Roisín Dubh: A Star Legend

A chuva desamparada, o galopar dos cavalos sobre a lama, a grama encharcada. O bufar humano e animal, ambos em desespero constante. A roupa de couro molhada, e a espada erguida. Olhou os tijolos cinzentos, e finalmente sorriu, como um último alívio. Os portões se abriram e adentrou: completou sua última missão com eficácia. Estirou-se ao chão, levantou a espada brilhante e bradou:

- An-áthas ar do banríon, Roisín Dubh!

E o coração parou, talvez por uma simples gripe, talvez pelo longo ferimento ao peito, talvez pela alegria do dever cumprido. O grito estridente fora ouvido por todo o castelo, inclusive pela rainha, a qual ainda brindava o início dos inocentes quatorze anos.

Gelou-se o sangue, e, desesperada, correu até o portão, a tempo de ver o amado com os olhos esmeraldinos abertos. Jogou-se também ao chão, desmaiada. A dor havia apenas começado. Óh! Farrókh! Tinha que se ir? assim, tão cedo? E quem agora cuidará de mim? E caiu em um profundo sono.


- Onde estou? – gritou a jovem dos lindos cabelos longos e negros, ao levantar-se da cama quente. Trovões caiam dos céus, e o silêncio fazia-se mortal e doloroso.

As outras jovens no quarto se entreolharam apreensivas. Uma aproximou-se da rainha, e nervosa, tremia os dedos brancos gélidos. Sorria forçadamente, como se quisesse esquecer-se de todo o mundo. Encostou as mãos suavemente sobre a cabeça da rainha, e, de forma lenta, abaixou-a para que deitasse no suave travesseiro de penas.

- Minha pequena Roisín... – ela falou, sendo interrompida logo depois.

- Não desejo ouvir discursos, Lutzlah. Onde está Farrókh? – gritou, levantando-se rápido da cama e encostando-se a uma parede próxima, encarando todas as mulheres do recinto.

- Milady, sinto em contar-lhe algo tão triste, mas... – e novamente fora interrompida.

- E... Ele se foi, não é mesmo? – lágrimas misturavam-se as palavras, e sua voz ia perdendo-se em agonia.

- Sim. – responderam todas em coro.

A chuva continuava a cair, e o som de cada mínima gota a cair no chão dava-lha menina arrepios. Afinal, o que fora esse casal senão apenas mais uma gotícula mínima no mundo, mesmo que comandasse a vida de todos nas terras montanhosas e nos oceanos? A vida era fraca, lembrou-se.

Seu pai morrera na guerra, e sua mãe, nunca soube muito sobre ela. Não faziam diferença em seu mundo, mas Farrókh... Fora o jovem guerreiro que, quando em guerra, salvou Roisín, ainda muito pequeno. Também fora o responsável por guiá-la no reinado Irlandês, além de protegê-la e aceitar qualquer missão que fosse plausível – e até mesmo mortíferas, todas muito bem.

Mas essa... Lhe fora a última. E arrependeu-se de mandá-lo buscar a Safira Imperial em terras britânicas. Retornou sem vida, mas com a gema em mãos. E passaram-se os séculos.