponteiros. – O meu monstro ainda pode usar a sua habilidade especial mais duas vezes. É só esperar até a Time Sorceress te pode atacar directamente, agora que as hipóteses estão mais favoráveis.
No momento em que acabara de falar, os ponteiros do relógio da maga pararam. Joey mirou-os desinteressadamente, sem esboçar qualquer reacção quando um dos seus bodes explodiu e os números que o constituíam se dispersaram mais uma vez pelo campo, fixando-se tanto no rapaz como nos dois bodes que lhe restavam.
- Desta vez foram onze horas em ponto – disse Chrono, muito sorridente, enquanto a maga activava a sua habilidade especial pela terceira e última vez. – É só uma questão de tempo até toda a tua defesa desaparecer perante o meu poder. Caso os ponteiros do relógio apontem para ti, a Time Sorceress poderá atacar-te directamente neste turno.
- A situação está a complicar-se para o Joey – comentou Téa. – Sempre que um dos seus monstros é destruído, os restantes números reúnem-se perto dele ou dos monstros.
- Vai ser cada vez mais fácil a maga do Chrono acertar com as horas do Joey – disse Tristan, apertando as mãos com tanta força que estas começavam a esbranquiçar.
Os ponteiros começavam a abrandar o seu movimento giratório. Como esperado, o ponteiro maior fixou-se no número doze, mas o menor ainda girou por uns segundos antes de parar definitivamente. Joey mal havia olhado para saber as horas, quando toda a plateia soltou um grito de exclamação, seguido do grito triunfante de Chrono.
- São cinco horas! – exclamou. – A minha maga ataca-te directamente.
A Time Sorceress então saiu do seu lugar e atravessou o campo rapidamente, passando sem dificuldade pelos bodes de Joey, e atingindo-o fortemente com o bastão. O rapaz não deu a entender que tinha sentido o golpe, mas recuou um passo quando levou com o golpe.

Joey – 1200

- Encerro a minha vez.
- Mais uma vez o Joey está na mó de baixo – comentou Bakura. – E o Chrono que ainda não perdeu um único ponto de vida.
- E ao que parece o nosso amigo não se importa muito com isso – observou Duke, visivelmente indignado com a total expressão neutra de Joey.
- Isso talvez seja porque ele tem a certeza que vai acabar por ganhar, não importa o que o Chrono faça – disse o Faraó, partilhando esta ideia com o seu alter-ego.
Joey puxou e mirou as quatro cartas que tinha na mão. Ninguém era capaz de adivinhar no que estava a pensar, não só devido à sua expressão neutra, como também parecia que olhava as cartas por olhar e não estivesse a pensar em nenhuma estratégia em particular.
- Deixo quatro cartas viradas para baixo e encerro a minha vez.
- Desta não estava eu à espera – disse Mai. – Será que ele vai tentar alguma coisa com aquelas cartas ou será um bluff para desencorajar o oponente a atacar?
- Minha vez. – Chrono puxou. – Essas cartas viradas para baixo podem ser muito traiçoeiras mas isso não significa que tenhas o duelo controlado, Weeler. O meu monstro vai-te atacar e tu vais perder da mesma forma humilhante com que perdeste o nosso último duelo.
» Activo a carta mágica Threaterous Clock – anunciou. – Agora, se descartar duas cartas da minha mão as tuas próximas duas Fases de Saque serão puladas.»
- Não pode ser! – gritou Yugi, debruçando-se na beira da tribuna, alarmado.
- Ele agora vai ter que confiar naquelas quatro cartas durante dois turnos inteiros – observou Jason. – Ele não vai conseguir.
- Agora entro na minha Fase de Batalha – disse Chrono.
- Activo a minha armadilha Threatening Roar – interrompeu Joey, sem mais nada adiantar e travando o avanço da Time Sorceress.
- Aquela carta cancela a Fase de Batalha do adversário no momento em que ela começa – explicou Jaden, como se entendesse mais do que os outros. – Eu lembro-me dela. O Cody usou-a contra mim no outro dia…
Contudo, ninguém o ouvia, tal era a atenção dos outros duelistas no duelo que se decorria.
- Deixo duas cartas viradas para baixo, sacrifico a minha Time Sorceress para invocar Timeater (1900/1700) e encerro a minha vez. E lembra-te que agora que o teu turno começou não podes puxar uma carta. Eu já estava à espera que fosses travar o ataque da minha maga, mas agora restam-te três cartas viradas para baixo.
- Activo a minha armadilha: Call of the Haunted – anunciou Joey.
- Mas eu contra-ataco com a minha virada para baixo: Clock of Reversal. Esta carta nega os efeitos da tua armadilha e força-a a voltar a ficar virada para baixo até à Fase Final do meu próximo turno.
Mais uma vez, o rosto de Joey não mostrou qualquer espécie de alarmismo ou indignação, enquanto a sua carta voltava a ficar virada para baixo.
- E agora, Weeler, que outro truque escondeste debaixo das outras cartas?
- Activo a carta armadilha Jar of Greed. – Com aquela carta, Joey pôde puxar uma carta, sem ser influenciado pelo efeito da carta mágica de Chrono. – Activo a carta virada para baixo Birthright.
- O Tom usou aquela carta contra mim – lembrou Marik. – O Joey pode agora invocar especialmente do cemitério um monstro normal.
Mal terminara de falar o gigantesco dragão negro ressurgiu em jogo com todo o seu esplendor, como se nunca tivesse sido destruído.
- Estou a ver que gostas muito desse teu monstrinho – replicou Chrono. – Deve ser a tua carta trunfo e pretendes destruir o meu Timeater com ele, quem sabe vencer o duelo.
Joey nada disse, o seu olhar concentrado na carta virada para baixo no campo do seu oponente.
- Activo a minha armadilha Curse of Aging – continuou Chrono. – Tudo o que eu tenho a fazer é descartar uma carta da minha mão e posso diminuir o ataque e defesa do teu Red-Eyes em 500 pontos (1900/1500) até ao fim do turno. Agora não vais ter coragem de atacar, porque o teu dragão está em pé de igualdade com o meu Timeater, o que provocaria um empate. E sendo que a tua Call of the Haunted está selada até ao fim do meu próximo turno, graças à minha Clock of Reversal, e não podendo puxar nenhuma carta devido à Threaterous Clock, muito em breve estarás terminado. E então, como é que vai ser?
- Por muito poderoso que o Joey seja agora, nada o preparou para o que está a enfrentar agora – comentou Bakura, mostrando preocupação.
- É incrível a frieza com que ele encara aquela situação – surpreendeu-se Mai. – Ele mudou muito…
“Nem imaginas o quanto” pensou Yugi, numa reflexão que ao seu alter-ego não passou despercebida.
O dragão de Joey rugiu imperialmente, provocando um estremecimento geral pela vasta plateia, mas o rapaz estava demasiado longe para se aperceber disso. Na sua mão segurava uma única carta. Uma carta tão poderosa que iria abalar os alicerces da agigantada confiança do seu adversário e forçá-lo-ia a encará-lo como um opositor temível. O seu poder ainda estava por se mostrar, mas à partida aquele duelo já tinha um vencedor proclamado, sem ser preciso revelar o que quer que fosse. Era verdade que Chrono era um rival à altura de um campeão mundial, mas as suas habilidades (e que prazeroso era para Joey pensar assim, mesmo sabendo que as suas emoções haviam sido lacradas) eram meramente humanas, enquanto o jovem rapaz sentia-se elevado ao nível superior de um vencedor, e quem sabe até de um deus…
- Da minha mão activo uma carta mágica – anunciou, sem mais rodeios. – Inferno Fire Blast.
- O que é que aquela carta faz? – indagou Marik, sem obter qualquer resposta.
- Quando o meu Red-Eyes B. Dragon está em campo, esta carta permite-me infligir-te dano directo igual aos pontos originais de ataque do meu dragão.
- Como é que é? – demandou Chrono, quase gaguejando e sem querer acreditar no que via.
Nesse mesmo momento o dragão negro levantou voo e formou uma esfera vermelho-escura no interior da sua enorme bocarra. Chrono sabia que aquilo não correspondia a um ataque, por isso não podia contra-atacar com o seu Timeater. Quando a sua reflexão não o deixou abranger mais os seus pensamentos a esfera ardente impactou contra o seu corpo, fazendo todo ele vibrar e perder o equilíbrio, vindo a estatelar-se no chão, enquanto os seus ouvidos ressoavam com a furiosa explosão que se seguiu ao embate.

Chrono – 1600

- A isto é o que chamo um dano crítico – comentou Duke, empolgando-se cada vez mais. – Parece que o Joey conseguiu arranjar uma forma de penetrar na defesa do adversário e provocar-lhe aquele dano todo sem sequer atacar.
- E no fim do turno, o Red-Eyes recupera a pontuação original de ataque e defesa – reforçou Bakura. – Ele está a aguentar-se bem.
No campo, Chrono acabava de se levantar e sacudia o pó das roupas, praguejando algo que devido ao clamor da plateia ninguém ouviu.
- Nada mal Weeler. – A sua voz já não era tão zombeteira como antes e demonstrava um certo toque de indignação por entre a raiva. – Talvez te tenha subestimado, mas isso não voltará a acontecer. – Puxou, dando início ao seu turno. – Deves pensar que me vais derrotar só porque me infligiste todo este dano, mas isso não melhora a tua situação. Lembra-te que não podes sacar no teu próximo turno e eu duvido que o teu dragãozeco permaneça no campo durante muito mais tempo. – Olhou para a carta que acabara de puxar e não pôde deixar de esboçar um leve sorriso. – Nunca pensei que teria de voltar a usar esta carta tão cedo, mas não me deixas escolha. Em primeiro lugar, vou passar o Timeater para modo de defesa. E de seguida, activo a carta mágica contínua Portal Clock.
Naquele momento surgiu atrás de Chrono um grande portal de pedra com um formato circular, mostrando um aspecto rústico e muito degradado. Contudo, do interior irradiava uma estranha luz dourada, que antecedia algo que ninguém estaria à espera.
Joey olhava para aquela aparição com total neutralidade, seguro que, viesse o que viesse, estaria pronto para o enfrentar.
- Esta carta especial assina a tua sentença, Weeler – disse Chrono com um ar diabólico. – Podias ter-te rendido enquanto tiveste oportunidade. Agora é tarde de mais. O teu tempo… acabou…
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Guardian Angel

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MensagemAssunto: Re: Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus - parte 2: O Sacerdote das Trevas   Yu-Gi-Oh! O Torneio de Horus - parte 2: O Sacerdote das Trevas Icon_minitime26/6/2012, 6:34 pm

Décimo-primeiro capítulo da segunda parte da fanfic e ainda a ponderar se deverei continuar, já que a quantidade de comentários diminuiu drasticamente. Este foi o último capítulo que escrevi, e queria muito continuar, mas perante a ausência de comentários terei de decidir se vale a pena continuar ou optar por a colocar noutro lado, onde poderei ter mais comentários. Eu sei que escrevo bastante, e a minha narrativa é às vezes vasta, mas é a minha maneira de escrever e não posso mudar. Por isso, só irei continuar esta fanfic (ou pelo menos continuar a colocá-la neste fórum) quando tiver um bom feedback vosso. Compreendam que os vossos comentários são muito importantes e é o que me dá motivação para continuar.
E sem mais delongas, a conclusão do duelo Joey Vs Chrono.


Capítulo XI – O Dragão das Trevas Puras! Red-Eyes Darkness Dragon

A aparição do grande portal circular admirou toda a gente que se encontrava na plateia. Mesmo aqueles que conheciam Chrono tinham dificuldade em recordar-se quando ele teria usado aquela carta antes, de tão raro que parecia o seu uso. Ao que parecia, todos julgavam o Sage of Time a sua carta trunfo, a sua marca pessoal. Joey fora aparentemente o primeiro a conseguir livrar-se de tamanha ameaça, mas agora tudo indicava que o seu oponente estaria a repensar numa estratégia mais mortífera, de modo a vingar-se por ter perdido tantos pontos de vida de uma vez.

Joey Weeler – 1200
Chrono Oyamada – 1600
Red-Eyes B. Dragon – 2400/2000
Timeater – 1900/1700


- O Joey só tem ao dispor dele duas cartas – informou Duke, desnecessariamente. – E ainda não poderá puxar uma carta quando o turno dele começar, graças à Threaterous Clock.
- O que me intriga mais é aquela carta que o Chrono jogou agora mesmo – comentou Mai. – Será que vai usá-la para invocar algum monstro poderoso?
Ninguém a soube responder, mas também podiam todos adivinhar que não seria coisa boa. O sorriso de Chrono evidenciava uma satisfação ainda maior do que quando invocara o Sage of Time. O que estaria a esconder?
- Vamos lá, Weeler, do que estás à espera? – provocou Chrono, sorridente. – Mesmo não podendo sacar nenhuma carta ainda podes deitar abaixo o meu monstro.
Joey mantinha o seu olhar neutro no seu oponente, não se importando na portada que se apresentava do outro lado, embora continuasse a emanar uma estranha energia. Aparte disso, não parecia constituir qualquer ameaça. O seu monstro estava pronto a atacar o Timeater de Chrono, sem ter nada que o impedisse a tal.
- Fá-lo! – ouviu a voz do seu alter-ego na sua mente. O timbre daquele apelo inebriava-o e uma qualquer resistência seria completamente fútil. Joey tinha mais poder do que alguma vez sonhara; bastava olhar para a criatura que tinha ao seu dispor, olhar para aqueles olhos vermelhos de pura maldade para se sentir um deus… E Chrono não passava de um mero humano, uma vida inútil que se atravessara no seu caminho, um insecto que enfrentava uma besta gigante. Não valia a pena o quanto ele lutasse… Joey possuía as Trevas Puras, a essência genuína da escuridão do seu interior, ampliada ao extremo. O seu adversário nem sonhava com o que tinha pela frente…
- O meu Red-Eyes vai destruir o Timeater – simplesmente predisse, antecipando o sonoro rugido que o dragão negro deu, antes de formar um poderoso raio escarlate nas mandíbulas e espargi-lo em direcção à criatura de Chrono. O Timeater desapareceu em milhares de fragmentos quando a onda de energia o atingiu.
- Obrigado – ouviu a voz de Chrono, por detrás da fumaça, sendo possível adivinhar, pelo tom de voz, que se estava a esforçar por não se rir às gargalhadas.
Nesse mesmo momento no portal luminoso começaram a surgir uns números, que começavam no número um e iniciavam um movimento circular até pararem na parte mais baixa do círculo, terminando a sequência com o número seis. Toda a gente olhava para aquele efeito, não podendo, obviamente, explicar o ocorrido.
- Sempre que um monstro com “Time” no nome é enviado para o cemitério – começou Chrono a explicar, enquanto a sua silhueta se ia revelando à medida que a nuvem de fumo se dissipava, - o meu Portal Clock ganha “Time Counters” iguais ao nível do meu monstro. O meu objectivo? Chegar aos doze…
- Oh não! – bradou Tristan, das bancadas. – O Chrono já ganhou uma grande vantagem. Agora só faltam mais seis counters para acontecer o que tiver de acontecer…
- Era o que ele queria – respondeu Salomon. – Ao enviar monstros “Time” para o cemitério, o número de counters na carta mágica do Chrono vai aumentando, mas mesmo assim é preciso ter cuidado.
Tristan e Tea olhavam o velho com uma certa curiosidade. Ishizu mantinha-se calada, analisando o duelo, enquanto procurava por qualquer manifestação da força que o possuía.
- Se aquela carta tiver mais do que doze counters, ela é automaticamente destruída – explicou Salomon. – Por isso o Chrono terá de ter muito cuidado com os monstros que sacrifica.
- Minha vez – anunciou Chrono, puxando. – Agora, na minha Fase de Espera, eu vou ao meu baralho e envio um monstro “Time” de até quatro estrelas para o cemitério. O meu Portal Clock ganha “Time Counters” iguais ao nível do meu monstro. E eu envio uma outra Time Sorceress, para aumentar o número de counters para dez.
Naquele momento, mais quatro números surgiram em redor do circulo de pedra, desta vez, continuando a partir do seis e terminando no número dez.
- Agora invoco Time Wizard (500/400) em modo de ataque. – Invocou o pequeno mago em forma de relógio.
- Em modo de ataque? – indagou Jaden, sem compreender aquela jogada. – Mas o ataque do Red-Eyes é muito superior.
- Ele vai tentar usar a habilidade especial dele – explicou Duke. – O topo do ceptro dele resulta como uma roleta que quando parar de girar um efeito é activado.
- E esse efeito pode ser benéfico ou não para o Chrono – completou Yugi. – Já vimos o Joey usar aquele efeito mais do que uma vez.
Chrono acabara de ordenar ao seu monstro para activar a sua habilidade especial. A roleta no topo do ceptro do Time Wizard começou a girar a uma velocidade frenética, de modo a prolongar o momento em que o ponteiro pararia. Se o ponteiro parasse numa zona segura para Chrono, o Red-Eyes de Joey seria automaticamente destruído, permitindo um ataque directo por parte da pequena criatura. Caso o ponteiro parasse numa caveira, o Time Wizard desapareceria, infligindo dano a Chrono igual a metade dos pontos de ataque do monstro destruído. Era uma jogada arriscada, mas para Chrono, ambos os resultados ser-lhe-iam favoráveis.
O movimento de rotação da roleta começou a abrandar aos poucos. Apesar de ser demasiado pequena, a mesma era vista por milhares de pares de olhos que se fixavam naquele minúsculo ponto, desejosos de saber o resultado fulcral daquele breve jogo de sorte. O ponteiro já girava muito lentamente. Numa questão de segundos pararia por completo. Até que por fim parou…
… numa caveira.
- Quando a roleta do tempo pára numa caveira – principiou Chrono, embora a sua explicação fosse desnecessária para a maior parte das pessoas, - todos os monstros no meu campo são destruídos e eu perco pontos de vida igual a metade dos pontos de ataque de todos os meus monstros destruídos.
Naquele momento o Time Wizard explodiu em milhares de fragmentos.

Chrono – 1350

- O monstro do Chrono desapareceu! – disse Jason, visivelmente satisfeito. – Agora, no próximo turno, o Joey poderá atacá-lo directamente com o Red-Eyes e…
Calou-se abruptamente quando olhou para o Portal Clock. Todos na tribuna já tinham reparado nos doze números que rodeavam a entrada circular. O interior do portal estava crepitante e cheio de energia, como que impaciente para libertar o que lá estava aprisionado. Chrono sorria com o seu habitual sorriso malvado.
- Agora que o meu monstro foi destruído, as duas estrelas que ele tinha servirão para complementar o poder da minha Portal Clock.
Joey continuava neutro, nada impressionado com aquele fenómeno pouco comum. O portal continuava a libertar energia de modo frenético, soltando faíscas incolores e revolteando o interior como um lago agitado.
- Eu activo o efeito da Portal Clock! – bradou Chrono. De repente, todo o portal começou a brilhar com uma luz ofuscante, que envolveu toda a arena e pareceu expandir para as bancadas. – Enviando-a para o cemitério posso invocar o meu monstro mais poderoso…
- O quê? – gritou Duke, incrédulo. – Existe uma outra criatura no baralho dele mais forte que o Sage of Time?
- Parece que sim – comentou Pegasus. – E algo me diz que até eu vou ficar surpreendido.
- O que queres dizer com isso? – indagou Yugi, sem compreender.
- Tudo indica que o monstro que o Chrono vai invocar é mais poderoso que o Sage of Time – explicou o presidente da I2. – Mas o mais estranho é que de toda a série de monstros que controlam o tempo, o Sage of Time foi o mais poderoso dessa mesma série.
- Estás a dizer que…
- Seja o que for que aí venha, não foi criado por mim…
Uma explosão de luz deu-se, invadindo o campo e ofuscando toda a plateia. Apesar de todo aquele feixe luminoso bater-lhe fortemente nos olhos, Joey não desviava o olhar, sendo o primeiro a notar a silhueta de algo forte e muito alto a surgir no campo do oponente. Aos poucos a intensidade da luz ia diminuindo, revelando cada vez mais acerca da nova criatura.
- Do meu baralho invoco o todo poderoso Kronos, the Lord of Time (3500/3000) em modo de ataque.
Um gigantesco titã ergueu-se em todo o seu esplendor, tão alto que a sua cabeça era visível do lado de fora do estádio. Todo o seu corpo parecia ser de pedra, embora parecesse ser toscamente feito de terra ou mesmo argila. Os braços e pernas eram compridos e desproporcionados em relação ao resto do abastado corpo da criatura. A cabeça não possuía nem orelhas nem nariz, os olhos não passavam de covas em fundo vermelho vivo e a boca parecia uma fenda com duas fileiras de dentes laminados. A criatura soltou um urro que vibrou por todo o estádio, assustando a plateia, provocando gritaria entre as pessoas.
Pela primeira vez, Joey pareceu interessado no que estava à sua frente. Perante aquele monstro titânico nem mesmo ele pôde deixar de se sentir inquieto. Aquele monstro comprometer-lhe-ia os seus planos de vencer o duelo.
- Não temas – ouviu ele dizer na sua mente; aquela voz que o acalmava com uma sonoridade melodiosa.
- Mas que criatura é aquela? – perguntou Duke, horrorizado ao olhar para a figura imponente de Kronos.
- São 3500 pontos de ataque – alertou Jason, de olhos bem abertos. – O Joey não tem como se defender daquilo.
Yugi nada disse, mordendo o lábio de ansiedade. O seu punho cerrava-se de uma forma firme mas imperceptível para todos, menos para o Faraó.
Chrono sorria com o seu habitual sorriso diabólico, saboreando a vitória enquanto contemplava o seu oponente que, apesar de manter a expressão neutra, parecia esconder uma inevitável onda de pânico.
- Felicito-te Weeler – disse Chrono, irónico. – Foste o primeiro a levar-me a invocar o meu monstro mais poderoso. Uma criatura de poder tão grande que te vai fazer tremer.
- Vejamos a habilidade desta criatura – propôs Pegasus, em surdina.
- Kronos, the Lord of Time, ataca o Red-Eyes!
A gigantesca criatura ergueu o punho direito e com uma antinatural rapidez fê-lo descer contra o dragão negro, cujo tamanho mal atingia a cintura do adversário. Quando o punho colidiu com o monstro de Joey uma imensa explosão rebentou na arena, lançando uma grande nuvem de poeira para o rapaz e para o público atrás de si.

Joey – 100

- Mas isto não é tudo – adicionou Chrono, com satisfação. – O meu monstro tem uma habilidade especial muito interessante. Quando ele causa dano de batalha a um jogador eu posso escolher uma Fase de turno e quando a vez do meu adversário começar, essa mesma Fase é saltada. Mesmo não tendo cartas na mão, um saque poderia deitar tudo a perder para mim. Por isso quando o teu turno começar eu escolho saltar a tua Fase de Saque.
- Não pode ser! – Yugi empoleirou-se precipitadamente na beira da tribuna, de olhos bem abertos, não acreditando no que estava a passar.
- Já não bastava o Joey não ter podido puxar nenhuma carta durante dois turnos ele agora não poderá puxar novamente – observou Jason. – Ele está perdido.
- Eu não diria isso, meu caro – retrucou Pegasus, sempre de olhos postos na arena. – Se bem me recordo, o Weeler ainda tem ao seu dispor uma carta virada para baixo. É mais do que suficiente.
- A vitória é minha! – congratulou-se Chrono. – Não podendo puxar nenhuma carta no teu próximo turno terás o teu campo aberto para um ataque directo…
- Activar armadilha: Call of the Haunted – proferiu Joey, revelando a carta que Chrono havia selado antes e que este já não havia notado. – O Red-Eyes é revivido.
Renascendo das profundezas da terra, o dragão negro retornou ao campo, rugindo implacavelmente como se nunca tivesse sido destruído antes.
- Isso de nada irá servir se tivermos em conta que o Kronos é mais poderoso – observou Mai, que até então havia estado muito calada. Ainda não acreditava na mudança radical que Joey havia sofrido. Aquela neutralidade toda, as jogadas que fazia… Tudo isso era-lhe novo e não combinava com a personalidade do rapaz.
- O duelo só termina quando a última carta é jogada – murmurou Yugi, fincando os dedos na beira da tribuna. “O que vais fazer agora, Joey?”
- É o teu turno, Weeler! – proferiu Chrono, impaciente. – Se bem que, não podendo puxar nenhuma carta não poderás fazer nada.
- Mudo o meu Red-Eyes para modo de defesa e termino – disse ele, obrigando o seu dragão a adoptar uma posição protectora.
No seu interior, contudo, perguntava-se se conseguiria aguentar mais algum tempo. O seu exterior estava imparcial, o olhar sempre fixo no seu adversário, praticamente sem se deixar intimidar pelo porte impenetrável de Kronos. Sabia que aquele duelo estava ganho mas ao mesmo tempo tinha dúvidas sobre as suas capacidades. Um paradoxo mental bulia naquele local inóspito e gélido, onde a sua figura assistia, sem grande interesse, ao confronto que se ia desenrolando. Envolvendo-o com o seu abraço, a sombra de Apocalypse sussurrava-lhe ao ouvido palavras apaziguadoras, acalmando-lhe o espírito, que parecia teimar naquela batalha de dúvidas. Joey olhava para o seu “eu” corpóreo através de uma “janela” na sua mente, e assistia ao confronto que se desenrolava.
- Eu não entendo – comentou, cessando de imediato os murmúrios que a sombra lhe soprava. – Eu julgava que o baralho que me deste me tornaria invencível. Eu estou a perder…
Nesse momento sentiu um arrepio quando uma brisa gelada lhe lambeu a nuca. A sombra já não o aconchegava com o mesmo conforto.
- O baralho que te dei é invencível – redarguiu Apocalypse. – E tornar-te-á invencível, desde que acredites no seu poder.
- Eu sempre acreditei – defendeu-se Joey, olhando os olhos encarnados da sombra, suplicando em silêncio pelo seu abraço terno. – Mas vendo-me ali, quase a perder…
- Tu não irás perder! – garantiu Apocalypse com um sussurro melodioso. – Tudo o que tu precisas é de um turno.
- O que eu preciso… - gemeu Joey, lacrimejando aflitivamente, sentindo-se enregelado pelo frio que o consumia, - é de ti. Preciso da tua ajuda.
Contudo, os olhos vermelhos afastavam-se de si uns centímetros, permitindo que o frio invadisse o corpo etéreo de Joey, agonizando-o como se estivesse a ser esquartejado por milhares de lâminas. O rapaz estendeu os braços para a figura serpenteante, mas esta afastava-se para fora do seu alcance.
- Desta vez eu não te irei auxiliar – desculpou-se Apocalypse, mostrando uma tristeza dolorosa nos seus olhos. – A tua descrença é o que me afasta de ti e o que mais me magoa. Se queres que volte para ti terás de provar que acreditas no poder que te ofereci. Derrota o Chrono no teu próximo turno. Tu tens poder para ser o melhor. Mostra-o.
Joey continuava a mirar a sombra com um olhar suplicante. Sem o apoio daquele abraço terno e caloroso sentia-se nu, indefeso. Não adiantava o quanto implorava. Apocalypse estava disposto a deixá-lo à sua sorte daquela vez.
O gigantesco punho de Kronos abateu-se sobre o dragão negro e o impacto em conjunto com a explosão fizeram Joey acordar para a realidade. Agora não tinha nada no campo nem na mão que o defendesse. Como ele queria que o rapaz vencesse?
- Por tua sorte, Weeler, o teu monstro estava em modo de defesa – gritou Chrono, enquanto o seu monstro recuava para trás do seu mestre. – Como o meu Kronos não te infligiu dano de batalha, a sua habilidade especial não é activada. Não que importe…
Joey baixou o braço que lhe protegera a cara da explosão. Contudo, não o baixou por completo, pois uma dor lancinante atacou-lhe a fronte, tão repentina que nem estava à espera. Deitou instintivamente a mão à testa, sentindo a marca da Ankh queimar-lhe a palma. Não era apenas essa a mudança que notara. Parecia que tinha acordado de algum transe, sentia-se desconfortavelmente liberto de algo dentro de si, algo que o protegia…
Ele o abandonara!!!
- Passa-se algo com o Joey – observou Duke, estranhando o comportamento do rapaz.
- Tens razão – disse Bakura, também ele admirado com a mudança repentina. – Há momentos ele estava tão neutro, tão confiante…
- Será que lhe dói a cabeça? – indagou Mai, também ela confusa com a situação.
- Não é isso – comentou o Faraó, que parecia o mais compenetrado de todo o grupo. – Não sinto a presença maligna que o conspurcava. Repara, os seus olhos voltaram ao normal.
- O que é que isso quer dizer? – perguntou Yugi. – Ele está liberto?
- Parece que sim. Mas com isso, a marca da Ankh está a tentar tomar o controlo da mente dele.
Yugi continuava a olhar para a arena, onde Joey acabava de baixar a mão e exibia a tatuagem, que brilhava com uma forte luminosidade escarlate. Todo o seu corpo tremia, e a forte dor na fronte impedia-o de raciocinar. Os olhos semicerrados fitavam a nublada figura do seu oponente, que aguardava pacientemente com o seu habitual sorriso. A gigantesca criatura que estava atrás imitava a postura do seu controlador, como um poderoso guardião que não se deixava abalar por qualquer ameaça.
No resquício de consciência que lhe restava, tentando tudo por tudo para não se deixar levar pelo poder da Ankh, Joey sabia que era a sua vez de puxar uma carta. Ele deixara-o à sua sorte, para que o rapaz pudesse virar a partida sem a sua ajuda. Era o preço que tinha de pagar por duvidar do grande poder que residia no seu interior. Apesar de desejar que toda aquela dor terminasse, sabia que a mais pequena cedência significava ser totalmente controlado pela Ankh. A única forma de acabar com tudo seria voltar a confiar no seu baralho o suficiente para que o levasse à vitória naquele mesmo turno. Mas o esforço para se manter consciente era demasiado, sentia a dor lancinante que lhe parecia querer abrir a cabeça ao meio e as mãos tremiam como nunca. Como conseguiria raciocinar numa estratégia complexa que envolveria uma única carta que a sua visão turva o impediria de contemplar?
- Do que estás á espera, Weeler? – provocou Chrono. – Não penses que lá por te fazeres de doente vou ter piedade de ti. Anda lá, saca a tua carta ou desiste.
Joey não podia desistir. Não era assim tão fraco. Cerrou os dentes e forçou a vista para focar o baralho, tentando ao mesmo tempo controlar a mão direita para que pudesse puxar uma carta e superar a forte dor. Tinha de confiar no baralho que ele lhe entregara, mesmo sem ter ajuda nem se sentir protegido. Só queria que tudo acabasse… Aquele saque seria o decisivo…
- Minha vez… - gemeu ele, mirando a carta que acabara de puxar. Não tinha tempo para pensar em estratégias, mas aquela carta mágica teria de servir para algo. E talvez conseguisse… aquilo…
- E suponho que com apenas uma carta não tenhas nada para fazer – pressupôs Chrono, preparando-se para puxar.
- Eu activo… a carta mágica – interrompeu Joey, mantendo a custo a postura, apesar da dor, - Rise of the Dragon Diety. Quando esta carta é… activada, posso colocar… um monstro do… tipo dragão do meu baralho… para a minha mão… Depois mando dragões do meu… baralho para o cemitério… para cada… três estrelas do nível… do monstro que eu… adicionei. Por fim… puxo o mesmo número… de cartas…
Todas estas acções foram feitas o mais lentamente possível. De facto, era louvável o esforço de Joey para executar qualquer movimento, tendo em conta que podia desmaiar de dor a qualquer momento. Tal realidade mostrava que tinha de se despachar a fazer as suas jogadas, antes que cedesse por completo à pressão da Ankh.
- Aquela carta que ele adicionou – observou Jason. – Será algum suporte para o Red-Eyes?
Ninguém soube responder. Estavam todos a mirar a arena, mais propriamente Joey, sabendo que aquele seria o turno decisivo daquele duelo.
- Da minha mão… - continuava o rapaz, de meritória força hercúlea, - activo Silent Doom… Invocando do meu cemitério… o meu Red-Eyes
Mais uma vez, o poderoso dragão ressurgiu, como se teimasse em querer permanecer de pé. O rugido ameaçador que libertou quase se traduzia por uma manifestação de desagrado perante o estado do seu controlador.
- Para quê lutar, Weeler? – comentou Chrono. – De que vale insistires em invocar o teu dragão para que eu to volte a destruir?
O oponente arfava de cansaço, devido ao esforço para se manter de pé. Joey não se deixava abater facilmente, agora que tinha mais cartas na mão e uma possível estratégia para virar o confronto. Se ao menos aquela dor atenuasse um bocadinho que fosse…
- Eu sacrifico o meu Red-Eyes B. Dragon… e invoco especialmente da minha mão… um dragão ainda mais poderoso…
- Um dragão ainda mais poderoso? – repetiu Jason, voltando-se para Yugi, esperando que o pequeno lhe explicasse alguma coisa. Infelizmente, nem ele sabia do que se tratava.
- Aparece… Red-Eyes Darkness Dragon (2400/2000)! – gritou Joey, fazendo a sua criatura desaparecer e dar lugar a um novo dragão. Este novo exemplar parecia quase igual ao anterior, excepto pelo facto de todo o seu corpo estar adornado com linhas e losangos avermelhados em várias partes. Este novo dragão libertava uma aura muito mais malévola que o seu antecessor e o rugido estridente que libertou horrorizou muitas pessoas da plateia, provocando até mesmo gritaria entre bastantes.
- Este dragão… - murmurava Yugi, também ele atemorizado com aquela aparição.
- Um arauto das Trevas Puras – disse-lhe Pegasus, que se mantinha calmo, embora a postura bem-disposta se tivesse dissipado há muito. – Um dos dragões mais poderosos que existem. Se pensas que o Blue-Eyes White Dragon é o mais forte, então apresento-te o seu némesis.
- É esta a tua arma secreta, Weeler? – gargalhou Chrono, divertido. – Esse dragão tem exactamente os mesmos pontos de ataque que o anterior e em nada pode rivalizar com o meu Kronos.
Mas Joey ignorava-o, tentando a todo o custo manter-se em pé e combater o poder da Ankh, que teimava em aumentar a cada segundo que passava. A testa queimava-lhe como nunca e o suor escorria-lhe do rosto em grossos bagos. Mas agora que invocara o seu trunfo, nada o iria abater.
- O poder de ataque… do meu novo Red-Eyes… aumenta em 300 pontos… para cada dragão no meu cemitério – informou, conseguindo forçosamente fazer um torto sorriso, fazendo desvanecer o de Chrono, que estivera suficientemente atento às jogadas do seu adversário para perceber o que aquilo queria dizer.

Red-Eyes Darkness Dragon – 3900/2000

- O ataque do Red-Eyes ultrapassou o do Kronos! – gritou Duke, contente. – A vitória está ganha…
Contudo, Yugi e Pegasus eram os únicos que não partilhavam da mesma alegria. Apenas eles sentiam a aura negativa que emanava daquele dragão. Uma força negra tão poderosa que os levou a pensar se não seria aquela a tal entidade que se apossara da mente de Joey.
- Marik… - Yugi voltou-se para o Guardião do Túmulo, que percebeu aquela abordagem e a possível pergunta que se antevia. Contudo, quando ele abanou a cabeça, garantindo silenciosamente que aquele monstro não era o espírito que possuía a mente de Joey, tanto Yugi como Pegasus ficaram desapontados.
- O teu monstrinho pode ter ficado mais forte que o meu Kronos – berrou Chrono, cerrando os dentes de raiva. – Mas se pensas que me vais derrotar com isso, estás muito enganado. Mesmo que destruas o meu Kronos, assim que o meu turno começar, em vez de puxar uma carta posso remover do meu cemitério um monstro com “Time” no nome para o reinvocar especialmente…
“… e depois uso a minha carta mágica Time Boost” pensou, mirando a carta em questão com um meio sorriso. “Esta carta dará 500 pontos de ataque ao meu Kronos para cada monstro com “Time” no nome que esteja no meu cemitério. Não adianta o que faças, Weeler, o teu tempo acabou…”
- Antes de atacar… - Joey interrompera-lhe o raciocino, enquanto activava uma carta mágica, - activo a carta mágica… Megamorph
O sorriso de Chrono congelou por completo. Aquela jogada fora-lhe completamente imprevisível. Mesmo tendo apenas 100 pontos de vida, mesmo não tendo quaisquer cartas na mão no início daquele turno, mesmo estando naquele estado lastimável… Joey Weeler ultrapassara-o…
- Esta carta… dobra os pontos de ataque… da criatura equipada… se os meus pontos de vida forem… inferiores aos teus… - informou Weeler, no limiar da inconsciência. Quase sem forças, deixou-se cair, apoiando-se num joelho, tentando tudo por tudo para manter-se acordado para poder proferir o ataque final.

Red-Eyes Darkness Dragon – 7800/2000

A marca queimava-o como nunca, e só queria que tudo aquilo terminasse o mais rápido possível. Rezava para que aquela demonstração de poder fosse suficiente para que ele reconhecesse que Joey acreditava nas Trevas Puras e que pudesse novamente protegê-lo da Ankh. Contudo, a dor intensa na testa agravava cada vez mais, ao ponto de ter de cerrar os olhos e gritar em plenos pulmões em desesperada agonia. Tal tortura estava a levá-lo a transpor a fronteira da loucura e não tardava para que cedesse por completo à Ankh. Aflito, deixou-se cair de joelhos e levou as mãos ao chão, sentindo toda a sua força desaparecer e a marca tomar o controlo total do seu corpo e mente. Então, num acto final de profundo desespero, levantou a cabeça e bradou o mais alto que pôde, arranhando a garganta e ecoando a sua troante voz pelo estádio inteiro, provocando praticamente o silêncio total no grande recinto:
- AJUDA-ME!!!!!! APOCALYPSE!!!!
Nesse mesmo instante, Yugi sentiu-se como se tivesse levado um soco no estômago.
- Quem é esse Apocalypse? – indagou, confuso.
- Talvez seja o nome da entidade que o possuiu – disse o Faraó. – O poder da Ankh deve estar a tentar tomar controlo do Joey, mas ele por mais que lute não consegue resistir por muito tempo. Deve ser por isso que ele pede ajuda a esse tal Apocalypse.
- Marik, sabes do que ele está a falar? – perguntou Bakura ao Guardião do Túmulo, que estava tão ou mais alarmado que Yugi.
- Nunca ouvi falar daquele nome – respondeu Marik. – Mas eu tenho quase a certeza de que se trata da criatura que o Odion tinha aprisionado.
Entretanto, a mente de Joey já não estava na arena, apesar do corpo lá se encontrar. Estava novamente naquele espaço inóspito e gélido, encolhendo-se de frio no seu habitual canto, esperando poder escapar às baforadas geladas que lhe eram sopradas para cima, em vão. Não conseguia manter os olhos abertos porque uma forte luz ao longe cegava-o. Contudo, sabia que aquele clarão pertencia à tatuagem que sentira queimar na fronte momentos antes. Sentia a intensidade da luz aumentar gradualmente, ameaçando cegá-lo por completo e envolvê-lo por inteiro. Não via Apocalypse em lado nenhum, não notava a sua presença calorosa, e aquela ausência afligia-o. Não queria entregar-se à Ankh e viver uma vida de escravidão como servo de Amontut. Não queria tornar-se num autómato, sujeito à lei do Culto da Morte para o resto da vida. Não queria… Não queria… Não…
- Provaste o teu valor – ouviu uma voz conhecida, muito distante, embora a sua presença fosse sentida muito mais perto do que podia julgar.
Joey queria abrir os olhos, mas a luz era demasiado forte. Todavia, conseguiu distinguir um par de orbes encarnados no meio de um eterno branco ofuscante. Todo o seu ser rejubilou de alegria, tanto por voltar a ver Apocalypse como pela novidade que acabara de receber. Já não se sentia tão temeroso em relação àquela luminosidade maldita que insistia em querer devorá-lo.
- Mostraste que acreditas no Baralho do Dragão Negro e como recompensa abençoar-te-ei novamente com o manto de Trevas Puras – disse Apocalypse, envolvendo Joey com o seu abraço afectuoso, deixando que o pobre rapaz se aconchegasse nos seus braços e voltasse a se sentir protegido.
- Ainda não é desta que o levarás, Amontut! – ouviu Joey, supondo que Apocalypse estava a falar com a luz da Ankh. – Desaparece!
Aos poucos, a intensidade da luz foi diminuindo, acabando por desaparecer por completo. O silêncio voltou a reinar pelo local durante uns instantes, os quais Joey aproveitou para apreciar o calor do abraço de Apocalypse. Sentia-se tão bem… Como alguma vez pudera negar aquela sensação?
- Desculpa ter duvidado de ti – murmurou, arrependido. – Tu deste-me tudo aquilo que eu sempre desejei e eu simplesmente…
- Shhh… Não digas mais nada – confortou-o Apocalypse. – Conseguiste mostrar a tua lealdade para comigo ao combater a Ankh e finalizar o duelo. Agora estamos novamente juntos, e juntos iremos acabar com este confronto ridículo.
Uma janela circular abriu-se à frente de ambos, mostrando a arena. Naquele momento, o Joey corpóreo acabava de se levantar e fitava o seu oponente neutramente. Os seus olhos voltaram a ter a cor escura e a Ankh não passava de uma tatuagem no meio da testa. A calma do rapaz era tal que ninguém diria que passara os últimos momentos em pura agonia.
- Acontecer-lhe-á o mesmo que aos outros? – perguntou Joey, olhando a figura petrificada de Chrono, que ainda não acreditava como o seu adversário conseguira virar o confronto tão facilmente.
- Sabes bem que sim – respondeu-lhe Apocalypse. – Possuis a marca. Para todos os efeitos, és um Mestre da Escuridão. Quem quer que perca contigo terá a sua alma enviada a Seth.
- Se assim tiver de ser…
Na arena, o rugido estrondoso do dragão negro devolveu Joey à realidade. Estava tudo preparado. Só faltava o ataque final.
- Red-Eyes, ataca o Kronos e acaba com este duelo – proferiu simplesmente.
Formando uma poderosa esfera escarlate no meio das mandíbulas, o grande dragão visou a enorme figura do monstro de Chrono, não se intimidando com o tamanho descomunal do titã. O ataque foi rápido, e quando atingiu o gigantesco colosso, uma grande explosão desintegrou-o em milhares de partículas que foram desaparecendo aos poucos. Contudo, a força da detonação foi o suficiente para atirar Chrono para fora da arena e levá-lo a rebolar muitos metros pelo chão, indo bater contra a parede, onde aí ficou, inconsciente.

Chrono – 0

Por todo o lado ouviam-se gritos da plateia, e muita gente perguntava-se se Chrono estava bem, ou se lhe havia acontecido alguma coisa terrível. Os ruídos quase abafaram os gritos desesperados de Eric a chamar a equipa médica, que apareceu um minuto depois, carregando uma maca.
O mais surpreendente era o facto de o Red-Eyes de Joey ainda continuar no campo, apesar do duelo ter terminado. O enorme dragão marcou a sua magnificência com um longo e aterrador rugido, que chegou a provocar pânico entre muita gente da plateia, mesmo sabendo que se tratava de um holograma. Após a demonstração troante do dragão negro, este desapareceu definitivamente, deixando Joey sozinho na arena. Contudo, ele não ficou por muito tempo. Desactivou o seu Duel Disk e dirigiu-se às escadas da arena, sem sequer se designar a olhar para o seu adversário, que estava a ser assistido pela equipa médica e a ser preparado para ser levado à enfermaria. Pelo caminho de volta à entrada do estádio, Joey levantou a cabeça, em direcção à tribuna. Nesse momento, Yugi sentiu o poder daquele olhar sombrio trespassá-lo cruelmente, de uma forma que até doía. Foi nessa altura que o pequeno pôde ver algo mais para além daquilo que a realidade mostrava. Uma aura negra, como um fantasma ou mesmo uma leve sombra parecia rodear Joey, como se o quisesse proteger de algo. E um pouco acima da cabeça do rapaz, Yugi pôde ver dois olhos vermelhos, onde agora sabia ser o núcleo de todo aquele poder negro. Um poder que parecia aumentar a cada momento, consumindo a alma de Joey. Foi perante aquela aparição que Yugi ficou esclarecido sobre a imensidão daquela força, que se auto denominava Apocalypse…
A sua verdadeira identidade era as Trevas Puras…
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